Sour Candy

By OctavianoLuis

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O livro conta a história de Adan, um jovem de 21 anos que se muda com seus irmãos mais novos para outro país... More

Avisos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27

Capítulo 14

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By OctavianoLuis





Os três entraram na casa e Adan os guiou até ao seu quarto no andar de cima. Agora com mais calma, Juan pôde observar melhor o quarto em que estava. A suíte principal da casa era infinitamente maior que o pequeno quarto que Juan tinha na sua. A cama estava arrumada, com exceção do edredom marrom. O lugar em si parecia organizado até que ele olhou para a mesa no canto do quarto. Haviam papéis preenchidos a lápis espalhados por toda a superfície da mesa e entre livros de cálculo.

Adan pousou a prancheta junto às outras coisas e sentou na cadeira ao mesmo tempo em que trocava mensagens com Loren, para que ela mandasse as medidas originais da peça. Enquanto esperava pela resposta, ele abriu a conversa da turma e verificou a lista de exercícios que tinha por fazer.

– Vocês podem descer e procurar por um filme. Eu só vou fazer a minha parte da lista de exercícios do trabalho de cálculo, um rabisco rápido de Desenho Técnico e passar para o computador – disse Adan.

– Você ainda tem matemática? – perguntou Boris.

– Não. Eu tenho Cálculo Diferencial e Integral, Álgebra Linear e Geometria Analítica.

– Eu não duraria uma semana estudando essa merda toda – disse Juan.

Boris e Juan desceram com o edredom marrom e sentaram no sofá para assistir um filme. Para o loiro, era muito bom estar abraçado com o mais alto por baixo das cobertas enquanto assistiam uma comédia romântica leve, mas ele passou a achar estranho a demora de Adan para aproveitar o momento com eles.

No andar de cima, Adan bebia um pouco de seu café, enquanto sua mão tremia segurando o lápis por cima da folha A3.

– Você tem a certeza que as medidas estão erradas? – perguntou Loren do outro lado da linha. – Talvez só tenhas calculado mal a escala da peça.

– Sim, eu tenho a certeza! – disse, pousando o copo na mesa.

– Calma, já estou procurando no caderno.

– Desculpa. Tenho muita coisa na cabeça e também estou muito cansado, tive que fazer horas extras para poder ter o fim de semana livre. Se isso não fosse para segunda, eu iria me jogar na cama agora – disse o negro.

– Olha, você tem razão – disse Loren, soltando um suspiro mecânico através do altifalante. – A equação da esquerda está errada na mensagem, o dois não era para multiplicar, esta é para potenciar. Temos que refazer as três peças.

Adan já havia pousado o celular na mesa e apertava as mãos trêmulas contra o rosto enquanto a sua respiração acelerava. Ele puxou o ar devagar, sentindo os seus pulmões se expandirem e diminuírem a velocidade das batidas no seu peito.

– Loren, eu vou parar um pouco. Me liga daqui a cinco minutos e a gente refaz tudo. – disse ele.

– Tudo bem – Adan ouviu antes de desligar e voltar a jogar o celular na mesa.

Quando ele estava prestes a levantar, outra chamada chega, fazendo-o suspirar frustrado ao ler "mãe" na tela escura.

– Alô, mãe – disse, levando o celular a orelha, enquanto bebia o restante do café.

– Boa tarde, filho.

– Aqui já é de noite – respondeu.

– Desculpa, eu esqueci. Te acordei?

– Eu estava quase indo dormir, na verdade.

– Eu só liguei porque estava com saudade. Você não fala mais comigo e o Jonathan disse que agora você está quase sempre falando com outras pessoas. Arranjas-te uma namorada e esqueces-te que tens uma mãe? – brincou, tentando amenizar a rispidez de Adan.

– Mãe...por favor, agora não – disse Adan, desligando, enquanto limpava a umidade das lágrimas no seu rosto.

Ele chorou em silêncio por um tempo, até que o seu celular voltou a tocar e ele o atendeu rapidamente.

– Mãe, agora não, por favor – disse com a voz embargada e quebrada.

– Adan? – a voz de Loren soou do outro lado.

Adan desliga o celular e se joga na cama, afundando nos travesseiros e abafando os soluços enquanto se apertava contra os lençóis.

Juan estava no começo das escadas quando a campainha tocou. O filme que combinaram de assistir juntos, já estava no fim, e Adan ainda não havia descido.

O mais alto queria subir no momento em que o arco da protagonista já estava encerrando, mas ficou em duvida se talvez não fosse interromper a concentração de Adan. Depois de conversar com Boris, ambos decidiram esperar até o final do filme.

