All the Young Dudes [Livro 3]

By wolfuckingstar

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TRADUÇÃO DA FANFIC ALL THE YOUNG DUDES POR MSKINGBEAN89 PERMISSÃO DA AUTORA PARA POSTAR AQUI. A obra narra d... More

Capítulo 151: A guerra: Julho 1978
Capítulo 152: A guerra: Infiltração
Capítulo 153: A guerra: Home Front
Capítulo 154: A guerra: Outono 1978
Capítulo 156: A guerra: Quartel General dos Aurores
Capítulo 157: A guerra: O bando
Capítulo 158: A guerra: Cativo
Capítulo 159: A guerra: Submissão
Capítulo 160: A guerra: Soldados da Infantaria
Capítulo 161: A guerra: Lua de Sangue
Capítulo 162: A guerra: A história de Moony
Capítulo 163: A guerra: Fim da Primavera de 1979
Capítulo 164: A guerra: Verão de 1979
Capítulo 165: A guerra: Dulce et Decorum est
Capítulo 166: A guerra: Outono 1979
Capítulo 167: A guerra: Inverno de 1979
Capítulo 168: Primavera & Verão 1980
Capítulo 169: A guerra: Outono & Inverno 1980
Capítulo 170: A Guerra: Inverno de 1980 e Primavera de 1981
Capítulo 171: A Guerra: Triage
Capítulo 172: A Guerra: Verão 1981
Capítulo 173: A Guerra: Outono 1981
Capítulo 174: A Guerra: Armistício
Capítulo 175: 1982
Capítulo 176: 1983
Capítulo 177: 1985
Capítulo 178: 1986
Capítulo 179: 1987
Capítulo 180: 1989
Capítulo 181: 1990
Capítulo 182: 1991
Chapter 183: Verão de 1993
Capítulo 184: Verão de 1994
Capítulo 185: Início do verão de 1995
Capítulo 186: Verão de 1995: Grant
Capítulo 187: Verão de 1995: Sirius
Capítulo 188: 'Até o fim'
Out of the blue - Parte 1
Out of the blue - Parte 2

Capítulo 155: A guerra: Inverno 1978-1979

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By wolfuckingstar


Rows and flows of angel hair

And ice cream castles in the air

And feather canyons everywhere

I've looked at clouds that way

But now they only block the sun

They rain and snow on everyone

So many things I would have done

But clouds got in my way

'Both sides now', Joni Mitchell.



Sábado, 23 de dezembro de 1978

"Jesus Cristo." Remus resmungou, abrindo seus olhos pegajosos.

Ele tateou ao lado da cama em busca de seu copo d'água e o encontrou vazio. "Aguamenti", murmurou, a mão da varinha tremendo.

O copo se encheu de água e ele a engoliu com avidez. Então rolou e deitou de costas, pressionando a palma das mãos nos olhos, na esperança de mitigar a dor de cabeça que ameaçava começar a roer seu cérebro. Se virou suavemente e se dirigiu ao relevo sob o edredom,

"Está acordado?"

Houve uma espécie de estremecimento e um grunhido. Remus resmungou. Estava muito quente no quarto, até mesmo para dezembro. Ele se levantou e foi até a janela para abri-la, e então pressionou a testa contra o vidro frio e deixou o ar lavar sua pele quente.

Eles tinham estado no Caldeirão Furado na noite anterior para tomar umas bebidas antes do Natal. Os Marotos e Lily passariam a data nos Potter, mas todos os que estavam trabalhando já estavam de férias, e Mary sugeriu liberar um pouco da pressão dos membros mais velhos da Ordem da Fênix, pelo menos uma vez.

Como a maioria das ideias de Mary eram, foi extremamente divertido. Marlene apareceu e trouxe Yaz, que estava visitando os McKinnon, porque sua família não comemorava o Natal de qualquer maneira. Frank e Alice apareceram para dizer olá, e Sirius e James insistiram em pagar mais umas rodadas.

Após os últimos pedidos, aqueles que ainda estavam de pé se amontoaram em um táxi de volta ao apartamento de Remus e Sirius, o qual poderia não ter nenhum pão ou leite, mas o bar estava sempre totalmente abastecido.

Depois disso, tudo ficou um pouco confuso. Remus teve uma sensação horrível de que ele e Lily começaram a cantar canções de natal trouxas em algum momento.

Ele gemeu alto, "Por que você me deixou beber tanto?!"

"Ei, não me culpe!" Lily saiu debaixo do edredom, seu cabelo ruivo fofo despenteado como um dente-de-leão.

Remus saltou, olhando ao redor enquanto passava os braços protetoramente em torno de si.

"Puta que pariu, Evans, o que você está fazendo aqui?!"

"Não consegui fazer James ir embora", ela bocejou, "E eu não ia dormir no sofá, eles começaram a construir um forte."

"Esta é a segunda vez que você surge no meu quarto sem avisar, Evans, as pessoas vão comentar." Remus procurou por uma camiseta.

"É a segunda vez que eu te pego sem calças também", ela riu, "Ah, volte para cá, you big jessy, ainda é cedo."

Ele voltou, mas apenas porque o quarto estava frio agora, e ele não gostaria de descobrir o que James e Sirius haviam feito na sala de estar. Com a camiseta colocada e debaixo do edredom, Lily colocou os braços em volta de sua cintura, o cabelo comprido dela fazendo cócegas sob seu queixo, como o de Sirius. Ele acariciou seu ombro. Ela era tão agradável e pequena.

"Você acha que se eu tivesse concordado em sair com você no quarto ano, nossa vida seria assim?" Ele perguntou em tom de conversa.

"Ah Deus," ela gemeu, cobrindo os olhos com os dedos, "Você tem que me lembrar disso?!"

