The Devil In a Pink Skirt

By OverShelter

5.8K 723 1.7K

He Xuan nunca se imaginou ajudando um estranho, ainda mais um estranho que usava uma minissaia rosa e um top... More

Cap 01: Entre encontros e nomes falsos
Cap 02: Dizem que não se pode enganar o diabo
Cap 03: Continue sem conhecer Gucci e Prada!
Cap 04: Aquele da treta
Cap 05: E vamos de soco
Cap 06: Sobre o devido uso de camisinhas
Cap 07: Fofoca mal contada
Cap 09: Sentimentos são complicados, mas sempre dá pra resolver com uma foda

Cap 08: Tutorial de como acabar com um boato em grande estilo

301 26 90
By OverShelter

E aqui estamos nós com o prometido, o tão aguardado cap e que quase, quase virou apenas uma lenda.
Não vou falar muito por que essa porra tem 8.000 palavras e eu sei que vou precisar editar, talvez uma três vezes? Então... BOA LEITURA!

— Deixa eu ver se entendi direito… Você beijou ele e então o mandou embora? — O mais velho indagou, um tanto incrédulo.

Qingxuan fez uma careta ao ouvir Xie Lian. Falando assim parecia realmente um grande erro e uma idiotice sem tamanho, e isso meio que o irritava.

— O que mais eu podia fazer!? Já tava um clima estranho, sem falar que o meu irmão já tinha avisado que estava voltando… — Resmungou com um bico, tentando se dar razão mas sabendo lá no fundo que realmente não fora uma de suas melhores escolhas.

O mais velho piscou e suspirou, olhando para o rosto levemente corado do amigo sem saber como prosseguir. Em sua opinião, o melhor curso era que Qingxuan tivesse uma conversa sincera com He Xuan. Deixando claro seus sentimentos e permitindo assim que o He também o fizesse. Entretanto, não parecia que o amigo estava inclinado a isso. Ele provavelmente estava se afundando em questões e dúvidas internas. E isso, para Xie Lian, apenas deixava claro que para Shi Qingxuan, He Xuan era realmente especial.

— Você sabe muito bem que na minha opinião o melhor agora seria que vocês conversassem. Mas eu também sei que você provavelmente não vai fazer isso. — Começou, atraindo a atenção do outro para si. — Então por enquanto apenas tente não evitá-lo e tentar botar seus pensamentos em ordem, okay?

O Shi concordou após alguns segundos de hesitação, ainda que soubesse que talvez não fosse ser tão fácil assim fazer o que o amigo pedia. Sua mente não parava de recapitular o momento do beijo, fazendo seu rosto esquentar e seu coração bater desordenado. Se já era assim quando He Xuan não estava por perto, imagina o quão mais afetado ele não ficaria quando o mais velho finalmente estivesse em sua frente? Com certeza agiria todo estranho e não saberia como falar.

Qingxuan suspirou com esse pensamento, deixando um sorriso nascer inconscientemente. Apesar de tudo isso, que não era ruim, o Shi achava verdadeiramente fascinante tudo o que sentia.

— Lian-ge… — Chamou baixo, um tanto sem jeito, vendo Xie Lian lhe direcionar toda a atenção possível.

O Xie observou com um sorriso o amigo ficando gradualmente mais vermelho, mas também não falou nada. Tinha uma pequena ideia do que ele queria falar, mas esperaria ele conseguir sozinho.

— … C-Como você… Lidou com… Você sabe, seus sentimentos… Sobre, bem… O Hua Cheng? — Murmurou, sem jeito.

Apesar do que muitos pensariam, o Shi nunca realmente teve esse tipo de conversa com o Xie. Por que sempre pareceu algo muito pessoal. Um terreno que não deveria tentar explorar. E também tinha aquela paranóia de que acabaria morto se Hua Cheng o pegasse tentando "desvirtuar" seu doce namorado.

— Você sabe, não foi fácil. Eu demorei muito pra notar os meus sentimentos, e demorei ainda mais para parar de me dizer que ele nunca gostaria de mim, por ter um pensamento besta de que eu não o merecia. — Começou com um sorriso doce. — Pra falar a verdade, eu nem sequer achava que eu pudesse chegar um dia a merecer que alguém me amasse do jeito que o San Lang faz. Até hoje tenho sérias dúvidas sobre isso. Entretanto, eu notei que não era questão de merecer. Era querer. E eu realmente queria ele ao ponto de morrer. — Xie Lian riu com ternura ao lembrar daquela época. — E claro, eu também tive a sorte de ter você. Que sempre deixava claro diversas vezes ao dia que não tinha como, em suas palavras, um cara desses, que me olha como um idiota, não me amar. — Terminou com uma risada, fazendo o menor rir também, apesar de tudo. — E eu devolvo essas palavras pra você. — Adicionou com um sorriso travesso, se lembrando do que o namorado havia dito.

Qingxuan sorriu sem graça, mas sentindo o coração dar leves batidas com a última parte. Era bizarro como parecia ficar nas nuvens só com a possibilidade de He Xuan sentir algo por si, por menor que fosse.

— Obrigado. — Falou, se encostando no mais velho, com um sorriso doce. — Ah, quase esqueci. — Exclamou, olhando sério para o Xie. — Você mais que todos merece alguém como o Hua Cheng, pode ter certeza disso. E se alguém disser o contrário… Bom, apenas mande essa pessoa se foder. — Concluiu com um sorriso angelical, fazendo o mais velho gargalhar.

No fim, não importava o que fosse, tudo parecia mil vezes mais fácil quando estavam juntos.

T°D°I°P°S

Observava com atenção a entrada da faculdade, vendo estudante por estudante, dedicado a não deixar que ele tentasse o evitar novamente. Já tinha aguentado essa situação por uma semana. Ou seja, Mu Qing teve tempo mais que o suficiente para pirar, odiá-lo e até mesmo dar uma boa olhada em seus próprios sentimentos. E ele próprio também tinha aproveitado esse tempo para fazer o mesmo, chegando à conclusão definitiva que o beijo realmente não tinha sido ruim. Na verdade, ele realmente gostou e não se importaria em repetir. Entretanto, ele poderia chegar nessa parte com calma, o mais importante agora era fazer com que o Mu voltasse a insultá-lo, o que no idioma dele era mais conhecido como conversar.

