Soa Como Desastre (+18)

By mariaxttw

100K 8.2K 4.1K

"-Você vai ser minha de novo -Matthew declarou, com a voz mais rígida, do que carinhosa- Não me importa quant... More

|CAST|
História dos Personagens 🔥
(1) The Cut That Always Bleed| 2019
(2) Mad Sounds | 2012
(3) IKYWT | 2012
(4) Don't Look Back In Anger| 2012
(5) Enchanted | 2012
(6) Fire For You | 2012 (C.S⚠️)
(7) I Bet You Think About Me | 2019
(8) We Were Made For It| 2012
(10) bad idea, right? | 2014
(11) Mr. Perfectly Fine | 2012
(12) Late Night Talking | 2012 (U.D 🚩)
(13) I Gotta Feeling | 2012
(14) Last Nite | 2012
(15) forget about that night | 2014
(16) Friday, I'm in Love | 2012
(17) Suspicious Minds | 2019
(18) Talk Like That | 2012
(19) Paparazzi | 2019
(20) Love Story | 2012
(21) All My Skins | 2019
(22) Californication | 2012
(23) Hermit | 2012
(24) Afraid | 2019
(25) From the Dining Table | 2019
(26) Party in the U.S.A | 2012 (U.D 🚩)
(27) Mess It Up | 2019
(28) Alone With You | 2012 (C.S ⚠️)
(29) North Dudes | 2019
(30) Timeless | 2019
(31) Radio | 2012
(32) Habits | 2019
(33) Rock And Roll All Nite | 2012
(34) Gold Rush | 2012
(35) Somebody Else | 2019
(36) My Tears Ricochet | 2019
(37) Stressed Out | 2019
(38) Love Is Embarrassing | 2012
LEIAM ISSO AQ!!!
39 | Softcore
40 | Cornelia Street
41 | Anti-Hero
42 | sweet creature
43 | Ultraviolence
45 | As It Was
46 | style
47 | The 1
48 | The Way I Loved You
49 | Mind Over Matter
50 | Hauting Me
51 | So It Goes
52 | Orpheus
53 | the grudge
54 | BOAHG
55 | watch
56 | Fire and Desire (⚠️)
57 | Labyrinth
58 | Like Real People Do
59 | Question...?
60 | Poker Face
61 | Dress (⚠️)
62 | A&W
63 | About You
64 | Remember That Night
65 | Maroon
66 | this is me trying
67 | Make a Sound
ANÚNCIO!!!!
68 | London Calling
69 | Be My Mistake
70 | Oceans
71 | Big Black Car
72 | Davie
73 | Afterglow (⚠️)
atualizações ⚠️
74 | Daylight
75 | Playing On My Mind
CONTO
76 | Lacy
77 | Shot At Night
78 | Fine Line
os sons !
79 | mad woman
80 | Die For You
81 | Hotel (⚠️)
82 | Fix You
83 | The Archer
84 | End Game
85 | WILDFLOWER

44 | Don't Blame Me

925 73 63
By mariaxttw


Don't blame me, love made me crazy
If it doesn't, you ain't doing it right

—Taylor Swift

•••••••••••••••••••••••••••••••

⚠️: Esse capítulo pode conter gatilhos de relacionamentos familiares sensíveis e de violência física.

Ammybeth, San Diego, março de 2012. Um dia antes de voltarem à Inglaterra.

As coisas em San Diego estavam muito diferentes de como estavam em Los Angeles. E era exatamente o que eu estava esperando.

Por mais que Matthew tivesse insistido para que eu ficasse no hotel deles, e continuasse por perto, eu sabia que eu não podia fazer aquilo. Eu sabia que me traria ainda mais dores de cabeça e que algumas coisas não poderiam ser evitadas para sempre.

Ontem, eu estava ajudando a minha mãe a tomar banho, quando recebi as mensagens dele, em uma festa com os amigos. Ele parecia estar completamente diferente do seu habitual e parecia ter algum tipo de estimulante em sua cabeça. Talvez, alguma droga estivesse  fazendo-o se declarar para mim, por meio de um vídeo, mas confesso que ri mesmo assim.

