Double Trouble | TAEJIN

By reasontaejin

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Há pouco mais de um ano, Kim Seokjin está completamente convencido de algo: viver "perigosamente" e quebrando... More

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3. say it again
4. we accept the love we think we deserve
5. this is not a "yes" yet
6. people change
07. can we talk?
08. the world doesn't revolve around you
09. the real reasons
10. the blind starts to see
11. in the end, I got everything I deserved

2. now we have a deal

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By reasontaejin


— Taeyong, por deus, que piada mais sem graça é essa? — perguntei rindo de nervoso, mas o seu sorriso de canto parecia debochar de mim, o que me deixou levemente irritado. — Você tá me deixando confuso!

Ele soprou uma risada ainda com aqueles braços cruzados e eu já vinha ficando sem paciência. Se ele tinha reservado aquele dia para tirar uma com a minha cara, estava conseguindo.

— Eu não sou o Taeyong, sou o Taehyung. Eu sou irmão gêmeo dele, morava no Japão e consegui uma bolsa aqui pra estudar arquitetura, hoje é o meu primeiro dia — disse achando aquela situação um máximo. — Sinceramente eu achei maravilhosa essa recepção toda, mas acho que agora uma confusão começou aqui.

Cerrei os olhos, não era possível que ele realmente estivesse disposto a ir fundo e me fazer de palhaço. Taeyong nunca foi desse tipo de pessoa, arrisco dizer que ele não era muito amigo do humor, então esperar uma atitude dessas dele era algo que eu realmente não fazia.

— Ah é? Se você não é o Taeyong, então por que veio até aqui comigo e me beijou, hein? Para de palhaçada!

Ele riu alto, descruzou os braços e tocou meu cabelo. A cara de cafajeste estava ainda mais evidente, principalmente aquele sorrisinho de lado, só que eu não estava entendendo mais nada, sinceramente para mim, Taeyong tinha estragado todo o clima e a gente estava perdendo o precioso tempo que tinha, pois aquela sala não ficaria vazia para sempre.

— Bom, primeiramente porque eu vi você olhando pra mim daquele jeito e você é muito bonito, apesar de eu nem saber seu nome. Segundo que, não é todo dia que você chega num lugar novo e já tem um cara tão gato assim flertando contigo e eu não sou de perder oportunidades assim não. Caiu na rede é peixe — respondeu dando uma piscadinha. — Ah e se você ainda não acredita que eu não sou o Taeyong, eu te provo agora.

Eu nem percebi que ele tinha jogado sua mochila no chão perto da minha, mas ele caminhou até ela e abriu enquanto eu ainda estava observando sem sequer acreditar naquela situação. Já era muito complicado nos envolver nas escondidas em salas vazias e locais proibidos, mas ter que aguentar essa encenação toda da parte de Taeyong, que nem era do feitio dele, já estava sendo muito estressante.

Ele pegou algo que, mesmo no escuro da sala, identifiquei sendo uma carteira, retirou alguma coisa dali e depois veio até mim mostrando o que parecia ser uma carteira de identidade.

— Dá isso aqui — peguei da mão dele já irritado e finalmente fui ver até onde aquela palhaçada chegaria.

"Kim Taehyung"
"Daegu — Coreia do Sul"
"Data de Nascimento: 30/12/1995"

"Filiação: Kim Jaein (pai)
Kim Dahye (mãe)"

"Ok, Seokjin... respira fundo, não surta." ecoou em minha mente enquanto meus olhos passavam por aquelas informações. Indispensável dizer que eu examinei o documento inteiro, cada milímetro dele para ver se não era uma falsificação, mas depois me toquei que ele era maior de idade, então não tinha motivo algum nessa terra para fazer um documento falso.

Na foto na frente da identidade ele parecia estar bem mais novo, mas os cabelos estavam escuros exatamente iguais aos de Taeyong, mas o nome Kim Taehyung na assinatura praticamente gritava para mim.

