Narradora
A luz do Sol batia nos rostos de Clara e Derek, haviam esquecido a cortina aberta na noite anterior. A loira cobre o rosto com o cobertor e volta a dormir, não estava com saco para sair da cama, e Derek levanta-se cuidadosamente para fechar a cortina e ir tomar café — mas, antes, indo em seu quarto e fazendo suas higienes bucais.
Fecha a porta e desce para a cozinha. O moreno leva um susto após ver 6 pessoas — Scott, Kira, Lydia, Liam, Theo e Malia — paradas em sua sala e a namorada colocando comidas na mesa, Derek franze as sobrancelhas e dá uma tosse falsa, todos os olhares voltam-se para o lobo.
— Derek: O que estão fazendo aqui? - pergunta brusco.
— Braeden: Fala direito, Derek. Vieram saber como Clara está e o que vamos fazer para juntar ela e o Stiles! - a namorada faz uma cara feia e Derek automaticamente ajeita a coluna e a carranca — as vezes tinha um certo medo quando a morena ficava com raiva.
— Derek: Tá, o que querem fazer? Não acho que um dos dois queiram sair da cama agora. - diz dando de ombros e os outros reviram os olhos.
— Lydia: E é por isso que estamos aqui. Temos que dar um jeito deles se encontrarem e ficarem presos até se resolverem. - a ruiva dá um sorrisinho.
— Derek: Acho que já vi isso em algum filme idiota de romance. - dá um sorriso falso. —Isso não vai dar certo. Clara é inteligente o suficiente para não cair nisso, já o Stiles... eu não sei. Ele é um idiota, de qualquer maneira. - dá de ombros.
— Malia: Porque não prendemos eles e os ameaçamos até a morte para se resolverem? - a morena dá um sorriso e os outros arregalam os olhos para a garota. —Só estou falando...
— Theo: Acho que, se eles forem realmente soulmates, o destino vai se encarregar deles se resolverem sozinhos. Mas só acho. - o garoto dá de ombros enquanto Liam revira os olhos.
— Liam: Não vamos esperar o "destino", Theo. Temos que fazer alguma coisa, eles precisam ficar juntos. Já viu como eles têm uma química do caralho?
— Theo: Tá bom então, baby wolf. Fala como vamos fazer isso. - o garoto fala e olha para o mais baixo levantando as sobrancelhas, Liam fica em silêncio apenas olhando Theo esperando alguma ideia surgir em sua cabeça
Theo dá um sorriso irônico e Derek revira os olhos, Lydia iria falar alguma coisa mas Kira a cutuca com o braço e olha para a escada, Clara estava descendo. A loira usava um conjunto de moletom preto e um tênis preto com alguns detalhes em branco. Automaticamente todos se calam enquanto Clara vai até a mesa com comidas e coloca suco de laranja em um copo tomando-o rapidamente.
A loira pega sua chave do carro, ainda sem falar nada, e vai em direção ao elevador. Antes de entrar Derek fala:
— Derek: Onde vai?
— Clara: Vou sair. Volto para o almoço. - diz e entra no elevador.
— Malia: Pra onde será que ela vai?
— Derek: Tenho minhas suspeitas. - responde e logo todos voltam a conversar sobre como irão fazer Clara e Stiles se encontrarem e assumir os sentimentos.
▪︎
Clara acaba de estacionar o carro em frente ao cemitério. Costumava ir a noite, mas agora de manhã seria um ótimo lugar e hora para desabafar.
Vai até o túmulo de seu ex melhor amigo, Harry, e coloca uma rosa branca que tinha comprado antes de ir para lá.
— Clara: As pessoas dizem que a dor de perder alguém vai passando com o tempo. Eu discordo. O sentimento de vazio permanece, assim como a saudade, o desejo de dizer algo que não foi dito ou de fazer aquilo que não foi feito. - a loira já está a com lágrimas nos olhos, agradecia mentalmente por não ter ninguém por perto.
— Clara: Então, eu vou dizer o que eu deveria ter dito a muito tempo mas que não tinha coragem... Eu não superei você, eu não superei a sua morte. Acho que é por isso que me sinto tão culpada. Eu não consigo acreditar que você se foi e que nunca mais vou ver você. Eu nunca mais vou poder sentir você. E isso me destrói.
