CINZAS - Saga Inevitável: Seg...

By MillenaAgliardi

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» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Vo... More

PREFÁCIO:
PRÓLOGO.
1. Todo Mundo Menos Você.
2. Por Supuesto.
3. Sound Of Silence.
4. O Conto Dos Dois Mundos.
5. João De Barro.
6. Melhor Sozinha.
7. Losing Your Memory.
8. Say Something.
9. Ciumeira.
10. River.
11. Arcade.
12. Lendas e Mistérios.
13. Question.
14. Summertime Sadness.
15. You Broke Me First.
16. Broken Wings.
17. Leave All The Rest.
18. Love And Honor.
19. Beggin'
20. DYNASTY.
21. abcdefu.
22. A Meta É Ficar Bem.
23. Insônia.
25. Blood // Water.
26. Monster.
27. Radioactive.
28. Skyfall.
29. Believer.
30. Chasing Cars.
31. I See Red.
32. Cedo Ou Tarde.
33. Traitor.
34. Enquanto Houver Razões.
35. Dusk Till Dawn.
36. Play With Fire.
37. Evidências.
38. No Pares.
39. Santo.
40. Ingenua.
41. Angels Like You.
42. Who You Are.
43. Queda.
44. Mad World.
45. Mercy.
46. Bird Set Fire.
47. Couting Stars.
48. In The End.
49. Decode.
50. The Power Of Love.
51. Way Down We Go.
52. River.
53. Blood/Water.
54. Losing Your Memory.
55. Monster.
56. Unconditionally.
57. As Long You Love Me.
LIVRO NOVO!

24. Penhasco.

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By MillenaAgliardi

JHENIFER.

Os fogos surgiram no céu, os gritos preencheram as ruas e a sacada, o barulho ensurdecedor retumbou em meio peito. Abracei Devon, abracei Liam, abracei Sadie, Daniel e Heaven. Gritei feliz ano novo, ri e bebi mais, mas no final, quando meu irmão e eu voltamos para casa quase três da manhã, eu me sentia vazia. 

Extremamente vazia. 

Infelizmente o carro de mamãe havia voltado sem nenhum arranhão. Quem sabe na próxima vez? Pensei resignada.

Devon foi direto para o quarto, alegando que não podia ver ninguém no estado que estava, mas eu continuei para a cozinha, buscando algo para comer, já que parecia haver um buraco no meu estômago. Quando cheguei na porta e meu irmão começou a subir as escadas do outro lado do cômodo, ouvi a voz de papai e me virei de imediato. Vestido com uma camisa branca de mangas enroladas até os pulsos, calça de moletom cinzas e pés descalços, ele passou por Devon e apertou seu ombro. 

— Feliz ano novo. — Papai disse em seu habitual tom formal que sempre usava com Devon. 

— Feliz ano novo, pai. — Devon disse endireitando a postura, tentando parecer menos do que totalmente bêbado. Meu pai se virou para ele, ambos alheios a minha presença encolhida no canto da sala, próxima a porta da cozinha. 

— Como foi a festa? — Papai perguntou de costas para mim. 

— Boa, eu acho. — A voz de Devon estava levemente falha, um sinal do álcool. Se papai percebeu, ele não disse. — Sei lá. Foi estranho passar o ano novo sem… Vocês. 

— Também foi estranho por aqui. — Papai deu de ombros. — Vá deitar, você parece bêbado. 

Devon assentiu, mas não se mexeu. 

— Devon? — Papai chamou dando um passo em direção a escada, ao meu irmão. — O quanto você bebeu? Você precisa de ajuda para subir? 

Meu irmão desceu o último degrau da escada e passou os braços ao redor do pescoço de papai, um abraço tão forte e genuíno que eu me senti horrível por presenciar. Meu pai não era muito de contato físico, nem comigo ou mamãe nos últimos anos, então foi uma grande surpresa quando ele passou seus braços ao redor do corpo de Devon e o abraçou apertado, apertando os olhos com força quando enterrou o nariz no cabelo do meu irmão. 

— O abraço de ano novo é o único que você me dá no ano todo. — Meu irmão murmurou fracamente, fazendo meu coração doer. Papai apertou ainda mais os olhos e suspirou visivelmente. 

— Um dia… Quando você estiver em meu lugar, você vai entender. — Nosso pai garantiu, mas pela expressão de dor em seu rosto, nem ele mesmo entendia.