Ele riu.

"Eu não sei por que você está envergonhada, era eu quem estava alheio."

"Eu tinha uma queda por você!"

"Shh", ele riu, "James levou semanas para me perdoar, eu tive que jurar enquanto estava sob efeito do soro da verdade e dizer não tinha intenções nefastas em relação a você."

"Aquele idiota. Eu amo ele."

"Hm."

"Estou tão feliz que é Natal", ela suspirou, "Todos nós precisamos de um descanso, não é?"

"Sim."

"Eu deveria estar fazendo as malas hoje, para então ir para a casa dos pais de James esta noite - você estará lá?"

"Sirius provavelmente sim" Remus respondeu, "Vou visitar a minha mãe. Você sabe que ela é... hum. Ela está no hospício, agora. "

"Ah, claro!" Lily lhe deu um aperto. "Desculpa, amor. Como ela está?"

"Eu não acho que eles esperavam que ela fosse durar até o Natal. Mas ela está aguentando. "

"Ah Remus." Lily suspirou tristemente.

"Está bem." Remus se afastou, decidindo que poderia muito bem se levantar depois de tudo. "Certo. Preciso de uma xícara de chá e um cigarro." Disse enquanto saía da cama e vestia uma calça jeans.

"Ugh, vocês dois realmente precisam parar de fumar", Lily falou, sentando-se, "Este edredom fede."

"Não me diga que você nunca fumou um cigarro pós-coito clichê, Evans?" Remus piscou, indo para a porta.

"Pós c-? ... ah meu Deus, Remus !"

Ele ainda estava sorrindo para si quando entrou na sala de estar, que parecia ter sido atingida por uma bomba. O sofá havia sido movido para o meio da sala por algum motivo, com as almofadas removidas. James estava esparramado no que parecia ser um colchão de cor creme gigante no chão e dormia profundamente. Sirius estava caído aos pés de James com um dos casacos de Remus enrolado sob sua cabeça.

Remus caminhou até a cozinha, ligando a chaleira. Cada superfície estava pegajosa com algo doce e alcoólico; haviam canecas e copos meio cheios, alguns com cigarros meio fumados flutuando neles. Remus fez uma careta e sentiu seu estômago se contrair, então ele abriu uma janela para respirar. Realmente não queria vomitar.

Mary havia escrito 'Feliz Natal, traidores do sangue!' na porta da geladeira em batom rosa alegre, com três grandes beijos abaixo. Ela passaria o resto do Natal na Jamaica - a primeira vez que visitava o país de origem dos avós. Remus estava feliz com isso. O Natal nunca tinha sido uma boa época no que dizia respeito à guerra, e ter Mary o mais longe possível do perigo o fazia se sentir um pouco melhor.

Ele não estava feliz pelo Natal ser nos Potter - embora se sentisse culpado só de pensar nisso. Sirius nunca consideraria passar o feriado em outro lugar, então é claro que Remus concordaria - não tinha nada a ver com o Sr. e a Sra. Potter, que tinham sido tão bons com ele quanto qualquer família que ele tinha. Era a guerra, a Ordem e o maldito Moody, que com certeza estaria lá também.

"Essa é a chaleira?" Sirius perguntou, como um lamento, da sala de estar.

"Sim." Remus gritou de volta "Coloquei dois sachês de chá."

"Você é um herói entre os homens, Moony," disse James quando Remus chegou na sala com uma bandeja com xícaras de chá com leite.

"Ah, eu sei," Remus acenou com a cabeça, bebericando de sua xícara. Ele se sentou no braço do sofá, "O que diabos vocês fizeram com a minha mobília?"

"Brilhante, não é?" Sirius, de pernas cruzadas em cima da almofada gigante, sorriu para ele: "Ideia do Prongs - fizemos um feitiço de ingurgitamento."

"Podemos ajudar vocês dois a limpar?" Lily perguntou, saindo do quarto. Ela pegou uma xícara de chá e se sentou ao lado de James, encostando-se em seu ombro, sonolenta.

"Café da manhã primeiro." Remus respondeu rapidamente. "Comer fora?"

Todos concordaram em uníssono.

Eles foram para a lanchonete gordurosa mais próxima e pediram um Full Englishes para todos, só então todos se sentiram muito mais preparados para enfrentar o dia. Depois do café da manhã, Sirius, Lily e James começaram a arrumar o apartamento, enquanto Remus (por insistência de Sirius) se arrumava para ir visitar Hope.

Ele não colocou um terno; isso teria sido um exagero até mesmo para o Natal, mas fez um esforço passando a camisa 'de avô' mais limpa que tinha e vestindo uma jaqueta de veludo cotelê marrom que comprara no mercado de Portobello. Até mesmo engraxou os sapatos.

Sirius se ofereceu para acompanhá-lo, mas Remus preferiu ir sozinho. Seria mais fácil se ele tivesse tempo para processar suas interações com Hope em particular, o que ele esperava que Sirius entendesse. De qualquer forma. Ninguém queria ficar preso em um prédio cheio de pessoas em estado terminal dois dias antes do Natal.

O próprio hospício ficava do outro lado de Cardiff. Não parecia muito diferente do hospital, exceto que os quartos eram privados e decorados com um pouco mais de cuidado. Haviam flores frescas ao lado dela todos os dias agora, o que era bom. Remus trouxe uma poinsétia, porque Lily lhe disse que eram flores natalinas, e Hope não estava mais comendo comidas sólidas, então chocolates estavam fora de questão.

Alguém havia enrolado enfeites de ouro e prata em volta da estrutura da cama e, com tachinhas azuis, colado cartões de Natal nas paredes. Eram tantos que parecia que havia um papel de parede festivo especial.

