Elementais e o Herdeiro de Go...

the_noemimutti

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Harry Potter é um bruxo. Não satisfeito, um bruxo elementar. No seu último ano da escola, quando ao ter se... Еще

Prólogo
01. O Pelúcio Fugitivo
02. Mundo Novo
03. Lobos
04. A Árvore-Mãe
05. A Rainha de Copas
06. Semente do Nada
07. O Mito de Potira
08. O Bar do Tronco
09. Um Ato
10. Pedra flor e Espinho
11. A Essência de Mahala
12. Olhos de Farol
13. O Som do Mundo
14. A Seleção
15. Blues da Piedade
16. Quase um Segundo
17. O Leãozinho
18. Oração ao Tempo
19. Lanterna dos Afogados
21. Poesia para Netuno
22. Tempos Idos
23. Mal Nenhum
24. Dois pra lá, dois pra cá
25. Girassóis de Van Gogh
26. Tardes Que Nunca Acabam
26,5. Vizzy
27. Por Debaixo dos Panos
28. Homenagem ao Malandro
29. Blackout
30. Flores para a Lua
31. As Rosas Não Falam
32. O Diabo de Cada Dia
33. Teatro de Luzes Noturnas
34. Sombras que Iluminam
35. Solidão Que Nada
36. Diga Meu Nome
37. A Vingança de Oxum
Um Pedido

20. A Flor da Pele

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ATENÇÃO AQUI: Eu vi muita gente comentando sobre os diretores da Castelobruxo, principalmente a frieza da Inês e o fato de eles serem super insensíveis e pensar só no bem da escola. Acho que vocês estão esquecendo que ela é UMA ENTIDADE. Ela é A CUCA. ELES SÃO ESPÍRITOS. São literalmente para pôr ordem na escola e não melhores amigos. 

Eu disse para não associar isso aqui com Hogwarts e Acampamento de Férias ou Verão, e é exatamente o que estão fazendo. Eles agem por proteção. Eles morrem por ser quem são! Eles são assim por MEDO e principalmente por SOBREVIVÊNCIA. Mais para frente vocês vão entender o porquê de serem tão rígidos assim. 

Não esqueçam: ELES SÃO ENTIDADES E NÃO HUMANOS. Eles não tem sentimentos. Eles personificam o máximo que podem, mas não sentem. Não a xinguem com nomes como puta, vagabunda e derivados porque eu vou bloquear. Isso é inaceitável e rude! Ela só está fazendo o papel dela: proteger a escola. Entendidos?

ENFIM, OBRIGADO PELOS 500K EM HADE!!!

Leiam com "Bored - Billie Eilish"

Boa leitura, y'all. 


Os batimentos cardíacos pareciam engolir o silêncio que tinha no quarto enorme e repleto de pinturas louváveis. O suor descia lentamente inundando a camiseta cinza junto com a fronha de linho, se embolando dentro das cobertas grossas.

Os dedos totalmente desconexos e sendo repuxados, apertando o travesseiro como se fosse uma doce lembrança de que estava ali. De que estava sonhando e nada daquilo era real.

De modo bizarro, o material encostava como brasa quente na pele sensível e os resmungos podiam ser ouvidos baixinhos, bem lamuriosos. As orbes verdes lacrimejavam singelamente, um toque suave de que era intenso. Tudo pegava fogo.

Sua mão direita levou uma puxada brusca, acordando-o do sonho que na visão de Potter poderia ser um pesadelo bem problemático.

Encarou os azuis preocupados e analíticos, a expressão sonolenta e os olhos inchados de Malfoy.

— Outro pesadelo? — perguntou o loiro.

Harry mordeu a língua para não contar que envolvia a boca de Draco em lugares inapropriados.

Não entendia seu corpo. Muito menos o calor que o consumia.

Por fim, assentiu levemente.

— Você está queimando — suspirou Draco. — Vem cá.

— Como?

— Vou te ajudar a abrandar — explicou paciente. — Deita aqui.

Harry ficou muito receoso, mordendo os lábios ponderando se era uma boa ideia. Se realmente pudesse machucar Draco.

— Relaxa. Você já ficou comigo várias vezes perto. Não vai me machucar — acalmou Malfoy quando viu o conflito nos olhos verdes. — Não posso mais te ver sem conseguir dormir direito. Deita aqui.