Eu deslizei para a cozinha, tentando fazer o mínimo de barulho possível para que não me notassem. Eu não queria quebrar aquele momento tão raro e vulnerável. Porra. Tudo que eu mais queria no mundo era que papai mostrasse a Devon o quanto ele era amado, afinal, eu tinha certeza de que ele amava meu irmão. Ele só não sabia demonstrar. As vezes, ele não sabia demonstrar até para mim, que todos diziam ser sua preferida. Eu não achava que papai tinha filhos favoritos, apenas filhos que ele sabia lidar melhor. Enquanto eu não me metesse em confusões como Devon ou me afastasse dele como Gabriel o fez, eu continuaria sendo amada e querida por ele, afinal, em alguns momentos, eu achava que meu pai só amava aqueles que não o magoavam. Em alguns momentos eu achava que ele havia sido muito ferido e não conseguia lidar com isso. 

A porta da cozinha se abriu num rompante e Lorenzo entrou com um braço sobre os ombros de tio Nico, ambos rindo. Meu tio estava vestido como sempre, todo de preto exceto pela camisa branca que todo mundo parecia usar no ano novo e seu rosto estava vermelho. Lorenzo colocou os olhos sobre mim e uma sombra de tristeza cruzou sua expressão antes que ele forçasse um sorriso. Será que ele pensava que me enganava? 

— Jhenifer, querida! Feliz ano novo! — Tio Nico exclamou com um sorriso enorme. — Seu cabelo está lindo! 

Passei as mãos pelas madeixas lisas, sem nenhum volume, sem nenhum dos cachos que eu tanto amava. 

— Obrigada, padrinho. — Agradeci mesmo que tivesse vontade de chorar. — Feliz ano novo. 

Olhei novamente para Lorenzo quando tio Nico se ocupou com o pote de biscoitos no centro da mesa. Um pesar caiu entre nós, certo constrangimento. 

O amor é uma escolha. Eu te amo, mas eu não preciso de você.

Eu havia aprendido aquelas palavras com minha psicóloga verão passado, e queria muito colocá-las em prova, mas será que eu estava conseguindo ou mentindo para mim mesma ao pensar que amava Lorenzo, mas não ao ponto de precisar dele para ser feliz? 

— Vocês chegaram. — A voz de papai me assustou ao surgir atrás de mim. Antes que eu pudesse me dar conta, ele passou os braços ao redor dos meus e beijou minha bochecha. — Sinto muito por seu cabelo, principessa.

Meu coração errou uma batida por seu cuidado. Ele era gentil e atencioso quando queria e isso aquecia meu peito. 

— Eu vi um cavalo na propriedade, você deveria verificar. — Tio Nico murmurou comendo uma porção enorme de biscoitos de uma vez só. 

— Um cavalo?! — Papai exclamou abismado. — Onde?!

— Ele está bêbado. — Lorenzo disse tentando segurar uma risada. — Não tinha cavalo nenhum. 

— Bêbado? — Meu pai perguntou ironicamente indo até tio Nico. Tio Nico olhou para ele como se meu pai fosse a oitava maravilha do mundo, o que me fez rir alto. — Eu não acredito que você está fumando maconha com seu filho. 

— Ei! Comigo nada, eu só estava perto! — Lorenzo exclamou injuriado. Ele era totalmente contra drogas, bebidas e qualquer coisa que tirasse seu foco. 

— Você está sendo uma má influência. — Papai disse cruzando os braços numa falsa repreensão. 

— Você está chateado porque não chamei você para ir junto. — Tio Nico pontuou comendo outra porção de biscoitos. O enorme pote que estava cheio estava ficando perigosamente vazio. 

— Você cheira maconha?! — Perguntei completamente esbabacada. Lorenzo soltou uma gargalhada sonora, meu tio e meu pai me encararam como se houvesse crescido um terceiro olho na minha testa. 

— Maconha não se cheira, Jhenifer. No máximo se come, mas o usual é fumar. — Tio Nico murmurou franzindo as sobrancelhas. — Você não está dando educação para essa menina? 

— Eu fico super feliz em saber que minha filha não sabe nem como se usa drogas. — Papai disse com um sorriso orgulhoso. — Parabéns, querida.

Eu ri, não pude evitar. Naquele momento eu não me sentia tão vazia quanto antes. 

Família. O bem mais precioso que eu tinha. A culpa me tomou quando olhei entre papai e tio Nico. Melhores amigos, praticamente irmãos. Lorenzo e eu acabaríamos com aquela união se um dia descobrissem a verdade. 