Ele era insano demais, dizendo para mim que nenhuma daquelas modelos lindas chegava aos meus pés, e que ia me buscar em casa.

Tive que passar quase trinta minutos no telefone, explicando que a mulher que me criou precisava de ajuda, e que eu não podia largá-la no meio da madrugada.

Acho que ele me entendeu, porque de manhã tinham mais um milhão de mensagens pedindo desculpas e me prometendo que a única pessoa que ele agarrou, na festa inteira, foi Dylan. E eu ri de novo.

Dei graças a Deus que, agora, eu tinha o número certo de Matthew. Porque trocar mensagens com ele, desde o que aconteceu naquele carro em Los Angeles, estava sendo muito engraçadinho. Principalmente, porque aguentar estar nessa casa era muito difícil.

Eu não suportava. Mesmo com a ausência do meu padrasto, que estava cuidando de algum assunto de finanças em Santa Maria, ao invés de prestar qualquer assistência à sua esposa cirurgiada, e mesmo com Levi fora daqui quase o tempo inteiro, ainda era horrível.

Samanta estava chapada de analgésico na maior parte do tempo, e estava dormindo toda hora, o que me poupava de assuntos que eu não queria conversar. Ela havia pedido dinheiro, o que não era novidade nenhuma, havia feito algumas perguntas nada casuais sobre eu estar namorando alguém rico. Bem discreta. E, por mais que eu tentasse explicar que ele não era o meu namorado, Luke, o meu outro meio irmão menos detestável que o primogênito, havia feito uma espécie de lavagem cerebral nela.

Fiquei assustada com a rapidez com que o meu rosto se espalhou, por aí. Eu tinha percebido o meu telefone recebendo algumas mensagens dos meus amigos britânicos, e milhares de solicitações chegando ao meu telefone, mas não pensei que minha família estava tão por dentro.

Na verdade, sequer achei que eles conhecessem Matthew ou a The Grave. Aquela casa nunca teve contato com boa música, e acho até que eles odiavam-a, considerando que, uma vez, eu toquei violão de manhã cedo, e à noite Levi tinha estraçalhado-o.

Mas tudo bem. Meu coração poderia errar as batidas, quando eu estava aqui, porém eu tinha  outro lugar para ir. Eu tinha para onde fugir e ficar longe. Muitas pessoas não compartilhavam da mesma sorte.

E, para ser honesta, eu estava até bem mais calma do que eu achei que ia ficar. Decorei ligeiramente os horários da minha mãe, para poder cuidá-la naqueles dois dias, e consegui contratar um enfermeiro para as próximas duas semanas, que era o que ela precisava. Isso graças a um cheque que o empresário de Matthew havia me dado.

Me senti mal por aquilo, quando estávamos no estúdio. Me senti mal, porque depois de ter realizado vários sonhos naqueles dias, não era justo que eu ainda arrancasse dinheiro deles. Mas não houve muita discussão. Mark disse que eu ia receber uma parte dos royalty's da música, e ainda me pagou um adiantamento pelas "horas trabalhadas". Tipo, fala sério...

Eu não queria dinheiro nenhum. Principalmente depois de ouvir Levi falar, ontem, que eu era uma aproveitadora fajuta, e que se impressionava de ainda ter homens estúpidos o suficiente para cair no papo de uma "virgenzinha. ou ex-virgenzinha, tanto faz."

Mas é claro que o discurso dele cessou, quando o dinheiro da banda beneficiou aquela casa horrorosa.

—Você não sente saudade de ficar por aqui, filha? -Samanta perguntou, logo depois de eu arrumar os travesseiros de sua cama.

Eu odiava o cinismo dela.

Sentir falta de casa? Por favor, não é? Estar no meio de três homens predadores e mal educados e que sugaram todo o dinheiro que o meu pai mandou para mim, por todos aqueles anos, e que nunca me respeitaram como ser humano, não era a minha coisa favorita da vida. Muito menos, porque minha mãe nunca me defendia de porra nenhuma.

Eu me perguntava como uma mulher que havia se apaixonado por um homem como George Brown -vulgo, meu pai- conseguiu se apaixonar, também, por Alan e seus filhos grosseiros.