— Tem certeza?

Draco apenas levantou as sobrancelhas, como uma clara ordem.

Harry suspirou, chutando o lençol e indo a passos lentos até a cama ao lado da sua, entrando na coberta e ficando de frente com o rosto que parecia refletir.

A respiração quente de Draco encostava em sua face e ele sorriu mínimo, recebendo os olhos azuis tempestuosos de volta.

— Me dê sua mão.

O moreno deu a mão direita, sentindo quando os dedos frios o circularam, acalmando o suor e o seu corpo febril. Era uma sensação imensa de alívio.

— Por Godin. Isso é maravilhoso — agradeceu com um sorriso de alívio, sentindo finalmente seu sono voltando.

Mas seu corpo ainda doía. Seus pesadelos não eram simples, eram sempre perturbados e o deixava passando mal com a sensação de vômito preso na garganta.

Enfim, ele teve uma ideia. Meio estúpida, mas teve.

— De nada.

— Posso perguntar algo?

— Já está — provocou Draco. — Prossiga.

— Seria estranho eu... te abraçar?

— Seria — Malfoy disse sem pestanejar, causando uma sensação desconfortável em Harry que corou. — Está doendo tanto assim?

O moreno apenas assentiu, fechando os olhos com as pontadas que consumiam seu cérebro. Draco puxava apenas um pouco da dor pelas pontas dos dedos, a carga seria muito maior com um abraço.

Sabia que soaria estranho, porém a dor o deixava realmente zonzo.

— Minhas costas doem — confidenciou. — Elas estão doendo bastante tem um tempinho.

— Ok — sussurrou Malfoy, se aproximando devagar como um gato testando terreno perigoso. — Posso?

O braço levantou-se em uma ameaça de abraço, e Harry quase assentiu desesperado, sentindo quando os dedos penetraram por debaixo da coberta.

Devagar as mãos foram para a sua cintura, o puxando ao peito duro e desnudo cheio de runas que Draco tinha. Potter sentiu-se tenso em tocá-lo, mas deitou a cabeça em seu peitoral, as mãos paradas e imovéis na lateral de seu corpo.

Não queria abusar da boa vontade de Malfoy.

A sensação de alívio foi tão imediata que a postura rompeu-se e ele passou seu braço ao redor dos ombros de Draco, enfiando seu rosto no peito cheiroso.

Era realmente muito bom.

— Céus, Potter, você está realmente muito quente — notou alarmado. — Até eu estou morrendo de dor. Não deveríamos procurar um medibruxo?

— Está passando — tranquilizou. — Seu dom realmente é muito bom.

— Não é como um elemental de terra, mas deve...

— Obrigado — sussurrou com lágrimas nos olhos. — Obrigado mesmo.

Draco se sensibilizou com o tom embargado, apertando o corpo menor mais contra seus braços, exercendo uma singela pressão. Os azuis reviraram-se com o incômodo.

Parecia uma dor de dente chata que ficava lá persistindo até o último fio do momento, te deixando irritado e estressado. Agora tinha diminuído para uma pulsação tranquila, dolorida; mas suportável.

Dava para ignorar.

Draco sentia-se estranho com o contato. Os cabelos cheirosos de Harry cutucavam sua bochecha com carinho, os dedos pequenos repousados de leve em seu peito quase como quem encosta em vidro, a respiração tranquilizando.

Era... gostoso. Muito bom. O contato humano era realmente algo que não usufruía com muita frequência, e quando usufruía, exigia um nível de concentração para coisas simples.

Como apertar a mão, dar um abraço rápido ou encostar. Ele detestava fazer isso. Mas com Harry ali era tão... suave. Embalador.

O cheiro de sua pele somado ao suor deixava tão real que ele fez uma careta, como se detestasse, desconfiando que podia ser verdadeiro. Encostou seu queixo nos cabelos volumosos e fechou os olhos com as ondas de dor que puxava.

Devia ser assustador lidar com aquilo tudo. Harry conseguia disfarçar bem, mas Draco conseguia ver as pernas bambas e o peito arfante.

O pesadelo devia ter sido horrendo.

— Eu vou dormir assim — disse Harry com a voz arrastada.

— Pode... dormir aqui hoje — permitiu Draco, nem reconhecendo-se na voz.

