antes que seja tarde

By autoraisaa

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Desde que Maya Grace se mudou com a família para a pequena cidade de Doverwood, ela faz parte da vida de Dean... More

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mayagrace&dean
prólogo
passado: dean cameron
presente: dean cameron.
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presente: maya grace
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presente: dean cameron

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By autoraisaa

PRESENTE:

Ainda de olhos fechados, estou com os ouvidos atentos a televisão ligada em um canal qualquer. Fico desta forma durante algum tempo enquanto ouço a televisão e passos de alguém no quarto, andando de um lado para o outro, mexendo em algo que certamente estava ligado a mim, e por isso desconfio de que seja a enfermeira. Meu corpo está todo dolorido, senti ao movimentar um pouco meu braço. Não queria lembrar de nada do que me ocorreu, mas aos poucos a cena do acidente até o momento em que tudo ficou escuro, começou a dominar a minha mente.

Foi algo que me causou pânico e nunca havia sentido algo parecido, desde quanto tirei minha habilitação. Então, agradeço por estar vivo, e fico imaginando quantas pessoas, não tiveram a mesma chance e as vezes os acidentes nem foram culpas delas, como esse que também não havia sido culpa minha. Sabemos muito bem, quem tramou mais uma tentativa de se ver livre de mim. E felizmente não conseguiram.

Arrependo-me de ter aberto os olhos de uma vez, porque a luz os incomoda e por isso sou obrigado a fechá-los para outra vez os abrir devagar. Realmente estou no hospital, não era apenas um pesadelo. Olhando para a maneira que estou agora, queria mesmo que fosse e que quando acordasse de fato, estaria na minha casa, na minha cama e ao lado da mulher que eu amo. A enfermeira percebeu que acordei e abriu um sorriso bonito em seus lábios. Ela tem cabelos escuros e curtos, na altura do ombro, e apresenta uma estatura mediana. Em sua roupa branca, está destacado no lado esquerdo, o seu nome, bordado com linhas pretas: Lina.

Vago os meus olhos pelo quarto até que uma figura humana, sentada em um dos sofás de cor clara, chama a minha atenção. Meu coração se aperta e preciso respirar fundo para que a emoção não tomasse conta do meu corpo. Ver Maya Grace e pensar que nossa despedida no apartamento antes de ir para o departamento poderia ser a última vez que nos víssemos, me destruiu por inteiro.

Não foi à toa que tive um sentimento ruim antes de sair do apartamento pela manhã. O medo misturado com pavor. Não foi à toa. Parece que de alguma forma somos avisados quando algo de ruim vai acontecer conosco, por mais que não acredito muito nestas coisas.

A enfermeira Lina saiu do quarto instantes depois. Foi eu apenas me mexer um pouco para Maya Grace abrir os olhos rapidamente e ver que estava acordado, o que me faz desconfiar se ela estava dormindo mesmo ou apenas descansando os olhos. Um sorriso aliviado se formou em seus lábios. Ela se levanta, arrasta uma das poltronas para perto da cama e se senta nela, para ficar mais próxima e poder pegar em minha mão.

— Que bom que acordou, já estava preocupada. — sua voz atravessou os meus ouvidos de forma suave e aconchegante. Como era bom ouvi-la falar outra vez. Sorri para ela, mas ao tentar me movimentar, sinto um desconforto. — Você está bem? Está com alguma dor? — delicadamente, Maya Grace passa a mão desocupada pela minha testa, acariciando o meu cabelo em seguida.

— Bom — faço uma careta. — Não direi que estou bem, porque não estou. — digo de forma bem humorado e por isso minha noiva ri baixinho. — E sim, estou com dor, ela está dominando cada parte do meu corpo.

— Se quiser posso chamar a enfermeira, ela pode aplicar um remédio que diminua a dor.

A ideia era boa, mas nego com a cabeça.

— Não precisa, ela acabou de sair do quarto, basicamente, posso aguentar mais um pouco. — Maya Grace me encarava de uma forma como se não estivesse sendo convencida. — Só quero ficar aqui com você. — dou um meio sorriso e ela se rende.