Mas foda-se. Em algumas poucas horas eu pegaria um táxi, e iria encontrar Mathew. Em um dia, eu pegaria um avião e encontraria o meu pai, na Inglaterra. Não valia a pena me irritar por coisas que nunca mudariam.

Sem Alan para olhar em minha direção,  como se eu fosse um desperdício de oxigênio e, ainda assim, tentar puxar assuntos de forma falsamente simpática, à mando da minha mãe, e com Levi passando a maior parte do dia na loja, a minha quarta e a minha quinta-feira tinham sido quase tranquilas.

Luke mal falara comigo. Apenas perguntou como estavam os estudos, e como eu tinha me enfiado no meio de pessoas famosas. E minha mãe mal conseguia falar, em geral.

—Passo tanto tempo na faculdade, que não consigo pensar em outra coisa. -falei, e não era mentira. Pelo menos, não foi, pela maior parte do tempo.

Minha mãe suspirou, com um pouco de decepção.

—Como está o seu pai? Ainda está vendo-o todo fim de semana?

—Esse foi uma exceção. Mas, sim, estou.

Eu não gostava quando ela perguntava dele. Ter o nome do homem citado, aqui, era um perigo completo.

—Ele ainda está com aquela biscate?

Ah, meu Deus...

É. Mais de 36 horas e nada daquela pergunta era de se estranhar mesmo.

—O nome dela é Vívian. E, sim.

—Com o que ela trabalha, mesmo?

—Também é professora. -respondi.

Eu tinha quase certeza que já tinha respondido aquela pergunta outras vezes. Mas minha mãe adorava repetí-la. Porque ela adorava fazer o seu drama, e dizer que meu pai havia trocado-a por alguma mulher mais fina e estudada. Como se eles dois não tivessem se separado, porque ela tinha traído-o com Alan.

—Oh. Uma casa com três intelectuais. -ela debochou, porque odiava a ideia de nós três estarmos convivendo.

Respirei fundo, e comecei a trocar os curativos do ponto dela. O joelho da minha mãe passado por uma operação, depois de ela escorregar na cerâmica, quando estava limpando a casa. Limpando, para deixar tudo perfeito para os três homens que nem queriam chegar perto.

—Você deveria ter feito enfermagem, ao invés de jornalismo. -ela comentou, enquanto eu passava a gaze-  É boa nisso.

—Não sou.

—É melhor que seus irmãos, ao menos.

Porque eu me esforçava um pouco mais, eu pensei. Mas não falei.

—Você sabia que Luke também começou a fazer faculdade?

É claro que eu não sabia. Ninguém se dava o trabalho de me contar nada e eu, tampouco, o de procurar saber.

—Não. Sempre achei que ele ia tomar de conta da loja, com Levi e Alan.

Ela fez um não com a cabeça. E, segundos depois, ouvi a voz do ruivo, ali, na entrada do quarto:

—O que, Ammybeth? Achou que era a única com neurônios, dessa casa?

Suspirei fundo. Esse era o mais adorável dos meus irmãos. E, mesmo assim, me fazia querer morrer de ódio, a cada frase que falava.

Eles iam começar com aquele papo de novo. De que eu me achava melhor que todos eles, porque estava em Oxford. Que eu achava o meu pai melhor, também. Que eu pensava um monte de coisas que, no fim, eu pensava mesmo.

—Eu literalmente não disse nada. -senti meus ombros escolherem.

—Que seja. -ele disse, meio passivo-agressivo- Posso não estar estudando em uma universidade de renome, mas pelo menos não falto aula, para ficar servindo de marmita à famoso.

Eu poderia ter gritado. Eu poderia ter dilatado as minhas narinas, e ter falado várias coisas para tentar me defender. Eu poderia, inclusive, dizer que ele mesmo já tinha me chantageado, várias vezes, para que eu visse até San Diego e cuidasse de assuntos domésticos, quando eu estava em período de aula.

Mas eu não o fiz. Apenas balancei um pouco a cabeça, me sentindo triste e envergonhada e sem forças para brigar.

