Han Jisung
Consegui escutar toda a discussão do andar de cima enquanto guardava alguns pertences importantes. A maior parte dos meus pertences ainda estavam em meu antigo quarto, exceto o notebook e o celular que eu havia comprado com o dinheiro de trabalhos temporários e recordações dos meus avós maternos.
Aproveitei que todos estavam no andar de baixo e vasculhei o quarto dos meus pais, encontrando meus pertences em cima da cômoda. Um claro indicativo que esperavam que eu voltasse.
— Já podemos ir? — Lee Minho perguntou assim que me viu descer as escadas com uma mochila velha na mão esquerda.
— Sim. — Murmurei, ainda sem conseguir encarar meus próprios pais.
— Então vai ser desse jeito? Vai vir aqui contar uma mentira qualquer, pegar o que você pensa que te pertence e ir? — Meu pai perguntou quase em um tom magoado.
— O que queria que eu fizesse, papai? Implorasse para me aceitar de volta? Me arrastasse e chorasse copiosamente como fiz na noite em que me expulsou? Era isso que queria que eu fizesse? Me desculpe se decepcionei mais uma vez... Você também me decepcionou. — Sorri amargurado e passei a mochila para Minho, sabendo que não me deixaria levar até o carro.
— Eu esperava um pouco mais de respeito, um pouco mais de consideração, um pouco mais de maturidade... Veio com esse homem até a nossa casa apenas para se vingar. Não ache que conseguiu, viver uma vida de mentira não trará arrependimento para nós.
— Então estava mesmo esperando que eu me humilhasse? — Perguntei incrédulo.
— Você mentiu no instante que colocou os pés nessa casa. — Frisou.
— Menti! Quer saber? Eu menti em tudo! — Gritei com a voz falha e me coloquei a frente de Lee Minho. — Menti que Minho é o verdadeiro pai do meu filho, menti que isso não me afeta, e menti quando disse que iria pegar só o que me pertence, porque essa merda de urso quem deu foi você. — Joguei o urso lilás no chão, que até então escondia atrás do meu corpo com a mão direita. — Sastifeito? Era isso que queria que eu admitisse?
— Jisung... — Minho murmurou, parecendo tão em choque quanto meus pais. — Vamos voltar para... — Se interrompeu quando eu me afastei, me esquivando de suas mãos.
— Não, agora eu quero falar! Está na minha vez! Eu tenho o direito de colocar para fora! — Passei as mãos pelos cabelos e tentei acalmar minha respiração antes de continuar.
— Então aproveite para dizer tudo que precisa dizer, nunca mais voltará para essa casa. — Papai disse em um tom de voz controlado e deu um passo para trás.
— Eu fiz de tudo para agradar vocês a minha vida inteira, e vocês me abandonaram no momento em que errei e precisei de ajuda. Mesmo que Minho me expulse do apartamento dele futuramente, eu não vou voltar correndo e chorando para cá. Eu vou apagar da minha memória cada lembrança e também o endereço daqui... Vou apagar tudo que esteja relacionado a vocês. — Engoli em seco, sentindo minha garganta ficar cada vez mais seca. — Meu filho ou filha crescerá sem conhecer os avós. Farei de tudo para não ser que nem vocês. Também farei de tudo para não aceitar o arrependimento de vocês.
— Não vamos nos arrepender, você foi ingrato, irresponsável e mentiroso. Tudo que tinha que fazer era ser um ômega descente ou pelo menos proteger sua imagem. Você se deitou com um alfa qualquer em uma festa qualquer e voltou para casa como se nada tivesse acontecido. Nos escondeu a gravidez até os sinais começarem e não se submeteu quando finalmente nos contou. Esperamos sua volta... Esperamos que voltasse arrependido e disposto a se redimir mas... Trouxe esse homem. — Soltou uma risada incrédula e fechou os olhos por alguns segundos. — O que está esperando? — Troy se sentou calmamente na poltrona. — Saiam daqui! E Lee Minho... Boa sorte. Está cometendo o maior erro da sua vida assumindo o filho de outro alpha, sabe muito bem a vergonha que vai passar. Sabe muito bem a desonra que está levando a sua família.
— Não preciso lhe responder. Você quer que eu lhe responda ou me questione sobre o que disse mas isso não vai acontecer. — Entrelaçou nossas mãos e me puxou de encontro a lateral de seu corpo.
— Filho... — Carolina tentou me segurar mas eu apenas me esquivei. — Sabe que está errado e sabe o que tem que fazer para voltar mas... Se recusa. — Olhou diretamente para minha barriga.
Lee Minho passou o braço por meus ombros e me guiou para fora da casa. Antes que pudéssemos chegar até o carro, minha irmã mais nova se colocou a nossa frente.