Maya Grace ficou me acariciando, enquanto o silêncio reinava entre nós. Fecho os meus olhos sentindo a doçura de seu toque, mas todas as vezes que os abria e via que ainda estava no hospital, permanecia com o desejo de que tudo fosse apenas um sonho.

— Não foi um sonho, não é? — meus olhos se encontram com os dela.

— Não... É tudo muito real... Você realmente se acidentou. — meu braço esquerdo vai de encontro a sua mão que está pousada sobre meu abdômen e entrelaçamos ambas. — E segundo os médicos poderia ter sido muito pior.

O choro estava chegando, pela maneira que ela passou a língua entre os lábios e os apertou, olhando para cima no mesmo tempo, era nítido que estava tentando o segurar. No entanto, também era visível o quanto Maya Grace parecia cansada psicologicamente.

— Porque não foi para casa? — perguntei quando ela me encarou outra vez. — Você parece cansada e conseguiria dormir bem melhor.

— Eu sei que não conseguiria dormir e ficaria angustiada da mesma forma, Dean, ou até pior. Você ficou o tempo todo do meu lado quando era eu quem estava nesta cama de hospital e agora também vou ficar o tempo todo do seu lado. Somos parceiros e um parceiro não deixa o outro para trás. Jamais serei capaz de soltar a sua mão.

Suas palavras foram bonitas e reconfortantes e me senti ainda mais aconchegado através delas. Eu realmente era muito sortudo. Olhar para Maya Grace me fazia suspirar e agradecer por ter alguém como ela ao meu lado todos os dias.

— Acho que a gente deveria parar de graça e casar logo. — as palavras saem automaticamente da minha boca. Maya Grace me olha com os olhos arregalados, surpresa com a minha proposta.

— Assim do nada? — riu.

Ergo meus ombros.

— Sim... Essa é a ideia. — gargalhei.

— Andamos tão ocupados que nem tivemos tempo de falar sobre o casamento. Você pediu a minha mão e ficamos por isso mesmo.

— E é por isso que estou colocando um fim nisso. Não precisamos de um planejamento... Só... Só vamos.

— Mais você sabe que quero algo planejado, um vestido de noiva, uma decoração bonita... Acima de tudo é algo que nós merecemos.

— Eu sei, mas é que isso demora.

— E você decidiu isso agora? Do nada?

— São os toques que a vida dá.

Maya Grace gargalhou alto.

— Ai Dean, mas isso é algo que não dá para fazer aqui e agora. O dia em que você sair do hospital, nós conversamos melhor sobre isso.

— Promete?

— Prometo.

Seu sorriso foi verdadeiro. Sabia muito bem dos sonhos dela em relação ao casamento e não queria impedir que ela realizasse, mas o toque de realidade que me foi dado é que não precisamos dessas coisas, por mais que nos agrade. A única coisa que me importava era transformá-la na senhorita Cameron, apesar de ela já ser a muitos anos, ainda sim queria deixar no papel tudo isso.

— Está só você aqui no hospital?

Franzo a testa quando uma risada sai dos lábios de Maya Grace como se eu tivesse falado algo engraçado.

— Você sabe que não. Estão todos. Até o Machine e a esposa. E estão muito preocupados com você.

— Então você conheceu a Esther — afirmou e ao Maya Grace balançar a cabeça em confirmação, olho para o lado — Não era para vocês terem se conhecido dessa forma... Não mesmo. — suspirei.

— Ela me contou o que estavam planejando. De irmos ao Elliot 's Bar e passarmos a noite nos divertindo — ela mordeu o lábio — Caramba como tudo muda de uma hora para outra.

— Chega a ser assustador.

Minha cabeça latejava, o que se tornou um incômodo e reclamei mentalmente, mas acabei fazendo um murmuro com os lábios.

— Nós avisamos o seu pai sobre o acidente, certamente ele deve estar vindo para cá porque não conseguimos mais falar com ele — bufei um pouco alto — Sabia que iria achar ruim, mas o que podemos fazer, ele é seu pai. E parecia muito preocupado ao telefone, a Elena precisou acalmar ele.

— Elena... Quem é essa? — franzi a testa. Maya Grace me deu um leve tapa no braço.

— Para de graça, Dean, você sabe muito bem quem é ela. É a mulher que veio com seu pai no nosso noivado.