Até um tempo atrás ele teria chutado Harry para o chão com socos e pontapés.

Harry quase inconscientemente começou a fazer um carinho em círculos, os dedos tão leves que Malfoy ao menos sentia de verdade.

— Sábado é sua festa.

— Uhum — murmurou de olhos fechados.

— Está ansioso?

— Curioso — reformulou.

— Espero que goste — desabafou o baixinho. — Deu um trabalhão. Não conheço quase nada daqui.

— Eu disse que não era necessário — Malfoy frisou.

— Mas eu quis.

Draco sorriu, mordendo os lábios e se repreendendo. Não deveria estar gostando daquilo quanto estava.

— Seu peito é macio.

— Cala a boca, Potter — riu. — Vai dormir. O sono está te deixando lesado.

Harry bocejou.

— Eu babo dormindo — informou já resmungando, levando-se pela insconciência.

— Eu sei.

— Eu também resmungo.

— Vai dormir — suspirou.

— Me conta uma história?

— Está abusando da minha boa vontade — repreendeu debochado. — Vou contar a história de como um Edele morreu eletrocutado igual churrasquinho.

Harry riu.

— Viu? Já começou a contar uma história.

— Você é insuportável — rebateu, sentindo Potter o apertar mais nos braços, e Malfoy recebeu uma onda de dor maior. — Amanhã vamos ao medibruxo. Sua magia está muito volátil. Esse nível de estresse faz mal para o seu núcleo elementar.

— Eu só entendi medibruxo — confessou Potter. — Eu vou onde for para parar com essas dores.

— É realmente muito forte — reconheceu Draco aparentemente preocupado. — Acho melhor avisar Inês.

— Ok — resmungou, já dormindo praticamente. — Sua voz é muito bonita.

Draco não respondeu, permanecendo em silêncio. Não sabia o que dizer diante daquela constatação.

— Obrigado por cuidar de mim.

O loiro apenas suspirou, também não sabia como responder aquilo.

***

O dia era consumido por uma negritude azulada, o ambiente mergulhado no frio suave e com ondas que ricocheteiam os braços. A aparência era meio sombria, a lua ainda repousava totalmente preguiçosa e ofuscante, sendo palco de um dos melhores espetáculos daquela madrugada.

O colchão se mexeu e Draco aos poucos saía do aperto de Potter, espiando para ver se o menino tinha acordado com o jeito furtivo que tinha levantado.

Foi ao banheiro e escovou os dentes, colocando um moletom grosso e um casaco fino para fazer sua corrida matinal. Fez um feitiço rápido de horário e confirmou que eram 4 horas da manhã e ainda estava tudo mergulhado no breu.

Na Castelobruxo o sol só dava indícios por volta das 5:30 da manhã, quando alguns elementais saíam para correr na trilha já destinada a isso. Malfoy gostava de ir sozinho pelo silêncio e também para não se estressar com ninguém.

Penteou os cabelos com os dedos e parou na ponta da cama, colocando seus tênis fortificados ao atrito de seus pés com um feitiço. Praticamente tudo era adaptável com materiais que tinham que passar por uma verificação cautelosa.

Ninguém queria ser queimado vivo.

— Você ronca. — Harry disse roucamente, chamando a atenção de Draco que virou-se, contemplando o moreno jogado na cama com os olhos inchados.

— Você baba — rebateu divertido. — Desculpe se te acordei.

— Não. Eu já queria acordar esse horário mesmo.

— Por quê? Você ainda tem quase 3 horas de sono.

Harry sorriu animado, saindo da cama e se espreguiçando que nem um gato, deixando Malfoy ansioso pela resposta. Ele gostava de fazer isso. Grandes pausas para informações inúteis.

— Eu vou correr com você — informou feliz, balançando as mãos como se estivesse apresentando um show muito mágico.

Draco revirou os olhos.

— Você vai correr para cama — respondeu mal-humorado. — Não quero companhia.

— Quando que no meu tom de voz eu deixei a entender que era uma pergunta? — disse debochado, andando até estar de frente a Draco.

Era engraçado a desproporção de tamanho e Harry levantou o queixo e encarou nos olhos de Draco que o encarava de cima. Era um pentelho irritante na visão do loiro.

— Não rola. Eu gosto de correr sozinho.

