Corte de Amores e Segredos...

De ledaisyy

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Quando duas irmãs se veem caçando para sobreviver, enquanto o resto de sua família apenas aproveita do dinhei... Mais

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prologue
one - the begin
two - the beast
three - she isn't human
four - your majesty
five - brother from another mother
six - high lord
seven - my real me
eight - they were fine
nine - violet eyes
ten - you're shine
eleven - what are you?
bonus - her
twelve - back to the old house, or hell
thirteen - hello, did you miss me?
bonus - I lost
fourteen - they need us
fifteen - under the mountain
sixteen - all this for a riddle
seventeen - a deal, that's all
eighteen - sweet dream
nineteen - balls and wines
twenty - we were supposed to be dead
twenty one - no, one it's enough
bonus - she is... was my sister
bonus - i felt her dying
bonus - she cannot go
epilogue
thanks
new book

twenty two - i can rest now

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De ledaisyy

Eu posso descansar agora

Meu coração estava estranhamente calmo quando a porta da cela foi aberta. Rhys havia conseguido se esgueirar para dentro da cela uns minutos antes já que agora ele sabia onde eu estava e Amarantha havia o liberado de sua espécie de confinamento. Nossa conversa não foi mais alta do que sussurros, algumas vezes apenas pelas nossas mentes – quando sentíamos alguém passando pelo corredor ou apenas para deixar certas coisas para nós –. Os último momentos de paz que eu sabia que teria. 

Ainda vestia a túnica e a calça da segunda tarefa. Elas estavam manchadas e rasgadas, e eles pareciam adorar isso. Os guardas me escoltaram até o salão do trono, nunca me relando – um breve lembrete que a ordem de Rhys ainda funcionava –, mas perto o suficiente para que eu não tentasse nada. 

Encontramos Feyre em um dos corredores e a única coisa que me impediu de abraçá-la foi os dois guardas que entraram na minha frente. Sua roupa parecia pior que a minha e ela parecia mais magra do que eu, e desejei do fundo de mim que aquela música que eu escutava também tivesse chegado a ela. Mas ainda assim meu coração permaneceu calmo, não importava o que acontecesse, era como se ele abraçasse com agrado o futuro incerto. 

As portas do salão se abriram e, diferentes das outras vezes, foi o silêncio que nos recebeu. Nenhuma provocação ou grito, nenhum ouro reluzindo conforme os feéricos faziam apostas, apenas o silêncio. Eles nos encarando quase como se pudessem ver através de nós, os mascarados ainda mais atentos. 

Esse mundo estava em nossas mãos. Todo o futuro deles dependia de mim e Feyre, se conseguiríamos terminar a terceira tarefa – o enigma há muito esquecido. 

Alguns dos feéricos levaram os dedos aos lábios e depois estenderam as mãos para nós; era um gesto para os caídos, um adeus aos mortos honoráveis. Algo simbólico para todos, igual deixar a água levar o corpo morto era simbólico para a Corte Estival. Conforme andávamos eles abriam caminho, direto até o trono e Amarantha. Tamlin ocupava seu lugar de sempre, o rosto inexpressivo, e a rainha sorriu quando paramos ao lado do trono. 

— Duas tarefas vocês já deixaram para trás — disse Amarantha, limpando um grão de poeira do vestido vermelho-sangue. A coroa dourada reluzia quase sumindo no meio dos cabelos ruivos. — E falta apenas uma. Imagino se será pior fracassar agora, quando vocês estão tão perto. — Ela fez um biquinho, e todos esperamos as gargalhadas dos feéricos. 

Mas poucas gargalhadas saíram dos guardas de pele vermelha. Todo o resto permaneceu em silêncio, até mesmo os irmãos de Lucien; até mesmo Eris, que jurei que riria depois do que eu havia feito. Mas todos eles enfrentariam nossa potencial morte com o resto de dignidade que lhes restava, porque se não conseguíssemos realizar a terceira tarefa, Feyre e eu havíamos sido apenas uma faísca em comparação a explosão que seguiria depois. 

Amarantha olhou para o público com raiva, mas quando seu olhar recaiu sobre nós, ela deu um sorriso largo, amável. 

— Alguma palavra antes de morrerem? Podemos começar com você, Feyre. 

O silêncio era tanto que parecia ser possível escutar a mente de Feyre trabalhando. Pensando em inúmeras coisas para dizer, nenhuma sendo realmente importante agora. 

— Amo você — declarou, seus olhos fixos em Tamlin. — Não importa o que ela diga a respeito disso, não importa se é apenas meu tolo coração humano. Mesmo quando queimarem meu corpo, vou amar você. — Seus lábios tremeram e lágrimas começaram a descer pelo seu rosto, Fey não fez questão alguma de secá-las. A imagem da minha irmã chorando me deixou mais perto de desabar. 

Tamlin continuou em seu estado deplorável; nem mesmo reagiu nem apertou o braço do trono como costumava fazer. Se aquela era a forma dele suportar tudo isso, ele morreria dentro dessa montanha. 