— Ah, me recordei. Milagre ele ainda estar com ela — meu tom foi de certa forma rude e minha expressão está séria.

— Dean, desculpa por... — Maya Grace tentou arrumar uma desculpa por ter ligado para o meu pai e por causa disso a precisei interromper.

— Não, está tudo bem — toco na sua mão desocupada outra vez. — Eu sei que ele precisava saber, estou sendo um egoísta e idiota outra vez e reconheço isso. É só que... — dei uma pausa para respirar fundo antes de prosseguir: — O que ele fez ainda martela muito na minha cabeça e isso foi a cinco anos atrás, mas martela. Já falei que o perdoei, mas sinto que dentro de mim ainda não consegui, sabe, é um vazio, um machucado que não cura. E olha que a traição não foi nem comigo.

— Só que foi com a sua mãe e pode parecer engraçado, mas a gente sente as dores dela e você sentiu isso, mais do que qualquer um.

— E meu pai já seguiu em frente, minha mãe já seguiu em frente, os dois até que se dão bem, mas parece que eu não consigo seguir em frente.

Maya Grace ficou em silêncio por algum tempo, me encarando, como se quisesse decifrar alguma coisa.

— Não tem apenas haver com a traição, não é? Tem a ver com o seu pai se mudar para Nova York.

Olho para o lado e engulo em seco.

— Desde que ele foi embora para Nova York, nós mudamos e a nossa relação não é mais a mesma, parece que de alguma forma nos afastamos e isso também machuca. Estávamos até que bem depois de tudo, mas quando ele foi embora, acabou com isso.

— E é compreensível Dean. Você sempre teve o seu pai presente e de repente tudo desmoronou e se viu sem ele ali do seu lado, se sentiu abandonado.

— É, pode ter sido. A traição foi o início e a mudança para Nova York contribuiu para nos afastar.

Maya Grace balançou a cabeça, concordando com a minha afirmação.

— Sinto muito por isso, Dean.

— Podemos falar de outra coisa, por favor. Esse melancolismo está ficando chato.

Minha noiva gargalhou quando fiz uma careta.

— Posso te perguntar uma coisa que estou com vontade desde que você acordou? — enquanto fazia a pergunta, Maya voltou a passar delicadamente a mão pelo meu cabelo.

— Diga.

— Eu sei que você não vai gostar, mas eu quero muito saber.

Após dizer tais palavras, já sabia muito bem sobre o que ela queria saber.

— É do acidente, não é?

— Sim. — baixou a cabeça, um pouco envergonhada. — Você se lembra como foi?

Não respondo, apenas balanço a cabeça em confirmação.

— Se não quiser falar sobre isso tudo bem.

— Está tudo bem. — lhe mostrei um sorriso. — Fique tranquila.

— A única coisa que sei é o que o Machine me contou e ele disse que o seu carro foi encontrado em uma situação deplorável. Por isso que queria saber o que levou você a se acidentar.

— Foi tudo muito estranho, para dizer a verdade. Em um momento eu estava dirigindo e no outro simplesmente apagando. — Maya está com os olhos fixados em meu rosto, atenta a cada palavra que saia de meus lábios — Eu e Machine estávamos na Polícia Civil, combinamos de sair e ir ao Elliot 's Bar e então a Esther chegou, ela foi buscar ele porque usou o carro para ir com as amigas a Linderwood. Como tínhamos acabado de combinar, nem deu para avisar ela. Nós nos apresentamos e conversamos por alguns minutos, até que Esther viu uma foto sua e perguntou de você e chegamos a brincar que vocês duas se dariam muito bem. O Machine comentou que iríamos sair e sugeriu de nós quatro nos encontrarmos para vocês se conhecerem. Como não tinha certeza se você já tinha saído do hospital, te mandei uma mensagem te mandando a sugestão.

Maya Grace franziu a testa.

— Você me mandou mensagem?

Assenti com a cabeça.

— Caramba, agora que lembrei, desde que cheguei ao hospital à tarde não peguei o celular. — ela solta a minha mão e se levanta da poltrona, indo em direção a uma prateleira de madeira onde estava a sua bolsa preta de couro, abre o zíper e retira de lá de dentro o celular, certamente para olhar as mensagens — Realmente, ela está aqui. — me mostra a tela, onde contém o meu nome e a mensagem enviada. — Não ouvi nenhuma notificação chegando.

