Desde o dia em que Hinata Shouyo ajudou Kageyama Tobio a se despedir de seu avô no cemitério, o moreno consegue encarar sua própria família sem se preocupar em sentir a tão dolorosa e pesada dor do luto.
Já fazem alguns meses que Tobio se senta na mesa no jantar. Fazem alguns meses que o garoto tenta se aceitar em relação aos seus sentimentos por um certo ruivo. E fazem meses desde a última vez que Kageyama se machucou por vontade própria.
Agora o moreno saia de casa se encontrar com os colegas — a palavra amigo ainda era muito para explicar a relação de Kageyama com qualquer pessoa que não fosse Hinata Shouyo.
Chegando perto da orla, ao lado da areia da praia, Kageyama avistou Oikawa Toruu acenando desesperadamente para Tobio o ver. É óbvio que o Rei iria ver o Grande Rei.
De certa forma, eles se encontravam para jogar vôlei na praia junto do quarteto, Iwaizumi e Hinata. Entretanto, Hinata Shouyo não se encontrava correndo e pulando enlouquecidamente pela areia fofinha e quente hoje.
— Opa, Rei — Oikawa o cumprimenta, olhando de cima abaixo. — Veio perder mais uma?
— Onde está o Hinata? — Kageyama simplesmente ignora Toruu, que faz uma careta e solta um murmúrio de exclamação.
— Shouyo disse que ia ajudar uma amiga — Kenma responde, erguendo o olhar do Nintendo e logo voltando a prestar atenção no jogo.
— Uma amiga?
Kuroo encara o Kageyama e acena positivamente com a cabeça.
— Hunf — sussurra Tobio.
— O Rei tá com ciúme! — Oikawa grita, colocando a mão na barriga de tanto rir.
— Não tô não!
Kageyama começa a ficar vermelho feito um pimentão e Akaashi o observa.
— É o Sol! — tenta se explicar, mas os amigos sabem que não é verdade.
Não é difícil enxergar que Hinata ama Kageyama tanto quanto Kageyama ama Hinata, mas para os dois adolescentes é muito difícil perceber isso. A situação entre eles faz Oikawa gargalhar, mas no fundo, até o Grande Rei passa por isso com Iwaizumi.
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Hinata pedala até a floricultura de Yachi, sua vizinha tímida e fofa. A garota havia o chamado para ajudá-la a cuidar de algumas flores por conta da troca de estação. Já era inverno. Mas para Hinata Shouyo sempre seria primavera, quando as flores florescem com sua alegria e esplendor total.
Ele encontra a loira abaixada atrás do balcão pegando algumas caixas pesadas e colocando na frente do balcão da loja.
— Opa, deixa eu te ajudar com isso — Hinata rapidamente pega o caixote preto cheio de tralhas e o coloca em cima de outras caixas.
Yachi consegue finalmente respirar.
— Obrigada. Não sei nem como te agradecer por me ajudar hoje.
— Não tem de quê, Yachi!
— Se você puder colocar essas coisas ali em cima daquele carrinho — ela aponta — vai ser de grande ajuda.
Yachi sorri quando Hinata sorri. Ele então segue as instruções e coloca alguns pacotes de adubo dentro do carrinho, juntamente com as tralhas em cima do caixote.
A loira o conduz até atrás da floricultura, onde uma caminhonete está esperando. O motorista veste um macacão verde. Ele tem cabelos bem claros e na etiqueta em sua roupa está escrito: Daichi.
— Só isso? — ele pergunta para Hinata, que meio sem jeito concorda.
— É. — Yachi responde atrás de Shouyo.
— O.k. Subam aí!
Os dois jovens sobem em cima do carro e aproveitam que estão soltos para aproveitar a boa brisa do dia que bate em seus rostos.
Hinata abre um dos braços e o levanta para cima, sentindo o vento brindar em sua pele e acariciar seu rosto e bagunçando seus cabelos. É um sentimento libertador, até Yachi levanta as duas mãos para cima e começa a rir de alegria.
Hinata sorri largamente vendo o carro seguir por um campo bonito. Entretanto, com o inverno chegando, as flores já não fazem mais parte do cenário.
A caminhonete passa por um buraco e Hinata segura Yachi antes que a garota perca o equilíbrio total e caia para fora do veículo. Com o susto, Yachi solta um pequeno gritinho surpreso.
