Livro I - Nuvens de Sangue

By FelipeAraujox

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Existem diversas teorias da existência de vida inteligente fora do nosso Planeta Terra. Teorias de diversos c... More

Inicio
Impacto
Catástrofe
Discurso
Abdução
Chamas
Pai
Adeus
Crença
Alvorecer
C.U.F.A
Maycon
Sobrevivendo
Devaneios
Especial 15 - Túmulos
Aviso
Desespero
Sacrifício
Pesadelos
Maycon: Parte 2
Penúltimo Capítulo - Arilia

Último Capítulo - O inicio da tempestade

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By FelipeAraujox

"Os mortos andam pelas ruas, matas, florestas, campos... Não importa onde iremos, eles estarão lá, se multiplicando e acabando pouco á pouco com a humanidade."

FINAL - LIVRO I

Meu corpo suplicou para ficar parado, mas não pude. Dei o primeiro passo para dentro daquele lugar desconhecido e sombrio, não sabia o que pensar, nem mesmo o que fazer, a certeza era uma: destruir aquele maldito império. Ao colocar os dois pés no lugar a porta se fechou, fiquei preso, levando minha cabeça para trás e tendo em mente que agora não poderia voltar atrás. Deduzi assim que coloquei os olhos onde estava, — não era humano. — As paredes respiravam, mexiam em um ritmo pulsante, hora brilhavam, hora ficavam opaca como minha mente desligada da realidade. Tubos de formatos estranhos saiam de uma espécie de casulo no centro da sala. Aquele casulo era verde e gosmento, tinha cerca de três metros de altura. Fiquei em alerta, meu corpo tremeu de uma forma inimaginável, pressentia que morreria, que de dentro do casulo ia sair um devorador de almas, um monstro terrível que sugaria meus órgãos e mastigaria meus ossos. O pavor era tanto que não consegui sair da frente da porta de onde entrei.

Arfei fundo, suspirei como se tirasse totalmente o ar dos meus pulmões, não conseguia entender, como ainda estou vivo. Qual o motivo? O que eles realmente querem?

— O que queremos Nicolas Leme? — Quase cai para trás, escutei uma voz abafada e sútil sair de dentro do casulo.

— Como sabe meu nome?

— Eu sei de muitas coisas, agora aproxime-se! — A voz ficou mais forte, e antes mesmo de sequer me movimentar o casulo começou a girar. Era como um botão gigante de rosa que floresceu.

Eram muitas surpresas para apenas um homem, o que era ela? — Não, definitivamente não era um monstro. — Foi o que pensei. Ela era ainda mais linda que a última que vi. Sua pele extremamente branca, camuflavam os seus cabelos da mesma cor que iam até suas costas. Seus lábios eram azuis marinho, um tom forte. Contemplando sua estética, estavam seus olhos cor de sangue que vibravam ao olhar para mim.

Em sua cabeça uma coroa de rosas vermelhas, lindas rosas que levavam um véu transparente que saiam de seus talos e desciam até os seios fartos da estranha mulher. O que mais me impactou foram o que estava sobre a parte de baixo da criatura divina. Não existiam pernas a mostra, o que se via eram tubos enrolados em um tipo de máquina. Ela estava presa? Parecia alimentar aquele lugar.

Ela esticou uma de suas mãos brancas como a mais pura neve recém-caída. Sorriu com um sorriso ainda mais branco, aquilo me acalmou. Mas tinha que me por, tinha que lembrar que ela era a causa de tudo o que estava acontecendo. Dei mais um passo para frente, e salivando a secura de minha garganta indaguei ainda com uma voz trêmula de medo e ansiedade.

— O que fazem aqui?

— Não tenha medo, não posso fazer mal.

— Como confiarei em você?

— Não posso não é? Se não explodirá tudo, acabará com a nave com suas granadas.

— Se sabe delas por que não tirou elas de mim? — Ela sabia de tudo, não sei como, mas sabia. Sua voz era tão graciosa que era como se estivesse escutando pela manhã o barulho dos pássaros, o ar gélido de uma madrugada, o calor de um verão. O que ela é?

— Devo-lhe explicar algumas coisas Nicolas. — Sem mais escutou-se um ardo barulho e em seguida uma fumaça branca saiu dos tubos de onde ela estava, como mágica saiu deles flutuando e parou em minha frente. Suas pernas quase transparentes vestiam um vestido azul-claro. Ela tocou em meu rosto, seu corpo era gelado senti que sugou minha vida, me senti fraco e ao mesmo tempo calmo.