Meu coração acelerou de uma forma ridícula enquanto a ficha caía. Taeyong nunca mencionava nada sobre sua família, tudo que eu sabia era que o pai era separado da mãe, que morava em outro país. Ele nunca disse que tinha um gêmeo, nunca disse que esse mesmo cara iria estudar na nossa universidade. Ele nunca disse nada.

— Meu deus... — sussurrei, meus olhos passeando atônitos da identidade para a cara daquele garoto em minha frente que não desfazia por nada o sorriso ladino de quem estava se divertindo muito. — Você... Você.... Ai meu deus! — exclamei desesperado jogando a identidade nele, que riu mais uma vez. — Que porra tá acontecendo aqui?

Ele pegou o documento que foi ao chão, recostou o corpo na parede e continuou olhando o meu desespero com todo o divertimento do mundo. Eu não conseguia crer que aquilo fosse mesmo real e que, por deus, eu havia acabado de beijar um desconhecido — que de bônus era irmão gêmeo do cara que eu gostava.

— Pelo visto o Taeyong tem bom gosto — disse dando de ombros. — Não sabia que ele tinha um namorado. Ele nunca falou sobre gostar de homem...

— Eu não sou namorado dele! — exclamei em meio ao desespero. — E você é um maluco!

— Eu? Foi você que me arrastou até aqui e começou a me beijar! — Riu — Não sabia que meu irmão era adepto a essas coisas proibidas, interessante. Mas vem cá, me fala seu nome.

Bufei de raiva, frustração, tudo o que poderia passar pelas minhas correntes sanguíneas naquele momento. Aquele cara era maluco, ele estava se divertindo, achando tudo muito engraçado e ainda era um cafajeste — mas no sentindo péssimo da coisa.

— Olha aqui, Taehyung — pronunciei seu nome fazendo uma careta. — Primeiro que eu não deveria nem estar aqui contigo, por deus, se o Taeyong souber de uma coisa dessa... — Passei a mão no cabelo sentindo o transtorno consumir minha alma — Segundo que eu não vou te falar meu nome, porque se você falar pra ele que isso aconteceu, eu juro que te mato!

A risada alta dele me deixou ainda mais irritado.

— Mas foi você que me trouxe aqui! — Se colocou na defensiva — E eu não vou falar nada pra ele, a gente se odeia. — Deu de ombros.

Se odeiam.... Será que era por isso que Taeyong havia tratado como um "problema de longo prazo"? Sinceramente, o que acontecia na família dele de tão sério assim? Por que eles dois se odiavam?

— Olha, eu nem moro na mesma casa que meu irmão, eu só fiquei lá por três dias, a muito contragosto, até conseguir um quarto no alojamento da faculdade. Se tem uma coisa que eu não vou fazer é contar sobre isso pro Taeyong, só se for irritar ele. Mas a gente pode negociar — disse colocando a mão no queixo pensativo.

Ótimo, além de estar numa saia justa horrível, ainda estava sendo ameaçado. Aquele cara era um maluco mesmo, doido de pedra, safado e eu só queria sair daquela sala correndo, mas estava completamente fodido. Claro que Taeyong iria se irritar, se eles se odiavam mesmo e soubesse que eu tinha... Argh, que eu tinha beijado o gêmeo dele, acho que todo esse esforço de um ano que mantivemos iria pelo ralo.

— O que você quer? — perguntei ríspido, já bem afastado dele.

— Bom... eu não conto nada ao meu irmão e em troca você me diz seu nome. E me dá seu número de telefone. — Deu de ombros novamente após acrescentar.

— O que?! — exclamei indignado — Só meu nome já tá ótimo, pra quê você quer meu número? Isso aqui não vai acontecer de novo!

Eu já estava ficando cansado das risadinhas dele, mas era como se eu tivesse me enfiado num buraco e não conseguisse subir de volta sem a ajuda dele. Inferno!

— Você duvida que não vai? — Ergueu uma das sobrancelhas de forma desafiadora — Sinceramente, se você está se pegando com o Taeyong, é porque aceita pouca coisa e, olha, você é realmente muito bonito pra um cara tão bosta igual ele. Ele nem te falou que tinha um irmão gêmeo que morava com a mãe no Japão, provavelmente você não sabe de nada da vida dele, não de verdade. Me dá seu telefone e me diz seu nome e eu não falo nadinha.

