Tell me that you're still min...

By MyMyrtle

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Han Jisung nunca teve medo de nada e achava que viveria assim até o fim de seus dias. Mas o que acontece quan... More

Um
Conhecer ou reconhecer?
Superar
Café
Antecipação
Quarta
O Entardecer
Jantar
Retrospecto
Aquário
Cada detalhe seu
Noite de chuva
"Min, conheça meus amigos"
Encontro duplo
Quente
Spin-off: Hospital
Animais
Admiração
Orgulho ou sensatez?

Flores colhidas à mão

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By MyMyrtle

Para esse capítulo você pode ouvir a música em qualquer momento do texto. Boa leitura!

Moonlight - Dhruv

A resposta chegou junto ao ponteiro das onze na noite de segunda-feira.

"Você está acordado?
Min, 23:00"

"Sim.
Hanji, 23:01"

"Estou no seu portão, quer sair para um passeio da meia noite?
Min, 23:01"

Quando Jisung apareceu fugindo silenciosamente de casa, Minho estava encostado no capô do carro, o rosto claro em contraste com a jaqueta de couro preto brilhava sob a luz da lua.

Por mais que não estivesse exatamente frio, o vento soprava firme, deixando as bochechas de Jisung tão rosadas quanto o casaco que vestia. Ele se aproximou e Minho intromissivamente subiu o zíper do moletom.

— Que carro é esse?

— Eu devolvi o do Changbin e aluguei esse, precisei sair da cidade pra resolver uma questão familiar, me desculpe não ter te respondido antes.

"Ah, então foi por isso" pensou Han.
Ele apenas balançou a cabeça sem questionar, já era bom o suficiente que o Lee não estivesse bravo pela fuga do apartamento.

— Aonde nós vamos?

— Não muito longe, entre primeiro.

Minho desencostou do capô e abriu a porta do carona, indicando para que seu acompanhante se sentasse. Jisung o assistiu dar a volta e entrar pelo outro lado, o carro era bem confortável e novo, além de muito limpo. Inesperadamente, ele sentiu o corpo ao lado avançar sobre o seu, causando-lhe breve pânico.

— Cinto de segurança - Lee falou calmamente.

Jisung piscou algumas vezes duvidando de sua própria consciência, olhou para baixo e o cinto estava preso em seu entorno e o calor repentino da proximidade já se dissipava.

Minho se inclinou para o banco do passageiro, pegou um buquê de flores e entregou para Jisung. Definitivamente não era um arranjo de um florista profissional, nele havia flores diversas e coloridas, colhidas à mão. Não era pesado e tão pouco as flores seguiam um padrão, mas era notável a delicadeza na montagem e as cores vibrantes funcionavam bem juntas. Tulipas vermelhas, lavandas e narcisos amarelos misturavam-se em volta de duas dahlias brancas, embaladas em um papel de seda marrom preso por um laço de barbante.

— São pra mim?

— Hm - Minho assentiu - estive em Seosan-si, as flores de lá são bonitas essa época, achei que você pudesse gostar.

— Eu gostei - o coração de Han estava estranhamente calmo, ao contrário do outro que tinha os batimentos como os de um coelho - Nunca recebi flores antes, obrigado - sorriu.

Minho sentiu parte de seu corpo derreter com aquele sorriso.

— Que bom que gostou - ele soltou o volante que inconscientemente apertava ansioso e afivelou seu próprio cinto.

— Você quem fez?

— Sim, minha tia me ajudou a montar - soltou um riso leve - Tá tão na cara assim? Se foi por causa da seleção delas, eu nem sabia que existia significado de flores, mas ela já deu um sermão gigante em mim e no tio pelos narcisos.

— Não me importo com isso já que foi você quem me deu.

•-------------♡-------------•

Minho e o tio passaram o domingo inteiro reconstruindo a estrutura destruída da casa. De vez em quando, Yeeun os levava chá gelado de hibisco ou lanchinhos e eles faziam uma breve pausa.

Na segunda, os dois saíram cedo e como prometido, Haein levou o sobrinho para comprar flores. Acontece que o rapaz não gostou de nenhum dos arranjos prontos de nenhuma das três floriculturas que visitaram, por sorte, seu tio lembrou que conhecia alguém que o deixaria apanhar suas próprias flores.

Se não fosse pela tia, era capaz do impressionante buquê nunca ter existido. Assim que ela viu a cesta repleta de vários tipos de flores, limpou toda a mesa e o ensinou não só a combina-las, como também seus significados.

Minho só queria presentear seu Hannie com primores locais, mas a tia fez questão que o rapaz abrisse o bico e contasse o sentido daquilo, então sabendo do que se tratava, ela brigou com marido e sobrinho pelas "escolhas erradas" e fez questão de preparar um torta de morango para que ele entregasse junto ao buquê.

Foi só quando o céu laranjou que Minho pegou a estrada de volta a Seoul.

•-------------♡-------------•

Com o buquê no colo e Minho ao seu lado, Jisung sentia que sua noite já se parecia a mais empolgante da cidade.