Seus olhos se estreitaram ao avistar a pessoa que queria, e seus pensamentos foram completamente mudados para focar apenas em encurralar certo alguém.

Com cuidado, se moveu, tentando não deixar que o outro notasse sua aproximação, dando graças por ter escolhido justamente o momento mais movimentado do dia para fazer isso. Tinha tantos estudantes naquele pátio que Feng Xin duvidava seriamente se seria possível ser descoberto antes de conseguir se aproximar.

E bom, ele não estava errado. Foi surpreendentemente fácil chegar perto de Mu Qing sem ser visto, e mais fácil ainda tirá-lo dali direto para a sala "abandonada" do primeiro andar.

Claro, não sem ter que ouvir xingamentos, insultos, ameaças e ganhar alguns socos. Mas nada grave.

— Okay, acabou! Já chegamos! — Exclamou, finalmente largando, mas se mantendo firmemente em frente a saída. Não arriscaria deixá-lo fugir.

Mu Qing se afastou o quanto pôde ao ver que o mais velho havia bloqueado a saída, tentando manter uma distância que ele considerasse segura. Não era estúpido, sabia muito bem o por quê de Feng Xin tê-lo arrastado até ali, mas isso não significava que ele era obrigado a coperar.

O Feng cruzou os braços e se apoiou contra a porta, observando a carranca no rosto alheio, tentando achar uma boa forma de começar aquela conversa.

E talvez fosse exatamente por não saber, que isso saiu:

Eu não consigo entender como alguém pode ser tão irracional…

Foi nada mais que um resmungo. Um resmungo com um tom de reclamação, mas o suficiente para fazer Mu Qing sentir as veias saltarem e a raiva explodir.

— Irracional?! O irracional aqui é você! — Estourou, apontando para o outro com raiva, o fazendo perceber o que tinha falado. — Eu não bebi até perder a razão só porque uma garota me deu um fora! E não beijei a porra de um conhecido de infância, que sequer gosto, para depois esquecer! Eu também não fiz ninguém ficar desconfortável sem sequer lembrar disso! Não fiz com que ninguém tivesse que lidar com sentimentos que não deveriam existir e–

O discurso não continuou. Mu Qing não conseguiu. Não porque ele não quisesse, mas porque Feng Xin resolveu que seria uma ótima ideia o mandar calar a boca de um jeito clichê.

Com um beijo.

Arregalou os olhos vendo o outro se afastar após o ver se calar, sentindo o rosto queimar e o coração dar saltos atrás de saltos.

— Vo-você… o-o que..? I-isso…! — Gaguejou, cobrindo a boca, o olhando totalmente chocado e incrédulo.

— Se acalmou? Por que eu realmente gostaria de poder falar que gosto de você agora. E, ah! Adoraria te beijar de novo, se possível. — Falou, seu tom soando divertido, com um sorriso leve em seus lábios, deixando o homem à sua frente sem saber ao certo como reagir.

— Que merda você tá falando!? — Exclamou, irritado, envergonhado e um pouco feliz.

— Eu gosto de você, sinto atração por você. Não é paixão, nem amor, pelo menos não ainda, mas eu realmente gostaria que você me desse a oportunidade de vir a ser. — A voz soava calma e confiante, mas neste momento, apenas Feng Xin sabia o quão nervoso estava. Mu Qing tinha um temperamento difícil, sempre teve. Então, mesmo que tivesse uma leve esperança, não era uma certeza que seria aceito.

O Mu só conseguiu corar dos pés a cabeça, sem realmente saber se aquilo era a realidade ou uma alucinação muito louca criada pela sua mente. Quer dizer, era Feng Xin! O Feng Xin que ele batia, brigava, insultava e amaldiçoava desde pequeno. Mas… Também era a pessoa que sempre o fez se sentir esquisito, ciumento, triste, feliz e… Um tanto apaixonado.

O primeiro instinto, foi recusar. Afinal, aquilo só podia ser alguma loucura, mas as palavras travaram quando o olhou e não conseguiu achar um traço sequer de brincadeira ou mentira naqueles olhos. Era só nervosismo misturado com algo bom, algo realmente bom. E isso o deixou totalmente sem chão. Não tinha como recusar, não quando ele o olhava daquele jeito

Ca-cala… A… B-Boca…

E aquele murmúrio trêmulo, num falso tom de irritação, mas ainda assim muito doce aos ouvidos do Feng, foi tudo o que ele precisou para saber que o, alguns meses, mais novo não o estava rejeitando.

— Com prazer. — Respondeu com um sorriso de canto, se aproximando, sem se importar mais com nada.

Mu Qing observou com uma careta e um imenso nervosismo o maior se inclinar, sentindo os lábios alheios se pressionando contra os seus, o fazendo inconscientemente prender a respiração. Teve a impressão de ouvir uma risada, mas antes que pudesse ter raiva ou tentar ter, foi coagido a abrir a boca, não tendo escolha a não ser cooperar com a língua que agora se enroscava com a sua. Nem sequer notou sua bolsa caindo, seus braços se prendendo ao redor do outro ou que agora se encontrava pressionado contra a parede, sendo beijado profundamente. Sua mente simplesmente não conseguia focar em nada além do quão gostoso era sentir as mãos maiores deslizando por suas costas e cintura, a língua alheia brincando com a sua, as mordidas leves e caralho! O cheiro! Feng Xin tinha um cheiro tão fodidamente gostoso! Porra! Como alguém podia ser assim!?

O Feng não estava muito diferente. Sua mente não conseguia processar nada além de Mu Qing. O cheiro de Mu Qing. A boca de Mu Qing. O corpo de Mu Qing. Tudo. Tudo parecia tão… Irreal. Entretanto, o toque, o gosto e o cheiro, o davam uma certeza esmagadora de que nada daquilo era falso, muito pelo contrário, era real. As mãos que puxavam seus fios da nuca com certa força, o corpo que se empurrava contra o seu, a língua que se enroscava com a sua, os dentes que correspondiam suas mordidas… Tudo, tudo era tão real que chegava a ser sufocante de tão perfeito. Então como? Como ele poderia suportar manter suas mãos longe? Se manter longe? Era inconcebível até pensar nisso. Se antes queria Mu Qing, agora ele necessitava dele. Não tinha como voltar ao que eram antes, seria totalmente impossível conseguir suportar viver sem poder beijar aquela boca ou tocar aquele corpo. E, com toda a certeza, era ainda mais impossível deixar que outra pessoa tivesse esse prazer.

