Separados por um século - Tobiizu #3
Já estava escuro lá fora, por morar em uma casa meio afastada do resto da cidade, conseguia-se ouvir o som das corujas ali perto.
O pote de sorvete já vázio em cima da mesa de centro indicava que Izuna já tinha o tomado durante aquela tarde, o Uchiha não se preocupou em fazer nada o dia inteiro já que na manhã seguinte, iria tomar uma bronca das boas até seus ouvidos doerem.
- Alexa, que horas são?
Perguntou a sua assistente digital.
- Agora são 19:05
Bufou Izuna, ainda estava cedo demais para dormir e também, estava com fome.
- Alexa, qual a pizzaria de delivery mais próxima daqui?
- Procurando dados...
Era um verdadeiro inferno morar uma distância consideravél da cidade, por morar meio que em cima de um morro tanto quanto alto, podia ver as luzes da cidade ali próximo.
- Resultado achado, fica em 10 minutos daqui
Izuna pega o seu celular e abre o whatsapp.
- Disque o número
[...]
A pizza já havia chegado, Izuna estava novamente na sala, deitado no sofá comendo uma fátia da pizza com o maior desânimo do mundo.
A massa era seca e fina com quase sem nenhum recheio, o dia de hoje parecia até de azar para ele.
- Além de ruim foi caro essa porcaria
Reclamou Izuna deixando o resto da fátia na caixa que estava em cima da mesa de centro.
Agora já era 20:22, talvez o melhor é que ele fosse para cama, estava exausto e sem nenhuma animação que pudesse salvar o seu dia de puro azar.
Se levantou, guardou as coisas, desligou as luzes, foi pra seu quarto, tomou um banho e logo após, se deitou em sua cama.
- Alexa, coloque o despertador para 10:00
- Claro, despertador marcado.
E assim, olhando para a janela de seu quarto, adormeceu.
[ 2 de julho de 1914]
O dia amanhece, sua cabeça estava a mil por causa do dia anterior.
Os galos cantavam em cima do galinheiro naquela manhã, acordar com os sons dos animais era uma das melhores coisas na cabeça de Tobirama.
Depois de lavar seu rosto, desceu para o andar de baixo e começou a preparar seu café matinal antes de ir cuidar das coisas da fazenda.
Ouviu batidas na porta de casa e logo deduziu que fosse o carteiro, deixou a chaleira no fogão e foi até a porta, era realmente o carteiro, como sempre entregando os jornais do dia
- Bom Dia, Senhor Senju, como vai?
- Bom dia, Senhor Rondel, muito bem e o senhor?
Mentiu, óbvio.
- Perfeitamente, hoje temos uma notícia surpreendente sobre a guerra
Entregou o rolo de papel para o Senju que abriu instântaneamente.
- Um de nossos civis aqui de Avonlea, irá para a guerra servir o país, surpreendente, não?
A notícia já havia sido espalhada? pelo visto sim, mais também não parecem saber quem.
Se o carteiro soubesse não teria falado aquilo.
- Realmente, obrigada pela informação Rondel
Sorriu formemente e se retirou, Tobirama volta para dentro de casa, coloca o jornal sobre a mesa e termina de fazer seu café.
[02 de julho de 2022]
Era verdade que havia tomado uma bela de uma bronca, mais também não era como se nunca tivesse tomado um esporro de sua chefe.
Agora, Izuna está mandando os rascunhos da nova coleção da impresa para os responsáveis.
Kay, sua melhor amiga e colega de trabalho estava agora à pouco pedindo para que ele cobrisse seu turno para que ela pudesse ir encontrar seu ex ali perto, o Uchiha depois de ouvir várias e várias birras nos seus ouvidos, concordou em cobrir o turno da mesma.
Depois tinha certeza que iria matar Kay se ele não precisasse de um favor depois.
Olhou em seu celular e viu que as horas marcavam a hora do almoço.
Para falar a verdade, aquela pizza de ontem o fez ter uma dor horrenda de estômago que permanece até agora.
Somente parou de mandar os e-mails e ficou sentado em sua mesa olhando o escritório se desvaziar pelas pessoas que iam para o refeitório.