À noite, eu estaria em um palco, com Matthew. À noite, eu cantaria para dezenas de milhares de pessoas, pela primeira vez na vida. E com a minha banda favorita de todos os tempos, então... fodam-se todos eles.

Era o meu momento, cacete.

E eu tinha total consciência de que eu não deveria ficar de olhos fechados, quanto a Matthew. Eu sabia que ele poderia estar, apenas, jogando alguns papos bonitos naqueles dias, porque é isso que artistas fazem. Mas eu apenas decidi viver aquilo em paz, e eu ia continuar.

—À propósito, ele está aqui.

E então, minhas expressões ficaram confusas.

—Seu namoradinho está na porta. -Luke repetiu, e eu ouvi minha mãe pedir para que ele fosse mais gentil- Vai atendê-lo ou devo mandá-lo embora?

Eu saí de lá em um pulo. Até pensei em me perguntar como ele havia conseguido o meu endereço, mas lembrei que foi o motorista dele quem veio me deixar aqui. ontem. E, também, se Matty quisesse achar qualquer endereço, ele não demoraria muito para conseguir.

Acho que meus passos estavam tão apressados, que quase tropecei em um fio, indo em direção à entrada, sentindo o meu coração começar a bater mais forte.

O rosto dele era uma das coisas mais lindas que existiam, e acho que era capaz de afastar qualquer penando de merda e...

—Ursinha. -ele disse, assim que abri.

Quis abraçá-lo, mas segurei o meu extinto, temendo que seria um exagero.

—Eu disse que pegaria um táxi, até o estádio. -falei, já sabendo qual era o objetivo dele, em estar aqui.

E, definitivamente, não era conhecer a minha casa. Muito menos a minha família.

—Fiquei com medo de você amarelar. Acontece muito, nas primeiras vezes...

Oh meu Deus. Eu estava sentindo falta de um sotaque britânico, mesmo que depois de apenas dois dias, sem ouvir um.

—É... Não comigo. Eu quero cantar a música com você.

Ele ergueu uma das sobrancelhas, e então apontou para o carro, parado ali. Meu Deus. Eu ia mesmo fazer aquilo. Eu ia sair de uma casa horrorosa e ir para o maior estádio da cidade...

Comecei a pensar que, talvez, Matthew fosse um anjo enviado do céu.

—Vou pegar minhas coisas. -falei, olhando meio em volta, para entender melhor qual era a situação- Espere aqui, pelo amor de Deus...

—Não é hoje que vou conhecer a família? -ele fez um biquinho.

Acabei dando um suspiro, pensando que passar 10 segundos a mais, com qualquer um deles, seria uma tortura completa. Então, não. Ele não ia conhecer a família, ou minha mãe, ou ninguém. Acho que nem se estivéssemos. de fato, namorando, aquilo aconteceria.

—Não seja ridículo. -eu revirei os olhos- E me espere aí.

Ele fez um sim com a cabeça.

Quando eu voltei, depois de me despedir da minha mãe e de Luke, por menos de cinco minutos completos, talvez, a cena que se formou na entrada da minha casa me deixou em pânico.

Matthew estava socando o meu irmão irmão mais velho.

Hoje seria o nosso último dia na Califórnia, e estávamos prestes a encerrá-lo com um show, em San Diego.

Eu estava ansioso, porque Ammy havia prometido cantar a música que fizemos juntos comigo, e porque eu estava louco para vê-la. Ela só passou dois dias longes -e nem estava tão longe assim, porque sua casa era apenas dez quilômetros do hotel em que estávamos-, mas eu já estava sentindo a sua falta.

Acho que, tendo ela uma vez, ia ser impossível não querer tê-la o tempo inteiro. E eu queria muito a segunda opção. A viagem tinha perdido toda a graça, quando ela decidiu que não poderia ficar conosco, naqueles últimos dias.

Por isso que eu estava aqui, agora. Um pouco adiantado, porque ainda faltavam cinco horas para o show começar, e um pouco ansioso demais, porque eu gostava muito dela e queria levá-la embora logo -principalmente porque, quando Ammy abriu aquela porta, apesar de ter parecido feliz em me ver, o seu rosto estava meio estranho.