— Clara: Eu vi sua mãe, uns dias atrás. Ela está linda, e me lembra você. Na hora eu fiquei horrorizada, mas depois eu fiquei feliz por ter visto pelo menos uma parte de você. - dá uma pausa. —Ontem eu beijei minha alma gêmea, mas, como sempre, eu estraguei tudo. Tive a oportunidade de ser feliz mas fiquei com medo e deixei ele ir embora. Eu queria que estivesse aqui para me dar algum de seus conselhos, porque eu realmente estou precisando. Queria poder trazer alguns vivos de volta... Também sinto falta da minha mãe, muita, por sinal.
A loira já estava com os olhos encharcados. Olhou mais uma vez para o túmulo de Harry deu um sorriso triste e saiu do cemitério com as mãos nos bolsos.
Clara só queria seu melhor amigo e mãe de volta. Queria o colo de sua mãe, queria os carinhos de sua mãe, queria os conselhos que só mãe consegue dar. Sentia falta de muita coisa que não poderiam ser trazidas de volta. A loira só queria algum tipo de papel maternal nesse momento — ou paternal.
Entra dentro do carro e pega o celular mandando mensagem para uma pessoa mais próxima de uma figura paterna. E adivinha, não era o Peter.
[...]
— Clara: E foi isso que aconteceu. Desde então não tenho mais notícias. - a loira diz e olha para Deaton com um olhar triste.
— Deaton: Do que exatamente estava com medo? Medo dele descobrir o seu passado ou somente medo do que estava sentindo? - pergunta o mais velho sentando em lado de Clara.
— Clara: Acho que os dois. Você, Derek e Peter são os únicos que sabem o lado obscuro do meu passado, acho que eu não queria que Stiles visse isso. E estava com medo do que sentia porque... acho que só medo de dar errado e os dois saírem machucados. - diz baixando o olhar para os seus pés.
— Deaton: Sabe o que eu acho? Que deveriam conversar, a base de qualquer relacionamento, seja amoroso ou na amizade, é a conversa. Precisam ser sinceros um com o outro, Clara.
A loira havia ficado pensativa, sabia que conversar era bom. Mas da última vez que conversaram, o final não foi muito bom.
Os dois conversam por mais um tempo até Clara receber uma mensagem de Parrish pedindo para ela dar uma passada na delegacia, estavam com algum problema e queriam saber se era lobisomens — a mensagem não estava muito explícita.
A loira chega na delegacia e vê o jipe de Stiles, o vidro da frente estava quebrado, fazendo com o quê Clara se perguntasse o que havia acontecido. Deixa esse assunto de lado — por um tempo — e vai até a mesa de Parrish o cumprimentando.
— Clara: Qual é o problema? - a loira pergunta.
— Parrish: Vamos para a sala do xerife. - e assim fazem. Ao chegarem na sala, avistam a mesa cheia de papéis e um quadro com fotos e linhas de várias cores — Clara já havia visto um igual no quarto de Stiles.
— Xerife: Clara, que bom que veio. Preciso que me diga se isso é lobisomem ou não. - o homem pergunta e mostra um papel com uma foto.
Clara o pega e o analisa. A foto era de um cadáver pálido, provavelmente sem sangue, e em seu pescoço tinha dois pontos. Aquilo definitivamente não foi um lobisomem, até porque, não sugam o sangue e não estamos em lua cheia.
— Clara: Isso definitivamente não foi um lobisomem. E se quer minha opinião sobre isso, me parece mais com vampiro, se é que eles realmente existem. - a loira diz dando de ombros e colocando o documento em cima da mesa.
— Parrish: Foi o que eu disse.
— Xerife: Não duvido de mais nada. - diz e massageia as têmporas. —Parrish me disse que já trabalhou com ele no exército... - diz sugestivo e Clara automaticamente entende. Aquilo seria uma boa deixa para não trabalhar mais na escola e, de bônus, não ver Stiles — por enquanto era isso que ela queria.
— Clara: Aceito. - diz imediatamente e Xerife dá um sorriso de alívio, assim como Parrish.
— Xerife: Ótimo, você começa hoje. Parrish, mostre onde tem o uniforme e depois os dois vão ao local onde acharam o corpo para ver se têm mais pistas. - diz e os dois assentem.