Amarantha falou, com meiguice, e fiz tudo de mim para não transformar a água que eu sentia em lobos e atacá-la ali mesmo. 

— Terá sorte, minha cara, se sequer sobrar o bastante de você para queimar. 

Se ela esperava que suas palavras fossem abraçadas com risos e aplausos, seu plano tinha falhado. A multidão continuou em silêncio. Aquilo foi um presente que me deu mais coragem. Eu mesma faria questão de matá-la e não importaria se eu caísse junto, não me deixariam morrer sozinha. 

O olhar da ruiva se voltou para mim e seus olhos brilharam em ansiedade e malícia. 

— E você, Layla, alguma coisa a nos dizer? 

Apenas a encarei seriamente por um momento, sem dizer nada, ódio preenchendo meu peito, antes de dar de ombros. Quase como se não ligasse se aquelas seriam as últimas coisas que sairiam de mim, iria atingi-la da mesma forma. 

— Não preciso me preocupar com isso. A montanha já sussurrou o que eu falaria. 

Todos continuaram em silêncio, nem mesmo um sussurro. Isso só fez aumentar a ideia do que a montanha sussurrava: uma promessa de morte. 

Os olhos da rainha brilharam com raiva. Era seu próprio veneno sendo usado contra ela mesma. E ela sabia que não tinha como fugir, não era apenas um blefe, Amarantha sabia o que aconteceria, apenas tentava adiar. Ela tentou disfarçar sua postura caindo, mas no silêncio que todos estavam era a mesma coisa que uma piada fazê-lo – todos já haviam percebido –, o que apenas deixou-a mais raivosa. O queixo apoiado na mão quando voltou a falar, desviando o assunto.

— Vocês não desvendaram meu enigma, não é? — não respondemos, e ela sorriu. — Que pena. A resposta é tão adorável. 

— Acabe logo com isso — grunhiu Feyre, e mesmo num momento como este, uma pequena pontada de orgulho se instalou em mim. Ela também não cairia sem lutar. 

Amarantha olhou para Tamlin. 

— Nenhuma última palavra para ela? — Quando Tamlin não respondeu, ela sorriu para Fey. — Muito bem, então. — Amarantha bateu palma duas vezes. 

A porta se abriu, e seis figuras – três homens e três mulheres –, com sacolas marrons amarradas na cabeça, foram arrastadas pelos guardas. Os rostos escondidos se viraram para todos os lados conforme tentavam discernir os sussurros que irromperam pelo salão do trono. Meu coração começou a acelerar pela primeira vez quando se aproximaram. 

Com golpes fortes e empurrões bruscos, os guardas de pele vermelha obrigaram os feéricos a ficarem de joelhos, ao pé da plataforma, mas de frente para nós – dois homens e uma mulher para Feyre, um homem e duas mulheres para mim –. Os corpos e as roupas não revelavam quem eram.

Amarantha bateu palmas de novo, e três criados vestidos de preto surgiram ao lado de cada um dos feéricos ajoelhados. Nas mãos pálidas e longas, eles levavam, cada um, uma almofada de veludo escuro. E, em cada almofada, havia uma única adaga de madeira polida. Com a lâmina não de metal, mas de freixo. Não foi necessário mais que isso para eu sentir meus joelho tremerem e minha respiração falhar. 

— Sua última tarefa, humanas — cantarolou Amarantha, indicando os feéricos ajoelhados. — Apunhalem cada uma dessas infelizes almas no coração. 

Eu não a encarei, não conseguia desviar minha atenção dos feéricos ajoelhados. Minha mente girava sobre o que estava acontecendo, imaginava que a terceira tarefa tiraria tudo de nós, mas não havia pensando, nem por um segundo, que seria algo assim. Era quase como matar uma parte de mim junto. Estávamos aqui para uma tentativa de liberá-los do pesadelo, e eles seriam libertos, mas não estariam aqui para viver essa liberdade. A vida tirada há muito antes. 

— Eles são inocentes, não que isso devesse importar para vocês — continuou ela, sua voz parecia zombar de nós. — Pois não foi uma preocupação quando mataram as pobres sentinelas do Tamlin. E não foi uma preocupação para o querido Jurian quando ele assassinou minha irmã. Mas, se é um problema... bem, pode se recusarem. É claro que vou tomar a vida de vocês em troca, mas um acordo é um acordo, não é? Se me perguntar, no entanto, considerando seus históricos em assassinar nosso povo, acredito que estou oferecendo um presente. 

Ela poderia falar e falar e eu não escutaria. Só conseguia pensar em quem seria os feéricos ajoelhados, quem mais morreria por causa da vingança idiota de Amarantha. Não havia visto Lucien e Lene no meio da multidão, não havia visto Rhys também. O mero pensamento de ser um deles ali lançou um arrepio pela minha espinha e me segurei ao máximo para não deixar minhas pernas cederem. 