— Fiquei esperando a resposta durante alguns minutos e como não recebi nenhuma, acabei optando por vir te buscar e pelo horário que você me disse que iniciaria o tratamento, desconfiei que ainda estaria aqui no hospital. — respirei fundo antes de continuar: — E estava vindo tranquilo e de repente um carro em alta velocidade estava sendo conduzido na direção contrária e vinha exatamente como se quisesse bater de frente com o meu carro. Tentei pisar no freio e me vi sem ele, o desespero tomou conta de mim e tentei evitar um acidente, a última coisa que me lembro foi de ter desviado, mas o acidente aconteceu da mesma maneira.

Maya Grace ficou calada, como se estivesse raciocinando todas as informações. A observei engolir em seco, pegou de novo na minha mão e se aproximou com o corpo de mim.

— O Machine disse que acha que seu carro foi sabotado e que tem ideia de quem pode ter sido.

Assenti com a cabeça, afirmando que também sabia quem havia tramado tudo isso.

— Você também tem uma ideia, não é? — assenti outra vez com a cabeça, confirmando.

— Tenho certeza de que foram os Skulls... Absoluta certeza, na verdade.

Maya Grace se levantou da poltrona e começou a caminhar pelo quarto, pensativa, ou ela estava tentando conter a raiva que certamente havia dentro dela. Eu digo assim porque também estava. Foi a segunda tentativa de assassinato contra mim. E dessa vez, passou muito mais muito perto. Ainda bem do que o tiro. Estava na reta dos Skulls e agora não há mais nada que possa fazer para mudar isso.

— E ele também me disse que foi uma tentativa de assassinato, mas que não era a primeira vez. Aquele tiro que pegou de raspão no ombro — fez gestos com as mãos — foi por causa de uma emboscada, que os próprios Skulls armaram para você. Acho que esse detalhe você se esqueceu de me contar.

— Ok. Está bem. Acabei omitindo esse detalhe de você, mas queria que eu fizesse o que? Você já ficou desesperada com esse negócio tão simples, imagina se eu contasse que me tornei alvo dos Skulls?

— Simples? Estamos falando de um tiro e você diz que é algo simples?

— Faz parte do meu trabalho, Maya Grace.

— E que pode ser fatal. Primeiro a emboscada, agora esse acidente. Se com o primeiro não tiveram nem chance, agora eles passaram bem perto e o próximo vai ser o que... A morte? Esse negócio de Skulls já está indo longe demais.

Seu olho está lacrimejando, mas percebo que está tentando ao máximo não chorar porque acredito que é algo que tem feito muito antes de eu acordar.

— Esse seu acidente me destruiu por dentro. Passou tão perto Dean, tão perto, tão perto de eu perder você que isso me apavora. Parece que foi proposital para eu sentir na pele o que você pode sentir — então, ela se virou, colocou uma mão na boca e deixou as lágrimas rolarem. Franzi a testa, sem entender um por cento do que ela estava se referindo.

— Do que está falando, Maya Grace?

— Não é nada — virou-se, passando os dedos delicadamente pelos seus olhos e bochechas, secando as lágrimas — É só que, isso realmente me cansou. Quando você ser um investigador era ainda apenas um sonho, não parecia ser tão complicado, mas agora estou vendo o quanto é difícil.

— Então se eu desistisse do caso dos Skulls seria tudo mais fácil para você?

— Você sabe que sim. — foi sincera. Eu perguntei, ela precisava ser. Maya Grace levantou o ombro e passou a língua pelos lábios. — Mas jamais pediria para você fazer isso. É o seu sonho. Quem precisa aprender a lidar com ele sou eu.

— Até porque o caso dos Skulls não é o único que a delegacia tem para resolver. Todos são de extremo perigo, Maya. Não é algo que eu possa evitar.

Maya Grace deu um sorriso de lado.

— Eu sei.

Ver ela chorando por causa disso me partiu o coração, mas sendo sincero, não ter perigo e adrenalina, é algo que realmente não posso evitar. E isso nós sabíamos desde quando era um sonho, mas é como a própria disse, quando está por perto, vemos o quão complicado é.