Eu poderia lidar com aquilo? 

——————«•»——————

Eu não me lembrava muito de tio Luca. Na verdade, tudo que eu sabia dele fora contado e não vivido. O melhor amigo de tia Cinzia e tio Samael, o irmão mais novo que Tio Nico amava como um filho, o irmãozinho de tio Nino. Amigo de todo mundo, gentil até com uma pedra, aquele que todos amavam. Seria seu aniversário de trinta e seis anos se ele estivesse vivo, a mesma idade de minhas tias gêmeas e Samael. Era um dia triste, melancólico. Dois de janeiro, um dia depois do seu aniversário de morte. Tio Nico não estava bem, longe disso. Não falou com ninguém no café da manhã, não sorriu, não brincou. Tio Nino nem apareceu. Diferente de meus outros primos, Lorenzo, Devon e eu havíamos o conhecido, só que éramos tão novos que não tínhamos memórias reais dele. Ainda assim… Eu me sentia triste. Tão novo, com uma vida toda pela frente, e morreu sem viver nada daquilo. Deixou um amor, um amor que nunca conheci, afinal, Love Coleman nunca mais foi vista. Seu nome era mencionado em algumas conversas. Os Parisi tinham tentado contato, mas ela nunca respondeu. Agora, só restavam as lembranças de um homem que todos amavam, mas eu não me lembrava de ter conhecido. 

— Mãe, você está bem? — Giulia perguntou se supetão quando tia Cinzia atravessou a sala de estar sem dizer uma palavra. Estávamos sozinhas nos sofás, cada uma entretida em seu próprio celular. Tia Cinzia parou de frente para as enormes janelas e apoiou sua testa contra o vidro. Quando seus ombros tremeram, Giulia deixou o celular de lado e andou apressada até a mãe. Eu observei a pequena interação, o momento em que Giulia passou os braços ao redor da mãe e a abraçou apertado. Giulia não parecia mais ranzinza e ressentida; seu rosto se tornou suave e preocupado ao abraçar a mãe.

Ela não era uma pessoa ruim, nunca tinha sido, apenas era… Difícil de se lidar. Me levantei do sofá, me sentindo uma intrusa naquela reunião íntima, e caminhei para os jardins. Era nosso último dia em New York, os homens haviam saído, mas como sempre, Lorenzo havia se recusado a ir. Deitado na espreguiçadeira ao lado da piscina, sem camisa, exibindo o abdômen musculoso, ele era uma visão tentadora. 

— Tomando sol ou apenas se fingindo de morto? — Perguntei baixinho ao me aproximar. Meu primo continuou de olhos fechados, mas abriu um mínimo sorriso. 

— Os dois, talvez. — Lorenzo se ajeitou na espreguiçadeira e suspirou antes de abrir os olhos. As íris cinzas me fitaram de cima a baixo e eu me encolhi sob seu escrutínio. — Você vai voltar para Vegas amanhã? 

— Tenho que terminar o ensino médio. — Não que eu estivesse muito preocupada com isso. Dei de ombros. 

— As aulas só começam na semana que vem. — Lorenzo me lembrou. 

— Você não quer que eu volte com vocês amanhã? — Até um surdo poderia ouvir a aflição em minha voz. — Bom, você só precisa dizer e eu… 

— Eu não sei se eu quero que você volte e ponto. — Lorenzo se sentou na espreguiçadeira e cruzou as mãos sob o queixo. 

No fundo eu sabia que ele se ressentiria da nossa relação no minuto que perdoasse o pai, mas eu queria acreditar em suas palavras ditas no iate.

Os reais erros que cometi me levariam para o inferno, mas se Deus existe mesmo, ele não me puniria por amar alguém. Por amar você.

Não era verdade. Ele só me amou com tudo que tinha quando pensou que a pessoa que mais se importava no mundo não era o que ele achava. Eu sempre soube, mas eu não quis acreditar. No entanto, eu estava cansada de me humilhar. Eu estava cansada de ser a primeira a dar um passo a frente enquanto Lorenzo dava dois para trás. Eu reuni minhas forças, engoli o choro que ameaçava me derrubar, e respirei fundo ao encara-lo. 