Eu só precisava distraí-la e então usaria o silêncio ao meu favor. Alis e Lucien haviam me falado para usar isso ao meu favor, esgueirar-se nas sombras, fazer silêncio e atacar por trás. Eu havia matado um Attor no primeiro dia que pisei nessa montanha, eu poderia, eu tinha que fazer isso. 

Feyre se aproximou da primeira figura ajoelhada na sua frente primeiro, e eu desliguei minha mente disso. Fechei meus olhos e deixei meus pensamentos caminharem até uma oração. Pedindo à Mãe e ao Caldeirão que protegessem o que quer que seguiria disso, e que acolhessem a vida dos feéricos inocentes que haviam morrido. 

Não registrei quando minhas pernas começaram a andar, ou quando me ajoelhei na frente do primeiro feérico e muito menos quando minha mão se fechou ao redor da adaga. O freixo não me machucava, e agradeci minha parte humana por isso. Ao meu lado, Feyre também tinha a adaga na mão e nós duas estávamos prontas para empunhá-las no coração de quem quer que fosse antes da voz de Amarantha nos interromper. 

— Não tão rápido — Amarantha riu, e os guardas que seguravam a primeira figura de joelhou arrancaram-lhe o capuz do rosto. Um belo rosto de uma fêmea aparecendo, olhos azuis como os meus um dia foram e naquele momento eu senti que nunca mais poderia ver meus olhos assim de novo. — Assim é melhor. Prossigam e aproveitem. 

Os sussurros do feérico que estava ajoelhado na frente de Feyre enchiam minha cabeça e eu realmente não sabia se eu conseguiria matá-lo, não quando ele implorava. Fechei meus olhos novamente e deixei minha mente vagar para um lugar longe dali e minha voz se tornou um sussurro baixo e doce quando abri os olhos novamente, encarando o azul que um dia estava em mim. 

 — Que o Caldeirão lhe salve — minha voz era única para a mulher na minha frente, seus olhos se arregalaram e uma lágrima solitária escorreu de seu rosto. Aquela era uma pequena demonstração que eu não era totalmente humana, não quando podia conhecer a oração deles tão bem, e seu coração pareceu se acalmar. — Que a Mãe lhe assegure. Passe pelos portões e sinta o cheiro da terra imortal de leite e mel. Não tema o mal. Não sinta dor. Vá e adentre a eternidade. 

A feérica sussurrou o final comigo. Ela havia aceitado a própria morte, era um pedido para que não demorasse. Escuridão se formou perto do trono e, então, Rhys surgiu, de braços cruzados, o rosto era uma máscara de desinteresse; não senti nada, mas Feyre soltou um suspiro baixinho. E por mais que vê-lo ali tivesse acalmado alguma parte de mim, por saber que ele não era um dos feéricos ajoelhados, era nada em relação ao que senti quando deixei a adaga atravessar carne e osso da mulher, o sangue escorrendo e banhando minha mão. De pálida para vermelho brilhante. 

Soltei a adaga e dei um passo para trás, tentando, inutilmente, acalmar a mim mesma. O peso do que estava acontecendo caindo sobre minha costas e fazendo-me agarrar ao chão para evitar cair. E me permiti chorar na frente dos outros, lágrimas escorrendo silenciosamente pelo meu rosto, um contraste gigante com o soluço que veio da multidão quando a adaga de Feyre encontrou o coração do macho a sua frente. 

Eram três adagas porque Amarantha queria que sentíssemos a agonia e o peso de levar a mão a faca todas as vezes. O capuz era retirado dos feéricos porque ela queria que lembrássemos pelo resto de nossas vidas de seus rostos. Ela queria que significasse algo. 

O próximo capuz fui retirado e o rosto de outra mulher apareceu. Seus olhos suplicavam para que eu não a matasse, vagando rapidamente do corpo morto ao seu lado para a adaga largada no chão e para minha mão coberta de sangue – quase não podia suportar o calor grudento –. Isso era diferente de caçar, de mirar uma flecha direto no estômago de um animal e esperar enquanto a vida lentamente deixa seus olhos. 

Eu quis poder dizer sinto muito aquela primeira fêmea, a essa segunda e ao terceiro macho. Queria ter me desculpado com Ankor e Andras, mas há muito eles estava mortos. O peso de suas mortes finalmente caindo em mim; antes parecia menos pior pensando que eles estavam como lobos, mas eu sabia que eram feéricos e atirei a flecha do mesmo jeito. Era assim tão diferente do que estava fazendo agora?

A fêmea implorava em sussurros para que não a matasse. Meu cérebro apenas captando as palavras não e por favor. Comecei a sussurrar a oração novamente, como se aquilo fosse impedir que os outros me amaldiçoassem, como se fosse impedir que a morte deles machucasse tanto. Eu era uma tola ao pensar que isso aconteceria. 

