A Coroa de Luz [COMPLETO]

By nalichiye

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[A Coroa de Luz é o 2° livro da trilogia Reino de Luz e Sombras.] A rivalidade entre os magos de luz e os mag... More

Dedicatória
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23

Capítulo 13

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By nalichiye

Quando finalmente fiquei mais calma, pude pensar com mais clareza. Apesar de meu pai não me reconhecer ser desesperador, ele estava vivo e, ao que tudo indicava, bem. Provavelmente, logo lembraria de quem eu era e Ludo garantiu que faria todo o possível para que sua recuperação fosse rápida.

Assim, tudo o que precisávamos era aguardar em Aruna até que o rei terminasse sua recuperação. Poderíamos voltar para Senka em breve, mas isso significava adiar outro compromisso que assumi.

— Eu lembro de ter falado que quando voltássemos para Senka, poderíamos começar as tentativas de ter um bebê — falei para o rei sombrio quando estávamos deitados para dormir.

Aquele foi um dia difícil e por isso só consegui tocar no assunto naquele momento.

— Eu posso esperar até lá, princesa. Com certeza será um tempo muito menor do que os sete anos antes estabelecidos — Kardama foi compreensivo.

— Eu acho melhor começarmos aqui mesmo. Não sabemos por quanto tempo ainda precisaremos ficar aqui...

Ele estreitou os olhos para me encarar desconfiado.

— Está determinada até demais para quem não quer ser mãe, princesa.

Dei de ombros.

— Qualquer tratamento para conseguir um filho dura meses ou até mesmo anos. Apenas quero fazer o possível para cumprir minha parte do acordo — expliquei.

Após refletir por alguns segundos, o rei sombrio deu de ombros também.

— Muito obrigado, novamente.

Sorri e inclinei meu corpo para dar um beijo em sua bochecha.

— Amanhã falamos a respeito com os alquimistas. Eles terão muito tempo livre agora que não precisam mais encontrar a poção para acordar meu pai.

Kardama relutou, mas pude ver seu sorriso surgindo antes que eu estivesse completamente virada na direção oposta para dormir. Eu não conseguia compreendê-lo por completo. A importância que dava a ter filhos ainda era um mistério para mim.

Assim que acordei, troquei minha camisola pelo vestido rosa que usaria durante o dia e parti em busca de Henner, outro dos alquimistas, que também era responsável pelo escudo do castelo.

— Imaginei que iriam querer um herdeiro em algum momento, majestade — Henner começou a falar, sentado na cadeira de madeira antiga, que rangia, na ala do castelo que era reservada para seus inventos.

— Acha que é possível? Você sabe, ele é um itzan e eu... — Comecei a expor minha preocupação, mas o idoso apenas riu.

— Helene, esqueça essas nomenclaturas. Somos apenas descendentes de humanos. Todos nós. É claro que é possível — Henner explicou com calma, então passou a mão nervosamente em seu couro cabeludo já sem cabelos por causa da idade avançada. — O que nos resta descobrir é o que um filho de um itzan com um argian será. Acredito que nunca tenha acontecido antes, ao menos nenhuma mistura que conste em nossos livros de estudos.

Franzi o cenho confusa.

— O que quer dizer? — perguntei assustada.

— Pode ser que uma cria resultante dessa mistura venha com alguma anomalia, com alguma mutação que ainda não conhecemos — ele fez uma pausa e coçou sua barba. — Pode ser que tenhamos um híbrido poderoso, que domine luz e sombras ao mesmo tempo, tão forte quanto vocês dois são quando estão fundidos. Afinal, filhos são como fusões. Ou...

— Ou? — Tentei fazê-lo falar mais rapidamente por causa da ansiedade, mas a pausa de Henner foi ainda mais dramática do que eu esperava.

Ele ainda não tinha concluído seu raciocínio e então, arregalou os olhos e retirou seu óculos rapidamente quando finalmente tinha o que falar.

— Ou teremos o primeiro humano completo em muito tempo.

O alquimista me encarou com um sorriso largo, então inclinei meu corpo para mais perto da mesa afim de falar mais baixo.