— Venha aqui.

A chamei com o dedo indicador para que se aproximasse de mim. Maya Grace se sentou de volta na poltrona e aproximou mais o seu corpo ao meu, chegando até mesmo a deitar a cabeça sobre meu abdômen. Mesmo que a dor sobre meu corpo me incomodasse, esforcei-me para levar uma das minhas mãos para o seu braço, acariciando o mesmo. Depositei um beijo no topo de sua cabeça, para tentar transmitir paz a ela.

— Nós também não sabíamos o quão complicada a vida adulta é, mas precisamos aprender a lidar com ela.

Uma risada escapou de seus lábios.

— E até agora estamos nos saindo bem. Mas sabe o porquê disso?

Maya Grace ergueu um pouco a cabeça para me olhar e balançar a mesma em forma de negação.

— Porque eu tenho você e por isso tudo fica menos complicado.

Vi um lindo sorriso se abrir e um brilho em seus olhos aparecer.

— Às vezes você é tão brega, mas é uma das coisas que mais gosto em você. A maneira de sempre me fazer sentir especial.

— Porque você é e fica tranquila que enquanto eu estiver aqui, eu serei totalmente brega — solto uma gargalhada, acompanhada dela.

Em seguida, nossos lábios tocaram um no outro. Maya Grace me beijou, passando delicadamente a unha sobre minha pele, fazendo arrepios tomar conta de mim. No entanto, ao passar em uma parte, sinto a pele arder e um murmurar escapar de meus lábios.

— O que foi? — olhou-me preocupada.

— Ardeu. — faço uma careta.

— É porque você está todo machucado.

— O que?! — me indignei.

— É, o seu rosto, está em algumas partes arranhado.

Meu coração acelerou, apenas por uma bobagem, mas acelerou.

Maya Grace pegou dentro de sua bolsa um espelho para que eu pudesse ver o meu reflexo e reparar nos machucados do meu rosto.

— Caramba, isso está feio — reclamo fazendo outra vez uma careta.

— Mas fique tranquilo, você ainda é um galã.

Sorri diante das suas palavras e mais uma vez, meus lábios são tomados pelos seus.

— Espero que eu não esteja atrapalhando — uma voz desconhecida dominou o ambiente. Logo Maya Grace tratou de se afastar de mim e se recompor em pé. Ela soltou um sorriso envergonhado quando percebeu que se tratava da doutora. — Olha, vejo que meu paciente está acordado. Ainda bem que vim vê-lo porque se não, não seria avisada disso — olhou para minha noiva de canto de olho e apenas quando ela deu uma risada humorada, percebemos que estava brincando com ela.

— Me desculpe — ergueu o ombro. Maya Grace parecia um pimentão e acabei me divertindo com isso.

— Sem problema nenhum, estou apenas brincando. Fico feliz que a primeira pessoa que ele tenha visto foi você, assim é menos desconfortante — abriu um sorriso.

Fiz uma careta.

— Na verdade, a primeira pessoa que eu vi foi a enfermeira, acho que não fez muita diferença.

A doutora gargalhou.

— Que bom que está bem humorado, ficar um tempo com sua noiva foi ótimo para você.

Ao aproximar-me de mim, a doutora piscou, o que declara que ela viu sim nós dois nos beijando e por isso era melhor Maya Grace não ficar sabendo, se não nem sei mais o que ela pareceria de tão vermelha que vai ficar.

— Eu sou a doutora Wayne e estarei cuidando de você enquanto estiver no hospital. Qualquer coisa que precisar, é só falar diretamente comigo — assenti com a cabeça, quando terminou de falar e em seguida me examinou. — Você está sentindo alguma coisa?

Olho para Maya Grace que está me encarando como se tivesse me obrigando a dizer que estava sentindo dor.

— Estou apenas com dor.

— Em que região?

— No corpo e na cabeça.

A doutora Wayne me observou durante alguns minutos e anotou em sua pasta com minhas informações.

— Sua cabeça está inchada, na região onde você bateu — comentou e isso me fez arregalar os olhos — Como você sofreu uma batida, é normal isso acontecer. Vou pedir para a enfermeira trazer uma bolsa de gelo e um remédio para aliviar a dor. Você está se lembrando de tudo?