Eles estavam tão absortos um no outro, que sequer notaram o som de passos que se aproximavam cada vez mais, então não foi surpresa nenhuma que quando a porta se abriu bruscamente, a primeira reação de Mu Qing tenha sido um empurrão forte, fazendo o mais alto cair no chão, totalmente confuso, até seu olhar cair na porta, onde Quan Yizhen e Yin Yu estavam, os olhando, no caso de Yin Yu, com vergonha, e de Quan Yizhen, com apatia e certa impaciência junto a um bico leve de descontentamento.

— Logo aqui e agora?! — Yizhen resmungou, ganhando um soco de Yin Yu que o puxou para fora dali com o rosto queimando em vermelho, os deixando sozinhos novamente.

Suspirou quando a porta voltou a se fechar, sentindo a bunda doer. Olhou para o outro, o vendo quase tão vermelho quanto Yin Yu e gargalhou, não conseguindo se segurar, ganhando uma carranca de ódio e alguns chutes do outro, que apesar de doerem um pouco, não estavam realmente o machucando.

— Bem, acho que vamos apenas ter que achar um lugar melhor da próxima vez. — Comentou em um tom malicioso, ganhando um chute um pouco mais forte em troca.

— Apenas cale a porra da boca! — Gritou, totalmente envergonhado e sem jeito.

Feng Xin riu ainda mais, tendo uma certeza esmagadora de que nunca se arrependeria de gostar do outro, pois ninguém jamais o fez se sentir feliz com tão pouco.

T°D°I°P°S

— Eles estão olhando! — Exclamou, tendo certeza de que não era apenas "impressão".

Ling Wen olhou em volta dessa vez, tendo que concordar ao constatar que realmente tinham muitas pessoas com os olhos presos neles. Ou melhor, em Shi Wudu. Não que normalmente não tivesse quem olhasse, já que, querendo ou não, o Shi realmente era um espetáculo para os olhos, mesmo com todo o temperamento, sem falar na fama que tinha graças ao quão protetor era com o irmão e também por ser amigo de Pei Ming. Entretanto, dessa vez os olhares pareciam diferentes de antes, sem falar que a quantidade parecia ter dobrado, então não era inesperado que o Shi se sentisse incomodado e um tanto apreensivo.

— Qingxuan fez algo ultimamente? — Foi o que perguntou após raciocinar por um tempo.

O mais alto fez uma careta com a pergunta, se sentindo meio irritado, mas sabendo que Ling Wen não falou por mal. Então só pensou um pouco e negou. Shi Qingxuan não tinha feito nada além do que já fazia, então a causa não poderia ser ele.

— Então é sobre o Pei Ming. — Concluiu já sentindo uma dor de cabeça se formar e vendo o maior ficar carrancudo na hora.

Tinham uns bons dias que tudo relacionado ao Pei faziam com que o de olhos claros ficasse mal humorado, e sabendo o por quê disso, Ling Wen não tinha nem o que falar.

— Eu não falo com ele há dias já, então se é pra ficarem assim por culpa dele, eu não deveria estar metido no meio! — Resmungou em um tom terrivelmente irritado, fazendo um calouro mais atrás que o olhava tremer, já que ele estava coincidentemente falando do Shi naquele momento. — Que foi, caralho?! Vão ficar assim ou vão falar de uma vez o que houve!? — Exclamou sem paciência nenhuma, vendo o calouro e mais alguns alunos praticamente desmaiarem ao verem o quão irritado estava.

— Eles não vão conseguir assim. — Ling Wen se intrometeu, vendo os mais novos gaguejarem coisas desconexas.

Shi Wudu bufou com aquilo, se sentindo ainda mais indignado por saber que ela estava certa. Mas, porra! Já não bastava tudo o que estava passando e agora ainda tinha que sofrer por culpa de, provavelmente, mais um dos casos de Pei Ming?! Era cego, retardado e completamente maluco por ter se permitido se apaixonar por um encosto desses!

— É só me falar o que é. Não importa se é sobre alguma mulher, traição ou qualquer uma dessas coisas. — Tentou pedir novamente, dessa vez num tom forçadamente calmo, mas que conseguiu de certa maneira dar espaço para que eles conseguissem se recompor.

Um dos calouros foi empurrado por um veterano que parecia terrivelmente ansioso. Provavelmente era o que mais estava falando do assunto.

— B… Bom é que… Bem, não é sobre… Traição e… Nem envolve… Mulheres…? — Começou sem jeito, o fazendo arquear uma sobrancelha em confusão. — Andam… Correndo certos boatos de que o sênior Shi… — Fez menção a ele com a mão levemente trêmula o vendo crispar os lábios. — O… O sênior Pei e o sênior Quan, estavam… Hm, juntos… Em um motel… E que, ahn, vocês transaram? E aí você e o sênior Quan brigaram pelo sênior Pei… Algo assim… — A última parte saiu quase que em um sussurro graças ao rosto terrivelmente contorcido na sua frente, o fazendo querer praticamente sair em disparada dali enquanto amaldiçoava a maldita boca grande do seu amigo e a mania dele de o empurrar para resolver suas merdas.

Shi Wudu não saberia descrever como ele conseguiu conter a vontade quase que grotesca de não pegar aquele garoto pelo pescoço em um puro e autêntico surto de raiva, ele só sabia que em algum momento Ling Wen tinha despachado aqueles estudantes e lhe puxado para um canto afastado do refeitório, em uma tentativa de o manter distante de todas as pessoas ali.

Em meio a sua tentativa de controlar seu crescente aumento de raiva, ouviu a voz dela soltar um; "Sério!?" em um tom de descrença, o que o fez se virar e ver com um gosto amargo na boca a última pessoa que queria ver no momento sendo arrastado em sua direção por um Quan Yizhen aparentemente bem impaciente e irritado. O que só o deixou ainda mais indignado com aquilo tudo, já que, em sua opinião, ninguém tinha mais direito aos sentimentos de raiva, humilhação e ódio do que ele agora. E se você acha que ele está errado, então que você se foda!