— Mas de que tipo de anomalias estamos falando? Algo que possa matar o bebê? — perguntei preocupada.

— Esqueça disso. Todo bebê esta sujeito à anomalias ou à morte desde os primórdios dos tempos — Henner balançou a mão como se seu gesto afastasse aquele pensamento. — Precisamos focar no que realmente importa: o que quer que seu filho seja, será algo incrível, majestade.

Fiquei calada por alguns segundos, então levantei.

— Eu vou conversar com o rei Kardama a respeito. Muito obrigada, Henner — falei antes de começar a caminhar em direção à porta.

— Ao seu dispor, majestade — Henner levantou e curvou sua cabeça rapidamente.

O rei de Senka ainda estava mergulhado na banheira quando voltei aos nossos aposentos. Entrei no banheiro e sentei sobre minhas pernas no chão, para encará-lo com seriedade.

Kardama franziu o cenho e olhou em volta.

— Ser encarado dessa forma durante o banho é constrangedor — ele admitiu por fim. — Está tentando me intimidar, princesa? Você sempre pode participar, se quiser...

— E se nosso filho tivesse alguma anomalia? — questionei, estreitando os olhos.

Ele me encarou desconfiado.

— De que tipo de anomalia estamos falando? — o rei de Senka perguntou.

Recuei. Não era como se eu soubesse exatamente o que aqulo significava quando aplicado à genética.

— Anomalia. — Repeti. —  Ainda o amaria? Aliás, você o amaria, para início de conversa?

— "Amor" é uma palavra muito forte, princesa. Mas anomalias não fariam diferença. Eu o trataria bem, é claro, e provavelmente teríamos momentos divertidos e felizes.

— Parece suficiente — balancei a cabeça para afirmar. — Quando terminar seu banho, vamos conversar com o alquimista Henner. Ele deu informações relevantes sobre o filho que queremos ter, mas não as decorei o suficiente para repetir sem erros.

Kardama sorriu e balançou a cabeça para concordar, então arregalou os olhos e voltou à seriedade.

— Ele disse que nosso filho terá alguma anomalia? É fatal?

Mas não respondi. Henner poderia explicar para Kardama que aquele era o risco de qualquer gravidez, e em parte sabíamos disso desde muito antes.

Logo, estávamos sentados nas antigas cadeiras de madeira de Henner, que rangiam e não pareciam muito confiáveis. Mesmo assim, o idoso nunca concordava que fossem trocadas.

A sala onde Henner passava grande parte do tempo era um dos lugares mais escuros do palácio de luz. Estávamos cercados por livros e tapetes púrpura e escarlates, além de tanta poeira que fazia meu nariz arder.

— Então nosso filho pode ser o primeiro humano após a extinção? — Kardama questionou surpreso.

— Sim. — Henner assentiu.

— É uma grande responsabilidade, não? — comentei, dando uma breve risada por causa do nervosismo.

— Incrível! — O rei sombrio disse ao mesmo tempo, fascinado como uma criança que ganha um novo brinquedo.

Trocamos olhares repreensivos sobre a visão do outro.

— E então, é realmente certo que queiram ter esse bebê? — Henner voltou ao motivo de nossa visita.

Kardama me encarou, porque no fim, aquela decisão era minha naquele momento. E, apesar de relutante, eu concordei com a cabeça.

— Ótimo. Então vou preparar o tratamento e, quando estiver pronto, levo para vocês.

— E como vamos saber quando funcionar? — Kardama cruzou os braços ao questionar.

— Eu não sei como os magos das sombras fazem, mas aqui temos esse composto — Henner levantou, pegou um vidro que tinha uma pasta branca na estante e se aproximou. — Uma vez por semana durante o tratamento, nós aplicamos um pouco em qualquer parte da pele da futura mãe. Dessa forma... Com sua licença, majestade.

Henner pegou meu braço e passou uma camada fina da pasta.

— Como podem ver, é simples e indolor. Não vai acontecer agora, mas quando Helene engravidar, a cor vai mudar e assumir um tom...

Henner parou de falar e encarou meu braço com os olhos arregalados. Kardama e eu trocamos um olhar confuso antes de olharmos naquela direção também. A marca antes branca agora estava azulada.