- Não vai comer, Izu?
Zaen, marido de sua chefe o pega de surpressa aparecendo atrás de si.
Zaen era moreno, cabelos lisos curtos e negros, vestia sempre sua camisa social branca e sua gravata azul claro.
Izuna se lembra até hoje do dia que entrou na sala de sua chefe e viu Zaen e ela batendo uma rapidinha em baixo da mesa, saiu traumatizado mais depois riu e zuou pra caralho os dois.
Por incrível que pareça, Izuna era amigo de todos ali, tinha uma boa convivência com sua chefe e com o marido dela, até mesmo já saíram pra beber um dia desses.
- Não tô' afim, meu estômago ta' doendo pra um caralho
Bufou e rodou sua cadeira de rodinhas para frente de Zaen.
- Se quiser eu falo pra Alessia que você foi pra casa porque estava passando mal
Disse em um tom de preocupação, igual sua face.
- Não valeu, ela já me deu um baita de um esporro hoje de manhã por eu ter faltado ontem
- Você faltou ontem?
- Cheguei atrasado e o ticket deu não autorizado, acabei indo pra casa chorar e comer pizza estragada
Izuna disse em deboche, como sempre, novidade para ninguém.
Zaen riu, quando Alessia dava esporro em Izuna, os três pareciam uma família.
Onde Alessia era a mãe surtada, Izuna o adolescente delinquente rebelde que aprontava todas e Zaen era o pai que tentava amenizar a situação e depois corria pra não apanhar de sua esposa por ter defendido o filho.
- Então não vai querer mesmo?
- Quem sabe outro dia eu aceito, eu também estou cobrindo o turno de Kay
- Entendido, vou voltar antes que minha mulher me mate
Ambos riram, o moreno tocou no ombro de Izuna como despedida e seguiu seu caminho até achar sua esposa.
O Uchiha virou sua cadeira novamente para a frente do computador e bem na hora, recebeu uma mensagem vindo de seu celular.
Pela luz da tela que acendeu, resolveu bisbilhotar.
Pegou o aparelho e desbloqueiou o mesmo, era Kay avisando que logo voltaria.
Acontece que aquele ex só queria terminar tudo com ela de uma vez, Izuna riu porque provavelmente ela estava vestindo a lingerie "especial" por baixo da roupa.
[...]
Fim de expediente, Izuna voltou para casa exausto como sempre, o vento gelado entrava no quarto e o Uchiha o sentia por mais que agora estava debaixo do chuveiro com a porta do banheiro aberta.
Se perguntava se deixou a janela aberta e não fechou antes de sair para trabalhar, o que era estranho pois se lembrava claramente de ter a fechado.
Desligou seu chuveiro, saiu do box, se enrolou na toalha e foi até o quarto.
A janela realmente estava aberta, por isso o vento gelado.
Se aproximou para fechá-la, fez força mais não conseguiu, provavelmente ela imperrou já que era tanto quanto "antiga".
Bufou e ficou a encarando com cara feia como se mudasse alguma coisa.
E não adiantou, somente suspirou tentando se acalmar enquanto seus olhos deslizaram sem querer até a caixinha de madeira que ficava em cima da estrutura de madeira da Janela, a mesma estava aberta e com um papel dentro.
Antes de sair de casa tinha a certeza que a mesma estava fechada e sem nenhum papel ali dentro, pensou até que alguém havia invadido entrando pelos galhos da árvore até a janela, olhou para todos os cantos do quarto e tudo estava em seu lugar, objetos valiosos, eletrônicos.. Até mesmo a Alexa estava ali, o que era uma pena.
Seu coração batia um pouco mais rápido que o normal devido ao susto, mas também se lembrou do sistema de segurança que havia na casa, caso alguém invadisse ele acionaria a polícia imediatamente, teve que instalar esse sistema devido a algumas invasões que teve de reporters curiosos por conta da casa ser antiga, da época da primeira guerra mundial.
Pegou o papel, se sentou na cama e começou a ler.
"Para meu futuro amor, cabelos grandes negros assim como seus olhos.