— EU VOU TE MATAR! — Gritou não conseguindo segurar o surto e partindo para cima do mais velho, o vendo se esconder atrás do de cabelos ondulados. — NEM TENTA! — Avisou sem um pingo de paciência quando Pei Ming tentou se esquivar e fugir.

— Chega. Não vim aqui para isso. — Yizhen se intrometeu, segurando o Pei pela gola da blusa e ficando entre os dois, ganhando praticamente um rosnado do Shi. — Contanto que você me ajude eu deixo ele todo pra você. — Prometeu, fazendo a raiva do mais velho diminuir um pouco, mas seu orgulho ainda estava lá.

— Ajudar!? Graças a vocês dois eu tive que aguentar olhares estranhos o dia todo! Eu NÃO tenho que te ajudar! VOCÊS é que tem que fazer algo por mim! — Enfatizou cruzando os braços e olhando feio para os dois.

Yizhen o olhou de maneira séria e fechada por um longo tempo, sentindo o outro se contorcer em suas mãos. Mas isso ele apenas ignorou. Tinha coisas muito mais importantes no momento, só queria resolver logo tudo aquilo e voltar a ter tranquilidade para ficar perto de Yin Yu sem problemas. Na verdade, torcia quase que religiosamente para que aquilo tudo não tivesse chegado ao namorado ainda. Não queria estressá-lo por uma bobagem dessas.

— Me ajudando você também se resolve. Só quero matar de vez esse boato idiota. Meu plano era pegar quem começou e socar até fazê-lo confessar pra toda faculdade que é tudo mentira, mas ninguém sabe quem começou, então o que restou é a gente mesmo fazer algo! — Explicou balançando Pei Ming pela gola em uma tentativa de fazê-lo ficar quieto.

A cada palavra que o Shi ouvia seu semblante ia ficando um pouco mais leve ao ponto de nem estar mais tão focado na vontade quase que esmagadora que estava sentindo de pisar no Pei até vê-lo esmagado. Não que essa vontade tivesse morrido, estava bem viva ainda, só que em menor intensidade.

— E como você planeja fazer isso? — Indagou com curiosidade e certa ansiedade. Também queria resolver aquele problema de uma vez.

— Sei lá, reunir muitas pessoas e explicar? — Sugeriu coçando a nuca com a mão livre.

— Não seja idiota! O que adiantaria? Apenas pensariam que estamos tentando encobrir alguma coisa! — Respondeu em um tom impaciente, vendo o mais novo formar um bico de descontentamento.

Sinceramente!

— Com licença, mas você vão realmente decidir isso sem nem me deixar falar alguma coisa? Mesmo que eu seja praticamente a peça de maior importância?

Na hora os dois olharam para o Pei – que tinha finalmente visto um espaço para se pronunciar – ainda preso pela gola e todo curvado graças à diferença de altura entre ele e Quan Yizhen. Se perguntava o que raios aquele moleque tinha comida para crescer com tanta força.

— Você devia é calar a boca! — Wudu rosnou vendo ele sorrir sem jeito.

— Não seja assim! Eu também quero resolver isso! Tanto que eu nem me debati tanto quando esse aqui invadiu a minha sala de aula e me tirou a força! — Tentou se defender enquanto gesticulava em direção ao mais novo no local, ganhando apenas um bufar e uma virada de rosto do amigo. Se é que ainda poderia classificar Shi Wudu daquele jeito.

— Ignorando essa coisa — Retornou com veneno pingando na boca. —, realmente não acho que falar vá dar em algo. Precisaríamos de algo mais concreto.

— Mas o que? — Yizhen questionou, vendo o Shi dar de ombros, o deixando saber que não fazia ideia.

— Há quantos dias esse boato tem corrido?

Os três olharam para Ling Wen, só notando agora que ela estava parada ao lado deles esse tempo todo.

— Uma semana e meia, eu acho… — O Pei chutou, tentando se lembrar de há quanto tempo vinha recebendo esses olhares, ainda mais com Wudu ou Yizhen por perto.

— Então é simples. Você só tem que provar que não estava com o Pei Ming e nem com o Shi Wudu fora da faculdade nesse meio tempo. — Explicou vendo os olhos castanhos do Quan praticamente brilharem e ele soltar o mais velho na hora, saindo praticamente correndo ali, deixando tudo para trás.

— Esse idiota! O que ele pensa que vai fazer sozinho!? — Wudu bradou querendo ir atrás dele, mas quando tentou se mover, teve seu braço agarrado por Pei Ming. — O que é!? — Rosnou, ainda estava irritado por estar metido nessa confusão.

O mais velho afrouxou o aperto e sorriu sem jeito, com um tanto de receio em falar com o mais baixo. Só que ele não queria deixar as coisas continuarem do jeito que estavam…

— Se tudo isso se resolver, você poderia, por favor, me ceder alguns minutos do seu tempo? — Pediu após reunir toda a sua coragem, esperando que a reação dele não fosse tão ruim quanto o esperado.

Wudu bufou e pensou seriamente em dizer não, entretanto, por mais que quisesse, ele não poderia simplesmente o evitar a vida inteira. Não era grande coisa. Ele só precisava ouvir uma rejeição e então seguir em frente. Era mil vezes melhor do que ficar fugindo como um completo covarde, o que ele claramente era, mas nunca iria admitir aquilo para alguém ou até mesmo para si.

— Tudo bem. Agora me solta que eu preciso ver o que aquele idiota vai fazer. — Mandou, quase soltando um suspiro de alívio quando ele o obedeceu.

— Certo, mas eu vou ir com você. — Deixou claro, ganhando um olhar de pura raiva em troca. — Fala sério, eu também tô metido nisso tudo. Talvez até mais que vocês e também quero resolver essa situação. Você não pode me negar isso! — Adicionou o vendo revirar os olhos, se despedir de Ling Wen e sair disparado atrás do mais novo.

Céus, porque caralhos ele ainda tentava quando sabia que Wudu apenas faria como quisesse?

— É melhor você ir logo antes que ele suma de vista.

Olhou para trás, vendo a amiga com um olhar de puro cansaço em seu rosto, como se estivesse ao ponto de simplesmente deitar no chão e desistir de tudo. Isso o fez sorrir, dividido entre se sentir levemente culpado e divertido por ela ter esse mesmo olhar toda a vez que ele ou o Shi estavam envolvidos em algum tipo de problema.