Assenti com a cabeça.

— Eu vou avisar a sua família que você acordou, acho que posso parar de ser egoísta — Maya Grace disse e em seguida deu uma risada, que me faz acompanhá-la.

— Na verdade, pode deixar que eu mesma aviso — a doutora Wayne pediu.

— Eles vão poder entrar para me ver?

— Claro, mas é que antes eu queria conversar com você ou com vocês, se a sua noiva quiser participar também.

— Claro que sim — afirma Maya Grace, mas dessa vez, sem nenhum sorriso nos lábios. Na verdade, nem mesmo eu esbanjava.

— Ótimo. Vou pedir para a enfermeira trazer a bolsa de gelo e o remédio e já retorno para conversarmos. Só irei ver mais uma coisa.

De repente, a doutora Wayne puxa a coberta para cima, revelando um ferimento horrível em minha perna. Meu estômago embrulhou e fechei os olhos quando ela mexeu e a dor se revelou.

— É, está bem feio mesmo — a doutora disse fazendo uma careta. Olho para o lado e vejo que Maya Grace nem olhando estava — Vou pedir para a enfermeira trocar o curativo.

A doutora Wayne saiu do ambiente e alguns minutos depois a mesma enfermeira Lina que vi quando acordei, adentrou ao quarto. Ela me deu a bolsa de gelo para colocar na cabeça, na região que estava machucada, deu o remédio para que a dor passasse e trocou o curativo da minha perna que estava muito mais muito horrível. Sinto que ficarei semanas com isso.

Enquanto Lina arrumava o curativo, percebi o quanto a minha perna estava arranhada, assim como o meu braço e mão. Maya Grace ficou o tempo todo sentada ao meu lado enquanto esperava a doutora retornar para o quarto.

Wayne retornou ao quarto quase meia hora depois. Confesso que já estava prestes a dormir outra vez, principalmente por ver que Maya Grace estava de olhos fechados enquanto fazia carinho em sua cabeça. Ela está com a pasta que contém minhas informações e fecha a porta assim que pisou no quarto. Minha noiva se levantou para poder prestar a melhor atenção no que a doutora iria falar. Ela pigarreou antes de iniciar:

— Bom, quando fui avisar a sua família que você acordou, eles literalmente surtaram — a doutora deu uma risada alta — Então não vou me prolongar muito, porque há muitas, muitas pessoas mesmo para ver você. Vou permitir apenas alguns minutos porque quero fazer alguns exames e eles precisam ser logo — assenti com a cabeça, concordando com a ideia.

— A minha mãe será a primeira, tenho a certeza disso. Já até imagino o quanto ela irá chorar.

— O doutor Clive precisou a consolar, porque sim ela chorou muito — ergueu o ombro — Aliás, fiquei surpresa de saber que ele namora a sua mãe. O mundo realmente é pequeno.

— É, na verdade Doverwood é pequena. — respondi com humor.

— Isso é verdade — ela riu durante alguns segundos, mas depois retornou a pose séria — Prosseguindo. A primeira coisa que tenho para falar é que como você viu, Dean, há um ferimento horrível na sua perna e por precisar ficar utilizando curativos durante algum tempo, talvez dificulte que você ande e por isso quero te pedir para sempre estar com alguém para se apoiar ou até mesmo utilizar muletas, assim evita cair.

No canto do olho, vejo que Maya Grace está com o celular na mão, certamente anotando que deveria comprar uma muleta. Minha noiva é organizada demais, então não duvido que realmente seja isso.

—Também te darei um atestado de algumas semanas para você descansar e se recuperar cem por cento do acidente, mas é claro que vamos ver como será o resultado do próximo exame.

A doutora Wayne respirou fundo e pela maneira que ela me olhou, acabei pensando que o que ela me falaria agora seria algo bem mais grave e realmente foi, no entanto também havia algo bom. Em uma mesma informação havia o bom e o ruim. Sim, isso é possível.

