𝐂𝐀𝐓𝐂𝐇 𝐌𝐄 • 𝐏𝐄𝐄𝐓𝐀...

By rely-h

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Áster Snow era uma das vencedoras dos Jogos Vorazes. Filha do presidente Snow, foi treinada para a 73° edição... More

prólogo
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— Você ficará com o distrito doze com Haymitch. — Effie Trinket sorriu para a garota de cabelos castanhos.

— Não é como se uma mentoria fosse salvá-los. — as duas caminhavam pelos vagões do trem, que chegava ao distrito 12.

— Vai dar um pouco de esperança.

— Papai costuma dizer que esperança demais nunca é bom. — sorriu sarcástica e encarou a janela quando o trem começou a parar.

A vista era péssima. Áster não costumava sair da capital, mas quando saía, ia para distritos mais ricos. Ver sobre os lugares e vivências que ouviu sobre os distritos era muito diferente. O dia estava ensolarado mas nada poderia deixar o chão de terra, a poeira alta, os animais mortos rodeados por pessoas que pareciam querer compra-los de caçadores perto da estação, bonitos. Era um distrito pobre e simples. A menina se perguntou se eles conseguiam comer todos os dias.

— Eles estão aqui. — Haymitch passou por Effie e sorriu para Snow. — Vá dar um "oi", querida. Eu vou checar o vagão de bebidas.

— De novo? — a garota riu. Ela amava o mais velho.

Ele não respondeu e seguiu para outro vagão.

— Vamos?

Snow assentiu e seguiu a loira. Ela estava um pouco nervosa. Seria a primeira vez atuando como mentora e sabia que seu pai não tinha uma boa fama nos distritos mais humildes. Sabia que certamente presumiriam que ela era uma apoiadora dos jogos.

Áster passou de um vagão para o outro e sentiu o transporte voltar a se mexer. Ela viu um garoto loiro sentado ao lado de uma menina de cabelos pretos que não estava com uma feição amigável. Eles comiam um pedaço de bolo quando as duas se aproximaram.

— Pelo menos têm bons modos. — Trinket comentou.

A menina do distrito 12 não pareceu feliz com o comentário. Snow sabia que não era por mal. Effie não tinha muito contato com pessoas fora da capital e todos eram inconvenientes normalmente.

— Não somos animais. — ela disse antes de voltar a comer.

Áster se sentou à frente deles e observou a mesa com comida. Seu olhar foi para Everdeen e ela teve certeza que a garota não gostava da Capital ou qualquer coisa relacionada.

— Vou chamá-lo. — Trinket encarou Snow e se retirou.

A menina de cabelos castanhos respirou fundo e brincou com os próprios dedos em nervosismo.

— O-oi. — ela limpou a garganta. — Oi. — sorriu sem graça. — Vocês são...?

— Peeta Mellark. — o garoto respondeu primeiro, fazendo com que a atenção dela fosse para ele. Ela notou os olhos azuis e o sorriso tímido do rapaz.

Ele não estava feliz por estar ali, mas parecia mais maleável quanto ao próprio futuro.

— Katniss Everdeen. — a garota respondeu sem ânimo.

— Eu vou ajudar Haymitch na mentoria de vocês. — sorriu mais uma vez. — Eu sou-

— Eu sei quem você é. — Everdeen a interrompeu. — A filha do presidente Snow. Venceu os últimos jogos. Imaginei que tivesse te visto em algum lugar antes, mas essas roupas caras e essas joias de ouro te entregaram.

Áster ficou envergonhada por estar usando coisas materiais de alto custo sabendo que lidaria com pessoas que não tinham acesso àquilo. Ela usava um vestido branco, que ia até os joelhos. Sua sandália era simples, mas banhada em ouro, como os cordões finos e os anéis.

— Está aqui para nos espionar ou algo do tipo? Isso tudo deve ser muito legal pra você. — Mellark encarou a colega de distrito.

Snow respirou fundo. — Eu não concordo com os jogos, se é o que está pensando. Eu não fui pra aquela arena porque seria um passeio legal. Eu sei como aquilo é sangrento e, acredite em mim, sei bem os traumas que vocês vão carregar se saírem vivos. Eu estou aqui porque meu pai quer que eu esteja, mas quero tentar ajudar uma pessoa a sobreviver, já que não consigo acabar com tudo sozinha.

— Perdi a ceia? — Haymitch interrompeu qualquer resposta que Everdeen daria.

Effe revira os olhos para o homem que começa a vomitar no tapete e chama pessoas para limparem aquilo. O cheiro de vômito e de bebida quase fazem os outros vomitarem também.