— Eu juro que fico quieto — prometeu Harry.

— E desde quando você promete o que cumpre?

— Primeiro: Ouch! e segundo, a única coisa que eu sou é caloteiro — refutou ofendido. — Deixa, vai.

— Não, você já está me enchendo a paciência. Lembra-se do que conversamos na sala de poções? Sobre os limites de convivência? O capiche?

Potter o encarou desanimado, assentindo derrotado. Lembrava sim de Draco dizendo que o tolerava pelo bem da escola e entendia que era algo importante ali dentro.

Não eram amigos.

— Me desculpe — sussurrou entristecido. — Vou me deitar e esperar para correr com os outros. É só que... eu sei que você só pensa pelo bem da escola e que assim como os diretores, vocês são frios e rígidos pelo bem da nossa raça; porém eu queria ter a chance de me tornar bom. E você é realmente um ótim...

— Vamos logo — bufou derrotado, o coração quentinho ao saber que Harry estava tomando iniciativa.

Antes de Harry cruzar para o banheiro, Draco o puxou pelo braço com o semblante duro e frio, quase parecendo pronto para mandá-lo a merda. Harry estremeceu já imaginando o que viria pela frente, o encarando com paciência.

A realidade é que Draco mal sabia expressar seus sentimentos. Sempre foi moldado e cultivado por entidades que eram os diretores, e bom, eles são entidades. Não são amigos protetores. Eles foram feitos e agem pelo bem da escola, pensando sempre em moldar os alunos a serem soldados e sobreviventes.

Tinha a diversão necessária com A Caçada, com os jogos de verão e os festivais; porém além de um lugar incrível, a Castelobruxo era uma escola rígida e Draco sempre foi doutrinado assim.

A ser cauteloso e especulativo, a não se deixar levar pelas emoções e principalmente, não ferir ninguém.

— Eu confesso que depois que vi que você demonstrava todo aquele poder, a primeira coisa que pensei era em como você poderia ser uma máquina perfeita. Você transpirava poder e isso é muito inebriante. Mas... você cai muito. Tropeça bastante.

O cenho de Potter se franziu.

— É um elogio?

Draco molhou os lábios, ponderando bastante sobre as palavras que usaria para explicar a situação.

— Você tem muitas dores dormindo. Você erra bastante as aulas de dominação e você definitivamente é cego — riu fraco. — Você pede bastante ajuda minha, como se eu fosse um super-herói. Sinceramente, eu nunca senti tanto medo ao ver que eu significava algo a mais que um garoto que você odeia.

— Eu não estou entendendo — balbuciou perdido.

— O que eu estou tentando te dizer é que você me permitiu ver seu lado humano. Seu lado falho. O jeito que você toma cuidado com o sentimento das pessoas, em como você é decidido e como você sente muito. E saber que eu tenho uma parcela de compromisso com esse lado a te moldar como um elementar bom... me aterrorizou.

— Eu te dou medo?

— Saber que eu exerço essa influência em você me assusta — confessou sem jeito. — Você me deixou ver seu desenho blindado por um feitiço de confiança. É muita responsabilidade. Então eu tentei te afugentar. Porque você me afugentou. Me deu medo. Eu quis correr.

Harry sorriu de lado, sentindo algo muito estarrecedor preencher seu peito. Ele sentia que eram enfim... amigos.

— Eu não acho que você goste de mim ou algo do tipo — frisou. — Mas eu sei que sou importante para você se autoconhecer e se você quer que eu exerça esse papel... eu não vou correr. Não vou fugir.

— Isso é um modo besta de dizer que quer ser meu amigo? — Harry cortou o clima, fazendo Draco rir.

— Isso é um modo de dizer que eu aceito ser seu tenente. De verdade. Te ensinar de verdade, sem brigas e com foco. Você mostrou seu lado mais humano para mim e está na hora de me mostrar o seu mais animalesco. Eu quero tudo.

Harry sentiu uma excitação subindo a espinha, as pupilas dilatando com o desafio empregado na voz.

— Eu quero um soldado invencível. Porque você tem poder para isso. Ao passar daquela porta, você aceita ser treinado por mim — decretou duramente, se aproximando de Potter ao ponto de suas respirações estarem bem próximas. — E eu não aceito corpo mole. Não vou pegar leve.