— Eu preciso terminar o ensino médio. — Repeti, dando ênfase na palavra que deixava claro que eu não tinha escolha. Cruzei os braços contra o peito, talvez assim pudesse impedir meu coração se pular para fora. — Mas, não se preocupe. Irei dizer a tia Alessa que quero ficar na casa dela agora. 

Lorenzo me olhou surpreso e momentaneamente sem palavras. Eu quase ri ao perceber que ele não esperava isso de mim. Ele esperava que eu chorasse, que eu brigasse, que eu corresse atrás. Ele parecia não entender que não poderia brincar comigo e com meu coração pelo resto da vida. 

— Você não entende. — Lorenzo murmurou se colocando de pé lentamente. 

— Eu entendo. — Adverti. — Eu entendo e para mim, Lorenzo, você é um covarde. 

— Covarde? — Ele repetiu ultrajado. 

— Sim, covarde. Você acha que pode brincar com meu coração, que pode dizer que me ama e depois me desprezar. Você acha que eu sempre vou estar aqui, que sempre vou correr atrás. Você é um covarde por brincar comigo dessa forma. Então, se você quer que eu saía, eu vou sair. — As palavras se tornaram amargas em minha boca, mas eu não poderia voltar atrás. Nem mesmo quando vi a dor em seus olhos. — Se você quer que eu saía, eu saio. 

Mas, por favor… Não queira. Não queira, eu ainda não aprendi direito esse lance de não precisar de você. 

— Não quero que você saía. Não quero. Esse é o problema. Eu devia querer, mas não quero. — Lorenzo suspirou, o peito descendo e subindo rapidamente. — Eu me sinto traindo minha família, meu pai, tudo que eu amo e acredito. Mas eu não quero ficar sem você. 

— Se você não quer, então pare de me afastar. Pare de dizer coisas que me magoam, porque uma hora ou outra… Uma hora ou outra você vai me magoar mais do que eu possa aguentar e aí, eu não vou poder ficar. Uma hora eu vou ter que escolher entre te amar e amar a mim mesma e então, eu vou me escolher, Lorenzo. 

Eu não sabia se tinha forças para isso, mas eu não poderia dizer aquilo em voz alta. Eu precisava provar meu ponto e mais uma vez na vida me fazer de forte até para aquele eu amava. Lorenzo balançou a cabeça, parecendo agoniado. 

— Você não entende. Seu pai não é para você o que o meu é para mim. 

— Como assim? — Perguntei baixinho. Eu amava meu pai. Eu amava até mesmo minha mãe. 

— Ele é tudo para mim, Jhenifer. Tudo. Ele me ensinou tudo que eu sei, ele nunca ergueu a mão contra mim, ele nunca me tratou com nada menos que absoluto respeito. Ele sempre cuidou de mim, sempre me amou, sempre fez com que eu me sentisse amado. O medo que eu tenho de decepcionar meu pai chega a ser doentio, Jhenifer. — Lorenzo suspirou passando as mãos pelos cabelos escuros. — Eu não sei o que fazer. 

Meu coração se apertou perante a expressão dele. Tão vulnerável, tão triste. Se havia algo no mundo que eu não suportava era ver quem eu amava sofrer. 

— Eu… — As palavras falharam. Como eu poderia competir com o amor que ele sentia pelo pai? — Eu não tenho o que dizer. Eu não tenho motivos parecidos com os seus. Eu só quero viver o que temos pelo tempo que temos. Eu não quero que você se sinta mal… Por minha causa. 

Lorenzo riu desanimado, os olhos cinzas distantes. Ele era tão, tão lindo. Mesmo quando o desespero tingia sua expressão, ele era lindo. Sua pele branca era lisa, como se ele realmente cuidasse dela, mas eu tinha certeza de que ele nunca tinha passado um creme no rosto anguloso com as maçãs saltadas e lábios cheios. Lábios que eu queria beijar todos os dias. 

— Eu vou lidar com isso. — Lorenzo disse simplesmente. — Eu sei com que eu posso ou não viver. E eu definitivamente não posso viver sem você. 

O sorriso me veio junto das lágrimas. Era emocionante e feliz tê-lo comigo. Ouvi-lo se declarar mesmo quando parecia custar muito. 

— Eu te amo. — Sussurrei. Mesmo que houvesse poucas pessoas em casa e com um mar de distância entre nós, eu não poderia ousar dizer aquelas palavras em voz alta. Eu nunca poderia dizer aquelas palavras para o mundo todo ouvir. 

— E eu amo você. 

O que mais eu poderia querer? 

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