"Ela disse que se você viesse enquanto ela dormia, eu deveria acordá-la imediatamente", disse a alegre enfermeira de plantão.

"Obrigado, vou acordá-la", ele sorriu.

Sua mãe estava cochilando suavemente em sua grande cama de hospital. Ele se perguntou o quão alta ela era quando estava de pé. Muito pequena, imaginou - com base nas fotos que tinha dela com Lyall, e em como as mãos dela eram minúsculas. Ele só a tinha visto deitada, e agora percebeu que nunca poderia vê-la de outra maneira.

Ele tocou sua mão gentilmente, apertando-a com os dedos. Suas pálpebras tremeram e ela franziu a testa, a dor evidente em seu rosto. A mulher virou a cabeça e o viu, e sua sobrancelha suavizou de uma vez.

"Olá, meu querido", disse Hope com voz rouca, como se sua boca estivesse cheia de algodão.

"Feliz Natal, mãe." Ele disse, sentando-se.

"Nadolig llawen", disse ela, em um galês elegante e terroso.

"Como você está?"

"Melhor por te ver," ela sorriu. "Estou tão feliz por você ter vindo."

"É claro que viria." Respondeu sinceramente. "É Natal."

Antes, os dois não haviam conversado sobre Remus visitá-la no dia do Natal. Os dois evitaram o assunto e Remus presumiu que ela iria querer passar o tempo com sua família de verdade.

Ela perguntou agora, no entanto.

"Onde você estará amanhã? Em casa com o Sirius? " Era estranho ouvi-la dizer o nome dele com seus suaves R's.

"Nos pais do nosso amigo", respondeu, "Os Potter's - você conheceu a Sra. Potter uma vez, ela me contou. Euphemia. "

"Eu não me lembraria," ela balançou a cabeça. "Eu convidaria você para ficar aqui, mas não será muito divertido, infelizmente."

"O que você quiser, mãe." Respondeu, esperando não parecer desapontado.

"Você ficará mais feliz com seus amigos." Ela disse, como se fosse para si mesma.

"O Sr. Potter conhecia o Lyall," Remus cutucou um pouco mais forte, querendo falar sobre algo mais substancial. "Eles trabalharam juntos no ministério e iam ao pub às vezes, e James - o filho deles - nasceu em março, assim como eu -"

"Eu não me lembro", disse Hope, desta vez com mais força. "Sinto muito, Remus, eu não lembro. Lyall mantinha essas coisas separadas. Muitas vezes é melhor assim, você aprenderá. "

Ele pensou sobre isso. Pensou no quão pouco soube sobre seus pais durante a maior parte de sua vida, e quão pouco soube sobre si mesmo como resultado. Ele pensou em Sirius, e como eles sempre brigavam porque Remus não era aberto o suficiente. O quanto doía nas outras pessoas esconder segredos, mesmo quando você estava tentando protegê-los.

"Eu não concordo." Falou simplesmente. "Não acho bom esconder as coisas o tempo todo."

"Bem." Hope respondeu. Ela desviou o olhar e retirou a mão da sua.

Remus percebeu que ela estava irritada com ele. Era uma sensação estranha e nova no relacionamento deles. Ele não tinha certeza de como reagir. Se ele a tivesse conhecido por toda a vida, saberia o que fazer; seria aquela coisa cotidiana, brigar com sua mãe. Sua paciência se encurtava quanto mais ele pensava sobre isso - tudo isso era culpa dela, suas emoções atrofiadas estúpidas, sua completa incapacidade de estar confortável com outras pessoas, e aqui estava ela, evitando-o.

Ele queria sua atenção e só conhecia uma maneira de obtê-la.

"Sra. Potter - a mãe de James - ela é ótima." Disse "Ela faz as melhores tortas de carne moída de todos os tempos, e um jantar de Natal completo, e sempre me dá um presente, embora eu não seja filho dela".

Hope franziu os lábios, mas ainda não ergueu os olhos.

"Isso parece bom." Ela respondeu em uma voz baixa e firme.

Remus continuou.

"Sim, James é realmente sortudo. Eu nunca tive um Natal de verdade até ir para os Potter. "

"Sim, você teve!"

Hope o olhou de repente, e ele viu sua própria raiva refletida em seus olhos.

"Você teve!" Ela repetiu "Tínhamos Natais adoráveis ​​quando você era pequeno!" Ela o olhava como se ele estivesse louco, como se fosse ele quem estivesse doente, não ela.

"Você não se lembra da árvore com o anjo dourado e do presépio? Achei que você tivesse engolido o menino Jesus quando tinha um ano, mas você o tinha colocado debaixo do travesseiro, porque eu lhe contei sobre o velho malvado rei Herodes e você queria mantê-lo seguro - você foi tão doce. E nós compramos para você aquele cavalinho de pau, e o conjunto de fazenda - você amava o conjunto de fazenda, os pequenos leitões cor-de-rosa, eu estava sempre os encontrando no jardim. E os fantoches de mão e o tanque do exército - lembra do seu tanque? Eu disse a Lyall que você era muito jovem, que você era um menino sensível, eu não gostava que você brincasse de guerra, mas você adorava, e seu pai costumava fazê-lo se mover com sua magia, e vocês conversavam por horas... "

Ela parou, claramente chateada. Remus ficou boquiaberto.

"Não me lembro de nada disso, mãe." Ele disse, procurou pela mão dela novamente e a apertou. "Eu gostaria de lembrar, no entanto. Parece bom."

"Eu penso em você todos os anos." Hope respondeu chorosa, com a voz trêmula: "Todas as noites eu costumava acender a vela da igreja e pensar em você, Remus, e falava sobre você ... Eu contava a Siân sobre você também."

