Soa Como Desastre (+18)

By mariaxttw

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"-Você vai ser minha de novo -Matthew declarou, com a voz mais rígida, do que carinhosa- Não me importa quant... More

|CAST|
História dos Personagens 🔥
(1) The Cut That Always Bleed| 2019
(2) Mad Sounds | 2012
(3) IKYWT | 2012
(4) Don't Look Back In Anger| 2012
(5) Enchanted | 2012
(6) Fire For You | 2012 (C.S⚠️)
(7) I Bet You Think About Me | 2019
(8) We Were Made For It| 2012
(10) bad idea, right? | 2014
(11) Mr. Perfectly Fine | 2012
(12) Late Night Talking | 2012 (U.D 🚩)
(13) I Gotta Feeling | 2012
(14) Last Nite | 2012
(15) forget about that night | 2014
(16) Friday, I'm in Love | 2012
(17) Suspicious Minds | 2019
(18) Talk Like That | 2012
(19) Paparazzi | 2019
(20) Love Story | 2012
(21) All My Skins | 2019
(22) Californication | 2012
(23) Hermit | 2012
(24) Afraid | 2019
(25) From the Dining Table | 2019
(26) Party in the U.S.A | 2012 (U.D 🚩)
(27) Mess It Up | 2019
(28) Alone With You | 2012 (C.S ⚠️)
(29) North Dudes | 2019
(30) Timeless | 2019
(31) Radio | 2012
(32) Habits | 2019
(33) Rock And Roll All Nite | 2012
(34) Gold Rush | 2012
(35) Somebody Else | 2019
(36) My Tears Ricochet | 2019
(37) Stressed Out | 2019
(38) Love Is Embarrassing | 2012
LEIAM ISSO AQ!!!
39 | Softcore
40 | Cornelia Street
41 | Anti-Hero
42 | sweet creature
43 | Ultraviolence
44 | Don't Blame Me
45 | As It Was
46 | style
47 | The 1
48 | The Way I Loved You
49 | Mind Over Matter
50 | Hauting Me
51 | So It Goes
52 | Orpheus
53 | the grudge
54 | BOAHG
55 | watch
56 | Fire and Desire (⚠️)
57 | Labyrinth
58 | Like Real People Do
59 | Question...?
61 | Dress (⚠️)
62 | A&W
63 | About You
64 | Remember That Night
65 | Maroon
66 | this is me trying
67 | Make a Sound
ANÚNCIO!!!!
68 | London Calling
69 | Be My Mistake
70 | Oceans
71 | Big Black Car
72 | Davie
73 | Afterglow (⚠️)
atualizações ⚠️
74 | Daylight
75 | Playing On My Mind
CONTO
76 | Lacy
77 | Shot At Night
78 | Fine Line
os sons !
79 | mad woman
80 | Die For You
81 | Hotel (⚠️)
82 | Fix You
83 | The Archer
84 | End Game
85 | WILDFLOWER

60 | Poker Face

884 91 75
By mariaxttw

Love game intuition,
play the cards with spades to start

—Lady Gaga


Tive problemas com mais de uma substância, mas álcool nunca foi uma dessas.

Mas, desde que eu saí da reabilitação, comecei a evitá-las ao máximo possível. Porque, quando se está embriagado, perde-se um pouco da noção de perigo. Eu não podia perder aquilo. Eu não podia ficar de porre por aí, em festas onde tinham um milhão de carreiras nos banheiros, e muito menos sozinho em casa, onde ninguém me julgaria por decisão nenhuma.

Álcool era perigoso, porque me colocava perto de tentações capazes de me afundar em merda. E, por mais que eu sentisse um gosto amargo na minha boca ao pensar naquela junção de letras, eu precisava admitir para mim mesmo: sou um ex viciado.

É horrível. Eu odeio a palavra viciado. É a porra de um problema de saúde, que provavelmente vai me acompanhar para o resto da vida. É uma questão psicológica como qualquer outra, mas... soava de um jeito merda. Porque eu tinha me colocado naquela situação, há 7 anos atrás. Eu tinha me tornado um viciado. Eu tinha feito aquilo comigo mesmo, e, por isso, era tão vergonhoso.