[...]
Clara já havia se vestido e já estava no local onde o corpo havia sido encontrado. O local ficava perto de uma casa abandonada e perto da floresta.
— Clara: Você sabe o que aconteceu com o jipe do Stiles? - pergunta — tentando — fazer pouco caso, mas seu amigo percebe.
— Parrish: Não sei... Só sei que o Xerife mandou um reboque para pegar o carro ontem a noite e mais tarde vai deixar em uma oficina. - responde.
— Clara: Você pode tentar conseguir o valor pr... - a loira não termina de falar pois sente uma dor terrível e uma formigação em seu tornozelo. Olha para baixo e vê sangue, muito sangue. Seu pé havia ficado preso em uma armadilha.
A loira olha para o amigo ao lado e se segura para não rugir, seus olhos começam a brilhar e a loira fecha os olhos. Parrish se abaixa e, brilhando os olhos, usa toda a sua força para abrir as armadilha — o que consegue.
Clara tira o pé e respira fundo, o corte já estava cicatrizando.
— Parrish: Tudo bem? - pergunta a segurando pela cintura.
— Clara: Tirando que quase perdi meu pé, 'tá tudo ótimo! - diz sarcástica e consegue fixar-se em pé sozinha.
Os dois voltam a caminhar.
— Parrish: O que dizia? Valor do quê? - pergunta.
— Clara: O valor do concerto do jipe, acho que parte é culpa minha. - dá uma pausa. —E se der, tenta descobrir como aquilo aconteceu... - a loira se cala e cutuca seu amigo ao lado.
Parrish olha para onde a loira apontava e vê um homem com a cabeça no pescoço de uma mulher. Se eles não estivessem a procura de um suposto, ou suposta, vampiro achariam que aquilo seria apenas um afeto em público. Mas não era apenas um afeto.
Clara e Jordan apontam a arma para o indivíduo e atiram. Várias vezes. O homem joga a mulher no chão e em uma velocidade não humana sai dali deixando apenas os três.
Rapidamente Hale e Parrish vão até a mulher e chamam a ambulância. Faria sentido se os animais começassem a atacar as pessoas de novo para os noticiários e para o pessoal que mora aqui?
— Clara: Agora eu acredito em vampiros. - a loira diz após checar as marcas no pescoço e ver a morena com a pele pálida.
— Ele... E-eu... - a mulher, que aparenta estar na casa dos 30, tenta falar mas não consegue.
— Parrish: Não fale, vamos levar você para o hospital. - fala e Clara escuta a sirene da ambulância junto com a sirene da polícia — Jordan havia avisado ao xerife.
[...]
— Melissa: E algumas bolsas de sangue sumiram. Acham mesmo que é um... vampiro? - diz franzindo as sobrancelhas.
— Xerife: É o que parece. E vamos de mais problemas, semana que vem já é lua cheia. - o mais velho fala e respira fundo se despedindo de Melissa assim como Clara e Parrish.
Haviam acabado de chegar na delegacia, era meio-dia. Clara iria entrar na sala do xerife quando olha para a janela e vê Stiles. Sabia que teriam que conversar em algum momento, mas não era este e não queria ver o garoto — este que não estava com uma cara nada boa, estava com uma feição triste.
Parrish percebe o nervosismo da garota e toca em seu ombro o apertando de leve.
— Clara: Xerife, eu... já vou indo. Se tiverem mais alguma pista é só pedir para o Parrish me ligar. E Parrish, não se esquece daquilo que te pedi. - a loira diz a última frase apenas para Jordan escutar, este que afirma com a cabeça.
Clara não estava preparada — ou achava que não estava — para conversar com Stiles. Sabia que tinha magoado o garoto, mas ainda não tinha coragem o suficiente para o olhar nos olhos. Estava apavorada com a ideia...
Já Stiles, o garoto queria conversar com a loira. Queria que ela esclarecesse as coisas e queria que ela falasse sobre como se sentia. Queria ouvir da boca dela, mesmo sabendo e com todos dizendo. Ele queria ouvir em alto e claro bom som. Mas o seu orgulho não deixava.
Medo e orgulho era a parede que separavam os dois.
߷߷߷
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