Astrid
Eu encarava congelada o grão-senhor.
E então lembranças de chicotes e espancamentos vieram em minha mente.
Eu estremeci.
— Não, não, chega de pais, eu não quero um. -sussurrei e saí correndo.
— Princesa! -Disse Cassian vindo até mim.
Eu entrei no quarto, correndo para o banheiro e me trancando ali.
— Princesa, abre a porta. -Cassian bateu na porta.
— Não. -murmurei.
Eu abracei meus joelhos, sentada no banquinho embutido na pedra.
— Por favor..
— Tira ele daqui, tira aquele macho daqui, eu não quero mais levar chicotadas, não quero. -choraminguei baixinho.
— Meu anjo. —ele disse com doçura— ele não vai fazer nada com você, eu não vou permitir.
— Não vou sair. -falei.
Eu deixei lágrimas caírem.
— Deuses, não é porque eu falei dele que eu queria que ele surgisse, vocês entenderam errado. -murmurei atordoada.
Com um movimento a porta fora aberta e eu me encolhi.
Cassian entrou rapidamente, vindo até mim, se ajoelhando diante de mim.
— Princesa, calma, por favor. -ele disse alisando meus braços para eu me acalmar.
Eu encarei na porta o macho ruivo e congelei.
— Sai, sai. -murmurei assustada.
Cassian olhou para trás e grunhiu.
— Porra, Eris, sai daqui, estou tentando acalmar ela, pela mãe. -ele rosnou.
O grão-senhor encarou a mim e minha barriga.
— Está grávida?
— Não, eu engoli uma melancia inteira, saia. -sussurrei atordoada.
Ele deu um passo e minha mão se moveu, uma parede de fogo se formando, o impedindo de vir.
— Sou o senhor do fogo, acha que isso vai me impedir de abraçar você? De beijar sua cabeça e te olhar por horas, ver o tesouro que eu tenho. -ele questionou.
— Cassian, eu não estou me sentindo bem. -o escudo caiu.
Eu estava ofegando, tremendo, estava com a sensação de que iria desmaiar a qualquer momento.
— O que está sentindo?? -ele me segurou pelos ombros.
— Estou tonta. -murmurei baixinho.
O macho ruivo surgiu de imediato do meu lado, me tocando.
O illyriano grunhiu.
— Eris, é melhor você sair, quando ela quiser, ela fala com você, agora pela mãe, saia antes que eu quebre a porra da tua cara!
O macho se afastou de mim, os olhos brilhando ao me encarar.
— Não me afaste como a sua mãe fez.
E então ele saiu.
Eu me segurei em Cassian, inspirando fundo.
— Princesa, respire. —ele instruiu— respirei fundo, eu estou aqui.
Eu fechei os olhos tentando afastar aquela tontura.
Eu saí de perto dele caindo de joelhos diante da privada, onde eu vomitei.
Senti o illyriano segurar os meus cabelos, alisando minhas costas em movimentos circulares, dando tapinhas.
— Calma. -ele disse.
Eu suspirei.
— Minha vida não tem.. jeito. -murmurei.
Eu vomitei de novo.
— Se serve de algum consolo, Eris não é tão canalha. —ele disse— é nosso aliado desde a guerra, está se mostrando que não é o que todos pensam.
Eu dei a descarga, limpando a boca com o dorso da mão.
— A palavra "pai" no sentido "meu pai" só me faz lembrar das chicotadas e das surras. -eu estremeci.
Ele me puxou para si, me abraçando.
— Eu nunca deixaria alguém te tocar, princesa. -ele disse.
Eu suspirei, ele se ergueu, me ajudando a levantar.
Eu escovei os dentes e lavei as mãos.
Eu encarei o illyriano, me apoiando na pia.
— Cassian...
Eu suspirei, estava apavorada, não sabia ao menos o que falar.
Cassian veio até mim, me beijando.
— Já disse que não vou deixar ninguém te tocar. -ele disse.