Bufei ainda mais frustrado, além de Hoseok buzinando em meu ouvido constantemente por causa de Taeyong, agora tinha Taehyung falando as mesmas coisas, todo mundo era louco.

— Tá! — falei me sentindo completamente irritado e sem saída. — Mas se eu souber que você disse uma só palavra sobre isso aqui... — Adverti cerrando os dentes.

— Entendi, você me mata. Eu sou muito jovem e não quero morrer, então vou cumprir com nosso acordo.

Suspirei fundo, por deus, onde eu tinha me metido? Não era nem meio dia e eu já estava com uma série de problemas nas minhas costas.

— Meu nome é Kim Seokjin — falei a contragosto, torcendo o nariz. — E me dá seu celular que eu anoto meu número pra você.

Ele sorriu vitorioso e então pegou o aparelho no bolso da calça. Desbloqueou e entregou em minhas mãos e confesso que o papel de parede me chamou a atenção. Lá estava ele na foto entre uma mulher e um homem, os três sorrindo diante de um cenário de árvores de cerejeira carregadas, bem típico da primavera japonesa. Ele parecia imensamente feliz, assim como aquelas duas pessoas mais velhas, que julguei que talvez fosse a sua família. Muito raro, talvez, encontrar jovens que tenham seus pais como papel de parede no celular, mas não tinha tempo para ficar pensando sobre isso, apenas abri o discador e coloquei meu número ali, sacrificando toda a minha dignidade por seu silêncio.

— Pronto, tá aqui. E não me mande mensagens, não me procure e não diga nada ao Taeyong. Isso aqui foi um surto, não aconteceu — adverti pegando minha mochila no chão.

— Só você acha que foi um surto, eu adorei — respondeu me lançando uma piscadela bem ao estilo cafajeste de ser. — Nos vemos por aí, Kim Seokjin.

— Ah, mas não vamos nos ver mesmo — respondi irritado e foi a última coisa que eu disse antes de abrir a porta e deixar aquele maluco na sala vazia, com seu sorrisinho vitorioso de quem tinha me irritado até o mais profundo âmago da alma.

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Depois que eu deixei a sala vazia, os sentimentos de pânico total e de que eu provavelmente estava vivendo uma piada sem graça me consumiram. Saí correndo pelos corredores feito um louco, já nem lembrava mais de aula nenhuma, eu só queria sair dali e achar Hoseok. Já estava próximo da hora de almoço e eu comecei a mandar mensagens para ele de forma frenética, provavelmente ele estava as recebendo com muito ódio no coração.

Sentei no nosso banquinho de sempre, minhas pernas balançando mais do que vara pelo nervosismo de tudo. Céus, que porra que me aconteceu? De repente eu descubro que Taeyong tem um gêmeo — que aparentemente não vale nada — e para completar toda a desgraça, eu confundo os dois, beijo o gêmeo e se ele não tivesse falado nada, provavelmente poderia ter... Ah! Pelo amor de deus!

Aquela manhã tinha tudo para ter sido uma das melhores da semana, mas aparentemente eu e a desgraça andávamos de mãos dadas.

Quando o relógio marcou a hora do almoço e aquela multidão de alunos começou a se concentrar fora das salas, finalmente vi Hoseok se aproximando. Coitadinho, estava com cara de cansado carregando seus livros, mas infelizmente eu ia passar por cima desse cansaço para contar a merda toda, pois eu tinha uma política de nunca esconder nada de Hobi.

— Você tá com a mãe na forca, Seokjin? Sério, 25 mensagens? — foi a primeira coisa que disse se aproximando e se sentando ao meu lado. Em uma das mãos ele tinha uma latinha de refrigerante e deu um gole antes de jogar seu corpo contra o encosto do banquinho.