Ela fica vermelha ao perceber que está abraçada no ruivo e logo se solta. Hinata parece não se importar, mas a garota sim se importou, visto que nunca teve tanto contato com um garoto antes.
— D-Desculpa... e-eu...
— Tudo bem! — O pequeno ruivo a acalma. Yachi relaxa os ombros e respira fundo tentando voltar ao normal. — Onde temos que ir?
A caminhonete para perto de uma fazenda. E é claro que Hinata reconheceu de cara a fazenda, como não poderia? A mesma fazenda que Tanaka foi perseguido pela vaca e a mesma fazenda que Shouyo conversou com a galinha. Não é tão longe da casa de Oikawa e muito menos da casa de Kageyama, quem sabe, o ruivo já não aproveite e fique na casa do moreno.
A loira foi a primeira a descer do carro, em seguida Shouyo pulou e Yachi bateu duas vezes na lataria. Daichi assobiou e deu partida com o carro logo após eles pegarem as tralhas de dentro das caixas.
— Bom, Daichi-san já vai voltar, então a gente tem pouco tempo. — Ela foi andando na frente e passou pela porteira. Parecia bem acostumada com o lugar, e Shouyo, obviamente também, só que ele sempre invadiu aquele lugar.
Mais a frente estava um funcionário da fazenda, os cabelos brancos mas ele era novo.
— Suga! — Yachi o cumprimentou. Ele abriu um sorriso gentil com a presença da garota. Logo percebeu Hinata atrás e acenou também, indo apertar as mãos de Shouyo. — Esse é o Hinata, Hinata, esse é o Suga.
— Como vai?
— Bem e você?
— Estou ótimo agora já que a melhor jardineira veio cuidar das plantas! Entrem, entrem! — Ele os chamou com a mão.
Os dois adolescentes seguiram o rapaz para dentro de um estabelecimento pequeno e logo já saíram novamente chegando em uma estufa.
— Toda sua, Ya-chan!
Suga deu um aceno com a cabeça e piscou com os dois olhos assim que passou por Hinata.
— Bom, vamos começar logo. Hinata, pega o adubo...
E assim eles seguiram naquelas poucos minutos que tinham. Yachi pedindo as coisas e Shouyo a obedecendo enquanto aproveitava a companhia da loira. Eles conversaram sobre diversos assuntos e estranhamente pararam quando foram falar de amor.
— Sabe, eu amo as flores, amo cuidar disso tudo — dizia Yachi, terminando de adubar a última planta. — Mas será que eu vou conseguir amar alguém nessa intensidade?
Hinata escutava atentamente as palavras da loira, enquanto se inclinava para regar algumas flores.
— Amor é complicado.
— Já se apaixonou, Hinata? — a pergunta foi inocente, mas pela reação de Shouyo, Yachi rapidamente mudou o foco da conversa: — Sabia que existe uma flor que floresce no inverno?
Shouyo não queria que o clima ficasse pesado, até porque, não era culpa de Yachi.
— Sério? Qual?
— O Ipê.
Hinata olhou para Yachi, ambos sorriram.
— Se quiser posso te contar a história do ipê.
— Eu iria adorar!
Um carro buzinou ao longe e eles sabiam que era Daichi. A sorte era que eles já haviam terminado todo o serviço.
No caminho de volta, Yachi contou a Hinata a lenda do Ipê. Fora que continuaram a conversar sobre outras baboseiras.
No fim do dia, Hinata pedalou até a praia e encontrou o grupo de amigos sentados em cima de toalhas ou panos velhos em uma pedra. O ruivo se aproximou e se sentou ao lado de Tobio.
— Ei — Hinata disse, Kageyama o encarou. — Desculpa a demora.
— Tudo bem.
E um silêncio constrangedor tomou conta deles. Até que foi quebrado por Oikawa:
— O Rei ficou com ciúmes de você.
Kageyama queria estrangular Oikawa. As bochechas do maior ficaram vermelhas e ele encarou Hinata. Os olhinhos castanhos fixados no rosto sereno e envergonhado de Tobio.
Shouyo sorriu e olhou para o horizonte. Aos poucos foi encostando a cabeça no ombro de Kageyama. E ali ficaram, admirando o pôr do Sol.
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Oioi!
Olha quem apareceu KK
D
esculpa o capítulo de hoje! Não sabia muito bem o que escrever nele...
E desculpem o mega sumiço :(
Como vocês estão?
A autora aqui está bem e está voltando a escrever !!
Fiquem bem e até❤