Isso chamou sua atenção. Ela o olhava com cautela, como se temesse que ele pudesse atacar. Ciente disso, Remus manteve sua voz calma.

"Você poderia me falar um pouco sobre Siân?"

Hope mordeu o lábio. Ela parecia tão exausta devido a dor, as drogas e a porra do câncer, que ele estava começando a se sentir culpado. Mas eles estavam quase sem tempo.

"Ela tem oito anos", A mulher respondeu finalmente. "Ela vai fazer nove em fevereiro."

"E ela é sua filha com... com Gethin?" Remus perguntou, sentindo como se todo o ar tivesse saído do quarto.

Hope assentiu, fechando os olhos. As lágrimas caíram de seus cílios, escorrendo por suas bochechas.

"Eu nunca me casei novamente - não depois de Lyall. Mas eu me apaixonei. Eu tive minha Siân. "

"Apenas Siân?"

Ela acenou com a cabeça novamente. Remus franziu a testa.

"Quando vim ver você pela primeira vez, a enfermeira disse que você sempre falava de seus filhos - pensei que você tivesse mais de um."

"Sim", Ela o olhou perplexa, piscando em meio às lágrimas, "Você e Siân."

"Oh." Ele se sentia péssimo. Todo esse tempo ele pensou que era um dos terríveis segredos de Hope.

"Eu nunca tive vergonha." Ela disse, uma nota de desafio em sua voz. "Não do meu adorável menino. Nunca."

"Mãe..." Remus sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. De repente, ele também estava chorando e apertando a mão dela desesperadamente.

"Venha aqui", ela lhe estendeu a mão, e ele se levantou para se sentar com cuidado na beira da cama, inclinando-se para que ela pudesse envolver os braços ao redor dele. Ele descansou a cabeça em seu ombro, tentando não colocar muito peso em seu corpo frágil, mas Hope era mais forte do que ele acreditava, e o segurou com força.

"Desculpe, mãe," ele disse, suas palavras abafadas pela camisola macia dela. Ela cheirava a talco, lavanda e família. Hope acariciou seus cabelos.

"Você não tem nada para se desculpar, querido. Eu amo você."

"Eu também te amo," ele chorou.


I've looked at clouds from both sides now

Eu olhei para as nuvens de ambos os lados agora

From up and down, and still somehow

De cima para baixo, e ainda de alguma forma

It's cloud illusions I recall

São ilusões de nuvem que me lembro

I really don't know clouds at all

Eu realmente não conheço nuvens

Both sides now - Joni Mitchell



* * *



Moons and Junes and Ferris wheels

Luas e junes e rodas-gigantes

The dizzy dancing way you feel

A maneira tonta de dançar que você sente

As every fairy tale comes real

Como cada conto de fadas se torna real

I've looked at love that way

Eu olhei para o amor dessa maneira

But now it's just another show

Mas agora é apenas mais um show

You leave 'em laughing when you go

Você os deixa rindo quando você vai

And if you care, don't let them know

E se você se importa, não deixe que eles saibam

Don't give yourself away

Não se entregue

Both sides now - Joni Mitchell




Remus ficou no hospício por mais tempo do que o normal e, quando aparatou no portão da frente do Potter, estava exausto. Se sentia como uma roupa suja que havia sido espremida e espalhada em um varal, fraco, nu e vazio.

James teve de interrogá-lo na porta - o que era normal agora.

"Qual filme vimos no verão de 1974?"

"O Grande Gatsby." Ele respondeu severamente.

James viu a expressão em seu rosto e deu um passo para o lado imediatamente.

"Tudo bem, Moony?" ele perguntou, colocando a mão no ombro de Remus.

"Sim," Remus acenou com a cabeça, esperando que apenas parecesse cansado, "Eu não quero ser rude, mas estaria tudo bem se eu apenas fosse para a cama? Hum. Diga a seus pais que eu realmente sinto muito, eu só ... "

"Sim, claro, cara!" James respondeu ansiosamente: "Apenas suba, vou dizer a eles que você está exausto."

"Obrigado." Remus sorriu. Ele subiu as escadas familiares para a cama. Realmente esperava que a Sra. Potter não se importasse - estaria bem pela manhã, mas agora ele não tinha certeza se aguentaria vê-la. Ela sempre o abraçava também, e ser abraçado por apenas uma mãe hoje era o máximo que podia suportar.

Claro, não demorou muito para que Sirius enfiasse a cabeça pela porta do quarto.

"Vou deixar você em paz, se quiser", disse ele, carregando uma bandeja com queijo, picles, presunto, biscoitos e, claro, as famosas tortas de carne moída da Sra. Potter. "Eu só pensei que talvez você poderia estar com fome?"

"Estou morrendo de fome," Remus sorriu para ele, "Obrigado."

Parecendo muito satisfeito consigo mesmo, Sirius cruzou o quarto com mais confiança e colocou a bandeja na cama entre eles. Os dois ficaram sentados em silêncio por um tempo, de pernas cruzadas em cima do edredom, Remus comendo, Sirius fingindo não estar olhando para ele. Quando terminou, o moreno tirou a bandeja e Remus se deitou, esticando os membros doloridos.

"Devo ir?" Sirius perguntou.

"Não." Remus respondeu. "Só... não espere muito, ok?"

"Ok." Ele se deitou ao lado de Remus, de costas.

"Como está a ressaca?" Remus perguntou, lembrando-se do estado em que todos estavam naquela manhã.

"Bem" Sirius bufou, "Evans e suas poções."

"Ótimo."

Remus fechou os olhos, deixando os eventos do dia se estabelecerem em sua mente. Era bom ter Sirius ali, decidiu. Ficar sozinho poderia ter sido horrível. Se ao menos houvesse uma maneira de expressar isso sem que soasse errado.