— Vai me matar?

— Não, ainda não! Quero que o primeiro ser humano que conquistou a honra de falar com uma Mãe possa entender algumas coisas.

— Por que está destruindo nosso Planeta? Você matou bilhões de vidas inocentes, eu quero uma explicação antes de explodir tudo.

— Me chamo Arilia, sou a Mãe dessa Nave. Viemos de uma galáxia distante por meio de um buraco negro próximo ao seu Planeta, somos uma raça milenar. Nascemos muito antes do Planeta Terra existir vida e fomos designados a equilibrar a ordem do Universo. Basicamente somos uma raça viajante sem Planeta que passa pelos Mundos julgando os seus povos, se são ou não merecedores de suas vidas. — Assim que sua voz fora cuspida senti uma raiva tremenda, meu corpo endureceu como uma estátua. Mesmo assim respondi com maldade exposta em meus olhos.

— Como assim? Vocês simplesmente invadem os Planetas e destroem?

— Claro que não Nicolas Leme, aproxime-se e preste bem atenção. — Ela levantou os braços e passou seus dedos sobre o ar, fazendo imagens surgirem sobre minha face. — Olhe essas imagens, são do seu Planeta, exatamente há 3600 milhões de anos atrás quando começou a surgir vida no remoto Mundo em formação.

Fiquei boquiaberto com o que vi, eram imagens lindas, deslumbrantes. Uma natureza intensa e magnífica, nunca presenciei paisagens tão perfeitas. Arilia rodou os dedos e as imagens começaram a se movimentar, o céu azul mudou de cor enumeras vezes e o ambiente diferenciou. Animais estranhos surgiram em meio ao local, e foram evoluindo e ficando grandes até chegarem nos dinossauros, ela parou.

— Lindo não?

— Por que está me mostrando essas imagens? — Arilia me fitou e sorriu.

— Na sua cultura os estudos mostram que os Dinossauros morreram por causa de um meteorito gigante que caiu na Terra, mas não, fomos nós Zoens, como vocês nos apelidaram. Fomos nós que exterminamos os Dinossauros. — Mais uma vez minhas pernas tremeram em um ritmo alarmante, o que ela estava querendo dizer? Não consegui falar nada, engoli minha saliva molhando minha garganta que continuava secar. — Os seres gigantescos viveram por milhões de anos, e não conseguiram evoluir. Devido isso fomos obrigados a exterminar quase toda a vida na Terra para dar a esse Planeta a chance de uma nova espécie, os Seres Humanos.

— Quer dizer que viajam pelo universo destruindo tudo, para criarem novos seres?

— Fomos designados a destruir para salvar os Planetas. O Universo é grande, vocês são apenas microscópicos aos olhos de milhões de Planetas. Poucos são habitáveis, e por este motivo saímos em busca de vida inteligente que possa ajudar no desenvolvimento do Universo, vocês ao menos conseguiram pisar nos Mundos vizinhos, levaram séculos para descobrir os segredos que os rodeavam, e mesmo com nossa ajuda não se desenvolveram. Seu Planeta está morrendo, vocês estão acabando com ele. Se não fosse por nós não evoluiriam e continuariam como o termo popular "Homens das Cavernas"

— Quem dizer que sempre estiveram nos olhando é isso? — Gritei.

— Claro, por que acha que em apenas Cinco mil anos os humanos evoluíram tanto? Fomos nós que ajudamos, e muitos se mantiveram fiéis e não espalharam que forças Alienígenas estavam controlando o Planeta. Os monumentos gigantescos que resistem por milênios fomos nós que construímos: As pirâmides do Egito, Stonehenge na Inglaterra, sinais em plantações e relatos descritos em antigos sarcófagos. Nicolas, sempre estivemos aqui.

— Mentira! Estão querendo destruir o nosso mundo e tomá-lo. — Apertei minha cintura e senti as granadas, aos poucos o meu medo virou ódio e parecia que no fim explodiria tudo junto comigo, mas ela insistiu na conversa.