— A outra coisa que preciso dizer é que, o seu acidente, pela maneira que foi retratado para mim, foi bem grave, então sim, você tem sorte de estar vivo e sorte de não ter tido nada de muito grave, como por exemplo um traumatismo craniano. Na verdade, ainda acho que você teve, mas de forma leve — meus olhos se arregalaram, assim como o de Maya Grace — E é exatamente esse exame que quero fazer, mas preferi esperar você acordar e ver como estariam os seus sintomas. Você precisará ficar no hospital durante alguns dias porque quero te acompanhar, ver se os sintomas mudam, caso não ocorra terá alta.

— Alta... Essa palavra é como música para os meus ouvidos.

— Isso, diga tudo com muito bom humor. — a doutora Wayne dá alguns passos em minha direção e coloca uma das suas mãos em meu ombro, apertando-o com leveza. — Você tem sorte de estar vivo, Dean, agradeça por isso.

— Obrigado — retribuo com um sorriso.

— Agora vou deixar seus familiares virem te ver, quando acabar, faremos o exame.

Assim que balancei a cabeça concordando, a doutora sorriu e saiu outra vez do quarto. Maya Grace permanece me olhando fixamente, com os braços cruzados. É nítido um ar debochado.

— Depois não quer que eu reclame. Sorte de não ter tido um traumatismo craniano. Olha o que os Skulls quase foram capazes de fazer. Ótimo. — em seguida, mostrou-se estar com raiva, apertando os braços fortemente. Até mesmo assim, ela parecia completamente fofa. Com essa raiva toda, Maya Grace seria capaz de matar um deles. Pode ser que contenha ironia nesse pensamento.

Da forma que disse a doutora Wayne aconteceu, minha mãe foi a primeira a me visitar assim que Maya Grace saiu para ir ao banheiro e aproveitar para comer alguma coisa. Viola chorou até mesmo me vendo em uma situação boa. Me abraçou tantas vezes que perdi até mesmo a conta. Mas depois deixei de reclamar mentalmente, a deixei tomar a liberdade para ficar desta forma enquanto contemplava o filho vivo.

Clive aproveitou a presença de minha mãe para me ver e brincou quando teve a oportunidade dizendo que parece que eu e Maya Grace nos últimos dias estamos amando hospital. Era ótimo ter pessoas ao meu redor com bom humor, senão, certamente estava em uma situação deplorável pelo hospital não ser um ótimo lugar para se estar.

A doutora Wayne havia dado exatos vinte minutos para cada visita e após minha mãe e Clive, veio Caroline, Abby e Peter. O pai e a irmã de Maya Grace haviam vindo com pressa para a cidade depois que Carol ligou informando sobre o acidente. Em seguida, foi a vez de Lee e Jazmyn, que também quase me sufocou de tantos abraços, mesmo eu informando que estava todo dolorido por causa dos arranhões, mas quase recebi outros machucados por ter reclamado. Jazmyn sendo Jazmyn.

Preston, Maximus e Angel foram os penúltimos e o quarto reinou de risadas, apesar de ter visto algumas lágrimas escaparem do rosto de cada um. Foi algo um pouco mais leve, diferente das outras visitas. O que mais me pesou e doeu de certa forma o coração, foi quando Machine e Esther entraram abraçados ao quarto. Talvez foi porque o semblante deles mostravam que se sentiam culpados por algo que literalmente não tinham a ver.

— Eai, Cameron — Machine se aproximou de mim, mostrando a mão para que fizéssemos um hat trick — Que bom que você está bem — retornou a abraçar Esther e ficaram próximos da cama.

— Também fico feliz de te ver bem. — comenta Esther com um enorme sorriso no rosto.

— Eu sei que vocês estão se sentindo culpados, dá para ver no rosto de vocês.

— É, talvez um pouco Dean — Machine mostrou-se triste e com a voz falha. — Se não tivéssemos com aquela ideia, nada disso teria acontecido.

— Não tem nada haver Wilson, poderia não ter acontecido naquela hora, mas talvez fosse para acontecer. — ergui o ombro.

— Ao mesmo tempo nós sabemos disso, mas fica aquele sentimento estranho, sabe — Esther diz e balancei a cabeça em concordância ao término de sua fala.

— Realmente, eu acho que teria acontecido em qualquer hora, quem fez isso estava vigiando, desde o momento em que saí da delegacia. Nada tira da minha cabeça que aquele carro preto era de alguém dos Skulls. O carro vindo na minha direção com alta velocidade e na direção contrária da que ele precisava estar foi totalmente de propósito.