Irei partir, provavelmente para nunca mais voltar, irei para a guerra servir meu país porém, caso eu volte, gostaria de te conhecer, amaria saber que você é que nem o garoto que aparece nos meus sonhos mais belos.
Ass: Tobirama Senju"
Aquilo deveria ser uma espécie de piada ou realmente achou uma carta antiga, pelo visto, o papel parecia meio desgastado, amarelado e com as bordas estrupiadas.
De todo jeito, parecia ser bonitinho por mais estranho que parecesse, Izuna tinha cabelos grandes, negros e olhos também negros.
E no final, o nome era de "Tobirama Senju, nunca havia visto esse nome em toda sua vida.
Lendo novamente a carta, dizia que ele foi para a guerra, provavelmente a primeira guerra mundial.
Já sabia o que fazer.
- Alexa pesquise sobre os mortos na segunda guerra mundial e procure pelo nome "Tobirama Senju"
- Buscando resultados... 2 resultados encontrados
Tobirama Berneri.
Tobirama Senju.
Uou... Poderia ser pessoas diferentes, não?
Mas por que aquela carta apareceu ali do nada? era muito estranho na verdade.
[02 de julho de 1914]
Pelo dia, manteve sua rotina de sempre, nada demais além de ter avisado a senhora Wallece que ele que seria recrutado para a guerra, a mesma se desabou em lágrimas por considerar Tobirama um de seus filhos.
Roger não demonstrará tanto assim mais assim que soube, o abraçou firme e disse que iriam dar todo o apoio que o Senju precisasse.
Logo a notícia já se espalhou pelo vilarejo, quando voltou para a fazenda, viu umas 5 famílias ricas diferentes ali o esperando na porteira.
As mesmas famílias que eram amigos de sua falecida família, todos eles trouxeram bolos, biscoitos, roscas e até chá's para reconfortá-lo.
Eles diziam palavras encorajadoras que infelizmente não adentrava na cabeça do albino mais ele sabia que as intenções eram boas.
Na hora da reza, todos se juntaram na sala e rezaram para Deus livrar Tobirama de todos os males, na aquela hora, por um instânte, se sentiu abraçado e aconchegado como não se sentia a tempos.
Depois de todos terem ido embora, Tobirama guardou todos aqueles presentes e se retirou para seu quarto.
Se limpou e se pôs novamente sentado na escrivaninha para escrever outra carta, pegou o que precisaria e deslizou a tinta pelo papel formando as suas frases mais doces.
"Sinto que não me encaixo na sociedade que vivo, mesmo sendo acolhido por logo estar na guerra, sei que não seria assim caso eles descobrissem meu segredo obscuro, carrego comigo pesos que nunca irei poder compartilhá-los com alguém, à não ser o meu garoto que sonho em conhecer, outros diriam que estou ficando doente por ser assim então escondo esse meu defeito, mas com você, sei que nunca mais terei que esconder quem eu sou.
Ass: Tobirama Senju"
Era uma forma de se expressar, de aliviar uma pequena parte de seu sofrimento, a escrevendo em um papel.
Quando terminou, dobrou a folha e foi em direção a caixinha de madeira que estava aberta e sem a sua primeira carta lá.
Deu alguns passos para trás assustado, alguém havia entrado ali sem ele perceber e roubado o papel?
Não, não, não.
Aquilo poderia arruinar a sua reputação, se descobrissem certamente seria morto antes mesmo de ir para a guerra.
Mais as famílias que estiveram ali, eram de classe alta, tinham educação mais que o suficiente de saberem que era um desrespeito entrar em um cômodo íntimo sem ser convidado, e também, a porta estava fechada ou seja, não podia ser isso que pensava.
A não ser que...
Ele sorriu confuso deixando a carta na caixinha e a fechou, se fosse realmente isso, esperava receber algum tipo mágico de sinal.
Será que era o efeito traumático antes da guerra? pensar loucuras como essa? era bem provável.
●❯────────｢⊙｣────────❮●
Somente queria pedir minhas desculpas por tanta demora, infelizmente eu estava tendo um tipo de bloqueio em relação a essa fanfic e só conseguia me concentrar em uma outra que logo será lançada, mesmo assim, não desistam de mim!!!
Ass: Isa 😸