O moreno sorriu cretino, o desafiando com o olhar assassino.

— Eu não pedi misericórdia.

— Mas vai.

— É o que vamos ver, tenente.

Draco sorriu expansivo, sem conseguir se conter como sempre fazia.

A primeira briga deles que culminou naquela inimizade infantil foi porque Harry se negou a chamá-lo de tenente, porque o sentimento de respeito por usar esse nome, Potter não possuía.

Nunca chamou Draco de tenente ou o tratou como realmente deveria ser, com o respeito pelo seu superior e agia os dois como crianças birrentas. Mas ao ouvir aquilo, sabendo verdadeiramente que Potter o respeitava, ativou seu lado Tenente muito rápido.

Pegou pesado na corrida, atento aos limites de Potter e seu problema com asma. Correram praticamente ao redor do Castelo de fogo inteiro, parando alguns minutos para beberem água.

No final da corrida, ainda tiveram uma pequena discussão sobre quem iria tomar banho primeiro, rendendo nos dois atrasados para a primeira aula do dia.

Aos tropeços, chegaram na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e Sirius quase o expulsaram devido ao atraso.

— Desculpa, Professor Black — pediu Harry ofegante, os cabelos molhados. — Tivemos um imprevisto.

Sirius semicerrou os olhos, analisando os dois ofegantes e com cabelos molhados. Sabia da reputação de Potter com Blaise e desconfiou de imediato, resolvendo engolir a nota sarcástica.

— Que não se repita. — limitou-se a dizer. — Hoje vamos ter uma atividade fora dos livros. Peguem suas varinhas e venham comigo.

Os alunos foram ágeis em correr para fora da sala, seguindo Sirius até a frente da área mais verde que era possível para elementais de fogo. Era uma campina grande, tinha o corte sinuoso do lago dos elementais de água e algumas flores grandes e coloridas que imitavam o cheiro da comida favorita da pessoa que a cheirasse.

Era o lugar favorito de piquenique deles, e onde a maior parte dos alunos iam para treinar ao ar-livre.

— Sentem-se em duplas — solicitou Sirius.

Izzy sorriu para Draco, já acostumada a ser o par dele em todos aqueles anos por ser uma das únicas a conseguir tocá-lo, porém o loiro já tinha cutucado as costas de Potter.

A morena fez bico, achando estranho.

— Alguém foi trocada — debochou Pansy, a puxando para ser sua dupla.

— Não acho — disse enciumada. — Draco detesta Potter.

— Eles parecem se odiar muito. — Pansy apontou aos dois que riam enquanto trocavam golpes de luta que Harry tinha aprendido.

— Não seja tola — disse Izzy. — Draco está fazendo isso porque sabe que quando Potter confia, ele deixa entrar na sua mente. E assim nós podemos finalmente descobrir o que aconteceu com a Godin.

Pansy analisou a situação, encarando como Draco era com ele. Ela sabia que Izzy poderia estar certa e dado ao histórico do loiro, ser amigável do nada era algo fora de alcance.

Poderia ele estar agindo tão manipulador quanto ela mesma seria capaz?

— Não acho que seja o caso — Pansy disse sem ter certeza. — Harry não merece isso.

— Nem nós — cortou a morena. — Eu vou protegê-lo como meu sangue, mas não posso fazer isso se o sangue está morto.

— Entenda eu também não sou fã de a cada dia estarmos em menor número, mas eu também não sou uma rocha — disse Pansy. — Eu não irei deixar Draco fazer nada com ele. O magoar. Já viu um Edele puto?

Izzy negou.

— Eu também não e nem quero. Sejamos menos estúpidas. Ele é a chave, só que ele também é o Harry. Nosso Harry. Lembra-se do Nicholas?

Pansy realmente sabia jogar sujo, porque rapidamente os olhos da garota faiscaram e ela ameaçou a ir para cima. Odiava falar do irmão gêmeo.

Era um tabu entre eles. Não falar sobre Nico.

— Pois é — Pansy debochou. — Esperava uma postura mais sensível de você que sempre tratou Potter muito bem.

Izzy levou alguns segundos para raciocinar, suspirando.