Eu odiava a palavra, mas eu tinha total consciência de que eu era um. Por isso, eu só colocava uma gota de álcool na minha boca, se alguém de confiança estivesse por perto.

Mesmo que eu não gostasse da ideia dos meus amigos tomando conta de mim, aquilo, em específico, nunca me incomodou. Era bom. Era bom ter alguém que se preocupasse o suficiente para ficar de olho, e para me manter longe de coisas perigosas. Era bom não precisar ficar longe de vinho ou whisk pro resto da vida, com medo dos lugares onde a minha mente poderia chegar. Era bom. Os meninos tornavam aquela situação difícil quase suportável.

E era naquilo que eu estava pensando, enquanto colocava o copo de bourbon na boca e observava Dylan andar pelo corredor.

A primeira vez que eu encostava em bebidas, desde que cheguei em Los Angeles. A primeira vez que senti necessidade de beber um pouco para relaxar, porque a noite seria longa.

—Acho que eu devia trocar. -o guitarrista riu, enquanto se olhava no espelho- Ou a sua gatinha vai se apaixonar por mim.

Ideia maldita. E pior; minha.

Eu tinha dito a Ammy, que deveríamos ir àquele desfile com outros acompanhantes. Eu disse que deveríamos estar com outras pessoas no after party, se ela estava tão tensa com os rumores -verdadeiros, diga-se de passagem- das redes. Eu disse que Dylan deveria acompanhá-la, porque eu confiava nele e...bem, estava na hora do meu amigo tentar ser legal com ela.

Acho que eu tinha esquecido de que, um dia, minha mente adoecida se convenceu de que Dylan queria levar a minha garota para cama, e nós dois passamos dias brigados, por conta da minha paranóia. Ou, achei que eu tinha superado aquele ciúmes irracional, mas não.

Só de pensar nele a acompanhando, no meu lugar, tenho vontade de matá-lo. E é porque Lawrence é uma das minhas pessoas favoritas do mundo, e confio nele de olhos fechados. Mas... alguns resquícios do que eu, um dia, pensei, ficaram em minha cabeça.

—Não vou te impedir de sonhar. -dei de ombros- Nem vou te relembrar de que aquele corpinho é meu e, se você sequer pensar em tocar nela, eu arranco o seu pau fora.

—Relaxa, Matty. Ela não faz o meu tipo.

Eu quase ri.

—Ah não, é?

—Não gosto de chatas.

Eu odiava a naturalidade como ele fazia aquelas palavras parecerem bem humoradas, porque eu queria defender Ammy, e não conseguia fazer isso, se eu risse.

—Desde quando? -caçoei- Porque a última Ashley que você nos apresentou, reclamava das suas "comidas cheias de sódio" a cada segundo.

—Coitada. Só estava preocupada com a minha saúde.

—Não pareceu tão preocupada, quando tentou quebrar uma garrafa de vinho na sua cabeça.

—Tá vendo? Divertida.

Acabei rindo. Quanto tempo aquela menina tinha durado? 2 semanas, ou foi uma das privilegiadas que chegou até as 3? Não sei. Mas nem mesmo Dylan costumava levá-las a sério, apesar de, em geral, ser legal com elas.

Nós dois sempre fomos comparados. Dylan e eu éramos meio parecidos,  mas não exatamente. Tipo, tínhamos a mesma altura, o mesmo tipo de maxilar, o cabelo dele era um pouco mais curto, mas também escuro, o nariz dele era um pouco mais elegante, e a pele mais clara. Não nos confundiriam na rua, mas havia  várias coisas em comum.

Obviamente, aquelas semelhanças se restringiam à aparência. E as características se diferenciavam completamente, quando o assunto era mulheres.

Enquanto eu sempre gostei de estar compromissado, ele pulava fora, quando as coisas se tornavam sérias. Enquanto eu tratava as meninas com quem eu só queria me divertir com muito singelo,  Dylan tratava-as como namoradas, antes de largar. Acho que ele era mais perigoso que eu, naquele sentido.

