-Parece que alguém tá a fim de uma loirinha... -A voz de Sam acordou Abigail de seu transe; esse qual consistia em admirar Haley, que estava do outro lado do saloon.
-N-Nada a ver! -Se virando a ele rapidamente, nem se deu conta do quão vermelha estava. -Eu nunca ia querer nada com aquela patricinha!
-Ah ta, e eu odeio o Sam. Para de mentir Abby, dá de ver na sua cara quão apaixonada você tá. -Sebastian responde, deixando-a ainda mais envergonhada. Tinha até esquecido por um momento que seus melhores amigos estavam juntos agora, mesmo que Sam estivesse no colo de Seb ao seu lado.
-Eu sei, eu sei... -Deitando a cabeça no balcão, desejava sumir. -Merda, o que eu faço...
-Chega nela? -Sam sugeriu antes de tomar mais um gole do refrigerante Joja. Ele era o único da cidade que o bebia.
-Não é tão fácil assim, tá?! Se fosse... -Levantando a cabeça, a garota exclamou indignada. -Se fosse eu já teria feito isso... -Voltando seus olhos a loira mais uma vez, não conseguia evitar de querê-la.
-Abby, você tem que tomar alguma atitude. Eu sei que você acha que ela é hetero, mas se você não fizer nada, nada vai acontecer... Entende? -Essa era uma das raras vezes que Sam estava certo, e Abigail não sabia se gostava muito disso. Suspirando, a garota se levanta.
-Certo. Eu vou tentar. Se ela me humilhar, a culpa vai ser de vocês.
-Eu não disse nada. -Sebastian se manifestou.
-Mas eu sei que você concorda com ele. -Dessa vez, o moreno permaneceu em silêncio. -Me desejem sorte.
-Vai dar tudo certo. Eu quero agradecimentos depois, viu? -Após as palavras reconfortantes de Sam, a de cabelos roxados decidiu finalmente ir na direção da loira.
Enquanto andava, sentia seu coração palpitar. Estava muito nervosa, muito mesmo. Todos sabiam da fama de Haley - a esmagadora de corações. Afinal, o que ela veria nela? Ela era apenas uma garota esquisita e desajeitada. Se virando para voltar, viu os dois amigos fazendo sinais para que continuasse. Quer saber? Dane-se. Se fosse para seu coração ser esmagado, que fosse.
-Haley... Ei, Haley... -Se aproximando e chamando a loira, sentia o arrependimento tomando conta de seu corpo.
-Uh? Ah, oi Abby. -Era um milagre vê-la sóbria no saloon. Tinha que aproveitar isso. -Algum problema?
-Bom, na verdade... Meio que sim. Eu preciso falar com você sobre uma coisa... Em particular. -Falou olhando para baixo. Se a encarasse, não seria capaz de completar suas palavras.
-Ah... Tudo bem. Atrás do saloon é bom o suficiente pra essa conversa? -Não a olhava nos olhos, mas percebeu uma leve mudança em sua voz. Estava igual em um... Flerte? Ela estava sonhando?
-S-Sim! Está sim! -Sentindo seu rosto esquentar, finalmente a encarou nos olhos. Aqueles malditos olhos azuis...
-Bom, eu não tava fazendo nada importante e... Você me deixou curiosa. Podemos ir agora? -Abigail estava sonhando, não tinha outra explicação. Em que outra situação Haley pediria para falar com ela com tanta ânsia?!
-C-Claro...
Quando as duas finalmente chegaram aos fundos do restaurante, Abigail parecia um tomate. Nem mesmo a falta de luz do local conseguia esconder isso. E Haley estava adorando isso.
-B-Bom... E-Eu... V-Você... -Tentando formar uma frase, tudo que conseguiu dizer foram palavras soltas.
-Ei, fica calma... -Colocando os braços entre os ombros da de cabelos roxados, fez com que ela parasse de desviar o olhar. Ela queria aqueles olhos azuis em si, ela precisava deles em si. -Me diz... O que você quer?
-...Você. -Ao terminar de dizer essa pequena palavra, de forma tão natural, seus lábios se encontraram.
O simples encostar dos lábios fez com que as duas se sentissem nas nuvens. Não havia nada para que se preocupar ali, nada além do toque que compartilhavam. Envolvendo a língua, Haley queria mais. Estava cansada de fingir ser quem não era. A verdade é que ela sempre teve interesse na baterista, mas o reprimia; tinha que ser perfeita. Mas ela estava cansada dessa merda. Tudo o que queria, naquele instante, era o corpo de Abigail cada vez mais envolvido ao seu.
Abigail sentia-se no paraíso. Finalmente estava provando os lábios que sempre sonhou, tocando o corpo que tanto desejou. Depois de tanto querer, finalmente estava ficando com Haley. A garota que odiava, mas aos poucos, foi ficando cada vez mais encantada. Foi inevitável não se apaixonar depois daquela tarde chuvosa, onde a conheceu de verdade. A tarde em que tocava flauta perto do rio, e a viu chorando à distância.
Se afastando pela falta de ar, Haley abriu o sorriso mais genuíno de toda sua vida. Abigail a acompanhou, apertando-a em seus braços.
-Você tá empolgada, hein? -A loira diz antes de rir; e ela tinha a melhor risada do mundo para Abby.
-É impossível não se empolgar... -Se afastando um pouco do abraço, deu diversos beijinhos em seu pescoço. A loira estremecia. -Quando estou ficando com você, Haley.
-Parece que vamos ter que terminar isso na minha casa, então. -Ela diz com um tom de voz provocador. Abby estava amando aquilo.
-Ah, sabe, acho que vou ter que deixar isso pra outro dia... -Apesar de sua fala, Abigail tinha um tom travesso em sua voz.
-Nem pense nisso! -A loira exclamou, segurando seu rosto. -Eu preciso de você. Eu quero você. Agora.
Não demorou muito até que as garotas pudessem ser vistas correndo até a casa de Emily e Harley, de mãos dadas e grandes sorrisos estampados nos rostos. E posso dizer, com certeza, que aquela foi uma das noites mais inesquecíveis da vida de ambas. A noite que mudou o futuro de ambas; a noite que marcou o início de sua história de romance.