— Isso é normal? — questionei assustada.

— Ela está bem? — O rei sombrio pareceu apavorado.

Henner ajeitou seus óculos e, de repente, era como se não estivéssemos ali. Ele segurou meu braço para encarar mais de perto.

— Isso é impossível. — Foi tudo o que Henner disse antes de levantar para sair daquela sala. — Com licença, majestade?

— Vá — respondi confusa.

Henner nos reverenciou e saiu, deixando a porta entreaberta para trás. Troquei um olhar confuso com o rei sombrio.

— Será que... — ele começou a falar.

— Isso é impossível — respondi antes que ele terminasse de falar, com o olhar fixo em algum ponto distante.

— E se isso significar que existe algum problema? — Kardama mostrou-se preocupado.

Encolhi meus ombros. De repente, descobri que existia uma possibilidade que me assustava mais do que a de ser mãe naquele momento.

— Não vamos nos precipitar em pessimismo, princesa — o rei sombrio percebeu minha reação e apertou minha mão. — Certamente, esse pó mágico de fadas está estragado.

Dei uma breve risada e encarei a marca azul em meu braço.

— O que fará se eu estiver doente e não puder ter filhos? — questionei assustada.

— É uma situação complicada, que exige providências, você sabe... — Kardama pareceu pensativo. — Nesse caso, eu vou estar doente e não poderei tê-los também.

Torci meus lábios em um sorriso tímido, mas dei de ombros para tentar disfarçar.

— É fácil falar quando não é uma certeza.

— Quantas vezes falei algo apenas para agradá-la, princesa? — Ele fingiu estar ofendido.

— Algumas.

O rei sombrio riu e levantou da cadeira.

— Mas não acredito que seja um defeito querer agradar — ele argumentou.

— Eu concordo.

Henner voltou com Gwyneth, outra alquimista do castelo, que focava mais na botânica. Ela era alta e robusta, além de ter a expressão mais séria entre todos os argians. Apesar da aparência mal-humorada, Wyne era também muito simpática e carinhosa.

— O que queria que eu visse, Henner? — Ela questionou para Henner depois de nos reverenciar, retirando seu óculos do cabelo e ajeitando os fios crespos e grisalhos.

— Se conseguisse descrever, eu teria falado — Henner cruzou os braços ao falar. Apesar da aspereza do alquimista, os dois idosos começaram a rir. — O que quero saber, Wyne, é se preparou corretamente essa pasta.

Henner mostrou o vidro para Wyne, que revirou os olhos.

— Eu faço isso há trinta anos, Henner. É claro que o preparo está correto.

— Então veja isso — Henner se aproximou de mim e fez uma pausa para pedir antes de tocar meu braço: — Com licença, majestade.

Balancei a cabeça para concordar.

Gwyneth arregalou os olhos e colocou seus óculos para ver melhor.

— Aplique novamente — ela sugeriu.

— Se acha necessário... — Henner pegou o pote e aplicou mais uma camada fina.

Azul.

— Vou ter que preparar algum reforço — Wyne disse.

— O que isso significa? — Perguntei com certa impaciência.

— Por que algum reforço? Ela está doente? — Kardama estreitou os olhos. Agora, ele estava apoiado na parede perto da porta, no local menos iluminado do ambiente.

Wyne riu e tocou minha cabeça.

— Isso significa que uma gestação natural é rara e que precisamos de reforços de saúde para que seja mantida da melhor forma — ela respondeu.

— Acho que Henner explicou errado. Nós viemos aqui para começar a tentar engravidar — expliquei, levantando da cadeira.

— Querida, minha pasta de Thiv não mente — Wyne sorriu. — Você está grávida, parabéns!

— O quê? — A informação era clara, mas de alguma forma eu ainda estava confusa. — Isso é impossível.

— Incrível — Kardama disse ao mesmo tempo, animado.

Eu estava preparada para engravidar dali a meses ou anos, por isso aquela era uma notícia um tanto quanto surpreendente. A única frase que minha mente conseguia forma era:

"O quê?"

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