Amarantha sorria enquanto nos observava, enquanto observava mais dois corpos caírem. A multidão começava a se agitar, mexia-se, sussurrava e chorava. Minha segunda adaga fez um baque surdo quando deixei-a cair no chão, o sangue manchando o cabo polido parecia quase uma piada. Esse mesmo sangue escorria por minha mão e meu braço, pingava na minha roupa e no chão, e as lágrimas que escorriam do meu rosto misturavam-se a ele fazendo-o escorrer mais. 

Ousei olhar para Rhys, apenas para encontrar sua atenção toda fixa em Amarantha. 

Mais dois feéricos. Era isso que faltava para uma possível liberdade. Dois machos e mais duas adagas restantes. Uma para mim e uma para Feyre. 

Usei a costas da mão meio limpa para enxugar um pouco das lágrimas que embaçavam minha visão. Fechei os olhos e respirei profundamente. Uma pessoa, só mais uma. Só mais um movimento do meu braço em direção a adaga e ao coração de alguém. E eu ainda estava viva, Feyre ainda estava viva. A gente podia fazer isso, poderíamos sair vivas. Só precisava segurar mais uma adaga e depois os Grão-Senhores que se virassem, eu estaria presa em mim mesma para poder me mexer. E isso não importava, porque eu e Feyre sairíamos vivas de Sob a Montanha. Mas por enquanto eu precisava fazer isso. Eu precisava...

— Não... 

Minha voz falhou antes mesmo de terminar a palavra. Meus olhos se arregalando em choque e medo enquanto observava o terceiro feérico, o capuz agora tirado do rosto. Não podia ser, tinha que ser uma brincadeira, não podia ser ele. 

— Lucien — não era mais que um sussurro e ninguém havia escutado. Lágrimas realmente começaram a escorrer do meu rosto agora. 

O cabelo ruivo era parecido demais, a pele escura era parecida demais, o olho vermelho e o olho de metal eram parecidos demais. 

Balancei a cabeça inúmeras vezes, não acreditando no que estava na minha frente. Vai sumir, pensei enquanto fechava o olho e levava as mãos em direção a minha têmpora. Vai sumir, é apenas sua mente pregando uma peça em você. Vai sumir no instante em que abrir os olhos. Mas não sumiu. Abri os olhos e Lucien continuava me encarando com terror. Seu olho de metal girando violentamente. 

Virei a cabeça para encarar Feyre quando escutei um arquejo vindo dela. Meus olhos, para minha própria surpresa, se arregalando vendo Tamlin ajoelhado. Feyre tropeçou em seus próprios pés enquanto se afastava, negando. 

Era real, então. Era realmente Lucien e Tamlin os últimos feéricos que tínhamos que apunhalar. 

O Tamlin que estava sentado no trono se transformou no Attor depois de Amarantha ter estalado os dedos rindo. 

Naquele momento, algo clicou em mim. Não importava o que acontecesse, não importava se os Grão-Senhores ajudariam ou não. 

Uma de nós morreria. 

Nossa morte havia sido traçada ali, bastava escolher quem seria. Era quase como uma roleta russa; Amarantha era o atirador testando nossa sorte. 

— Algo errado? — perguntou Amarantha, inclinando a cabeça. 

— Não... Não é justo — Feyre falou, a voz baixa.

O rosto de Rhys tinha ficado muito, muito pálido. Ele já estava muito pálido ao ter que viver aqui, mas qualquer resquício de cor havia sumido. 

— Justo? — disse Amarantha, divertindo-se, brincando com o osso de Jurian no colar. — O que mesmo vocês haviam falado sobre justiça? Um acordo deve ser benéfico para os dois lados. Vocês terão a maldição quebrada, mas do que adiantaria ao saírem daqui sozinhas? Trágico, na verdade. No entanto, há alguns meses, vocês odiavam nosso povo a ponto de nos massacrar; então, certamente vão superar isso com facilidade. — Ela deu tapinhas no anel. — A amante humana de Jurian o superou. 

Suas palavras entravam e saiam pelo meu cérebro enquanto eu encarava Lucien. Seus olhos brilhavam com algo não dito, algo que talvez ele não pudesse dizer, e revirei todas as conversas em Sob a Montanha e na Corte Primaveril, procurando qualquer coisa que pudesse me ajudar. Eu havia caminhado entre os feéricos sem eles perceberem, usado as sombras e o silêncio ao meu próprio favor, usado dos meus poderes para me ajudar. Conversas começavam a ligar uma nas outras, pequenos detalhes que passaram despercebidos fazendo muito sentido agora. 

Amarantha não faria acordos que não fossem vantajosos para ela. 

Um acordo deveria ser benéfico para os dois lados. 

A voz de Lucien ecoou em minha mente. Para alguém com o coração de pedra, o seu certamente anda molenga ultimamente. 

As palavras de Feyre depois do encontro com o Attor na Primaveril. A criatura havia dito que Tamlin tinha um coração de pedra, mas que ainda guardava medo dentro dele.

Amarantha desejava Tamlin, ela não o mandaria para a morte. Tamlin não morreria. Tudo porque ele tinha um coração de pedra. Não era apenas uma metáfora. 