Não havia trânsito aquela hora então a travessia da ponte foi rápida e tranquila.

— Nós vamos a Banpo?

— Hm! A noite está ótima para um piquenique noturno à beira-rio - virou a cabeça rapidamente a ponto de ver o corpo inteiro de Han se agitar - O que foi?

Chimaek!

— Chimaek? O que é isso?

— Frango frito e cerveja, chimaek é obrigatório em um piquenique no rio, não sabe? O "chi" é de chicken! - respondeu como um bom coreano, orgulhoso do trocadilho.

— O frango tudo bem, mas você tá tomando remédios, não pode beber.

— Não estou, não! - jurou por tudo que lhe era mais sagrado - Eu perdi a hora três vezes e parei de tomar.

Han Jisung não sabia ainda, mas essa era pior coisa que você poderia dizer para alguém que cresceu seguindo estritamente recomendações médicas, entretanto, ele tinha uma vantagem: o seu charme. Com apenas um biquinho, o beberrão conseguiu que o mais velho comprasse não só dois tipos de frango frito e cerveja, mas ainda encurtasse o sermão pela metade!

Caminharam do estacionamento até a área gramada, Lee Minho com a cesta de piquenique e a caixa de frango, e seu garoto-esquilo com o bonito buquê, exibicioso.

— Você quer ir até a margem ou ficar por aqui?

Han olhou mais a frente, aquele parque era conhecido por ter um show de luzes na ponte e por mais que o último horário já tivesse acabado há muito tempo, ele ainda conseguia ver algumas cabeças na praça da margem. Se sentiu inquieto, seus pensamentos intrusivos se tornavam agressivos e um estranho incômodo em ser visto o fez recuar, mesmo que ele quisesse ir até a margem como os outros apreciar a bela vista.

— Podemos ir depois? Acho que eu prefiro ficar aqui.

O Lee jamais se oporia, habilmente esticou o tapete de piquenique na grama baixa e apoiou a cesta, organizando tudo que trouxe, Han se sentou no tapete, olhando o rio. Minho não demorou a se juntar a ele, percebendo seu olhar distante, abriu uma cerveja e entregou ao rapaz sem saber se deveria perguntar o que estava acontecendo. Jisung aceitou a cerveja e deu um gole.

— Não vai abrir a sua?

— As duas são pra você.

— Você não bebe?

— Estou dirigindo hoje.

— Ah, é mesmo... - se preparava para dar outro gole - Que responsável.

Minho soltou um riso nasal. Quem diria que aquela bolota introvertida que mal conseguia expressar sua própria fala, agora bebia, pulava muros e era relativamente popular em festas.

— Como foi seu fim de semana? - Minho não sabia como abordar o assunto, parte dele queria perguntar "Por que você fugiu?" mas achava que seria muito direto. Lembrou de seu tio Haein dizendo para casualmente conversar, mas tinha medo da resposta, ainda que não estivesse disposto a desistir.

— Fui visitar o Minnie e me desculpar com os pais dele, no domingo não fiz nada.

— Como está o Seungmin?

— Bem, agradeça ao Changbin hyung por mim. Ele só está um pouco bravo pela circunstância.

— Tenho certeza que ele vai se recuperar em poucas semanas.

Jisung abriu a caixa de frango e provou um pedaço, dando um sorriso desengonçado de aprovação.
Suas bochechas cheias e o lábio sujo de molho apimentado era uma cena simplesmente adorável, Minho pegou uma coxa e o acompanhou comendo.

— Não é chimaek sem cerveja, tem certeza que você não quer?

— Talvez numa próxima, eu não sou tão bom com bebida...

— Mesmo? - Jisung virou-se curioso.

— Eu não consigo nem mesmo acompanhar meu irmão, simplesmente não da tempo. Depois quarta dose, eu durmo. Falo coisas que ninguém entende, e durmo.

A risada de Jisung era tão gostosa e contagiante que Minho não resistiu em contar mais algumas histórias engraçadas de seu passado, como quando ele e Changbin acidentalmente foram parar em Los Angeles numa noite de bebedeira logo depois de se formarem no ensino médio ou quando ele e seu irmão quase acabaram com tatuagens iguais.

A conversa fluia tão bem, que logo todo o frango já tinha acabado e os sanduíches que Minho preparou estavam no fim, eventualmente ele explicou o que tinha acontecido com a casa dos tios e como ficou quarenta minutos no supermercado tentando escolher o recheio dos sanduiches. Minho abriu a cesta e tirou a torta de morango, cortando dois pedaços generosos.

— Como sabia que eu gosto de torta de morango?

— Imaginei - Minho esperava ansioso pelo feedback da primeira garfada - Está gostoso?

— Maravilhoso.

— Eu sabia que ia gostar, foi minha tia quem fez pra você, ela é uma ótima cozinheira e uma das melhores pessoas do mundo todo assim como meu tio. Eles querem te conhecer, se você quiser e tiver um fim de semana livre, eu...

Han não estava mais prestando atenção e nem mesmo comendo.