Ammybeth parecia ter ficado ansiosa sair, também, quando me mandou esperar por ela. Fiquei me perguntando se era porque ela estava feliz, porque ia cantar em um show pela primeira vez, ou porque esse lugar estava sugando a sua energia.

Eu havia prestado atenção nas nossas conversas o suficiente, para lembrar que ela não gostava da cidade, e nem da casa, e nem dos que moravam na casa.

E, quando um sujeito de cabelo castanho e feições duvidosas apareceu na minha frente, acabei me perguntando se ele era um dos motivos.

—Matthew Daves. -ouvi a voz presunçosa se aproximar de mim, para me cumprimentar- É uma honra ter você na minha casa.

Hmm... qual dos irmãos ele era? Luke, o mais novo, que era detestável e um pouco mais quieto, segundo a menina, ou Levi, o que ela preferia nem falar sobre?

Independente de quem fosse, estendi a minha mão mesmo assim, sem entender se aquilo era o correto a se fazer, considerando que Ammy deixou bem claro que eu não chegasse perto dos familiares dela, quando me deixou esperar na porta.

Mas foi aquele homem que surgiu, na minha frente. E acho que ele tinha acabado de chegar, em um carro, porque aquilo explicava o barulho de motor e de porta batendo, que, anteriormente, não havia me chamado a atenção.

—Você quer um? -o homem perguntou, se referindo ao maço de cigarros em sua mão, quando se encostou carro do meu motorista, junto a mim.

—Dispenso. -falei, apenas.

Eu deveria puxar assunto?

Acho que não.

—Qual é, eu já vi fotos suas fumando. Não precisa disso.

Normalmente, eu não ouvia muitos homens falando comigo em um tom tão detestável. Talvez, porque a maioria dos homens não parecesse tão detestável.

Mas, tudo o que eu fiz, foi abrir um sorriso irônico no rosto e observá-lo tragar aquilo.

—É um fã, cara? -perguntei, já que ele estava alegando ver fotos minhas por aí.

Não que precisasse ser meu fã, para ver o meu rosto espalhado pelas revistas, mas fiquei curioso, ainda assim.

—Na verdade, não. -o homem deu de ombros- Mas eu gosto de uma música de vocês. 'Flame', eu acho.

Aquela era uma das mais famosas da banda, e um dos grandes motivos para aquilo, era a presença de Cecília, uma menina que eu namorei ano passado e acabou participando do videoclipe. Porque as pessoas gostavam daquilo. Por mais que eu tentasse fugir da minha vida pessoal estando vinculada à banda, não tinha como negar que era aquilo chamava a atenção do público.

—Enfim, eu só gostava de ver aquela gata, no videoclipe.

Oh Jesus. Eu nem ia entrar no mérito de aquela frase ser problemática ou não, porque, além de tudo, era patética para cacete. Então, apenas fiquei quieto.

—Aliás, por que você trocou aquela Cecília pela minha irmã?

Aquele definitivamente era o mais velho. E eu não ia gastar a minha saliva com alguém que Ammy não gostava. Muito menos, se esse alguém tivesse expressões tão detestáveis.

Que tipo de homem começa um diálogo dessa maneira? Ainda mais falando da própria irmã?

—Ela é gostosinha e tudo mais, mas, tão fodidamente chata e mentirosa. -ele deu de ombros, rindo enquanto falava absurdos- Seja honesto, comigo, de homem para homem, foi a energia de virgem aos 20, que te pegou?

Senti uma parte de mim querer sair do sério. Eu não sabia qual era a merda do problema daquele cara com Ammybeth, mas já estava bem claro para mim que ele era doente. Completamente doente. E o meu punho já estava se fechando, involuntariamente, implorando para encontrar o rosto de um verme como aquele.

—Cara, você é nojento. -eu disse, apenas, e dei um passo para frente.

Ele sorriu.

—Fala sério. -ele revirou os olhos-  Eu poderia apenas me aproveitar do meu novo cunhado rico, mas estou te alertando, ainda assim.

—Por que você só não saí?

—Você tá na frente da minha casa, bonitão.