— Aqui. — Peeta o levanta educadamente.

Peeta empurrou o homem até a porta do banheiro mais próximo e Áster e Katniss se encararam por um momento.

— Espero que amanhã ele esteja mais sóbrio para conversar com vocês. — Snow disse e foi para o quarto onde passaria a noite.

Estar naquele lugar lembrava Áster de coisas horríveis. Ela não conseguia odiar o pai, mas o sentimento de raiva por ele beirava a ódio.

A noite chegou e eles ainda estavam longe da capital. Áster estava sentada no vagão restaurante, comendo alguns chocolates enquanto olhava a escuridão pelas janelas. Sua cabeça virou rapidamente quando ouviu a porta se fechar.

— Pensei que não tinha ninguém aqui. — Mellark sorriu.

— Não consigo dormir e já estou aqui dentro há dois dias. Estou entediada. — o menino se sentou na cadeira a frente dela e encarou o pacote sobre a mesa. Snow estendeu para ele, que franziu o cenho.

— O que é isso?

— Chocolate. — disse como se fosse óbvio. — É uma fruta chamada cacau depois de muitos processos. — ela riu e entregou um pequeno quadrado para ele, que comeu e fez uma feição de satisfação.

— É muito bom. — Snow entregou mais alguns quadrados de chocolate para ele. — Por que não consegue dormir?

— Acho que ninguém que sobrevive aos jogos fica 100% bem. Eu tenho pesadelos toda noite. As vezes até acordada. — ela suspirou.

— Se o pré jogos é caótico, não consigo imaginar como é lá dentro.

— Aquilo não é feito pra humanos. Eu cresci assistindo e ouvindo sobre tudo, mas na hora é bem diferente. — ela podia se lembrar de cada detalhe para os jogos.

— Como sobreviveu?

— Com o entretenimento e patrocinadores. — ela bebeu um pouco d'água. — Os jogos servem pra uma alienação e quanto mais as pessoas se interessarem pela sua história, mais ajuda você terá.

— Qual foi a sua? — perguntou curioso. Mellark não assistiu o reality.

— Bem, eu posso ter o talento que for, a beleza que for, a história que for, mas a única coisa que gostam em mim: eu sou a filha do presidente. — encarou a mesa. — Todos acham que somos próximos, que meu pai estava com medo do que poderia acontecer comigo, que ele estava fazendo um grande sacrifício por permitir que eu estivesse lá. Foi o que gerou empatia neles.

— Não sei qual história que eu dissesse eles comprariam.

— Vai precisar apenas de um pouco de criatividade, mas não é difícil. O público patrocinador vive longe dos distritos, eles não se importam muito se apoiam o certo ou errado, se o que ouvem é verdade ou mentira.





— Do que estão falando?

Katniss interrompeu a conversa de Áster, Haymitch e Peeta na manhã seguinte.

— Estou perguntando como encontrar abrigo.

— Então vocês são os encarregados por nos dar conselhos? Me dê um conselho. — ela se sentou ao lado de Mellark.

Haymitch encarou Katniss.  — Aqui vai um conselho: permaneçam vivos. — disse e caiu na gargalhada enquanto passava geleia em uma torrada. Ele estava nitidamente mais interessado no banquete do que nos tributos.

— Nós vamos tentar ajudar vocês com o máximo de informações possível. — disse Áster. — Um conselho: conquiste o público.

— Foi o que você fez? — arqueou uma sobrancelha.

— Foi.

— Vocês não estão condenados, visto que estão em forma. — Abernathy voltou a falar. — Terão apenas que fazer o que eu disser.

— E como achamos abrigo? — Everdeen perguntou e Abernathy ignorou, antes de Katniss fincar uma faca na mesa.

— Isso é Mogno! — Trinket falou em choque.

— Se preocupe em sobreviver os primeiros cinco minutos, querida.

— Não há como saber, depende da arena. — Snow disse. — Não temos mais acesso a arena antes dos jogos, só sabemos que é uma floresta. Não há como saber o que esperar porque tudo é modificado pelos idealizadores. Não é uma floresta comum.

— E isso era permitido antes? — Mellark perguntou.

— Em um dos primeiros jogos. Isso foi proibido para evitar... rebeldes. Meu pai já foi um mentor nos Jogos e isso não funcionou muito.

Ao fim de sua frase, o trem onde estavam terminou de atravessar um túnel e todos conseguiram ver uma multidão de pessoas animadas que esperavam como se eles fossem celebridades. Peeta se aproximou da janela e Katniss franziu o cenho quando ele acenou para os outros. Ele estava tentando ser simpático, mas ela estava reflexiva demais naquele momento.