Olhei para Feyre e a mente dela parecia trabalhar, fazendo o mesmo que a minha, revirando e revirando memórias. Disfarçadamente apontei para onde ficaria meu coração e para o chão, rezando à Mãe para que ela entendesse. 

Continuei revirando conversas, imaginando no que isso poderia me ajudar com Lucien. Agora só faltava um. Feyre perceberia, ela era esperta e faria as mesmas ligações que eu. Mas nenhuma das conversas que eu ouvi fez uma conclusão como o coração de pedra de Tamlin servir para Lucien. 

Os sentidos e sentimentos são o que devemos usar em alguns momentos, apenas sabendo quando exatamente usá-los. Rhys havia dito isso mais cedo, mas de que raios adiantava? 

Conversas de sentinelas da Primaveril, de criados da mansão, de feéricos que moravam na mansão ou nos arredores, de Lucien e Tamlin. Tudo que eu havia escutado enquanto me escondia passando por mim. Fofocas inúteis, em sua maioria. 

Sentimentos enganam. As vezes algo parece óbvio, mas não vemos por causa de malditos sentimentos. Lucien uma vez havia dito isso enquanto conversava com Tamlin. Foi uns dias depois do Calanmai, eu havia os seguido porque queria descobrir algo sobre o loiro, simplesmente porque estava irritada. 

O grito de Tamlin me desviou da minha própria mente. Virei a cabeça muito rápido para ver o que tinha acontecido e tive que firmar minha mão no chão quando as coisas ao meu redor começaram a girar um pouco. Levou poucos segundos para minha visão voltar ao normal e eu poder entender o que tinha acontecido: Feyre havia cravado a adaga no peito de Tamlin, a ponta quebrada, o ferimento no peito de Tamlin já cicatrizava. Ela havia entendido, então. 

A multidão voltou a murmurar, Amarantha ficou de pé, e Rhys sorria de orelha a orelha no pé da plataforma. 

A maldição não acabaria porque ainda faltava um último feérico. Mas eu só precisava de um pouco mais de tempo para terminar de entender o que as conversas que tinha ouvido significavam. A maioria das coisas que me ajudaria seria coisas escutadas em Sob a Montanha durante os bailes noturnos. 

Caminhei em direção a Lucien, sangue pingando da minha mão, minha mente girando. Meus passos foram lentos demais, eu só precisava ganhar tempo. 

Estava aqui porque queria libertar pessoas com que me importava. Queria libertar Lucien e Lene de início, depois adicionei Rhys a lista. E porque eu não poderia deixar Feyre entrar aqui sozinha, e ela queria libertar Tamlin. 

Senti minha mão fechar no cabo da adaga enquanto me agachava, os olhos de Lucien arregalando-se em terror enquanto me observava. Um dos guardas havia arrastado Feyre para longe, segurando-a pelos braços. 

Eu não podia matar Lucien. Eu queria correr até Feyre e abraçá-la. Queria puxar Rhys para perto e dizer que tudo ficaria bem. Queria achar Lene e falar que ela estava livre. 

A morte dos feéricos tinha doído por um motivo.

Eu queria fazer essas coisas por um motivo. 

E não importava qual era o enigma, eu nem mesmo conseguia lembrar, porque sentimentos mudam o óbvio. E eu precisava jogar com sentimento agora. Todo o jogo que acontecia em Sob a Montanha girava em volta de um sentimento. 

— Amor — sussurrei, nem mesmo acreditando que o pesadelo chegaria ao fim. — A resposta é amor. — Eu estava ajoelhada na frente de Lucien, a adaga pairando entre nós; disfarçadamente a empurrei para baixo da manga da blusa e me levantei, virando-me para encarar Amarantha. O rosto dela se contraiu em descrença. — A resposta do enigma é amor. — Falei, minha voz agora alta para todos escutarem. Um barulho veio do meu lado e sorri enquanto via a máscara cair do rosto de Lucien. — A maldição acabou. A adorável resposta era amor. Que fofo. Quem diria. 

Máscaras caiam por todo salão. Feéricos arfavam enquanto seus poderes voltavam. Os Grão-Senhores se encaravam enquanto sentiam todo o poder voltar a seus corpos, seus sangues. Rhys sorria enquanto me encarava, escuridão o circulando, as estrelas dos seus olhos mais aparentes. 

Os dedos de Amarantha se contraíram em garras enquanto ela descia os degraus da plataforma, o olho de Jurian estava desesperado dentro do anel – as pupilas se dilatavam e se contraíam. 

Feyre ainda estava presa nos braços do guarda, mas ele não parecia estar carregando nenhuma faca. Amarantha vinha em minha direção, eu era seu alvo principal desde o momento em que invadi esse mesmo salão e a forcei mudar os termos do acordo. Tudo que minha mente fraca podia pensar era em defender Feyre, a maldição havia acabado e ela poderia ser livre, poderia viver sua vida feliz que sonhou com Tamlin. E eu teria que ficar feliz por ela, mesmo que o odiasse, e eu teria que cuidar de Lucien de onde quer que eu fosse. Porque eu não acreditava, nem por um mísero segundo, que a Mãe me deixaria entrar em sua terra, não importa quantas vezes eu tivesse orado.