Ele tinha um ponto. Mas, honestamente, talvez fosse melhor para aquele cara sair de perto de mim, porque eu estava sentindo o sangue chegar até minha cabeça e dominar os meus outros sentidos.

Em geral, eu costumava ser um cara bom de segurar a raiva. Eu não era agressivo e, definitivamente, não saía socando o rosto de ninguém na rua- Principalmente, porque fazer aquilo significava estar no meio de polêmicas, e eu odiava polêmicas. Mas, ali... Ali eu queria destruir aquela carinha detestável, que, alguma vez na vida, tinha feito Ammy querer ficar longe da casa.

Se ele falasse só mais uma coisa... Uma coisa apenas, eu não responderia por mim.

—Só acabe com minha curiosidade, pelo amor de Deus... Quantos boquetes ela teve que te fazer, para você trazê-la até aqui?

Eu não sei se eu falei alguma coisa, antes de aquilo acontecer. Não sei se falei alguma coisa, enquanto acontecia. Mas, sei que em um momento eu estava parado, com as costas na porta do carro, e no outro, eu estava escutando Ammybeth gritar, implorando para que eu largasse aquele pedaço de merda.

Podia fingir e dizer que eu não sabia o que tinha acontecido comigo, mas não era verdade. Eu sabia exatamente: Deixei a minha raiva dominar o meu corpo inteiro, e não me arrependo de jeito nenhum. Aquele cara estava implorando por aquilo. Aquele cara merecia quebrar toda a merda da arcada dentária e sangrar até ficar zonzo.

Acho que eu teria batido nele, independente de qual mulher estivesse na porra da boca dele, porque não seria a primeira vez. Mas... sendo de Ammy, uma raiva colossal pareceu tornar tudo mais intenso, quando minha mão acertou a cara dele. Ou quando eu empurrei ele contra a lataria do carro, sem me preocupar com qual seria a merda de discurso de Mark, se alguém estivesse filmando aquela cena.

Eu não estava nem aí. Eu queria tanto bater naquele cara, que qualquer voz, qualquer reclamação, ou qualquer frase que saísse pela boca dele, se tornaria apenas um zunido.

A única coisa que conseguiu entrar pelos meus ouvidos e chegar ao meu cérebro, foi a voz trêmula dela.

—Matthew, pare com isso! -Ammy gritou, segundos antes de tentar me puxar pela camisa, sem muito sucesso.

Acho que eu tinha quebrado aquele nariz horroroso do homem. Acho que ele estava com o rosto sangrando, quando senti o meu motorista agarrar o meu corpo, e vi o outro irmão dela puxar Levi e...

Eu nem queria saber como estavam as minhas feições. Meu coração estava tão acelerado, minhas veias dilatavam tanto, minha respiração era tão falha, por conta daquele sentimento de adrenalina percorrendo tudo em mim, que tinha certeza que eu não me reconheceria e não gostaria do que eu tinha me tornado, naqueles minutos: Um poço de ódio.

—Engraçado como namorar um perturbado sempre combinou com você, sua vadia. -o homem estava cuspindo sangue, e ainda estava falando.

—Você não viu nada. Sou muito mais perturbado que isso. Eu... -já estava indo para cima dele de novo, quando a menina veio para a minha frente.

—Matthew! Pare com isso! Caralho.

Acho que eu queria parar quando aquele merdinha estivesse tão machucado, que não conseguiria falar. Mas eu não conseguia me mover. Não com aquele brutamontes, do meu motorista, segurando os meus braços.

Eu vi o seu irmão mais novo tentar arrastar Levi para dentro de casa, mas aquele homem ainda estava falando merda, enquanto entrava:

—Eu espero que o próximo rosto que ele atinja seja o seu! -ele gritou, para a menina.

Ah meu Deus. Eu iria matá-lo.

Eu iria. Eu gostaria de fazer aquilo, se não tivessem me jogado na porra do carro para ir embora e, quando eu fiquei a manivela do carro, para fazer sei lá o que, o rosto dela ficou em frente ao meu:

—Pare. Matty, fique quieto. -Ela silabou.

Normalmente, eu não me importava de obedecer Ammybeth. Mas, ali era uma exceção.