— Não consigo parar de pensar em Fred e George que saíram para missão e até hoje não voltaram. Não consigo parar de pensar na minha namorada que passa a cada segundo recebendo mensagens dos ventos com mortes de Elementais e definitivamente não aguento mais os diretores sendo cuzões insensíveis por medo — Izzy vociferou irritada. — Me desculpe pelo meu julgamento não estar sendo um dos mais empáticos, porém pessoas estão morrendo. E Harry precisa encarar tudo isso com mais maturidade.

— Ele só tem dezessete anos — Pansy apontou racional. — Dê um tempo.

— Eu só estou dizendo que se Draco estiver realmente o usando como um boneco de ventríloquo, e isso acarretar em problemas para nós, eu não vou pensar duas vezes antes de defendê-lo. Eu mato Draco. Mas se caso ele estiver fazendo e dê certo, eu também não vou falar nada.

— Sua postura é neutra? Não vai escolher lados?

— Eu escolho o lado em que nós permanecemos vivos. E se isso me faz uma cuzona, bom, então eu sou.

Pansy suspirou e ficou quieta, concordava no fundo com a garota dos raios.

Sirius chamou a atenção de todos, sentado na grama com sua roupa de professor e a capa de veludo preta por cima, sorrindo animado nas direções dos alunos.

— Guerra — exclamou animado. — Qual a melhor arma da guerra?

— Magia? — chutou Ron.

— Varinhas? — Hermione disse.

E assim seguiu-se de chutes ao redor sobre o que seria a resposta que Six procurava, embora ninguém tenha acertado de fato o que ele queria.

Potter que até então estava quieto, balbuciou baixinho:

— Homens.

— Como? Potter? Pode dizer mais alto? — encorajou Sirius.

Todos o encararam e ele petrificou de vergonha, desviando os olhos de Sirius rapidamente para Hermione que sorriu encorajadora.

— Homens — disse mais alto. — Não em quantidade. Não é o número de seguidores que determina, mas sim de homens de confiança. Poucos, mas confiança.

Sirius sorriu.

— Muito bem, Harry! — A sua voz morreu, sem saber ao certo. — É a confiança em quem está do seu lado. Uma guerra não pode se basear apenas em morte, sem nenhum propósito. Precisamos de líderes reais que acreditem no que lutam! Precisamos conhecer nossos soldados. Um bom soldado sempre morre pelo o que acredita.

Draco concordou, fascinado com o discurso.

— A primeira forma de conhecer bem o seu soldado é desconfiar dele. Confie desconfiando — instruiu Sirius enquanto passava pelas duplas sentadas no chão. — Outra forma é conhecendo o maior medo dele.

Black sorriu macabro, apontando para o nada e um amontoado de fadinhas azuis celestes vieram voando calmas, totalmente pomposas. Harry reconheceu Binny ao lado delas, a expressão de animação no rosto brilhoso.

— Fadas podem induzir o ser humano a experienciar seu maior medo através do pó que sai de suas asas. É sua forma de autodefesa — informou o professor. — Vou pedir para que cada um exponha o seu maior medo e deixe o outro ver. Um feitiço simples vai criar uma conexão entre vocês e assim verão com precisão.

Um aluno levantou-se irado, não gostando.

— Eu não quero que saibam do meu medo!

— Só irá saber se você realmente confia — explicou entediado. — Não vou fazer vocês se denunciarem à toa. Ninguém vai levar exposed.

Os alunos riram, alguns emburrados e outros apenas esperando para terminar a tarefa logo. As fadinhas se dispersaram agilmente e pairaram em cima das suas duplas, esperando as ordens de Sirius.

Binny parou em cima de Potter e Draco, mandando um beijinho para os dois e ruborizando com a piscada que o loiro deu de volta. Ela sempre seria encantada com o garoto.

— Pronunciem o feitiço que ensinei em sala — instruiu Black.

Todos alunos começaram a pronunciar e as fadinhas agiram habilmente, derramando o pozinho de suas asas nas ligações dos feitiços e assim começou.

Alguns gritaram, outros ficaram surpresos. A maioria só chorava, e a minoria que não queria compartilhar ficou só em silêncio, esperando alguém da dupla confiar o suficiente.

— Confia em mim? — Harry perguntou.

— Não.

Potter riu.

— É uma escolha inteligente, Faisquinha.