— Você. — Sibilou ela para mim. Os dentes de Amarantha reluziram, ficaram afiados. — Vou matar você.

Mal consegui registrar o que aconteceu depois. Em um momento estava tentando achar aquele poder dentro de mim, no outro algo me atingiu e caí no chão. A dor que me invadiu parecia quebrar todos os ossos que existiam em mim, um grito escapou da minha garganta enquanto uma de minhas costelas quebrava. 

— Vou fazer com que pague por sua insolência — grunhiu Amarantha, a dor em meu corpo ficando mais forte a cada segundo. — E depois vou matar a outra garota. Sua irmã, não é? Qual será pior, deixá-la assistir sua morte ou você assistir a dela? 

Um grito saiu de Feyre enquanto ela caia no chão e me arrastei aos poucos em sua direção. Eu só precisava garantir que ela ficasse bem. 

Os Grão-Senhores pareciam estar passando pelo mesmo problema que eu em relação aos poderes, os que conseguiam acessá-los com mais dificuldade afastava a multidão, os outros faziam seus poderes rastejar em nossa direção. Pude sentir algo tentando me curar, tentando consertar os ossos quebrados e voltar a minha mente para o lugar, mas meu corpo doía tanto que não conseguia distinguir quem era, qual das cortes tinha o poder de cura. 

Amarantha estava cega de raiva, mal percebendo o que acontecia ao seu redor. Definitivamente não percebendo que nos pequenos deslizes que eu dava pelo chão, estávamos cada vez mais perto da parte escura do salão – onde a luz não chegava –, o lugar perfeito para eu poder me esconder enquanto o Grão-Senhor que me curava terminar e minha própria magia feérica agir. 

Um grito escapou da minha garganta de novo quando outra costela foi quebrada. 

Layla! — gritou alguém. Não, não alguém: Rhysand. 

A ferida de Tamlin ainda se fechava devagar. O que quer que estivesse naquela montanha fazia a magia agir mais devagar, mesmo quando a maldição havia acabado. 

— O que você é, senão lama e ossos e alimento para vermes? — vociferou Amarantha. — O que você é em comparação com nosso povo, para achar que é digna de nós? 

Quis gritar que era uma deles também. Que tinha muito mais dignidade sendo uma mestiça do que ela poderia ter. Mas outro grito de Feyre desviou minha atenção, seguido por um de Lucien. 

— Feyre! — Lucien tentava chegar em uma das adagas, mas todas haviam sido chutadas para longe, quando Feyre gritou e ele não hesitou em ir correndo na direção dela. Ele conseguiria lidar com o guarda, Fey agora ficaria bem. 

Eu queria fechar os olhos. Queria deixar que a escuridão me engolisse. Queria deixar que a consciência saísse do meu corpo. Queria descansar. Mas ver Rhys se agachando ao lado de Tamlin, não para ajudá-lo, mas para pegar a adaga quebrada, me fez querer voltar um pouco ao controle. Não o suficiente, no entanto. 

— São todos porcos, todos porcos imundos e ardilosos. — Chorei entre gritos quando o pé de Amarantha atingiu minhas costelas .— Seu coração mortal não é nada para nós. 

Então, Rhys se levantou, com a faca ensanguentada nas mãos. Ele disparou contra Amarantha, ágil como uma sombra, a adaga de freixo apontada para a garganta dela. Amarantha ergueu a mão – sequer se incomodando em olhar –, e Rhys foi atirado para trás por uma parede de luz branca. 

Mas a dor parou por um segundo, tempo o suficiente para que eu o visse atingir o chão e se levantar de novo, e avançar contra Amarantha – com mãos que agora terminavam em garras –. E tempo suficiente para eu me afastar e me esconder na escuridão. Longe da vista de qualquer um agora. 

Rhys se chocou contra a parede invisível que Amarantha tinha erguido em volta de si.

 — Sua imundície traidora — disse Amarantha, fervilhando, para Rhysand. —Você é tão ruim quanto essas bestas humanas. — Uma a uma, como se a mão de alguém as empurrasse, as garras de Rhysand se retraíram para dentro da pele, deixando sangue em seu rastro. Ele xingou, baixinho e cruelmente. — Você estava planejando isso esse tempo todo. 

A magia de Amarantha atirou Rhys pelos ares e, então, o golpeou de novo; com tanta força que a cabeça dele se chocou contra as pedras e a faca caiu de seus dedos abertos. Ninguém fez menção de ajudá-lo, e Amarantha acertou Rhysand mais uma vez com a magia. O mármore vermelho se rachou onde Rhys bateu, as rachaduras espraiando até mim. Onda após onda, Amarantha o golpeou. Rhys gemia. 