— Fique com a faca. — Haymitch entregou a faca para Everdeen. — Vai precisar. — disse mordendo sua torrada. — Ele sabe o que está fazendo.

Peeta encarou Áster, se lembrando do que ela havia dito na noite anterior. As pessoas estavam agitadas quando o trem parou e, assim que Áster colocou o rosto da janela, elas ficaram ainda mais eufóricas. Mellark conseguia ouvir todos chamarem o nome da menina ao lado dele.

Quando desceram do trem, diferentes guardas rodearam os tributos e seus mentores. Áster ainda era a mais abordada do que qualquer outra pessoa. Ela forçava sorrisos enquanto caminhava pela multidão e os moradores do distrito 12 começaram a perceber a influência da menina sobre aquele lugar.

— Cada andar é de um distrito. — Effie disse quando chegaram até o alojamento. — Vocês ficarão com a cobertura.

— Teremos o desfile de tributos hoje a noite. — Snow disse quando entraram no elevador. — Cinna ajudará vocês com a imagem. Se lembrem sempre que o que mais importa agora não é quem vocês são, mas quem escolhem ser diante das câmeras.




— Isso é fogo de verdade? — Mellark perguntou para Cinna.

— Não. É apenas feito pra parecer real.

— Parece bem real pra mim. — o mais velho riu.

— Não tenham medo.

— Eu não estou com medo. — Everdeen falou.

— Onde está Áster? — Peeta olhou ao redor vendo alguns mentores perto dos tributos que se preparavam.

— Na parte central da praça. Ela precisa estar perto do pai.

O desfile começou e todos estavam eufóricos com o fogo em Peeta e Katniss. As carruagens pararam uma do lado da outra e o presidente se levantou. Áster tinha a visão de tudo. Estava sentada em uma cadeira ao lado da do pai e tentava não ficar ainda mais nervosa. As pessoas aplaudiam o homem de cabelos grisalhos que acenou para o povo.

— Bem vindos! Saudamos sua coragem e seu sacrifício. — o presidente começou a falar e Peeta conseguiu ver onde Áster estava. — Creio que vocês querem ver minha querida e amada vencedora dos últimos jogos. — a multidão gritava e Áster respirou fundo. — Por favor, querida.

A garota se levantou e caminhou até o pai. Ela se viu nos telões e se lembrou de quando apareceu nos telões como tributo.

— Bem vindos. — ela sorriu. —  Desejamos a vocês... — ela sentiu as mãos começarem a tremer e respirou fundo. — bom Jogos Vorazes. Que a sorte esteja sempre a seu favor.

As pessoas voltaram a gritar e aplaudir e a garota se retirou do local sem se preocupar com os chamados do presidente.

As coisas estavam girando e as cenas dos jogos estavam na sua mente. A ansiedade, o medo. Tudo estava voltando aos poucos e ela precisava se lembrar que ao menos daquela vez não estaria na arena.

Ela andou para o alojamento do 12, onde seu quarto estava, e procurou pela cozinha, pegando um copo d'água. A garota fechou os olhos com vontade de chorar e ouviu passos.

— Áster. — Mellark disse. — Pensei que fosse ficar junto com seu pai.

Snow bebeu mais um pouco d'água e negou com a cabeça.

— Você está bem? — ele se aproximou dela. — Está pálida. — franziu o cenho.

— Estou bem, não se preocupe. — sorriu e colocou o copo em uma bancada.

— Se precisar de algo, me chame. Sabe onde me encontrar.

— Eu quem deveria dizer isso. Sou e eu a mentora. — Peeta sorriu.

— Somos todos humanos sem hierarquias quando se trata sobre a luta nos jogos. Mesmo que você já tenha saído da sua. Ser mentora agora não significa que você se esqueceu de tudo que viveu.

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"𝖼𝖾̂' 𝗆𝖾 𝖿𝖺𝗓 𝖽𝖾𝗅𝗂𝗋𝖺𝗋 𝗇𝗈 𝗋𝖺𝗉 𝖽𝖾 𝗂𝗆𝗉𝗋𝗈𝗏𝗂𝗌𝗈 𝖾 𝗆𝖾 𝖿𝖺𝗓 𝗍𝖾 𝖻𝖾𝗂𝗃𝖺𝗋 𝖼𝗈𝗆 𝖾𝗌𝗌𝖾 𝗌𝖾𝗎 𝗌𝗈𝗋𝗋𝗂𝗌𝗈. 𝖽𝖾�...