"Eu tenho uma irmã." Ele disse finalmente. "Ela tem oito anos."

"Uau."

"Hm." Ele pegou a mão de Sirius e a segurou. "Ela levou meses para me dizer. Deus sabe o que mais eu não sei. Eu gostaria que tivéssemos mais tempo juntos. "

Sirius apertou sua mão com simpatia. Remus lambeu os lábios, preparando-se para o que falaria em seguida. "Eu gostaria que tivéssemos mais tempo, mas eu também... Eu também gostaria que ela fosse mais aberta. Realmente dói saber que há partes dela que ela mantém privadas. "

"Oh?" Sirius estava fazendo um excelente trabalho em manter a calma. Se Remus não estivesse tão triste, seria cômico.

"Sim." Respondeu e se virou para olhá-lo, assim como o moreno o fez. "Então, eu sinto muito," Remus disse, nervoso, "Se eu alguma vez fiz você se sentir assim."

"Moony--"

"- É só que eu fico preocupado," Remus continuou rapidamente, "Que você não vai... se você soubesse de algumas coisas ..."

"Não há nada que você possa me dizer que mudaria o que sinto." Sirius disse.

Remus ficou sem palavras ao ouvir isso. Mas foi uma sensação boa. Uma sensação de felicidade, até mesmo considerando as circunstâncias. Ele não conseguia mais olhar para Sirius, então rolou para o lado. Felizmente, o moreno pareceu entender e fez o mesmo, passando o braço pelo corpo de Remus, que respirou lentamente.

"Aquela missão que eu fui, no verão? Foi muito ruim. " Ele disse, já sentindo o peso começar a diminuir.

"Eu pensei que algo tinha acontecido." Sirius respondeu. "Continue."

"Eu ... você se lembra de como eu fiquei, da última vez que haviam lobisomens por perto? Tipo... muito agressivo e meio que não pensando? Isso aconteceu de novo. Ninguém se machucou, mas tenho quase certeza de que Danny acha que estou perigosamente louco agora."

"Não aconteceu com ele?"

"Eu acho que ele deve ter sentido isso. Mas reagimos de maneira diferente. Eu meio que - assumi o comando. Não de propósito, parecia natural na hora. "

"Isso faz sentido," Sirius disse, "Isso é o que você faz em luas cheias, temos que deixar você ser o líder."

"Sim, eu não tinha pensado nisso dessa forma."

"Então... se ninguém se machucou, o que aconteceu?"

"Um dos lobisomens tentou me atacar, mas eu o dominei." Remus disse, "Era para eu conseguir informações, mas tudo o que fiz foi irritá-los."

"O que Moody disse sobre isso?"

"Ele foi... enigmático. Eu não acho que ele estava com raiva. Ele me perguntou se eu me importaria de ir sozinho da próxima vez - sem Danny. Mas ele não me enviou em nenhuma outra missão, não em missões de verdade, e já faz meses... "

"Eles têm que estar te guardando para alguma coisa." Sirius respondeu. "Eu sei que sim - James continua dizendo a Frank e Alice como você é bom em magia defensiva, e eles apenas dizem que não podem fazer nada sem uma ordem de alguém acima deles."

"Pode ser." Remus suspirou.

"Ele realmente disse que você tinha que ir sozinho da próxima vez?"

"Ele não disse que eu tinha que ... apenas perguntou se eu me importava. E eu não acho que haja outra maneira - Danny não vai trabalhar comigo de novo, ele estava com muito medo. Então eu suponho ... sim, serei só eu da próxima vez."

Os braços de Sirius se apertaram ao redor de Remus.

"Eu odeio isso."

Remus não respondeu, e Sirius não parecia estar procurando por uma resposta, então eles ficaram quietos assim por um tempo, até Remus adormecer.



* * *



Boxing Day 1978

Como Lily havia previsto, o Natal de 1978 foi uma pausa bem-vinda para os problemas de todos. Na verdade - talvez porque tenha sido um ano particularmente difícil - Remus sempre se lembrou daquele Natal como um dos mais agradáveis ​​e felizes que tiveram juntos.

O Sr. e a Sra. Potter estavam diminuindo um pouco a velocidade - Euphemia disse que não estava com vontade de dar uma grande festa como costumava fazer e, de qualquer forma, o Ministério havia alertado contra grandes reuniões sociais. O Sr. Potter teve que ser trancado fora de seu escritório - James e Sirius roubaram a chave - mas ele viu o lado engraçado da situação e se juntou às festividades de todo o coração.

Remus percebeu que neste ano os anfitriões foram realmente James e Lily. Ela coordenou a maior parte da cozinha, decoração e escrita dos cartões; enquanto James se certificava de que todos sempre tinham seus copos cheios, que todos os jogos habituais de natal fossem feitos e de que a casa estava cheia de alegria o tempo todo.

Quanto aos presentes, fora tudo normal - doces, nozes e frutas cristalizadas, meias e cuecas novas, um pijama de Lily de brincadeira ("pare que eu pare de pegar você de cueca!"). E um novo par brilhante de Doc Martens de Sirius.

Surpreendentemente, naquele ano, Remus também recebeu um presente de Grant e se sentiu culpado por não lhe dar um em troca. Ele riu quando abriu - um organizador de filofax. Grant havia escrito seu próprio endereço e número de telefone na primeira página e, no verso, onde as notas tinham o título: "Resoluções de Ano Novo: 1. Pare e cheire as rosas."