— Não vamos destruir seu Mundo, vamos limpá-lo. Demos uma chance para ele há milhões de anos, e vocês não aproveitaram, estão matando o Planeta Terra, vão acabar com ele, os homens são egoístas, diplomáticos, corruptos, nojentos. Essa espécie nunca deveria ter nascido.

— Eu concordo, mas não são todos, existem vidas tentando sobreviver. Você não imagina o que é ver alguém que gosta morrer na sua frente, não sabe o que é ter um futuro destroçado. Amei meu Pai mais que tudo na minha vida, e o que aconteceu? Ele morreu como um porco abatido. E o que dizer da Luiza, você não sabe o que é o amor, não entende o que é sentir seu coração se desmanchar, tive que sentir o cheiro do sangue de quem amei para sobreviver, você tirou tudo o que era importante para mim e se continuar vai conseguir matar o resto do que ficou em minha alma, Mãe Arilia, pare, eu imploro. — Cai de joelhos e encostei minha testa no chão gelado da sala, não consegui ver a reação da Alienígena, mas ela indagou.

— Eu não sei o que é isso que sente, por que quer tanto salvar todos? Aceite o destino do seu Planeta, não existe retorno, o Planeta Terra está traçado a sofrer, vocês escolheram isso quando decidiram matar o Mundo que vivem. Você foi o único ser Humano que teve a ideia de entrar aqui, sozinho, despreparado, sem ao menos saber o que encontraria. Valorizo o seu ato, e como em todos os Planetas que passamos damos a chance para bravos guerreiros, venha comigo e salvarei sua vida. — Cada vez aquela conversa me dava mais repulsa, seus olhos chamuscavam em um vermelho cada vez mais intenso, mas antes de tentar qualquer coisa tinha que saber de tudo, respondi sem tirar os olhos de sua face.

— Nunca irei com você!

— Sábia decisão.

— Você não tem sentimentos?

— Desconheço essa palavra.

— Por que decidirem destruir dessa forma nossa raça? — Ela deu de ombros e falou

— Temos dois tipos de mães. Sou a Mãe da inteligência, assim como chamam em seu mundo: uma cientista, não uma guerreira. Os Humanos acham que não descemos na superfície por não resistimos ao seu Sol, mas estão errados, não descemos, pois somos a nave central. Fomos designados a usar nossa tecnologia para destruir os Homens. Na verdade continuar destruindo uns aos outros assim como estava, só demos um apoio para o processo de extermínio ser mais rápido. Em outras palavras, somos a primeira Nave, a segunda está a caminho e lhe aviso: Ela é a Mãe do confronto.

— Meu Deus. — Cai de joelhos e lágrimas escorreram.

— Não chore Nicolas. — Ela me impulsionou com uma força estranha, sem tocar em meu corpo, levantei como uma onda de ar.

— Estamos perdidos.

— Mãe Ghrolixia terminará o que começamos, vou te ajudar, pelo simples fato de ter conseguido entrar em nossa nave.

— Não quero sua ajuda, vou destruir você. — Peguei a única mão que me restou e peguei as granadas, - vou acabar com você sua maldita.

— Sabe, em nossa raça não existe desconfiança, nem Leis inúteis como em seu Mundo. Nossas regras são claras: tudo que se faz existem consequências. Esse foi o motivo de não ter tirado suas granadas, se destruir essa sala, a chance que tiver de ajudar o seu povo será extinta e você terá que arcar com as consequências. — Arfei, e mais uma vez estava no chão, deixei as granadas rolarem para longe e olhei fixamente para ela.

— O que quer que eu faça Arilia?

— Desculpe Nicolas Leme, não existe nada para reverter o Plano celestial de extermínio. Sei que escolheu a coisa certa, — ela fez as granadas desaparecerem, — seu Mundo está morrendo pela massa ártica, seu povo está se devorando e logo Ghrolixia chegará com seu exército, mas pela sua bravura lhe darei um artefato. Quero que use para acabar com ameaças, não garanto que sobreviverá por muito tempo.

— E o que vai adiantar? Se eles virão, se no chão existe morte, se respirarmos a Nuvem de Sangue morremos, nada será útil.

— Olhe para mim homem, existem relatos de Mundos que sobreviveram ao julgamento, mas foram poucos, não sei como, mas isso é com você e seu povo. Agora aproxime-se.