— Pode deixar, não vou tirar meus olhos dele! — Falou já saindo, sem notar o modo como ela sorriu com o que ouviu.

Mas, mesmo se tivesse, ele não teria entendido.

T°D°I°P°S

He Xuan estava oficialmente odiando todo mundo que existia naquela faculdade naquele dia.

O dia inteiro, tudo o que ele ouviu foi o nome de Shi Wudu. E, okay, o dava certo prazer ver aquele cara arrogante e babaca ser mal falado em todo e qualquer canto, mas ainda era extremamente irritante e desgastante como todos os alunos pareciam estar obcecados com tudo que envolvesse o Shi, Pei Ming e Quan Yizhen. Era como se todos os outros assuntos que eram interessantes antes fossem engolidos e tudo o que sobrasse como fonte de entretenimento e conteúdo de conversa fosse sobre aqueles três.

E sabe o pior? Graças a essa confusão ainda não tinha conseguido encontrar com Shi Qingxuan, já que a sala dele estava lotada de pessoas fofoqueiras e curiosas que apenas queriam tentar descobrir algo a mais do assunto, mesmo sendo repreendidas pelos professores e até levando advertências.

Como dizia sua tia: "Nada consegue unir mais o ser humano do que a vontade de fofocar."

Crispou os lábios e apoiou o queixo com a mão, fodidamente incomodado. Queria ver Qingxuan o quanto antes. Queria poder ter certeza de que ele não o evitaria novamente e também… Queria beijá-lo de novo. E, claro, ter certeza de que ele também queria isso.

He Xuan era péssimo quando o assunto envolvia sentimentos, mas não era nenhum burro para não perceber o quão mexido ficou com um simples beijo.

Shi Qingxuan era importante. Era diferente. Era especial.

Não dava e muito menos queria negar isso. E esperava sinceramente que ele também se sentisse assim em sua relação.

T°D°I°P°S

— Você de novo!?

Qianqiu apenas sorriu, ignorando completamente o tom de voz carregado de indignação do mais velho. Já estava mais do que acostumado.

— Não sei por que você está surpreso. Eu falei que viria todo o dia. — Frisou com um rosto de falsa inocência, agindo como se Qi Rong não tentasse escapar dele como um ladrão foge da polícia.

O de cabelos verdes praticamente rosnou com essa resposta. Aquela cara era fodidamente persistente! Não importava o quanto fosse grosseiro, o quanto tentava o mandar pro quinto dos infernos, tudo o que recebia em troca era a mesma maldita frase: "Apenas tente. Você não sabe se não gosta, se nunca tentou. Fora que já fizemos pior, então o que tem de tão ruim em simplesmente sair comigo?" E Qi Rong podia ser tudo, mas não era inocente para acreditar que ele realmente o deixaria em paz caso testassem e acabasse não gostando. E porra! Ele era hétero!

— E eu falei pra você ir se foder! — Respondeu sem paciência, ajeitando a mochila pesada nos ombros.

Hoje já não tinha sido um dos melhores dias. Pra começar tinha aquele estudante filho da puta que adorava agir como se o Qi fosse um retardado mental que sequer sabia segurar uma faca direito, além de sempre frisar os cursos que fez em outros países e o tanto de recomendações que recebeu. Se ele era tão bom assim, o que ainda fazia ali? Fosse trabalhar na porra de um restaurante cinco estrelas como chefe se era isso tudo! Ah! E não esqueçamos de como tinha sido terrivelmente estressante conseguir fazer as mudanças para a nova escola de Gu Zi. Foi difícil achar uma dentro do seu orçamento e que não fosse lá na puta que pariu, além de ter que se preocupar com a compra dos novos materiais e mais algumas coisas que a instituição pedia junto a uma tonelada de documentação. Eles não poderiam ser mais práticos e utilizar a mágica tecnologia do século 21 e deixar tudo nos emails!? Seria tão mais simples!

O Lang viu o mais velho fechar a cara em uma carranca horrível após ficar em silêncio por alguns segundos, como se lembrasse de algo extremamente desagradável.

Olhou e viu como o semblante dele parecia ruim e como seus olhos irradiavam cansaço.

— Deixa disso, vamos comer. — Ofereceu, pegando a mochila dele e a jogando sobre seus ombros.

— Que!? Não! Me devolva essa porra! — Negou na hora, tentando ignorar seu estômago vazio ao pensar no seu escasso dinheiro para esse mês.

— Nem se eu pagar tudo? — Indagou, parando seus passos e o vendo na hora mudar a carranca.

T… Tudo…? — Repetiu engolindo a seco, vendo o Lang se aproximar e se abaixar, aproximando seus rostos e o deixando em estado de alerta.

Tudinho! — Sorriu travesso, satisfeito ao ver um vermelho leve colorir as orelhas dele. — Aceita ou não? Podemos pegar o Gu Zi no caminho, aí aproveitamos e vai todo mundo. — Adicionou o vendo abrir a boca mas não falar nada. Mesmo assim, Qianqiu sabia que ganharia, afinal, Qi Rong não parecia ser do tipo que recusaria coisas grátis.

— Merda! Tudo bem! Mas é só dessa vez e também porque o Gu Zi tem implorado pra ir nessa lanchonete lá no quinto dos infernos, e como você tem um carro… — Começou com um sorriso convencido, de quem tem total controle da situação. — Estou apenas unindo o útil ao agradável! Ou seja, não tem nada a ver com você e eu nem estou te aceitando! — Terminou em um tom firme e irritante, ultrapassando o mais novo, sem se importar em pedir sua mochila de volta, se dirigindo para onde sabia que o carro dele ficava.

Qianqiu mais atrás pôde apenas deixar uma leve e curta risada escapar com o que ouviu. Era engraçado como Qi Rong tentava agir como se pudesse vencer aquele jogo com extrema facilidade.

Como dizem, a ignorância é uma benção!

T°D°I°P°S

— Qingxuan!

Olhou para trás, vendo, para seu alívio, apenas um Yin Yu vindo em sua direção.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou quando ele chegou perto, estranhando seu rosto de preocupação pura e seu claro estado de nervosismo.

— Você viu o Quan Yizhen!? — Indagou em um tom de urgência, pegando o mais novo pelos ombros em um ato inconsciente. — Por favor, me diz que você viu ele! — Praticamente implorou, a voz num tom de súplica e desespero.