Terminado o dia de Natal, James e Lily iriam para a casa dos Evans para o Boxing Day (James estava absolutamente aterrorizado devido ao fato de ter encontrado a irmã de Lily duas vezes e não tê-la impressionado em nenhuma). Então Sirius e Remus voltaram para sua própria casa para descansarem e se prepararem para o ano novo. Sirius gostou da ideia de ser o anfitrião de sua própria festa, e Remus estava preparado para ceder, contanto que eles convidassem apenas pessoas que conheciam.

"Quantos você acha que podemos caber neste apartamento de qualquer maneira?" Remus perguntou quando eles abriram a porta. "Não é como se tivéssemos um salão de baile, só há um sofá!"

"Deveríamos quebrar a parede da cozinha, deixar tudo aberto," Sirius respondeu enquanto entravam. O telefone estava tocando e ele foi atender. "Alô?" Ele franziu a testa e estendeu o telefone para Remus, "Para você, eu acho?"

Remus pegou o telefone. É claro que era para ele - Sirius não conhecia ninguém que soubesse usar o aparelho.

"Alô?"

"Alô? É Remus Lupin? " Era um homem com uma voz profunda e um amplo sotaque galês. As entranhas de Remus gelaram e ele se sentou no braço do sofá, firmando-se.

"Sim, sou eu..."

"Ah, bom. Ah. Meu nome é Gethin Rees. "

Remus engoliu em seco e sentiu a garganta seca.

"Ela... ela se foi, não é?"

Houve um longo silêncio do outro lado da linha e Remus começou a chorar. Finalmente, Gethin falou, sua própria voz soando muito áspera.

"Sinto muito, rapaz. O funeral é na próxima quarta-feira. "



I've looked at love from both sides now

Eu olhei para o amor de ambos os lados agora

From give and take, and still somehow

De dar e receber, e ainda de alguma forma

It's love's illusions I recall

São as ilusões do amor que me lembro

I really don't know love at all

Eu realmente não conheço o amor de jeito nenhum



* * *



Tears and fears and feeling proud

Lágrimas e medos e sentindo-se orgulhoso

To say "I love you" right out loud

Para dizer "eu te amo" em voz alta

Dreams and schemes and circus crowds

Sonhos e esquemas e multidões de circo

I've looked at life that way

Eu olhei para a vida dessa maneira

But now old friends are acting strange

Mas agora velhos amigos estão agindo de forma estranha

They shake their heads, they say I've changed

Eles balançam a cabeça, eles dizem que eu mudei

Well something's lost, but something's gained

Bem, algo se perdeu, mas algo se ganhou

In living every day.

Em viver todos os dias.




Quarta-feira, 3 de Janeiro de 1979

Remus suspirou, olhando pela janela do quarto e observando as gotas de chuva escorrendo pelo vidro. Quando era pequeno e chovia, ele se sentava no maior parapeito da janela que conseguia encontrar em St. Edmunds, escolhia duas gotas e fingia que elas estavam competindo até o fim do vidro. Uma ideia que ele tirou de um poema; talvez um poema que Hope tivesse lido, um que ele havia esquecido.

Em filmes, os funerais sempre aconteciam em dias chuvosos, o que era chamado de 'falácia patética', Remus havia lido sobre isso em um antigo livro de inglês A-level. Claro, se você tivesse um funeral no País de Gales em janeiro, as chances de chuva também eram extremamente altas. Era uma coisa estranha para se alegrar, mas parecia adequado. Um dia ensolarado teria sido intolerável.

"Pronto?" Sirius perguntou muito gentilmente, entrando no quarto.

Remus o olhou, sentindo-se entorpecido, e acenou com a cabeça. Sirius estava lindo em um terno preto, seu cabelo amarrado para trás. Remus se sentia amarrotado, embora estivessem vestidos de forma idêntica, Sirius sempre parecia mais elegante. Remus queria cortar o cabelo curto, na intenção de parecer mais arrumado, mas foi convencido do contrário no final. Ainda assim, o desejo de fazer algo drástico estava lá.

"Não tenha pressa," disse Sirius, "Temos mais ou menos uma hora."

Remus acenou novamente. O serviço deveria começar às onze, mas Gethin disse que se quisesse vir mais cedo e cumprimentar os enlutados, ele seria bem-vindo. Remus ainda não tinha certeza.

Sirius fechou a porta do quarto e veio se sentar ao lado dele. Ele segurou sua mão e olhou pela janela também.

"Você já foi a um funeral antes?" Remus perguntou, finalmente.

"Do tio Alphard," Sirius respondeu, "Eu era pequeno, no entanto. Nove ou dez. Não me lembro. Eu nunca... perdi ninguém próximo. "

"Hm." Remus inclinou a cabeça, ainda observando as gotas de chuva contra o céu cinza, "Não sei se conhecia Hope tão bem. Eu nem a conheci por um ano inteiro. "

"Eu não acho que isso importe."

"Nem eu." Remus abaixou a cabeça.

Ele não iria chorar de novo, não achava que conseguia. A princípio, foi uma sensação boa, uma grande onda de emoção. Porém, desde então, nada. Apenas um vácuo e uma sensação de vazio que ele nunca havia sentido antes.

Sirius agarrou sua mão novamente.

"Eu estarei com você o tempo todo."

Remus o olhou e sorriu fracamente.

"Obrigado. Ok, acho que estou pronto. " Ele se levantou, finalmente entrando em ação. "Ah, merda!" Ele disse, batendo na testa "As flores! Padfoot, esqueci de pegar as malditas flores! "

Sirius colocou a mão em seu ombro.

"Eu pedi a Wormtail para fazer isso, ele está com elas. E Lily tem o endereço da igreja, para que a gente não se perca - Prongs está com a comida para o velório, a Sra. Potter mandou algumas tortas de porco e rolinhos de salsicha, e eu já separei os guarda-chuvas. Tudo que você precisa fazer é aparatar, todo o resto está resolvido, certo? "

Repleto de emoção, Remus o pegou e o abraçou com força.