Com medo e receio, mas decidido em seguir com o que ela me propôs fui até onde se encontrava. Segurei firme o pavor, meu corpo continuou dolorido mesmo depois dos curativos e cicatrização de meu braço, não sabia o que receberia, mas tinha que fazer sem medo. Ela esticou uma de suas mãos e fez um sinal para que levantasse o braço cortado. Levantei sem exitar, foi quando ela passou seus dedos gelados sobre o toco de meu braço que senti uma coisa pesar e queimar meu membro inteiro, pisquei os olhos e quando voltei me surpreendi com o que tinha no lugar de minha mão. Era uma espécie de arma, era do tamanho adequado, não pesou nem um pouco. De um formato estranho, tinha uma estrutura parecida com as paredes do lugar e dois círculos que brilhavam em uma cor verde-esmeralda.

— O que significa isso? — Vociferei

— Essa é a arma do exército de Ghrolixia, os seus soldados usam em guerras, ela tem várias formas e poderá te ajudar, mas como disse, sou apenas uma cientista, você terá que aprender usar. — Meus olhos brilharam, perdi uma mão e ganhei uma arma que poderia ajudar a todos, mesmo sabendo que ela era a causadora de tudo, tinha que agradecer.

— Obrigado.

— Nicolas Leme, um simples universitário, inseguro e tentando resolver sua vida. Gostaria de que todos os seres Humanos fossem igual a você, acho que se fosse assim o Mundo que vivem não passaria pelo julgamento. Quero lhe alertar, em dois anos Ghrolixia chegará este intervalo de ataque é para testar vocês, queremos saber se são merecedores de viverem. Vou prometer que as Nuvens de Sangue sessaram e o clima do Planeta voltará a ficar quente, a minha missão aqui acabou, sinto muito em trazer a desgraça para você, mas era necessária.

— Nunca te perdoarei, você matou bilhões, mas se tudo que me disse for verdade, o mal maior vai chegar.

— Sinto, mas nossa conversa terminou, agora retorne para seu lugar e tente ajudar o seu povo. — Arregalei os olhos e vi pela última vez aquele sorriso e o olhar penetrante da mãe daquela nave, por um milésimo tudo ficou claro, como se tudo sumisse em um buraco luminoso, aos poucos fui ficando fraco e adormeci.


****

– Ele está acordando!

– Chamei a Doutora Júlia, agora.

– Depois de tantos dias, finalmente ele acordou.

Escutei um alarde, onde estou? Onde está Arilia, ainda estou na Nave deles? Minha cabeça dói parece que levei uma pancada forte. Sinto-me bem aconchegado, estou em uma cama? Estou quente. Essa luz em meu rosto, minha visão está embaçada. Aos poucos, minha visibilidade voltou, e conclui que estava em um quarto de hospital e duas enfermeiras uniformizadas de branco e verde me examinavam, meu braço com a arma que Arilia me deu encontrava-se imóvel, dentro de uma cúpula e ligada a aparelhos que pareciam estudar o que fazia parte de mim, era impossível levantar por causa daquilo. Entretanto sabia que, por fim, cheguei em algum lugar seguro.

— Nicolas, você acordou. — Uma mulher uniformizada e com as siglas da C.U.F.A entrou na sala.

— Acordei, onde estou?

— Está na Base de Itapecerica. — Quando os seus lábios se tocaram e sua voz parou, tranquei minhas pálpebras e suspirei como se houvesse tirado mil quilos das costas, chorei. Sim, chorei de felicidade, alívio, tristeza. Muitos haviam morrido para que eu chegasse aqui, meu amor, Luiza!

— Como vim parar aqui?

— Você simplesmente chegou, encontramos você desacordado na estrada secreta da Base, você dormiu por cinco dias. — Olhei para os lados e percebi as flores que enfeitavam o meu quarto.

— Quero ver minha mãe, minha irmã, e todos.

— Você vai ver, mas antes precisamos que nos conte como conseguiu essa arma. — Outros dois chegaram na sala e as enfermeiras saíram.

— Me chamo Edgar Gregório, sou o general responsável pelas forças Brasileiras da C.U.F.A e esse é o líder Japonês da Base de Tóquio, Hiroshi Nagasaki, junto com a Doutora Júlia formamos a frente das operações, garoto queremos saber tudo, queremos que nos explique como conseguiu fazer a Nave sair do nosso Planeta.

— Sim, contarei tudo, sentem-se acho que vamos ter uma longa conversa.