—Seja legal com ela. -eu pedi, enquanto nós dois saiamos da casa, indo em direção ao carro que já nos esperava- Ammy gosta de você. Sempre gostou.

—Cada um com seus problemas.

—Dylan, é sério.

O sorriso dele diminuiu um pouco, quando ele bufou.

—Uma hora e meia de desfile e mais um pouquinho na festa... não vão te matar. -insisti.

—Tá legal, cara. -ele falou, com a voz um pouco mais tranquila- Talvez as modelos me deixem de bom humor, então não vai ser tão difícil...

Os meus assentos eram do outro lado da passarela, então eu conseguiria ver as expressões enfurecidas de Ammybeth, se ele a irritasse. E foi uma das coisas que eu disse a ele, mais cedo.

—Ok. Você vai ser legal, não vai fazer comentários ácidos -especialmente não que me envolvam- e vai rir para ela. -repassei as regras.

—Mais alguma coisa?

Olhei para o rosto divertido do meu amigo, e o analisei. Eu confiava nele demais, com a minha própria vida, e se ele nunca tentou nada com Ammybeth quando tinha uma queda por ela, não era agora que tentaria. Mas... ainda era Dylan. Ele ainda era um mulherengo do cacete e, por isso, reforcei:

—Não olhe para o vestido.

O homem pareceu confuso no mesmo instante.

—Como?

—O vestido dela. -ou o que quer que seja aquilo- Não coloque a merda dos seus olhos nele.





Para a felicidade de Matthew, eu já estava mesmo planejando colocar uma jaqueta de couro por cima daquela pequena e curta peça de seda. Afinal, eu adorava fazer aquilo. Adorava mesclar conceitos delicados e grosseiros nas minhas roupas, e era óbvio que eu ia fazer isso hoje.

Era a primeira vez que eu estava aparecendo em um evento público e cheio de paparazzis como esse, desde o início da colaboração com a banda. E eu ainda estava sentindo uma coisa ruim no peito, e um desânimo inexplicável, por conta da minha conversa com meu pai mais cedo. Porque, porra, foi difícil para cacete repassar a história para ele. Foi difícil para caralho dizer que o seu genro dos sonhos era, na verdade, um traidor de merda. Foi difícil ouvir a voz decepcionada do meu pai, e me dar conta de que era a primeira vez que ele falava assim sobre Liam. Era a primeira vez que o meu namorado -ex, que seja- o decepcionava naquele nível e eu... eu fiquei mal, porra.

Mas tudo bem. Nada que umas tequilas antes do desfile, com Maya, não revolvessem. Eu não estava bêbada, mas me sentia um pouco mais leve, para enfrentar a multidão de paparazzis e as breves entrevistas que dávamos, no tapete vermelho. E eu me sentia linda.

Acho que Dylan achou o mesmo, quando os seus olhos passearam pelo meu corpo, pelas minhas botas de cano médio, pelo vestidinho perigoso e pela longa jaqueta da The Grave, que cobria os meus braços. Quando os dois se aproximaram de mim, achei ter ouvido os gritos aumentarem, mas já estávamos longe da concentração de entrevistadores da entrada, então... nos poupamos de responder.

E já estava torcendo para que, mais tarde, no intervalo entre o desfile e a festa que aconteceria no andar de baixo, quando as pessoas da imprensa nos puxassem para saber nossas opiniões sobre a coleção da Jean Paul, ficasse tudo restrito à moda. Considerando o meu humor, eu chutaria qualquer pessoa que perguntasse sobre Matthew.

—Tome cuidado, Ammybeth Brown. -ouvi o vocalista sussurrar, antes que o seu amigo tomasse o meu braço.

—Você transou comigo uma vez, e já está agindo como meu dono? -questionei, baixinho, com medo de alguém escutar.

Matthew riu. Lindo. Ele e Dylan estavam perfeitamente arrumados e penteados, com roupas que, provavelmente, haviam sido escolhidas pela melhor amiga deles.