—Olhe o que esse merdinha está falando de você, Ammy!

Eu não queria gritar com ela. Eu não deveria. Eu... nem podia.

Depois de tudo o que ela tinha ouvido, e visto, Ammy deveria ser a mais magoada. Mas eu estava tão bizarramente transtornado e puto e... Quando tentei sair do carro de novo, as portas já estavam trancadas, e o motorista já estava tentando me dar uma lição de moral, quando a menina interrompeu e foi a única coisa que prestei atenção.

Tive que colocar a mão no próprio coração, para ter certeza de que ele ainda estava lá, depois de ter ficado tão desenfreado.

—Não é fácil escutar essas coisas por anos, mas eu não estou batendo em ninguém, por aí.

—Ammy, meu amor -eu tentei respirar, mas meus pulmões doíam- Eu gosto de você. E eu não deixo as pessoas falarem assim, das pessoas que eu gosto.

Aquele irmão dela poderia se explodir. Ele estava maluco se achou que ia continuar falando o que quisesse, e eu ia ficar calado, por medo de virar assunto nas revistas. E, para ser honesto, a imprensa poderia se foder também.

Eu sempre tive medo de parecer algum tipo de clichê, para mídia. O rockstar agressivo, ou descontrolado, ou mulherengo, ou qualquer um daqueles outros títulos estúpidos e vazios. Mas, eu não estava me importando cacete nenhum. Eles nunca sabiam de nada, mesmo.

—Não faça isso. -sua voz foi baixa- Eu não quero. Você realmente me assustou agora e... -Ammy pegou a minha mão um pouco ensanguentada- Como você vai tocar guitarra assim?

—Estou pouco me fodendo para guitarra, ou  para o show. -falei, e não era mentira- Jesus, Ammy, eu quem estou assustado. Por que você deixa esse cara te tratar assim?

Sei que eu não deveria questioná-la, daquela maneira. Mas eu não estava pensando direito. Principalmente agora, que eu estava vendo o carro se mover, me afastando do rosto daquele Levi idiota.

—É como sempre foi. -disse, cabisbaixa- Quer dizer, não sempre. Acho que houve uma época que ele era apenas babaca, e não cruel.

Eu não quis perguntar. Eu já estava tão transtornado, que uma informação a mais seria capaz de me fazer comprar uma arma.

—Me escute. -ela começou, segurando a minha mão machucada, e falando com uma voz mais machucada ainda- Está bem claro que gostamos um do outro -verdade- e que estou louca por você -espero que também seja verdade- mas, se isso acontecer de novo, pode me esquecer.

—Não estou nem aí.

Não sei porque aquela frase saiu da minha garganta. É claro que eu me importava. Mas foi involuntário.

—Como é que é? -Ammy fez uma cara feia.

—Não estou nem aí. -repeti, apesar de saber que era meio mentira- Se alguém fizer mal a você, eu vou cometer um homicídio.

—Jesus Cristo... -suspirou, balançando a cabeça em decepção- Você é mesmo perturbado, não é?

—Depois de eu ter feito um cara te seguir, achei que você já tivesse percebido.

Eu estava esperando mais uma lição de moral. Mais uma ameaça de pé na bunda. Mais uma cara feia. Mais alguma coisa ruim, mas... Ammy me abraçou e sussurrou: "esqueça que eu estou dizendo isso, mas obrigada".

Acho que o cheiro dela foi capaz de fazer o meu coração se acalmar.

Continue Reading

You'll Also Like

123K 8.2K 34
Uma jovem recém formada em veterinária conhece um jovem muito bonito e simpático em uma lanchonete.
24.6M 3.9K 1
Sinopse do livro: "O casamento é a única guerra em que você dorme com o inimigo. E, no caso, eu estava apaixonada pelo meu." Lisa Morris é uma secre...
18.5M 1.2M 91
Jess sempre teve tudo o que quis, mas quando Aaron, o sexy badboy chega a escola, ela percebe que, no final das contas não pode ter tudo o que quer...
538K 10K 12
Mais uma grande separação no meio artístico: Travis Havilliard, o vocalista da famosa banda de rock Crossing Bones, acaba de anunciar o início da sua...