Quando a campainha tocou, Juan parou no pé da escada e olhou para Boris, que andou até a entrada. O loiro olhou pelo olho mágico e depois abriu a porta, espantado por ver Loren de pijama com uma bolsa nas costas.

– Loren? – disse Juan, intrigado.

– Vocês vieram passar a noite aqui? – perguntou, se apoiando na parede.

A loira parecia agitada. Os seus cabelos estavam desarrumados e o seu rosto estava pálido, com exceção dos papos escuros por baixo dos olhos que a faziam parecer à beira de um colapso.

– Sim – disse Boris, assustado demais com a aparência dela.

– Eu estou tentando ligar para Adan – disse ela, andando até Juan. – Ele ficou aqui com vocês todo esse tempo?

– Não, está no quarto terminando um trabalho. – Juan quebrou o contato visual com Loren e olhou para o topo das escadas. – Ele disse que não iria demorar, mas o filme já terminou e ele ainda não desceu.

– Estávamos com medo de desconcentrá-lo, então estamos aqui, esperando – disse Boris se aproximando.

– Merda – respondeu Loren, amarrando o cabelo e indo até a cozinha.

A loira abriu as portas e reparou nos restos do pó de café derramado na bancada, antes de suspirar, por já conhecer o amigo.

– Vocês chegaram todos juntos? – perguntou ela.

– Sim – disse Juan, entrando na cozinha –, ele passou na minha casa e decidimos vir assistir um filme.

Loren assentiu distraída enquanto aquecia um pouco de água. Juan evitou olhar diretamente para ela enquanto estavam sozinhos e agradeceu quando Boris entrou na cozinha.

– Ele está dormindo – disse o loiro, vendo Loren largar a sua bolsa no chão.

Eles não conversaram. Apenas ficaram observando a loira se mover na cozinha apressada, preparando três canecas de chocolate quente, um prato cheio de biscoitos e depois subir para o quarto de Adan com a bandeja.

– O que você acha que aconteceu? – perguntou Juan.

– Não sei, mas ela não parecia bem – disse Boris.

– Será que deveríamos subir?

– Não. É melhor esperarmos eles descerem. A Loren e o Adan se conhecem há anos. Ela deve saber melhor o que está acontecendo – disse Boris, devagar.

Eles se sentaram no sofá, mas desta vez não havia filme que os distraísse, apenas a ansiedade de saber o que estava acontecendo no andar de cima.

Depois de quase meia hora, Loren desceu apressadamente. Ela correu pelas escadas e foi direto para a cozinha, sendo seguida por Boris e Juan. O cacheado teve vontade de perguntar o que estava acontecendo, mas as palavras morreram em sua boca quando ele viu o estado dela.

Loren estava curvada sobre o balcão com a mão na boca abafando os soluços enquanto chorava. Ela se ergueu e limpou as lágrimas com a manga do pijama, depois abriu a geladeira e pegou o leite.

Em algum instante, entre aquecer o líquido e derramar algumas raspas de limão neste, o cabelo desgrenhado de Loren se soltou. Ela apenas ignorou e voltou a subir as escadas com a chávena cheia de leite quente em uma mão, enquanto a outra limpava o resto da umidade em seu rosto.

Quaisquer que fossem as expectativas de uma noite cheia de risadas e comedias românticas, morreram junto com o choro de Loren abafado na cozinha.

Eles permaneceram sentados no sofá. Já passava de uma da manhã quando os passos na escada foram ouvidos novamente, desta vez mais lentos e abafados. Loren andava calmamente com a bandeja nas mãos, a levando até a cozinha.

Quando voltou de lá, o seu rosto estava mais pálido do que quando chegou. Ela se sentou na poltrona de frente para Juan e Boris e respirou fundo, se mantendo em silêncio por um tempo.

– O Adan não está bem. Ele está muito sobrecarregado com várias coisas, além de ter a faculdade e os irmãos, então acabou tendo uma crise nervosa. – Juan ergueu o corpo do estofado do sofá segurando a mão trêmula de Boris de maneira firme. – Eu o fiz comer e deixei ele dormindo depois de desabafar um pouco. Vou dormir no quarto de Amara porque estou muito cansada.

Loren levanta rapidamente e começa a subir os degraus quando a voz de Boris a faz parar.

– O que a gente faz? – perguntou.

– Conversamos amanhã. Agora ... amanhã – disse ela com a voz embargada enquanto corria pela escada.

Juan olhou para os olhos claros de Boris e os viu molhados por lágrimas e dúvidas. Ele o abraçou e puxou o ar com força, tentando afastar o choro.





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