—Uma vez não, né ursinha? -ele caçoou, se referindo ao nosso passado, provavelmente.

—Estou bem aqui, se vocês não perceberam. -Dylan interrompeu, com um sorriso não muito feliz no rosto, e então segurou o meu braço esquerdo.

Eu não sabia o que eu achava, sobre tê-lo como acompanhante. Quando eu contei a Maya, ela achou horrível. Mas... acho que fazia algum sentido, talvez; deixar as pessoas confusas. E, confusas, elas perdem um pouco a propriedade para pitacos, e me deixam um pouco em paz.

Além do mais, depois de dois anos de namoro, eu não sabia mais como me comportar em momentos assim. Se eu chamasse algum outro homem, e tivesse que flertar ou fazer coisas parecidas... eu surtaria.

Dylan poderia não gostar tanto de mim, mas eu me sentia confortável ao seu lado. Eu não precisava quebrar gelos porque, quando o guitarrista não estava falando, é porque ele não queria falar, então eu não precisaria me dar o trabalho...

—Se um dia eu der um apelidinho ridículo a uma mulher, pode me internar. -apesar do comentário meio forte, tinha um pouco de humor, na voz dele.

Acabei rindo, porque era melhor do que me irritar. E, automaticamente, lembrei de Maya dizendo que sempre dava apelido aos homens que pegava, porque eles se sentiam especiais e ela gostava de mostrar, depois, que não eram não.

—Você conhece Maya? -perguntei, apontando com a cabeça para a minha, que estava já procurando os seus assentos, acompanhada de Sarah.

Sarah havia terminado a faculdade, diferente de mim. Ela se tornou uma jornalista especializada no nicho de moda, e era por isso que estava aqui, hoje. Era por isso que Dylan havia vindo a Los Angeles, também, apesar de eu achar que o seu interesse era mais na festa de modelos, do que nas peças em si.

—Todo mundo conhece ela. -foi a sua resposta, se referindo à fama da mulher.

É. Acho que era verdade. Acho que Maya era mais famosa que nós dois, inclusive.

—Vocês dois se dariam bem.

Dylan ficou quieto, mesmo depois de nós nos sentarmos na primeira fileira ao lado esquerdo, o que nos dava uma visão de Matthew e sua acompanhante -uma influencer que eu não conhecia, mas parecia se dar irritantemente bem com ele, considerando os seus sorrisos- de Maya, e de vários outros famosos que aqui estavam.

—Digo, são bem opostos. Seria engraçado de ver.

Permaneceu calado. E, diferente de mim, não olhou em direção à minha amiga, parecendo não muito animado com o meu comentário.

Por isso, preferi mudar de assunto:

—Onde estava esses dias, que não foi ao estúdio?

Dylan apareceu nos dois primeiros, e depois sumiu de novo. Sem que Matthew me desse qualquer explicação, acabei ficando curioso...

—Tive uma entrevista, ontem. E hoje eu estava ocupado com Mark e Natalie, discutindo coisas que o seu homem não tá afim.

"Seu homem" foi estranho de ouvir. Especialmente porque, enquanto as luzes não se apagassem e as modelos começassem a entrar, eu seria obrigada a vê-lo sorrir para outra mulher. Matthew me disse que era uma amiga de muito tempo. Mas foda-se. Não gostei de como ela estava fazendo-o rir, muito mais do que eu normalmente conseguia e...

—O que Natalie tem a ver com a banda? -não consegui me segurar.

E o sorriso sugestivo de Dylan, só me estressou mais. Principalmente porque tive que cumprimentar outras pessoas que tocavam o meu braço e diziam "Betty, que bom te ver aqui", quando eu estava ansiosa pela resposta.

—Ela é meio dona da gente, Ammybeth. Parte da empresa e das gravadoras é dela, desde o ano passado.