— Pare — Feyre sussurrou, o guarda já morto ao seu lado, Lucien ajudando-a a não sucumbir a escuridão. Tamlin ainda arfava baixinho, o ferimento começando a fechar melhor agora. — Por favor. 

Os braços de Rhys cederam enquanto ele tentava se levantar com dificuldade, e sangue escorreu de seu nariz, pingando no mármore. Os olhos de Rhys buscaram por mim, mas eu já era parte da escuridão. Minha própria magia tentava em vão consertar alguns dos machucados, nem o poder de cura – que agora lembrei ser da Crepuscular – conseguia me curar. 

— Pare? Pare? Não finja que se importa, humana — cantarolou ela em direção a Feyre, seus olhos se arregalando quando ela olhou para trás e não me viu. Seu olhar vagou por todo o salão e não me encontrou, o olho de Jurian girava no anel. — Onde você se enfiou, Layla? Não pode ter saído daqui no estado deplorável em que está. 

Podia sentir minha magia voltando aos poucos, já podia sentir novamente a água que estava por perto. Deixei-a vir até mim, deixei-a me rodear, a sensação me deixando melhor. Estava em território conhecido: escondida na escuridão e com a água ao meu redor. 

— Não — gritei, enquanto dava o meu melhor para correr entre a escuridão. — Realmente não posso sair daqui, mas você não pode me ver, também. 

Sua cabeça girava de um lado para o outro, tentando, inutilmente, me achar. Eu estava no lugar que conhecia melhor, ninguém me acharia ali até que eu mesma saísse. 

Contornei a sala toda pela escuridão enquanto falava com ela. Às vezes deixava minha voz mais alta, às vezes a abaixava, apenas para ela não saber ou entender onde eu estava. Transformei a pequena água que me cercava em lobos, um de água que o soltei quando estava à direita dela, outro de neve que soltei quando estava na sua frente. 

— Sabe o melhor de ser humana, Amarantha? — ri, observando-a lidar com os dois lobos, a dor das costelas quebradas aumentando um pouco. — Você conseguiu acreditar fielmente no que viu, sem se questionar por um segundo — podia sentir o cabo da adaga no meu braço, era a única adaga limpa e eu teria o maior prazer de sujá-la com o sangue da ruiva. — Ser humana faz meu cheiro ser normal. Faz os trouxas se enganarem. Mas sabe o melhor de ser mestiça? Você consegue disfarçar seus dois lados, e consegue saber exatamente como um humano e um feérico pensa. — O peso da faca na minha mão me deu uma sensação confortável, eu poderia lutar de volta, mesmo com algumas costelas quebradas. — E você pode ter sido abençoada igual eu, ter tido poderes que a ajudariam a esconder um de seus lados. 

Meu cabelo estava azul, minhas orelhas pontudas e pouco importava a cor de meus olhos – se estivessem azul eu não conseguiria encará-los de qualquer jeito –. Ela continuava lutando com os lobos, a multidão agora tentava me procurar também, queriam entender o que estava acontecendo. Quando sai da escuridão a água me rodeava e, antes de qualquer um poder arfar ou soltar um suspiro, fiz com que a água seguisse em direção a Amarantha, rodeando-a e prendendo-a. Os lobos voltando para o meu lado enquanto eu seguia na direção dela. 

— Não são apenas humanos que confiam em seus sentidos. Você confiou e não percebeu o que estava mantendo presa. — Seus olhos se arregalaram quando ela conseguiu se virar para mim, eu havia usado as sombras e o silêncio para parar atrás dela, e agora ela podia ver a feérica que vivia em mim. — Eu fiz uma promessa no primeiro dia e pretendo cumpri-la — levantei um dedo em sua direção, uma breve menção ao que havia acontecido. — Eu disse que te mataria. 

Minha mão com a adaga seguiu o caminho direto para seu coração. Ela era a última feérica que eu precisava matar agora. Ela seria a última morte que aconteceria nessa montanha. O sangue dela seria o último a escorrer e a sujar uma adaga. 

Mas para alguém que prendeu os sete Grão-Senhores por 50 anos uma morte assim seria quase uma piada. E ela sabia disso quando deixou que a magia dela se soltasse e destruísse a espécie de gelo que a cercava e os lobos. 

Suas mãos foram direto para o meu pescoço quando caímos no chão. Seus joelhos seguravam meus braços no chão, impedindo-me de mover, minha mão soltando inconscientemente a adaga. Feyre gritou por mim, tentou correr em minha direção, mas Tamlin a segurou no lugar e depois segurou Lucien quando ele tentou vir me ajudar também, falando algo para os dois que mesmo com a audição feérica eu não pude ouvir. Rhys tentou se levantar, mas ele estava machucado demais para sequer pensar nisso. 

— Pode ser uma feérica, — Amarantha cuspiu as palavras, a respiração dela falhando em momentos errados — ou mestiça, ou humana. Seu coração ainda é mortal. 