Em sua mente, as vozes insuportáveis questionavam o que ele tinha feito para merecer tudo aquilo, a tia nem mesmo o conhecia mas mesmo doente preparou uma torta com tanto carinho.
O tio poderia ter aproveitado a ajuda do sobrinho por muito mais tempo, mas o "devolveu" cedo para ele, o que era ainda pior para Jisung. Minho voltou de viagem imediatamente para vê-lo quando na primeira oportunidade de fugir, ele havia fugido.
Como poderia andar pela praça da margem com as flores que ganhou quando nem ao menos era digno delas? Como poderia ser visto com Minho e arruinar a reputação dele? Toda sua familia perfeita o tinha como um bem valioso e Jisung era o ladrão. Era assim que se sentia.

— Hannie? Você tá disperso, o que está acontecendo?

— Desculpe, o que estava dizendo?

— Você está bem? Sente alguma dor?

— Está tudo bem - pegou a fatia de torta que anteriormente comia - Você é bem próximo da sua familia, né?

— É, eu sou...

Han mais uma vez voou para longe em algum lugar de seu subconsciente, concordando com o silencio.
Já Lee, se sentia frustrado, ele sabia que algo estava errado mas não conseguia uma abertura para resolver, jamais entenderia a relação entre aquele comportamento e sua família se o garoto não falasse o que pensa. Ele estava indo rápido demais?

Minho deslizou seu corpo, envolvendo-se volta de Jisung, e então o abraçou apertado com seu rosto junto ao vão do pescoço do menor.

— O que v-

— Me desculpa, Hannie, eu não quis te pressionar.

O corpo de Han enrijeceu por inteiro.

— Não, não é isso...

— Eu não levei em consideração o que você queria, não precisamos visitar meus tios se isso o deixa desconfortável e peço desculpas por ter ido além do beijo, eu não quis te assustar.

Aquela voz rouca tão próxima ao seu ouvido carregava um pingo de desespero desconsertante, Han queria explicar o que sentia, mas para falar a verdade, ele nunca nem havia chegado nessa parte antes.

Sua razão tentava de todas as formas negar aquilo que a tanto já florescia dentro dele, mas o corpo quente atrás do seu parecia aquecer um outro Jisung que a muito tempo sentia frio, isolado no fundo de si. Os batimentos isso o dava tanto medo, era como se uma voz gritasse "Acorde dessa fantasia, você está louco!" e outra simplesmente respondesse com "Então deixe-o estar".

— Min?

— Sim?

— Você pode me abraçar mais forte?

Minho não pestanejou, apertou ainda mais seus braços em torno da cintura fina do rapaz. Uma brisa gelada atingiu os dois, fazendo com que Jisung se encolhesse ainda mais, apertando as mangas da jaqueta do outro firmemente. Ele fechou os olhos por alguns instantes, sentindo o cheiro bom do perfume quente e amadeirado de Minho.

— Hannie, eu realmente te levo a sério. Você pode me dizer se algo de incomodar e eu vou dar o meu melhor para resolvermos.

Jisung deslizou sua mão até a de Minho e segurou um de seus dedos, ele sabia que precisava assumir a responsabilidade.

— Não é sua culpa, não precisa se desculpar, eu não estou assustado, nem arrependido. Fui eu quem te beijou em primeiro lugar.

— Não mesmo? - Minho procurou pelos olhos de Jisung.

— Não mesmo.

Lee se sentiu aliviado, jamais faria nada que ultrapassasse os limites de Han.

— Certo, você quer conversar sobre isso?

Jisung se soltou do abraço por um instante e virou de frente para Minho, esperava ser sincero e falar cara a cara, mas assim que encarou o semblante atento do mais velho ele sentiu sua garganta secar, só podia contar com a honestidade agora, afinal o certo é o certo a se fazer. Jisung aproximou seus corpos, voltando para o calor confortável do corpo alheio, o abraçou de frente, escondeu seu rosto e deixou sua guarda cair:

— Eu sei que você me leva a sério e eu quero ser sincero com você, mas pra falar a verdade, é muito difícil pra mim explicar a bagunça da minha cabeça. Eu realmente não me sinto pressionado ou assustado, muito menos arrependido, mas talvez leve um tempo até eu me acostumar com isso entre nós.

Minho escutou atentamente a fala relutante e apressada do rapaz, tocou os cabelos descoloridos dele e depositou alguns carinhos, ele não se importava de ir com calma. O desconforto de Jisung foi aos poucos se dissolvendo e ambos os corações batiam em plena sincronia.

— Bem... Isso quer dizer que eu posso te beijar de novo?

O pedido em voz baixa despertou Han no mesmo momento e ele encontrou o olhar travesso de Lee paralelo ao seu, os dois gargalharam juntos e pela primeira vez, por mais que por pouco tempo, Jisung conseguiu aceitar sua própria vulnerabilidade.

Naquela noite eles trocaram beijos doces e ternos à luz do luar e descobriram juntos o quão bom era se apaixonar por alguém.

*Fim do primeiro arco 'Conhecer ou Reconhecer?'*

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