Uma menina de 23 anos? Dona de parte da fortuna de Mark? Tinha direitos sobre as escolhas da banda e, principalmente, sobre as músicas que eu gravaria com eles? Porra. Quando eu estava assinando o contrato, eu vi os termos. Meu empresário mostrou qual parte dos lucros iria para os Williams, e qual margem de influência eles exerciam nas decisões, mas... não me toquei que não era só Mark.

Não que isso importasse, mas era estranho. Foda-se.

—E é madrinha do filho de Alex, juntamente a Matthew.

—Matthew é madrinha?

—Engraçadinha. -Dylan revirou os olhos- Você me entendeu.

Eu acabei rindo, mas eu continuava sem gostar. 23 anos, dona de uma das maiores empresas musicais da América, com um laço importante como aqueles, e...

—Eu não sabia que Matthew era padrinho de John. Ele nunca me disse.

O guitarrista pareceu surpreso por aquele fato, mas não era exatamente surpreendente. Eu já tinha visto o cantor falando com aquela criança pelo telefone, mas... simplesmente nunca se incomodou em falar muito sobre ela.

Afinal, nem tivemos tanto tempo para conversar. De início, só brigávamos. Depois começou aquela série de episódios melancólicos e dramáticos. E, agora, estávamos muito focados na tensão sexual desgraçada que surgia no estúdio.

Porra, tinham tantas coisas que eu e ele não tínhamos falado sobre. Tantas coisas que eu queria esclarecer e... era difícil para caralho manter aquele monte de dúvidas. Tínhamos magoado muito um ao outro, mas, de repente, agimos como se não.

Só que, enquanto eu olhava o rosto perfeito e masculino dele, eu lembrava. Lembrava de todas as vezes que ele me fez sorrir, e chorar, e foi sacana também. Lembrava do que tinha sustentado todo meu ódio, e de todas as perguntas que nunca foram feitas. E, porra, era necessário fazê-las, em algum momento...

—Estranho. -Dylan deu de ombros- Ele normalmente se gaba bastante disso.

Pelo seu tom, eu acabei pegando no ar:

—Incomoda você? -perguntei, lembrando de que Dylan era, provavelmente, o cara com quem Alex mais conversava, e Carly o considerava seu melhor amigo.

—Claro que não. -o homem riu- Digo, Matty é um herege do cacete, e eu pelo menos sabia como funcionava um batizado, mas... Ele precisava daquilo. Ele precisava de John.

Acabei ficando quieta, ao perceber que eu não tinha noção nenhuma de quão profundas e sérias eram as palavras de Dylan, então era melhor que eu deixasse de perguntar, apesar de eu querer saber; Por que Matthew precisou daquilo? Ele estava mal, naquela época? E por Natalie foi escolhida, dentre todas as amigas de Carly e...

Foda-se. Não era da minha conta. Também não era da minha conta o olhar que aquela "amiga" de Matthew tinha sob ele, enquanto uma rodinha praticamente se juntava aos dois, para conversar. Foda-se. Apenas...

—Ammy, só para esclarecer. -ela falou, poucos segundos depois de as luzes se apagarem- Não sou seu amigo, mas também não te odeio. -sua voz era suave e rígida, ao mesmo tempo- Se quiser rir das roupas comigo, eu vim aqui para isso.

Aquilo foi como a porra de um aquecedor industrial, no meu coração. Eu quase tive que esconder o meu sorriso, mas a sala já estava escura o bastante, para que eu não precisasse de nada daquilo.

"Poker Face", da Lady Gaga, começou a tocar, o jogo de luzes começou, e a primeira modelo loira, com o cabelo todo desfiado, para cima, vestindo um vestido colado, marrom,  cheio de amarrações e que tinha formato de corset entrou...

—Parece que ela lutou contra um canguru. -Dylan sussurrou, baixinho, me fazendo rir.

Não sei se ele estava se referindo aos cortes propositais no vestido, que lhe davam uma impressão de sofrido, ou ao cabelo da moças

—Eu adorei o conceito.

—Vocês mulheres são tão estranhas. -ele balançou a cabeça- É por isso que nós dominamos o mundo.