Aos poucos, como um livro, lembranças foram passando por minha cabeça, na grande maioria de meu pai e minha mãe e meu irmão. De um vida tranquila. Se eu os visse depois que morresse, se a Mãe deixasse pelo menos isso acontecer, então tudo estava certo. Eu poderia aceitar isso. 

Minha visão já estava turva, meus ouvidos zuniam, e o ar parecia há muito ter sumido dos meus pulmões. Não me restava mais nada. 

As lágrimas começaram a cair, e eu quis faze-las parar. Aquele era o momento final e a última coisa que veria seria o cabelo ruivo de Amarantha e suas mãos em meu pescoço. 

Eu não poderia subornar a Mãe para me deixar entrar na terra de leite e mel, não poderia suborna-la para me deixar ver minha família.

Eu já estive nessa situação antes, do ar sumindo dos meus pulmões, das lágrimas caindo descontroladamente. Estive quando meu pai e meu irmão morreram, depois quando minha mãe morreu, e estive cada vez que minha mão se levantou para pegar uma adaga e depois se abaixou no coração de um feérico. Então, do que eu estava fugindo? 

Aos poucos a visão da minha família aparecia na minha frente, até Nestha e Elain estavam ali. Todos haviam ido me ver. Era algum tipo de sinal? Eu poderia entrar na terra da Mãe? Eu precisava parar de chorar e me concentrar na visão das minhas irmãs juntas e felizes que tudo ficaria bem. Eu quase podia escutar alguém sussurrando que o fim estava próximo, mas que tudo ficaria bem. Não era Amarantha, então. 

Algo sussurrou dentro de mim. Vamos nos encontrar novamente. Eu prometo. O sussurro veio junto com um céu estralado. Era bonito, mas eu não sabia da onde era ou de quem era.

Seja quem fosse, eu sussurrei de volta, porque parecia certo. Eu vou encontrar você no próximo mundo. 

Parecia loucura. Mas parecia o melhor momento da minha vida. Meu irmão estava ali, me esperando de braços abertos e eu corri para o abraço ele. Era como casa. Eu tinha que entrar mais fundo naquela sensação, tinha que ir embora para aquele lugar onde ao fundo minha mãe e meu pai me esperavam. 

Mas algo me trouxe de volta, apenas um pouco, e mudou todo o curso da minha mente. Parecia um cheiro doce que me fez voltar um pouco a consciência, o cheiro de Feyre, mas logo foi embora e meus pensamentos foram parar em outro lugar. 

Minha mente viajava para o corpo de meu pai e meu irmão jogados na porta de casa, a confissão de Amarantha sobre o assassinato deles. O feérico que havia chegado na Corte Primaveril já a beira da morte porque ela havia causado isso. O amigo de meu pai, reconhecendo-me nos últimos instantes, morrendo logo em seguida por causa dela. As sentinelas transformadas em lobos, que estavam lá porque se ofereceram a isso, porque significava uma chance de escapar dela. Os inúmeros pesadelos que eu tinha onde ela aparecia, minhas irmãs mortas em seus pés, eu morta. O corpo de Clare pregado na parede, morta porque ela não poderia suportar a ideia de ver seu reinado caindo. Paige em uma cama de hospital, porque ninguém poderia confrontar seu poder. 

Todos inocentes e vítimas da mesma pessoa. 

Isso me trouxe de volta. Não conseguia enxergar muita coisa, mas conseguia identificar um borrão vermelho na minha frente. Ela era a pessoa que havia matado todos os outros, e agora me mataria também.

Não. Isso não podia acontecer. 

Não sei com que força agarrei a adaga, ela parecia ter me abandonado fazia muito tempo. Meus ouvidos não registravam mais nada. Nem sabia se conseguia falar ainda. A adaga fez um corte baixo na direção do pescoço de Amarantha, ela fincou e o sangue começou a correr, mas não foi rápido o suficiente para impedir a luz que explodiu na minha direção. 

Minha mente voltou a girar, o ar sumiu de vez do meu corpo e eu pude sentir algo estalando, uma forte dor perto do meu pescoço. Meus olhos se fecharam e meu ouvido parou de zumbir, mas não escutei mais nada. 

Foi rápido, não mais que alguns segundos. Mas me senti entrando na mente de duas pessoas. Em uma deixei reproduzir a melodia da música que tanto me ajudou. Na outra, deixei uma memória. Era um dia chuvoso, mas a sala de música estava em festa; mamãe, Feyre, Nestha e Elain me observavam tocando piano e cantando uma música que eu simplesmente adorava. I can't love you in the dark. 

E antes de deixar a vida realmente esvaziar meu corpo. Escutei uma das mentes respondendo a canção. It feels like we're oceans apart. De repente, eram três mentes que eu podia sentir. Elas pareciam importantes para mim e eu quis confortá-las. Não consegui escutar nenhuma resposta, mas algo dizia que haviam escutado o que eu disse. 

Eu posso descansar agora. 


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