— A mãe na forca eu não sei, mas eu tô completamente fodido — respondi com a voz nervosa, fazendo ele erguer uma das sobrancelhas enquanto engolia mais um pouco da sua bebida. Suspirei profundamente e resolvi soltar tudo de uma vez, era menos doloroso do que ficar fazendo rodeios — Eu descobri que o Taeyong tem um irmão gêmeo chamado Taehyung e eu confundi os dois e beijei o gêmeo.

Bom, o resultado de uma notícia um tanto chocante com alguém a recebendo enquanto degusta uma deliciosa bebida não podia resultar em outra coisa além de Hobi cuspindo tudo pelo ar para digerir aquilo.

— Como é? — exclamou.

Suspirei levando minhas mãos até meu cabelo e puxando de frustração. Não dava para fugir dos detalhes.

— Eu disse que o Taeyong tem um gêmeo e eu confundi os dois hoje, mas quem me dera fosse só confundir. Eu vi o cara, flertei com ele no corredor e ele flertou de volta, então levei para uma sala vazia e beijei ele... só depois que eu fiquei sabendo que era Taehyung e não Taeyong. E pra piorar toda a situação, o filho da puta agora sabe meu nome e tem meu telefone!

Hoseok me fitou por alguns segundos torturantes. Ele não disse nada enquanto me analisava, seu olhar me examinava de um jeito meio desesperador e desconfortável. Mas claro que isso não durou muito tempo, porque no fim das contas, aquele desgraçado explodiu em uma risada alta e escandalosa que só me deixou mais puto do que já estava.

— Mas eu sabia que um dia você ainda iria ter uma bela surpresa por não saber nada sobre a vida do Taeyong — disse rindo, lacrimejando de tanto que achava graça da minha cara de tacho. — O cara só te arrasta pra salas vazias, não te apresenta pra família, não fala pros amigos, não menciona ninguém e você ainda se surpreende por saber que ele tem irmão? E gêmeo ainda mais? Meu deus, essa foi a cereja do bolo que diz que você é muito trouxa, Jin!

— Oh filho da puta, isso não é hora pra me dar sermão — respondi bravo, mas ele não parava de rir por nada no mundo. — Isso é sério, Hobi! Eu meio que traí o Tae com o irmão dele!

— Trair? Mas vocês nem tem nada! É só um rolo em que só você acha que é sério, Jin, por favor. Além do mais, que cara esperto esse irmão do Taeyong, viu você dando mole e já investiu, nem conheço, mas já gostei dele — respondeu secando as malditas lágrimas de risada. — Vai fazer o que agora?

Suspirei pesadamente, na verdade não tinha muito o que fazer. Eu estava nas mãos de Taehyung, dependendo dele para Taeyong nunca saber que nós acabamos nos beijando naquela sala vazia. Se eu falasse por mim mesmo, talvez a reação fosse a mesma e ele acabasse irritado, rompendo de vez comigo, então a solução era o silêncio.

— Olha, eu nunca mais vou cruzar meu caminho com o Taehyung. A gente fez um acordo e ele não vai contar ao Taeyong e eu também não. Foi tudo um surto, se eu não lembro, não fiz.

Hoseok coçou seus cabelos platinados e riu, sinceramente qual era a graça que todo mundo estava vendo no meu desespero?

— Olha, Jin... eu já venho te dizendo há um ano que o Taeyong não presta. Ele não te fala nada sobre a vida dele, a família, nunca te assumiu, só vive às escondidas com você e isso não é nada saudável. Você tá aí, apaixonado, achando que traiu ele, mas, cara... Você não deve nenhuma satisfação pra ele, de verdade. Eu realmente não vejo problema em você ter beijado o tal Taehyung, você confundiu né? Por que o Taeyong consideraria isso uma traição se vocês sequer namoram? Se ele nunca mencionou que tem um gêmeo? Relaxa, respira e não trata isso como o fim dos tempos. Se o gêmeo te procurar de novo, age normalmente.

Sim, porque era totalmente fácil agir normalmente com um cara que carrega seu segredo e que você beijou por engano. A vida não era uma receita de bolo e Hoseok era maluco — ou muito despreocupado.