Quando chegaram as segunda e terceira, com roupas iguais, porém em duas cores diferentes, eu tive que espremer os lábios ao ver a expressão de Dylan, simplesmente horrorizado. Provavelmente, tinha alguma explicação sociológica cultural e estética para aquelas roupas em fios, e para aquele salto gigantesco e prateado, mas era feio de se ver, e ponto.

O quarto, me fez comentar:

—Ok. Eu quero usar esse no palco...

Era um vestido preto e azul, em formato de borboleta, que marcava a cintura da modelo para cacete, e se abria na parte de baixo como se fosse uma roupa de balé. Mas era o máximo. Diferente, estiloso, bem trabalhado... Aposto que Mary adoraria estar aqui.

—Só se for nos seus shows sozinha. -Dylan se recostou- Com a minha banda, não vão ter essas estranhices não... -eu ri, antes de prestar atenção no que vinha a seguir.

A quinta vinha com uma roupa que parecia uma mistura de várias estéticas medievais e da Antiguidade, com pedaços de armadura no ombro esquerdo, panos longos, cheios de ferro, colares como o da Cleópatra e era... muito legal.

E acho que a morena com Matthew sabia da sua descendência egípcia, porque ela o cutucou na mesma hora.

—Por que você vem, se não quer mergulhar nos conceitos? -eu perguntei, para me distrair.

—Para escolher minhas novas mulheres. -ele disse, apontando para as modelos...

Tinha uma coisa que sempre admirei em Dylan: ele não escondia a sua cara de pau. Coisa que evitava danos futuros, como o que tinha acontecido comigo e com Liam. O que tinha me levado Matthew até a minha cama, naquela noite. O que explicava o motivo de eu estar aqui com Dylan, e não com nenhum deles dois, e...

—Ammy, ainda tem câmeras em nós, tá? -o guitarrista me alertou- Você não está nem disfarçando.

Matthew estava. Estava disfarçando bem, sem nem olhar em minha direção. Talvez estivesse até gostando daquela mulher. E eu devia parecer estar fazendo o mesmo...

Peguei a mão de Dylan e coloquei sob a minha coxa, recostando a minha palma ali. Engoli em seco, aliviada por ele não ter apertado a minha pele, e nem nada do tipo. Aliviada por Matty ter vacilado um pouco no sorriso, quando olhou nessa direção.

De repente, eu estava apenas fingindo que havia um desfile ali. O guitarrista pareceu tenso com aquele toque, e também parou de comentar qualquer coisa. Nem os gritos empolgados pelo desfile eram capazes de me fazer esquecer do ciúmes tonteante, porra.

Achei que Maya havia me jogado um olhar julgador, para aquilo, mas eu tinha explicado a situação a ela. Eu tinha dito aquilo. Não tinha nada demais.

Olhei para a Dylan com um sorriso falso no rosto, mas ele não conseguiu retribuir. Apenas se ajeitou na cadeira, e abaixou um pouco a mão até perto do meu joelho. Tudo bem. Menos perigoso. Ainda era pele na pele, mas...

—Você acha que já tiraram fotos?

—Provavelmente. -sussurrei, mantendo um sorriso- Por que?

—Matthew vai me matar.

—Foi ideia dele. -eu relembrei- Não tem nada de indescente nesse toque.

Dylan virou os olhos em direção à modelo, e acho que o fato de não estarmos tirando as mãos para aplaudir, devia chamar algum tipo de atenção para onde elas estavam. Não sei porque, mas me senti nervosa. Tensa.

—Ammy. -ele chamou, e tirou o celular de seu bolso frontal, mostrando a tela de bloqueio.

Então, eu não sabia se eu devia ficar satisfeita ou inquieta, por conta daquilo. Matthew estava sustentando um olhar quieto até a passarela, e de vez  em quando, ria de alguma coisa que falavam em volta dele. Mas ele estava notando. Ele estava percebendo e mandando mensagens para Dylan, escrito exatamente: "Eu vou te matar."