— Só vi mais cedo, lá no refeitório, quando fui fazer uma pausa do meu trabalho em grupo. — Lembrou, ficando preocupado quando viu o modo como o desespero dele pareceu aumentar. — O que? Ele fez alguma coisa? Em quem ele bateu dessa vez? — Questionou já sentindo uma dor de cabeça chegando ao se lembrar da última vez que um estudante – filho de um professor renomado da faculdade inclusive – mais novo tinha pegado certa implicância com o Yin após ele ter seu trabalho selecionado ao invés do dele.

Ele ficou em cima de Yin Yu por semanas, testando a paciência do mais velho, que, graças ao bom Deus e ao treinamento sofrido por Yizhen, era praticamente infinita. O problema foi quando o Quan ficou sabendo disso. Digamos que o de cabelos ondulados não lidava nada bem com qualquer um que incomodasse seu namorado e adorado sênior. No fim, ninguém soube exatamente como, mas Yizhen tinha enterrado o garoto em uma lata de lixo de tamanho médio na parte de trás do campus, ocasionando no desaparecimento dele por horas só sendo notado depois de ouvirem alguém chorando e gritando por aquela parte. Até hoje aquele professor faz questão de mandar cartas para a diretoria para requisitar a expulsão de Quan Yizhen e o filho dele até se transferiu após pegar trauma só com a lembrança e a menção a palavra "lixeira".

— Nada ainda, mas ele vai fazer e é isso que eu não quero ver! — Praticamente choramingou, se sentindo nas últimas só de imaginar o que seu estúpido namorado poderia fazer.

— Mas por que ele vai fazer alguma coisa? Rolou alguma coisa contigo? — Perguntou curioso, não tinha ouvido nada.

Yin Yu na hora o olhou com confusão, como se não entendesse como ele não poderia saber o motivo, o que só serviu para deixar o Shi ainda mais confuso e perdido em toda aquela situação.

— Qingxuan, você… Você não sabe?

A pergunta o fez bufar e cruzar os braços, com certa impaciência aquela altura. Será que ninguém entendia que essas coisas poderiam matar um fofoqueiro em segundos?! Custava ser direto e só deixá-lo saber logo de tudo o que estava acontecendo! E com o máximo de detalhes, se possível, por favor!

— Não, me fala logo! — Demandou com um bico de descontentamento.

— Ahn, tem rolado esse boato envolvendo o Yizhen, o Pei Ming e, bem… O seu irmão… — Começou incerto, vendo o mais novo franzir o cenho e ficar impaciente. — O conteúdo é que eles estariam em um motel fazendo… Uma coisa a três? E bom, Yizhen e seu irmão teriam brigado pelo Pei Ming. — Terminou com uma leve careta, era bizarro imaginar uma situação em que Yizhen estivesse fazendo algo assim. Na verdade, era bizarro até mesmo imaginar o namorado olhando para outra pessoa, sendo tão insistente em estar ao seu lado como ele era.

Suspirou e olhou para Qingxuan, o vendo com a boca levemente aberta e um olhar de puro choque. O que era completamente compreensível, sua reação tinha sido quase a mesma quando ouviu essa e as outras diversas variações desse boato. Só que ele não teve tempo para digerir ou tentar achar graça, teve que se preocupar seriamente em como acalmar o namorado e não deixá-lo enlouquecer. Tanto que estava desde o segundo período o procurando desesperadamente por cada cantinho da faculdade, sempre pensando na pior situação possível que enfrentaria quando finalmente o encontrasse.

Deus! Só não deixe a situação da última vez se repetir! Yin Yu verdadeiramente não tinha confiança alguma para tentar convencer o diretor que expulsão não era o melhor caminho dessa vez!

— … Eu… Você ouviu direito? — Teve que confirmar após alguns segundos de puro silêncio, vendo o mais velho apenas confirmar com um rosto cansado. — Quer dizer! Isso é tão absurdo! Tipo, okay, o Pei-ge era esperado e o meu irmão até podia ser com certo esforço, agora o Yizhen!? Quan Yizhen?! Tá zuando, né? Ele nem sequer olha pro lado com ou sem você por perto! De onde tiraram isso!? — Exclamou completamente confuso com aquilo tudo.

— Eu– O toque do próprio celular interrompeu Yin Yu. Pegou na hora, esperando que fossem notícias do namorado, e boas, com sorte. — Alô? Sênior Hua!... Não, eu sei!... Eu estava procurando ele. — E então um pequeno silêncio. — Onde!?... Tô indo agora!

Qingxuan o viu desligar o celular com uma cara de puro desespero e bagunçar os cabelos, completamente diferente do seu eu calmo habitual.

— O que foi dessa vez? — Questionou meio aéreo, ainda abalado pelo que ouviu.

— Descobri onde ele foi… — Resmungou com desgosto, se preparando para sair mas parando quando pareceu lembrar de algo. — Melhor… Melhor você vir junto comigo, acho que seu irmão está junto com ele… — Sugeriu com um tom de cansaço, vendo o menor ajeitar a mochila nos ombros e digitar algo rapidamente no celular que carregava.

— Vamos lá!

O mais velho apenas concordou e começou a correr com o outro, praticamente implorando que o namorado se contivesse por mais alguns minutos.

Apenas mais alguns!

T°D°I°P°S

Shi Wudu não saberia explicar como acabou nessa situação. Talvez fosse karma por ser amigo de Pei Ming há tanto tempo e por ter o encobertado para cabular aulas, em algumas mentiras e, raramente, o ajudar a escapar da surra que poderia ter levado de algumas garotas, Xuan Ji que o diga! Enfim, não poderia dizer que merecia, e muito menos achava isso! Entretanto, talvez fosse melhor se contentar e agradecer por ter vindo agora e assim, do que mais tarde e talvez em uma delegacia. Não que a situação atual fosse das melhores…

Céus! Era tão vergonhoso!

— Isso prova que ele claramente estava com o namorado no dia e eu estava no motel! Mas era eu e uma garota! Ele não estava comigo e muito menos no local! — O Pei exclamava, apontando para a porra de um projetor onde fotos e vídeos de Yizhen e Yin Yu na casa do dito cujo passavam na caralha de uma apresentação em powerpoint. EM POWERPOINT!

— Tá, mas e o sênior Shi? Onde ele estava?