— Você sempre repete isso e o Taehyung disse a mesma coisa, digo, sobre o Tae não me dizer nada. Eu realmente não conheço nada da família, só soube o nome do pai e da mãe hoje... Hobi, será que eu sou doido?

Ele suspirou longamente, passou seu braço por meus ombros e me trouxe para mais perto.

— Trouxa. Você é trouxa. Tá aceitando uma coisa tão bosta porque gosta do Taeyong, é a maneira mais fácil de manter ele por perto, mesmo que não seja do jeito que você quer. Sinceramente, eu sei que você gosta de coisas piegas, de passear de mãos dadas, de jantar na casa da sogra e essas coisinhas... Você só se submete a essa situação porque sente que não vai ter nada melhor que o Taeyong.

Estava realmente cedo para socos na cara, mas Hoseok não teve dó de me dar aquele. Nunca vi a situação desse jeito, sempre pensei em nós dois como uma maneira não convencional de se relacionar. Não que eu estivesse mudando de ideia como da água pro vinho e não achasse que ainda era um monte de besteiras, mas sinceramente, aquele evento nada agradável de conhecer Taehyung me fez refletir um pouco... Se eu soubesse que Taeyong tinha um irmão gêmeo, isso não teria acontecido. Se ele tivesse me falado...

Pelo menos estar com Hobi naquele momento me deixou mais calmo diante do furacão que aquela manhã foi, mas no fundo, mesmo que eu já não tivesse mais visto o tal Taehyung pelo resto do meu dia — e tenha rezado mil pai nossos para isso — de certa forma pressentia que aquele garoto ainda ia me dar problemas com Taeyong no futuro.

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Mais um fim de tarde veio à tona, marcando o fim de mais um dia letivo, embora aquele tenha sido o mais bizarro da minha vida. Juro que andei pela faculdade como quem foge da polícia, só para não esbarrar outra vez com o gêmeo dos cabelos claros. Primeiro que, eu não conseguiria olhar em seus olhos e não lembrar da palhaçada inteira, segundo que ele parecia ser um cafajeste insistente e eu não estava nem um pouco a fim.

Ele podia ser lindo por ser exatamente igual ao irmão gêmeo, mas não tinha cara de alguém que prestava.

Hoseok já tinha ido para casa, estava tão envolvido em uma pesquisa que não quis perder muito tempo no campus, por mais que soubesse que eu estava em meus dilemas. No fim das contas eu não podia culpá-lo por priorizar a sua vida acadêmica, estava certíssimo. Fiquei sentado sozinho no nosso banquinho de sempre, as pernas ainda inquietas enquanto eu tentava apagar da minha mente aquela manhã, mas toda hora voltava o fato de que eu simplesmente confundi os dois e poderia ter acontecido o pior.

Suspirei pela enésima vez e fechei os olhos brevemente, no entanto, meu celular vibrou em minha mão, me tirando daqueles pensamentos.

O nome de Taeyong flutuou na tela e eu já tremi igual vara verde. "Será que o Taehyung contou pra ele? Meu deus, se ele quiser conversar e estiver bravo?" foram as primeiras possibilidades que passaram em minha cabeça.

Engolindo em seco como um covarde, mas decidi ver o corpo da mensagem. Se fosse para dar merda, tinha que ser rápido, não queria ficar ruminando aquilo para sempre.

Um alívio percorreu minhas veias e se manifestou em forma de um sopro quando vi que ele queria me ver na 2 — B e havia um emoji de coração no fim da frase. É, bravo ele não estava, então assumi que não sabia de nada.

Peguei a mochila e sem mais delongas fui andando para nosso encontro. Eu ainda não sabia bem como reagiria estando em sua frente, principalmente depois de ter beijado seu irmão gêmeo sem pudor algum, mas tinha que manter a compostura. Se era um segredo, eu precisava saber mantê-lo.