Eu encostei minha testa em seu peito.
— Será que ele foi embora?
— Não sei...
Ele me encarou.
— E a sensação? Passou??
— Um pouco, eu quero deitar. -murmurei.
Não precisei dizer mais nada, Cassian me ergueu em seu colo, me levando até a cama.
Onde tigelas de doces haviam alí.
Ele me deitou com cuidado.
— Cassian? -Rhysand bateu a porta.
— O que?
— Eris quer falar com você. -ele disse.
— Ao inferno, vou cuidar da minha esposa agora. -disse o general.
Eu pisquei, o encarando.
— Ok, ok, vou falar para ele. -disse o grão-senhor.
Ouvimos seus passos se distanciando, e então não ouvimos mais.
Eu encarei Cassian.
— Esposa? -sussurrei.
Ele me encarou, e sorriu torto.
— E o que você acha que é minha? -ele questionou.
— A mãe da sua filha? Nunca conversamos sobre títulos. -sussuerei, inclinando a cabeça, batendo os cílios confusa.
— O que acha de esposa?
— Acho que muita gente vai achar ruim. -murmurei estremecendo de leve.
— Ao inferno o que todos acham, princesa, podemos fugir com a nossa filha para outro mundo se quiser, o que importa é a nossa felicidade e a felicidade da nossa pequena. -ele sorriu.
— Você me conhece a poucos meses. -sussurrei.
— Mas eu já te amo.
Eu travei, o encarando espantada, os olhos arregalados.
— Q-que?
— Que eu já te amo. —ele disse— você me conquistou, princesa, de tal forma que estou louco por você, você é a fonte de meus pensamentos todo o santo dia.
Eu o encarei, a boca entreaberta.
— E ao inferno o que todos acham, eu escolhi você, quem vai amar você sou eu e não os outros, quem vai amar a nossa filha somos nós, não os outros, e se tem medo... Então fugimos juntos.
Eu perdi o meu fôlego.
— Eu te amo, princesa. —um sorriso de lado— e você pode ser tímida demais para me dizer, mas eu sei que sente o mesmo.
E era verdade..
Eu baixei o olhar e com os dedos de forma calma tocando o meu queixo ele ergueu meu rosto.
— Você é a mãe da minha filha, mas mesmo antes de me dizer que eu seria pai, você não saía da minha cabeça desde a noite em que ficamos juntos, desde a noite que você me contou todas as suas mágoas e inseguranças no bar e eu me senti aberto a contar as minhas para você, você podia até achar que quando nós dormimos juntos eu estava fazendo aquilo com você por fazer, ou por estar bêbado, mas eu estava completamente em mim quando fiz amor com você, quando dormimos juntos, princesa, eu dei tudo de mim a você. -ele disse.
Eu estava sem palavras.
— Tenho orgulho em dizer que te amo, e gritarei na cara de quem duvidar.
Eu deixei uma lágrima cair, e o illyriano beijou a mesma.
— Foi de você que falei para a lua todas as noites. -ele disse.
— E foi de você a quem as estrelas me ouviram falar. -sussurrei.
Ele me encarou, e senti um rubor em minhas bochechas.
Ele beijou meus lábios suavemente.
— Pode demorar até que me diga, mas eu serei paciente, e esperarei a eternidade. -ele disse.
Ele beijou a minha testa.
— Princesa.
— Gatinho bombado.
Ele bufou uma risada, me puxando para si, acariciando a minha barriga, então ele desceu até ela.
— O que está fazendo? -sussurrei o encarando.
Ele beijou minha barriga repetidas vezes.
— Vou conversar com a nossa guerreira. -ele disse.
Um sorriso repuxou em meus lábios.
— Ei, mini Astrid, eu vou fazer de tudo para que sua mãe me aceite, e você vai me ajudar. —ele sorriu— daqui alguns anos com certeza você estará trazendo as alianças para nós.
Ele acariciou minha barriga e pela primeira vez senti que eu era amada de verdade.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.