— Não me chame assim — repreendeu. — A aula só vai funcionar se expormos nossos medos. Não precisa ser o maior deles ou algo constrangedor, escolha um.

— Um medo menor? — Draco assentiu. — Ok, vamos lá.

Eles fecharam os olhos, começando a invocar o feitiço.

i videas me — sussurram baixinho, uma luz vermelha começando a circulá-los.

Sirius encarou com expectativa, estranhando a aproximação e escolha peculiar da dupla.

Draco é o primeiro a ser bombardeado com a informação, uma imagem bem nítida. O medo começou a subir pela sua espinha com a cena horrível que via, o gosto de sua saliva parecendo veneno ao rasgar sua garganta seca.

Respirou fundo a procura de entender melhor.

O medo de Potter era bem nítido. Era ele.

— Você... — balbuciou Draco perdido.

Era um Harry com várias runas pelo corpo, o olhar assassino e maníaco, as roupas tão vermelhas de sangue, uma pilha de corpos empilhados com corvos ao redor. Ele tinha os olhos dourados vivos, o sorriso expansivo com o poder dourado o circundando.

Seus olhos passavam a mensagem nítida de alguém descontrolado que faltava gritar: "Você viu o que eu fiz com eles? Posso fazer com você também! Corre!"

Draco estremeceu e a imagem ondulou, passando o maior medo do loiro.

E o que viu deixou Harry com náuseas, soltando um grito muito alto, o medo subindo a sua cabeça e entorpecendo os seus sentidos. Os alunos abriram os olhos com o grito, a luz vermelha que os circundava começou a ficar mais forte, explodindo para cima.

Os dois soltaram as mãos e Potter correu para o lado, vomitando tudo o que conseguia de nojo. De medo. Vomitou de puro pavor.

O gosto característico agarrando sua garganta e impregnando suas papilas gustativas, vazando pelos poros de seu corpo, o induzindo a vomitar mais. E mais.

Sirius foi o primeiro a tentar acalmá-lo, dispensando a turma depois do episódio para conseguir ficar com eles de forma a fazer Potter voltar aos eixos.

Draco continuou no chão. Na postura inicial. O medo de Potter o fazendo estremecer.

Ele sabia que Harry deixou seu maior medo ficar à vista porque confiava em Draco, mesmo que Malfoy tenha preferido deixar um medo menor ir para Harry.

Ele não confiava em seu colega de quarto.

— Céus. Respira. — Luna ofereceu um copo de água, preocupada.

Blásio encarava ao fundo, tentando ajudar Draco a voltar.

— Godin — chamou Harry aos prantos. — O medo era tão real. Eu via. Eu sentia.

Draco parecia preso em seu próprio corpo, mal piscando ou saindo do chão sentado da mesma forma que no começo da aula.

Harry fechou os olhos, parecendo ver a estrutura da Castelobruxo ainda destruída com sangue e tripas de alunos jogados. A cabeça de cada um empalada nos muros da escola, o sangue elementar sendo exterminado e o homem de olhos vermelhos sorrindo diabolicamente.

O garoto estremeceu, ainda lembrando dele no meio de tudo com uma lança através do peito e nos muros escrito com seu sangue: "Salve Godin".

O moreno vomitou de novo.

— O que tinha tanto no medo de Potter que deixou Draco daquele jeito? — questionou Hermione abismada com o estado catatônico de Malfoy.

— Não faço ideia — Izzy respondeu sem saber o que pensar.

Já Draco, ele sabia o porque o medo de Potter o tinha deixado tão chocado e estático.

Porque no fundo, seu pior medo, era o mesmo de Harry.

O maior medo de Draco Malfoy havia se tornado Harry Potter.

Mas não qualquer Harry. O Harry como um Espelho do Inferno.

Um Harry que destruiria a Castelobruxo. 


NOTAS DA AUTORA: Eita. 

Aos poucos soltando as pontas para vocês do que tá acontecendo. Por que as pessoas estão com medo? Quem são os Comensais aqui? O que aconteceu com Nico? LOGO MAIS NO MORG REPÓRTER! 

Me sigam no twitter para mais teorias doidas e trocar ideia! Meu user é labruxamorgana. Ajudem a autora pobrete a ter mais visibilidade, vão estar me ajudando muiiiiitoooo. 

VEJO VCS NAS FIGURINHAS!!

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