— Pensando assim, realmente. O seu carro estava sabotado.

— Sim, eles fizeram isso e aproveitaram a deixa. Sabiam que eu não tinha para onde correr.

— Que horror — Esther fez careta. — A pior coisa dessa cidade é isso. E tudo para o que, continuarem praticando coisas ilegais?

— Você sabe que pessoas sujas são assim. — conclui Machine.

— Mas enfim, fico feliz que tenham vindo aqui, foi ótimo ver vocês — sorri.

— E eu queria conversar com você também. É um assunto sério.

Sempre quando dizem isso fico aflito.

— Eu vou te esperar lá fora — Esther deu um beijo na bochecha de Machine — Boa recuperação, Dean — ela acenou para mim e em troca lhe mostrei um sorriso e também acenei.

Machine esperou ela sair para voltar o seu olhar para mim.

— O que eu tenho para te contar não é uma coisa muito boa, certamente você vai ficar bravo e chateado, mas são ordens.

— Diga, Machine. — digo de forma apreensiva.

— Depois que ocorreu o acidente, o capitão Saunders me ligou desesperado quando soube que era você. Ele não estava entendendo absolutamente nada, então acabei contando para ele sobre a emboscada e o tiro. Eu sei que você tinha pedido para contar mas acabei precisando. O capitão deduziu que por conta das informações que estavam sendo soltas pela mídia, você havia se tornado alvo dos Skulls. E por conta disso, sabemos que os Skulls ficaram furiosos por ver que não conseguiriam eliminar você. Então, o capitão Saunders sugeriu que abafamos um pouco o caso e nesse tempo você se afaste, para a sua própria segurança.

Meu coração acelerou.

— Ele quer me tirar do caso?

Machine levantou o ombro.

— Ele acha que é a única alternativa para a sua segurança, isso pode tomar uma proporção enorme, Dean. Você é o alvo, porque você é o principal.

— A gente decidiu não deixar mais a mídia se intrometer nisso para justamente os Skulls não saberem de nada.

Com a voz triste, Machine diz:

— Eu sinto muito, Dean.

Os Skulls não souberam destruir fisicamente, mas sem querer conseguiram destruir o meu primeiro caso.

Ponto para eles.

Olá meus leitores! Como vocês estão?

Mais um capítulo lindo saindo para vocês.

Capítulo 25, caramba gente dá nem para acreditar, parece que foi ontem que comecei a escrever.

Nosso Dean está bem, são e salvo!!!!! Deu tudo certo. Apesar de todo o acidente ter dado uma dor no coração.

Ai gente, eu me derreto com a Maya e o Dean, que casal maravilhoso!

O capítulo foi simples, mas outro que é preciso, porque tem algumas coisas que vão se deslanchar por causa desse acidente e por causa do que foi dito no finalzinho.

O que será que vai dar esse afastamento do Dean hein, estou com muita dó dele :(

Mais uma coisa, vou mudar os dias de postagens. Ao invés de atualizar apenas nas sextas-feiras, vou começar a atualizar também no sábado, como já tem acontecido em algumas semanas. Então as atualizações ficam para as sextas-feiras ou sábados, vai depender de quando o capítulo for concluído. Se for concluído até a sexta-feira, posto na sexta, se não, posto no sábado.

Assim vocês tem a certeza de que se eu não postar na sexta, posto no sábado. 

Dessa forma, dá tempo deu revisar e corrigir algumas coisas caso tenha. Sim, eu escrevo e posto e estou tentando mudar isso para que eu tenha capítulos adiantados, mas é difícil hahahaha. Então, por enquanto vai ficar dessa forma: sexta ou sábado.

O que vocês acharam do capítulo?

O que estão achando da história? Estão gostando?

Desde já agradeço por estarem aqui. Pelos votos, leituras e comentários.

Não deixe de votar e comentar porque isso pode me ajudar na divulgação. Também não deixe de compartilhar para seus amigos e conhecidos para que mais pessoa conheçam a história.

Comentem, por favor, o que acharam do capítulo e se estão gostando da história!

Capítulos nas sextas-feiras ou sábados.

Um beijo no coração e até breve <3


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