*****

A conversa durou cerca de uma hora, expliquei em detalhes tudo que vivenciei e presenciei dentro daquela nave, senti como se mais um peso fosse deixado para trás, só queria ver meus amigos e minha mãe, puder dar um abraço nela e saber que eles estão bem. Os agentes saíram do quarto, respirei fundo, cansado. Observei aquelas flores e me veio lembranças maravilhosas em minha mente. Lembro de Luiza, do seu sorriso, do seu cheiro, do calor de seu corpo. As suas últimas palavras, meu Deus! Como queria que ela voltasse e que tudo não passasse de um pesadelo, meu Pai havia morrido em minha frente, meus amigos morreram em minha frente. O Mundo se tornou uma cova sem fim e quanto mais mexe mais o cheiro de podridão se espalha. Só de pensar que Léo está com aquele maldito, meu coração aperta ainda mais a ponto de parar. Respirei mais uma vez fundo, e quando soltei pulei da maca em um susto não de medo e sim de felicidade.

— Nic? — Clarice, era minha irmã. Ela correu em minha direção, lagrimejando seus olhos claros para mim, chorei em prantos por ver ela. Não consegui retribuir o abraço pelo meu braço com a arma estar preso. Mas senti o calor de seu carinho percorrendo meu corpo.

— Eu voltei, mas o Léo...

— Eu sei, nosso primo já nos explicou o que aconteceu com o Léo e com a Luiza. — Perante a voz triste de Clarice, uma voz doce e frágil saiu detrás do pano que tapava meu aposento, minha mãe.

— Filho você acordou, meu filho! — Abri a boca tentando respirar, mas de tanta felicidade parecia que esqueci como fazia isso, chorei ainda mais por ver minha rainha viva, por ela estar forte e mesmo perante a tamanha dificuldade se manteve em pé.

— Me desculpe mãe, o Léo, me desculpe!

— Não tem o que desculpar, Marcos André me explicou, seu irmão fez aquilo para te salvar, mas depois daquele dia seu primo não para de procurar ele. E vai encontrá-lo, isso tenho certeza.

— Eu sinto muito mãe, Léo foi mais forte que eu.

— As coisas não podiam ficar só para você Nic, mas graças a Deus estão aqui, e logo meus três filhos estarão bem. —Em meio a conversa uma mulher entrou no quarto com uma menina, nunca havia visto aquelas duas, mas correram e me abraçaram forte, ambas chorando. Sem entender perguntei aflito:

— Quem são vocês? — Minha mãe e minha irmã sorriram, e a mulher falou.

— Meu nome é Joana, e essa é minha filha Isabel. Sei que meu marido está morto, mas foi muito importante para nós... Recebemos sua foto, as últimas palavras de Jhon. Obrigado Nicolas. — A menina me abraçando agradeceu chorando

— Obrigado! — Fiquei intensamente gratificado em ver aqueles olhos cor de ameixa brilhando para mim, missão cumprida! — As enfermeiras pediram para que as duas saíssem, pois a sala estava muito cheia. As duas me deram mais beijos e Joana mostrou a foto que Jhon me deu aquele dia, sorri e fiquei muito feliz. Então a curiosidade e ansiedade invadiu meu coração e assim que elas saíram do quarto perguntei eufórico:

— Onde está os outros Clarice? Michele, Bruno, Torres, Caroline...?

— Michele está ajudando na cozinha do alojamento, Bruno foi transferido para a Base da Amazônia para ajudar, Caroline não fala com ninguém dês do dia que você chegou e ela ficou sabendo da Luiza e do Léo.

— Eu imagino, quero falar com ela.

— É melhor não ela está trancada e não quer falar com ninguém — Abaixei a cabeça triste por Caroline, e antes de levantar escutei uma voz rouca e familiar.

— Nicolas, conseguiu! — Torres!

— É você meu amigo?

— Parece que sim! — Torres estava com um largo sorriso e feliz por me ver, esperei ansioso para ver o homem que me ajudou de infinitas formas, aquele que esteve do meu lado para o que der e vier. Olhei para minha querida mãe e disse:

— Mãe, quero conversar com o Torres sozinho, depois poderemos ficar juntos em todos os minutos que a senhora quiser.

— Claro meu filho. Vamos Clarice, depois podemos ficar com seu irmão. — Clarice me abraçou e ambas saíram do quarto.