Wudu virou a cabeça para trás em um ódio terrível para o filho da puta no meio da multidão – que só deus sabe como Pei Ming e Quan Yizhen conseguiram reunir – que resolveu abrir a maldita boca. Custava ficar quieto? Custava!? Já era vergonhoso o bastante estarem na caceta do auditório fazendo isso!

Onde porras ele chegou!?

— Wudu estava em casa com o irmão dele. Todo mundo sabe como ele é, o coitado nem saí direito de tão preocupado que fica. — Ele mentiu sem nem piscar, deixando Wudu levemente impressionado com o tamanho da cara de pau.

— E cadê as provas! — Uma menina exigiu com um enorme sorriso, claramente se divertindo com toda a situação, mas rapidamente se encolhendo e deixando o sorriso morrer quando Shi Wudu praticamente a amaldiçoou com os olhos.

— Simples, pergunte ao irmão dele! — Pei Ming exclamou, apontando para o fundo do auditório e fazendo todo mundo se virar, olhando, em consequência, para Shi Qingxuan, terrivelmente chocado com o que via, e Yin Yu, mortalmente envergonhado com as fotos, que tinham acabado de chegar.

O de cabelos longos nem soube o que dizer com tantos olhares, apenas conseguiu olhar para o irmão mais velho com um rosto em branco, como se tivesse desistido de tudo. Isso fez Wudu se sentir no fundo do poço, a pior pessoa da história.

— E aí? É verdade? — Alguém corajoso o suficiente na multidão perguntou, chamando a atenção de Qingxuan e o fazendo olhar.

— Sim… É, Ge estava comigo nesse dia…  — Confirmou ao ver como Pei Ming o olhava com intensidade. Céus! No que raios seu irmão tinha se metido!?

— Então, eles três não tem nada!? Que sem graça! — Exclamaram na multidão, causando uma onda de sons de desânimo que se espalhou e terminou quando reclamaram de não ter nada para ver, então era melhor ir embora.

Wudu precisou respirar fundo umas cinco vezes enquanto via todo mundo começando a sair do auditório em um conjunto de reclamações sobre todo o assunto, até mesmo ouviu questionamentos sobre quem teria começado um boato que não tinha um pingo sequer de verdade. Bom, eles não sabiam que até tinha um fundo de verdade. E se fosse possível gostaria de deixar a situação morrer assim.

— Ge, o que… ?

Olhou para trás, se deparando com seu irmãozinho com um olhar de pura confusão. Deixou um suspiro pesado escapar e cruzou os braços.

— … Nada, como pode ver, se resolveu e não vamos mais ter dor de cabeça com isso. Você não deveria estar em aula? — Mudou de assunto, franzindo o cenho e vendo o mais novo sorrir sem graça.

— Ah, bom, eu meio que cabulei…? Quer dizer! Você não pode me culpar! Olha só o que estava acontecendo! — Exclamou ao ver a carranca dele piorar. — Foi só dessa vez, Ge! Eu juro! — Prometeu com um rostinho pidão que ele sabia ser extremamente eficaz em desarmar o outro, o que não se provou errado, já que logo Shi Wudu apenas fez que não e o advertiu que não deixaria passar se houvesse uma próxima vez.

Enquanto isso, Yin Yu puxava um Quan Yizhen pela orelha, sussurrando repreensões e o advertindo de diversas maneiras sobre a privacidade e a importância de não agir sem o consultar antes, sendo respondido com choramingos e coisas como: "Mas eles falaram que eu não gostava de você!" Ou "Eles mereciam uma surra! Mas eu te escutei! E resolvi sem bater em ninguém, então como eu não fiz bem?"

Sinceramente, Qingxuan chegava a ter pena de Yin Yu às vezes.

— Vamos, vou te levar pra casa. — Wudu falou, trazendo a atenção de Qingxuan de volta, que até quis concordar, mas mudou de ideia quando viu Pei Ming mais atrás, com um olhar de ansiedade.

— Na verdade, eu meio que tenho umas coisas pra resolver e… Acho que você devia falar com ele… — Murmurou, vendo o mais velho o olhar com confusão, isso até ver Qingxuan apontar para trás, o fazendo se virar e ver o grande causador de todo o caos atual.

Um grunhido deixou os lábios bonitos, mas mesmo assim apenas maneou a cabeça e resolveu ficar. Já estava mais do que na hora de parar de fugir, ainda mais depois de toda essa confusão.

— Tudo bem, eu te encontro em casa, okay? Já tem comida pronta, então não peça fast food. Você sabe que isso faz muito mal! — Avisou ganhando um sorriso do irmão em confirmação antes de começar a andar em direção ao mais velho no local, se preparando mentalmente para a conversa que teriam.

Qingxuan apenas respirou fundo enquanto via o outro se afastar, resolvendo sair logo também. Queria dar privacidade para eles na esperança de que tudo desse certo para seu irmão.

Foi se afastando enquanto pegava o celular, verificando se nada tinha dado errado com seu grupo graças a sua ausência, ficando satisfeito com sua escolha de pessoal quando viu que tudo ia perfeitamente bem com o projeto deles. Se desculpou por sumir e prometeu que ajudaria ainda mais amanhã, ganhando alguns comentários de brincadeira sobre como tudo ficaria bem contanto que ele dividisse um pouco do dinheiro que tinha. Riu disso, mas até levou a sério por um segundos, afinal, realmente tinha vacilado.

Foi enquanto olhava o celular distraído que se sentiu ser puxado por braços fortes, olhando para cima e se deparando com olhos dourados inesquecíveis.

— Fugindo de novo?

A voz rouca trouxe arrepios e sensações que Shi Qingxuan nunca conseguiria explicar ou pôr em palavras. Era bizarro como He Xuan o desestabilizava com as menores ações possíveis e como toda a sua pose parecia simplesmente se desfazer com um simples olhar ou toque dele.

— N… Não, eu… O que você está fazendo aqui? — Gaguejou, não reparando que nem tinha feito esforço para se soltar.

— Um certo alguém não respondeu minhas mensagens, então resolvi vê-lo pessoalmente. — Respondeu em um tom de impaciência, vendo o menor arregalar os olhos e pegar o celular, vendo que, realmente, tinham mensagens não lidas dele de bem mais cedo.