"Obrigado", disse.

Sirius o abraçou de volta.

"Qualquer coisa pelo nosso Moony, hein?"

Remus sorriu, respirando o cabelo de Sirius, seu cheiro, deixando-se ser ancorado. As palavras surgiram em sua cabeça quase do nada e, finalmente, finalmente, foi fácil dizer.

"Sirius?" Ele sussurrou, ainda o segurando.

"Sim?"

"Amo você."

Sirius beijou sua bochecha, soltando uma risada suave, que soou como alívio.

"Amo você também."

Eles entraram na sala de mãos dadas. James e Peter também usavam ternos, e Lily estava em um vestido preto simples, seu cabelo vibrante amarrado em um coque com capricho. Ela carregava um enorme buquê de flores. Todos deram a Remus sorrisos cautelosos e simpáticos, aos quais ele estava se acostumando agora. Ele acenou de volta para todos, agradecido.

"Certo." Sirius disse, assumindo o controle, "Vamos fazer isso."

Era uma pequena igreja de aldeia, perto da cidade natal de Hope - era onde ela havia sido batizada, e se ela tivesse se casado com um trouxa, seria onde o casamento teria acontecido. Remus sabia por suas breves conversas que Hope não era particularmente religiosa, mas que sua família pertencia à Igreja no País de Gales, então ela a seguia pelo bem da tradição.

Era um espaço muito bonito - ou pelo menos teria sido, se não estivesse chovendo tanto. Granito cinza suave, com campanário pontiagudo, vitrais simples, mas bonitos. Como uma igreja em um livro ilustrado. O cemitério estava cheio de lápides antigas e cruzes de pedra, mas Hope seria cremada, de acordo com seus desejos.

Os Marotos e Lily se aproximaram lentamente, subindo o caminho encharcado para se juntar ao grupo de enlutados reunidos na porta. Remus avistou Gethin imediatamente, parado do lado de dentro da varanda, apertando as mãos de cada convidado que entrava. Ele era um homem alto, como Lyall, mas não tão esguio. Tinha cabelo escuro, sobrancelhas grossas e pretas e um queixo bastante fraco. Ele parecia completamente quebrado, e Remus ficou instantaneamente menos nervoso por conhecê-lo.

Lily, James e Peter ficaram para trás, procurando um lugar para colocar toda a comida que trouxeram para o velório, que deveria ser no corredor da igreja nos fundos. Remus e Sirius esperavam silenciosamente a vez de entrar.

"Olá," Gethin disse, mal erguendo os olhos quando Remus se aproximou, "Obrigado por ter vindo..."

"Eu sou Remus." Disse, apertando a mão estendida. Gethin ergueu os olhos imediatamente, piscando. Eles eram da mesma altura.

"Remus." Gethin apertou sua mão fracamente, seus olhos escuros o examinando. "Hope falava de você o tempo todo. É uma pena que estejamos nos encontrando assim. "

"Sim." Remus acenou com a cabeça.

Eles ficaram parados sem jeito por um tempo, apenas olhando um para o outro, antes de Gethin recobrar o juízo "Entre", disse ele gesticulando: "Sua mãe estava ansiosa por você se sentar na primeira fila, mas depende de você..."

"Obrigado," Remus acenou com a cabeça novamente.

"Vejo você depois, hein?" Gethin deu um tapinha em seu ombro.

"Sim. Bom. "Remus disse, ciente de que estava respondendo monossílabo.

No final, Sirius teve de empurrá-lo para dentro da igreja, pois ele parecia ter se esquecido de como se mover. Eles caminharam lentamente para a frente e se sentaram. Remus podia ouvir as pessoas sussurrando sobre ele; alguns deles sabiam quem ele era, e a reação foi mista. Os ignorou. Estava lá por Hope e mais ninguém.

O serviço em si foi um borrão, e ele mal ouviu. Apenas olhou para o púlpito em forma de águia e tentou evocar uma memória decente de sua mãe.

Eles não cantaram nenhum hino religioso, mas tocaram uma música de Joni Mitchell. Hope nunca mencionou Joni Mitchell para Remus, mas ele supôs que deveria ter significado algo para ela. Esse foi um pensamento doloroso. Eles tiveram tão pouco tempo. Não era justo.

Siân estava lá, é claro. Remus a reconheceu imediatamente - ela era a única criança presente. Ela estava vestida com um vestido creme com uma faixa de cetim preto, e mantinha a cabeça enterrada no colo de uma velha que Remus não conhecia - ele presumiu que fosse a mãe de Gethin, avó de Siân. Ela chorou o tempo todo e, por algum motivo, isso foi reconfortante para Remus. Hope deve ter sido uma mãe maravilhosa.

Depois disso, as pernas de Remus pareciam chumbo. Ele estava enraizado no lugar. Não se levantou com o resto da família para sair (não havia caixão para seguir - o corpo dela já estava no crematório, aparentemente), mas esperou até que a igreja se esvaziasse. Sirius esperou com ele.

Quando a igreja estava quase vazia, Sirius sussurrou.

"Você está bem?"

Remus acenou com a cabeça.

O moreno tocou seu joelho levemente, mas não mais do que isso. "Foi muito triste. Tudo bem se você estiver cansado e quiser ir para casa."

"Não, está bem." Remus balançou a cabeça, "Eu devo ir. Eu disse a Gethin que iria. Só. Mais cinco minutos?"

Eles tiveram que sair eventualmente, o zelador queria arrumar as coisas..