Torres mudou totalmente sua feição e me encarou. Sabia que a situação não era nada boa, olhou para meu braço com a arma desconhecida e entortou o lábio, estava com o braço enfaixado e suspenso por um encosto branco. Não parecia ter se recuperado totalmente, mas sua saúde parecia ter voltado. Senti que ele se preocupou, antes mesmo de falar qualquer coisa. Homem sensato e inteligente, escorei meu corpo na maca e me levante um pouco. O ex-policial sentou ao meu lado e comecei a falar.

— O mundo vai acabar Torres, e tudo que aconteceu é apenas o começo.

— O que poderia ser pior do que aqueles mortos-vivos?

— Em dois anos eles retornaram, mas não ficarão apenas na superfície, as naves entraram em nosso planeta e conheceremos o exército dos Alienígenas, os Zoens, as pessoas infectadas foram apenas a primeira faze de um plano de extermínio.

— Então temos um intervalo de dois anos? Simples garoto, agora que tem essa coisa no braço ficará mais fácil. Vamos destruir os mortos e nos preparar para uma guerra, simples, é só vencer.

— Estava com saudades desse seu tom irônico e despreocupado senhor Policial.

— Bom, agora somos oficialmente iguais, ambos não temos uma mão. — Por um instante sorrimos, mas a conversa não durou mais nenhum instante. O general da C.U.F.A voltou junto com a Doutora, estavam com uma feicão de decisão parecia que discutiram muito antes de entrar novamente ali. Gregório falou em tom alto e claro.

— Nicolas Leme, a partir deste momento tem um convite especial para participar do nosso esquadrão como um Soldado Elite. — Arregalei os olhos e ele continuou, - se aceitar embarcará neste exato momento em um avião e passará o resto dos dias até o próximo ataque treinando na Base mais importante da C.U.F.A, a Base em Tóquio.

— Mas...

— Creio que o senhor Miguel Torres gostará de embarcar neste avião, os dois foram convocados. — Conclui.

— Eu aceito. — Torres falou de imediato, e terminou. — Mas não me chame de Miguel, só Torres.

— E então Nicolas Leme, o futuro do Planeta Terra depende de você e de todos os Elites que estão dando a vida para alcançar a vitória, você aceita? — Vociferou a Doutora Júlia. Fechei os olhos e um filme passou pela minha cabeça, um filme de terror e sangue que jamais esquecerei, sem exitar ou pensar gritei apertando com a única mão que me restava o edredom que me cobria.

— Eu aceito.

— Bem-vindo Nicolas a C.U.F.A.


***

Eles me tiraram do quarto e, por fim, consegui me movimentar. Assim que abri a porta do lugar me deparei com um clima agradável, não vi o sol, mas senti uma coisa ainda melhor, a chuva. Caia uma grossa chuva do lado de fora e há meses não caia uma gota, o frio havia ido embora assim como as naves e as Nuvens de Sangue. Mas não poderia baixar guarda, pois o confronto apenas começara.

Os mortos andam pelas ruas, matas, florestas, campos... Não importa onde iremos, eles estarão lá, se multiplicando e acabando pouco á pouco com a humanidade. Teremos que ser fortes, teremos que lutar. Um dia irei me molhar com essa chuva, mas ela não terá a cor que tem, em vez de escarlate será uma cor viva. O início da Tempestade Escarlate começará, o sangue de inocentes será derramado como essa chuva caindo sobre mim, e teremos que acostumar com essa tempestade, mas agora não vulneráveis, mas preparados para a guerra que traçara o destino do Planeta.


FIM


Notas finais do capítulo

QUERO AGRADECER A TODOS QUE CHEGARAM ATÉ AQUI! 

Foram meses de luta para que uma história complexa como essa fizesse sentido. 

Quero agradecer aos meus leitores por serem pacientes com a demora, e principalmente com os errinhos de português. 

Quero que saibam que estou muito feliz pelo resultado que teve Nuvens de Sangue, uma original com um tema tão estranho e chamar tanta atenção, claro que tenho um longo caminho pela frente e para mim esses meus leitores que me incentivaram continuar o mérito é todo de vocês. 


AGUARDEM O PRÓXIMO LIVRO E VAMOS DESCOBRIR O QUE VAI ACONTECER COM NICOLAS E SEUS AMIGOS.

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