— Leva para o bebêzinho. — Estendeu um coelhinho de pelúcia em minha direção e eu o peguei sem hesitar. — Você pode me visitar na escola, prometo não contar nadinha. Vamos sair quando eu ficar adolescente?
— Daremos um jeito. — Sorri amoroso para ela, lamentando o fato dela ter presenciado mais uma vez. — Você tem onze anos agora... Tem muito tempo para se divertir. Não leve em consideração o que nossos pais dizem, apenas viva sua vida ao máximo. Venha até nós se precisar de ajuda.
— Meu nome é Lee Minho. Vai conseguir me achar se procurar. Me procure quando quiser encontrar seu irmão.
...
Lee Minho
Cinco da manhã e Jisung ainda não havia conseguido pegar no sono. Seu corpo se movia de um lado para o outro na cama e um suspiro frustrado saía de sua boca a cada poucos segundos.
A barriga estava bastante protuberante e incomodava, então todas as noites eu o deixava apoiar a lateral da barriga em meu braço e o cabeça em meu peito mas dessa vez ele estava mantendo distância, preferindo sofrer e remoer sozinho.
— Hannie... — O puxei para meu peito, ignorando seu resmungo insatisfeito. — Você precisa dormir, precisa tentar relaxar.
— Eu sei que sim, apenas não consigo. — Suspirou cansado e em seguida bocejou. — Eu estou exausto mas minha mente não quer apenas desligar.
— Vem comigo. — Me sentei na cama e calcei meus chinelos.
— Ir com você?
— Vou te alimentar e te dar um remédio para dormir. Você não quis comer nada quando chegamos e não está certo, vocês precisam se alimentar. Vou te dar um remédio para dor de cabeça, vai funcionar como um calmante. — Me levantei e estendi uma mão na direção dele. — Vou tomar um calmante depois que você dormir, foi uma situação angustiante para nós dois.
— E você tem esse tipo de remédio? — Assenti devagar. — E por quê?
— Ficava o dia inteiro trancado em casa ou no orfanato, preferia dormir do que pensar... — Sorri sem graça e dei de ombros. — Mas isso não importa, você está aqui. Vocês estão aqui. — Me corrigi na última frase.
— Enquanto nos quiser.
— Então não vão embora nunca.
— Então está combinado. — Piscou e sorriu em seguida, fazendo meu coração se acalmar um pouco.
— Vamos lá, você precisa dormir.
— Eu não quero! — Gemeu manhoso e se virou para o outro lado.
— Não seja teimoso, me deixe cuidar de você. — Me inclinei para massagear de leve seus ombros. — Sempre rejeita antes de aceitar, é a gravidez ou o seu jeito mesmo? — O peguei no colo e ele ofegou. — Disse que me deixaria cuidar de vocês mas ainda tem receio. Me deixe cuidar de vocês.
— O que você está fazendo?
— Plantando bananeira. — Bufei audível e ele beliscou meu braço.
— Planta batata também? — Revirou os olhos.
— Só se for um desejo seu. — Rimos em uníssono. — Jisung... Não me impeça de fazer tudo por vocês. Eu quero estar ao seu lado durante a gravidez, divida as dificuldades também.
...
Jisung acatou meu pedido depois de derramar algumas lágrimas e se agarrar ao meu corpo como se sua vida dependesse daquilo.
O preparei uma sopa simples enquanto ele contava sobre sua infância e sobre algumas desejos que tinha.
Tomamos a sopa em silêncio e Jisung acabou por recusar o remédio, alegando estar mais tranquilo e sonolento.
— Hannie... — O chamei baixinho depois de sair do banheiro.
Suspirei contente ao notar seus olhos fechados, sua expressão serena e respiração ritmada. Ele havia adormecido enquanto eu escova meus dentes.
— Ei, filhote! — Levantei a barra de seu moletom, algo que já me permitia fazer. — Eu sei que não sou seu pai de verdade mas... Mal posso esperar para me tornar o seu segundo pai. O que você acha dessa idéia? Você acha uma boa? Estou doido para saber mais sobre você. Eu quero ser o seu melhor amigo. — Sorri grande e acariciei de leve. — Vou parar de falar antes que acorde seu papa. Boa noite, filhote. — Beijei lentamente a barriga exposta e deitei ao lado de Jisung. — Boa noite, Hannie.
...
Heey,
Como eu disse... Tenho fanfics melhores hahah Está bem, eu já entendi que muitas pessoas gostam, apesar de eu não gostar hahah E é por isso que eu decidi postar :) 💙
Apenas avisando algo que está óbvio... Ela se passa rápido. O final é quando nasce. O plot é bem simples e é claramente uma shortfic (Raro de acontecer no meu perfil)
+10 comentários e eu volto :)
Obs. Sigam a StrayKidsMaterial2 no insta, perdi o FC com 14 mil seguidores e estou muito triste :(