Dylan tirou a mão da minha pele, quando eu ri. E eu espremi os lábios, quando percebi que uma das câmeras, ao invés de tentar filmar o desfile, estava focado em nós quatro. E, por isso, apenas por isso, eu me curvei em direção ao guitarrista, passei as mãos pelo pescoço dele e, lentamente, arrumei o cordão pendurado.

Mais uma vez, não tinha nada demais. Mas era o suficiente para sair algumas fotos, suficientes para Matthew ficar puto -o que, de repente, me pareceu uma boa ideia- e, estranhamente, foi o suficiente para a veia, no pescoço dele, saltar.

Dylan engoliu em seco, de forma que seu pomo de adão se moveu de maneira visível.

—Você vai me defender, não vai? -ele sussurrou, quando voltei a olhar as modelos e, consequentemente, um Matthew completamente rígido- Quando ele quiser bater em mim.

Mais uma vez, eu tive que rir. Ele falava de um jeito bem humorado demais, e eu tinha sentido falta daquilo para caralho.

Lawrence poderia não ser meu amigo agora, mas ele voltaria a ser.

—Ele nunca bateria em você.

Foi a última coisa que eu consegui falar, antes de o meu diafragma enlouquecer e me impedir de falar, quando Matthew fez exatamente o mesmo movimento. Suavemente, casualmente, pôs a mão sob as pernas grossas e desnudas daquela morena, e eu vi um pequeno sorriso se formar no rosto dela, como quem não conseguia prestar atenção em mais nada.

—Não tenho mais tanta certeza. -Lawrence disse, quando, mesmo no escuro, foi possível ver o olhar fervilhante do vocalista.

Eu estalei a língua, antes de pegar o meu telefone, e perceber que não tinham mensagens ali, apesar de o celular de Matthew estar recostado sob seu colo. Fiquei feliz e nervosa, por mandar a primeira delas.

Quanto tempo duraria aquilo? Havíamos chegado depois da abertura prévia, então talvez só mais uns quarenta minutos, mas...

"Não precisa ter ciúmes."

Vai tomar no cu, Matthew Daves.

Não estou com ciúmes. Não poderia estar mais tranquila, quanto as expressões de divertimento dele, ou qualquer outra merda. Não poderia estar adorando mais aquelas lindas peças de roupa, e como os olhares de Dylan, para as modelos, era de pura intensão. Má intensão. E elas até olhavam para ele de volta, apesar de não poderem.

O homem era bom. Talvez seja por isso que Matthew sempre teve ciúmes dele, comigo, como estava agora. E ele podia ficar, mas eu não.

Percebi os seus lábios se retorcerem, quando ele olhou as mensagens, sem desbloquear o telefone. E, se alguém visse os nossos olhares, e a forma como Matthew parecia estar se divertindo para cacete, seria bem óbvio que tinha alguma coisa, na forma como estávamos digitando um para o outro. Não era difícil de perceber, e talvez isso fosse o melhor.

Engoli em seco, sentindo um arrepio subir pela minha nuca, quando a sua palma abriu completamente, na coxa dela. E então um leve apertão, o que já era mais do que Dylan tinha feito.

Ele passou o mindinho por praticamente toda a extensão, a mulher pareceu ter ficado tensa, quando ele olhou-a. Mais tensa ainda, quando ela parou na parte que antecedia o tecido de seu short, que mal cobria-a.


Me perguntei se aquela menina estava tão ciente quanto Dylan, quando ele sussurrou algo em seu ouvido e, rapidamente, beijou-a ali, pertinho da região onde eu mandei.

Sorri para Matthew, ignorando o meu estômago ferver e se mexer inteiro, como se eu fosse passar mal. Foda-se. Eu nunca tinha brincado daquela forma e era incômodo, na mesma medida em que era prazeroso.

O que diabos estava acontecendo comigo? Por que aquilo tinha tanta graça? E por que eu adorava o olhar que Matthew jogou em minha direção, antes de mandar a última mensagem, e se afastar um pouco da mulher, se sentando corretamente, na cadeira:

Eu estava rindo, meio aliviada com o fim da brincadeira. Mas, acabei ficando tensa até depois de a festa começar.

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