O salão da igreja era muito pequeno e lotado de pessoas e de emoções de pessoas. Alguns deles estavam rindo, relembrando. Outros ainda estavam sombrios e com os narizes vermelhos. Era um espaço sem graça que precisava ser reformado; as tábuas do assoalho se estilhaçavam em alguns lugares, haviam quadros de avisos dedicados aos desenhos das crianças que frequentavam a escola dominical ali, e outro para o grupo de escoteiros local.

Três mesas de cavalete rangiam sob o peso da comida que as pessoas trouxeram - pilhas de sanduíches, tortas de carne, batatas fritas, queijo e espetos de abacaxi, bolo de frutas, sobras de curry de peru, fatias de presunto e outros frios. Era um funeral seco, e uma senhora idosa no canto estava servindo xícaras fracas de chá com leite. Pela primeira vez na vida, Remus não estava com fome.

Pior de tudo, havia uma mesa coberta de fotografias e álbuns emoldurados. A maioria deles era de Hope, e além de uma ou duas fotos dela quando criança, nenhuma delas tinha sido tirada antes de 1965. Remus olhou para todas elas, tentou fixar a imagem em sua mente - uma mulher feliz e saudável que sempre tentou fazer o melhor, mesmo quando outras pessoas a decepcionavam.

"Ela ficaria tão feliz por você ter vindo." Gethin apareceu ao lado dele, estendeu a mão e acariciou o vidro em uma das molduras. O rosto preto e branco de Hope sorria para ele, estático e sem vida.

"Eu tinha que vir." Remus respondeu baixinho. Sirius estava ao lado do seu ombro, pronto para qualquer coisa. Remus olhou para Gethin, "Eu gostaria de ter estado lá. Para... bem, para dizer adeus. "

"Foi muito quieto, como ela era." O homem mais velho disse. "Ela acordou na manhã de Natal e foi dormir depois do almoço. Não houve dor. "

Remus não havia pensado em Hope sentindo dor. Ele desejou que Gethin não tivesse colocado isso em sua cabeça.

"Eu sei o que você está pensando", Gethin continuou, acenando com a cabeça para a exibição de fotos, "Nenhuma foto sua. Não foi a intenção - ela colocou todas em uma caixa para eu enviar para você, só que perdi o seu endereço de e-mail... "

"Eu não as quero." Remus balançou a cabeça.

"Remus," Sirius disse suavemente, "Não tome nenhuma decisão ainda."

Remus apenas deu de ombros.

"Existem algumas outras coisas," Gethin disse, olhando para Sirius com alguma confusão, então olhando para Remus novamente, "Eu vou guarda-las pelo tempo que você quiser."

"Coisas?" Remus olhou para ele sem expressão.

"Coisas que ela queria que você tivesse", O homem respondeu. "Não é dinheiro, nem nada -"

"Não estou interessado em dinheiro!" Remus disse bruscamente.

Gethin franziu a testa, ele parecia magoado. Seus olhos estavam orlados de vermelho, com anéis escuros sob eles, como manchas de pó de carvão. Remus franziu os lábios e deu um passo para trás, balançando a cabeça.

"Eu sinto muito. Eu não posso continuar aqui. Eu sinto muito." E, com isso, se virou e saiu direto do salão.

Já tinha parado de chover, mas a grama ainda estava molhada e o cheiro delicioso de terra subia por toda parte. Havia um grupo de velhos sentados em alguns bancos do lado de fora. Eles haviam afrouxado as gravatas e sentavam-se preguiçosos, fumando e passando um frasco ilícito com algo de cheiro muito forte. Remus resmungou, enojado, e continuou andando, querendo ficar longe de tudo.

"Remus!" Sirius veio correndo pelo caminho para alcançá-lo, Lily, James e Peter não estavam muito atrás.

"Eu quero ir embora." Ele respondeu.

"Você pode voltar para a casa da minha mãe e do meu pai se quiser?" James sugeriu "Mamãe disse que vai fazer o jantar para todos nós."

"Não," Remus balançou a cabeça, ele agarrou o braço de Sirius e o olhou, implorando, "Por favor, podemos apenas voltar para o apartamento? Só você e eu? "

"Claro que podemos," Sirius colocou sua própria mão calma sobre a desesperada de Remus, e Remus sentiu seu coração começar a se acalmar.

Então foi isso que fizeram, com Remus prometendo a si mesmo que se desculparia com os Potter e seus amigos em outra ocasião.

Mas se ele estava esperando por uma trégua do resto do mundo, para se trancar com Sirius e fingir que, por apenas um momento, nada mais importava, ele ficaria desapontado.

Quando eles entraram em casa, havia uma coruja pousada em cima da lareira, com um bilhete amarrado na perna escamosa.



Remus.

Minhas condolências.

Por favor, me encontre no escritório dos aurores às 9h na segunda-feira.

A. Moody.



* * *

I've looked at life from both sides now

​​Eu olhei para a vida de ambos os lados agora

From win and lose and still somehow

De ganhar e perder e ainda de alguma forma

It's life's illusions I recall

São as ilusões da vida que me lembro

I really don't know life at all

Eu realmente não conheço a vida de jeito nenhum



─ ★ ── Notas ── ★ ──

Todas as letras de músicas do capítulo foram tiradas da música 'both sides now' de Joni Mitchell.

Full English é um café da manhã completo, que contém: ovos fritos, bacon, feijão, tomate, cogumelo, torrada, pudim preto, espinafre, bolo de batata e Hash Browns (Hash Browns são bolinhos de batata ralada e cozida.).

"Nadolig llawen" significa "Feliz Natal" em galês.

Doc Martens é uma marca que produz sapatos estilo coturnos

Filofax é um caderno estilo planner.

A expressão que a Lily usa ''You big Jessy" foi um jeito carinhoso de chamar o Remus de viadinho, mas já que eu não achei nada correspondente decidi deixar em inglês.


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