— Merda! Desculpa! Hoje teve esse projeto e eu fiquei preso nele o dia inteiro, aí teve essa confusão e eu só… Não vi. Juro que não estava te evitando, quer dizer, eu até queria um pouco, mas definitivamente não foi de propósito! — Explicou com desespero, o sentindo apertar os braços que o seguravam.

— Então você não se importaria de me deixar te levar em casa, certo? — Questionou, segurando o sorriso quando viu as bochechas do menor se avermelharem.

— A… Acho que… Não? — Gaguejou novamente, meio incerto mas sabendo que negar seria como admitir que queria o evitar, o que não era inteiramente mentira ou verdade.

He Xuan apenas deixou um: "Hm" de satisfação escapar, saindo dali com os braços ainda em volta do outro, não se incomodando em se afastar enquanto não fosse pedido para fazer isso. E bom, Qingxuan também não parecia disposto a pedir por isso, por mais nervoso e ansioso que aparentasse estar. Então só poderia significar que ele não odiava ter esse tipo de contato e aproximação com o mais velho e, porra, chegava a ser irritante o quão feliz e satisfeito o He se via com esse fato.

T°D°I°P°S

— Você não pode só me rejeitar de uma vez?! — Exclamou com impaciência, irritado com aquele silêncio do Pei desde que Qingxuan deixou o auditório.

— Eu não…! — Começou, se interrompendo e xingando, enquanto passava as mãos no rosto. Céus! Como era possível que Shi Wudu pudesse o fazer se deteriorar tanto? — Olha Wudu, eu sinto, sinto mesmo, te informar que eu não vou te rejeitar! Já que eu, infelizmente, nem sei como caralhos eu me sinto! Mas que porra! Somos amigos desde as fraldas, cara! E eu… Eu sempre saí com mulheres! Mas aí vem você! Você. Se declarando e me fazendo perceber coisas! — Precisou parar um segundo para respirar com a falta de pausa em suas falas. — E porra, é tudo tão confuso…! Eu não quero te rejeitar sem nem ao menos saber se quero isso! Mas eu também não posso só te aceitar e agir como se eu também quisesse isso! Por que eu não sei! Eu não sei, porra! — Terminou praticamente sem fôlego, mas se sentindo mil vezes mais leve agora que tinha botado tudo pra fora. Pensou nisso em todos os dias em que foi evitado, e, realmente, não tinha uma resposta. Não tinha como ter. Afinal, como poderia ter resposta para algo tão novo? Algo que nunca sequer cogitou? Era simplesmente impossível!

— E o que você quer que eu faça…? — Foi tudo o que teve em resposta em um tom cansado, exausto, de quem não tem mais o que fazer e não vê sentido em continuar.

O Pei respirou fundo e olhou para a pessoa à sua frente. A pessoa que conhecia desde bebê, a pessoa que esteve com ele em seus piores e melhores momentos, sempre o dando apoio, mesmo que em forma de xingamentos ou tapas. E… A pessoa que ele ainda desejava mais do que tudo que pudesse estar com ele por mais um longo tempo, mesmo que não soubesse dizer em que tipo de relação desejava que estivessem.

— Só… Só me dê uma chance… Uma chance para tentar descobrir o que… O que exatamente eu quero… — Pediu, o olhando nos olhos e tentando fazê-lo entender que não estava brincando ou apenas agindo no impulso.

Shi Wudu engoliu a seco e lutou contra a vontade grotesca de desviar os olhos, sentindo o coração errar as batidas com o que ouviu. Não era uma rejeição, não era uma aceitação. Ele tinha plena consciência disso, tanto que chegava a doer. Mas ainda era algo. Algo que ele nunca sequer chegou a pensar que poderia ser uma possibilidade e isso era… Era demais. Demais para alguém que está desesperado por um tiquinho que seja de esperança e infelizmente… Era essa pessoa que ele era no momento, por mais que não quisesse ser.

— Okay. — Pei Ming praticamente pulou no momento em que ouviu uma resposta positiva do outro. Não achou que ganharia algo assim com essa facilidade, quase não conseguia acreditar. — Mas… — Ele continuou fazendo o maior prestar toda a atenção possível. — Eu quero que você me diga assim que souber, que tiver certeza. Não quero que você fique com pena de mim ou qualquer outra coisa. Eu vou aceitar e vou conseguir lidar, seja qual for a sua resposta. — Pediu em um tom de súplica mas com um olhar firme, fazendo com que ele sentisse o quão importante foram aquelas palavras.

Eu prometo.

E chegamos ao fim de mais um cap, um bem cheio e com várias cenas que eu espero, espero mesmo! Que vocês tenham gostado.
Eu sei que pode ser chato e irritante não ter tanto foco no Qingxuan e no He Xuan dos últimos caps pra cá, mas é que eu gosto de dar destaque pra esses outros personagens. MAS JURO QUE VOU FOCAR MAIS NELES DEPOIS DO 9!
Mas e aí, acharam o que da nova capa da fic? Me esforcei, hein!
Enfim, obrigado a quem leu e me aguardou por todo esse tempo, eu tenho consciência de como demorou, mas sabem como é, criatividade, tempo e vida pessoal não tavam querendo colaborar muito comigo. Rezo pro 09 não demorar tanto quanto esse, mas nem vou tentar prometer nada por que nunca se sabe!
ADIOS POVO!
PS: Pra quem curte Stranger Things, principalmente Steddie (Steve X Eddie) postei uma one deles esses dias, Don't blame me o nome. Dêem uma olhada! Juro que tá legal!

Continue Reading

You'll Also Like

352K 12.4K 9
Dois melhores amigos que vivem se provocando decidem adicionar um pouco mais de cor na amizade... O que pode dar errado?
144K 19.6K 68
S/N Peña, uma brasileira de 21 anos, é uma jovem estudante de Direito, sargento e pilota da Aeronáutica Brasileira. Além de tudo, ela é convocada par...
555K 44.2K 69
𝐅𝐀𝐌𝐀| Olívia Annenberg, mais conhecida como a filha de Clarice Annenberg; a estrela dos cinemas que vem conquistando o mundo com sua carreira. O...
My Luna By Malu

Fanfiction

251K 22K 28
Ela: A nerd ômega considerada frágil e fraca Ele: Um Alfa lúpus, além de ser o valentão mais gato e cobiçado da escola Ele sempre fez bullying com el...