Sem demorar muito, cheguei à porta, dei nosso sinal e logo ele abriu. É... lá estava ele, do mesmo jeito de sempre, os cabelos escuros, as roupas que não tinham nada de couro, o sorriso ladino e os olhos me fitando com as intenções de sempre. Só confirmava ainda mais a existência de Taehyung.

— Oi, Tae — sussurrei fechando a porta atrás de mim. — Senti saudades.

Suas mãos me puxaram pela cintura e ele deixou um beijinho rápido em meus lábios. Sinceramente, eu não conseguia descrever como eu estava parecendo para ele naquele momento, eu esperava de todo coração que fosse a imagem de uma pessoa normal.

— Oi, Jinnie. Senti saudades também — respondeu acariciando meu rosto com o perfil da mão. — Felizmente eu dei um jeito naquele probleminha de família.

"Taehyung ter saído da casa de seu pai e ter ido morar no alojamento da universidade?" pensei comigo, mas não manifestei de maneira alguma.

— Que bom, Tae. Fico feliz, você parece até mais feliz hoje — respondi e ganhei um sorriso enquanto ele assentia com a cabeça. — Mas... — Mordi o lábio inferior — Você não me contou que problema era esse.

Seu sorriso foi se desfazendo devagar. Geralmente eu não insistia quando ele não queria contar as coisas por completo e sempre esteve tudo muito bem, no entanto, naquele dia em específico, muitas coisas haviam acontecido justamente por Taeyong nunca compartilhar nada comigo. Será que não confiava em mim?

— Nada de mais, Jinnie. É besteira e já passou.

— Ah... — sibilei levemente desconformado. — É que... hoje aconteceu uma coisa estranha.

"Seokjin, cala essa boca pelo amor de deus!" Meu inconsciente gritou, mas meu cérebro não estava exatamente em sintonia com minha boca.

— O que? — perguntou interessado.

"Não fala o desnecessário, só joga verde, seu burro!"

Pigarrei ainda em seus braços, tentando organizar bem o que eu iria dizer, tentando não falar mais do que deveria, pois se isso acontecesse, quem iria dar com a língua nos dentes e estragar tudo era eu, não Taehyung.

— Hoje de manhã eu pensei ter te visto... mas o cabelo estava diferente, castanho, sabe? Era igualzinho a você, mas vestia umas roupas de motoqueiro esquisitas...

No mesmo instante, Taeyong me soltou. Sua face despreocupada logo se desfez, indo para uma certa consternação enquanto ele passava as mãos no rosto frustrado. Meu deus, o que eu tinha feito?

— Que merda... eu sabia que isso ia acontecer, mas não tão depressa — ele murmurou com a mão ainda no rosto.

Me mantive impassível no lugar, não entendia qual era a enorme preocupação dele com Taehyung. Por que a relação dos dois parecia ser tão horrível?

— Jinnie, olha... — ele pegou na minha mão e olhou em meus olhos. — Eu nunca te contei isso e nem pretendia, mas agora não tem jeito. Antes que você acabe confundindo muitas coisas e seja desagradável, eu vou te falar... — Suspirou fundo — Esse problema de família que eu resolvi era relacionado ao meu irmão. Eu tenho um irmão gêmeo... Ele não morava na Coreia desde que nossos pais se separaram e a minha mãe foi morar fora. Ele foi junto, mas agora voltou pra me infernizar! A gente se odeia, nunca tivemos essa besteira de conexão de gêmeos, sinceramente. Agora ele veio estudar aqui, meu pai ofereceu a casa e tudo o que podia, mas ele é tão ingrato que preferiu morar aqui no alojamento. Ele é um insensível egoísta igual a minha mãe, sinceramente... Jinnie, fica longe dele. Meu irmão não é uma boa pessoa, ele não presta e eu não quero que ele chegue perto de você.

Nos primeiros momentos fiquei calado. Realmente parecia existir um sentimento pesado entre os dois, um ódio incomum demais para irmãos. No entanto, meu coração acelerou ainda mais quando ele enfatizou que Taehyung não prestava e não o queria perto de mim.

E eu o beijei.

Engoli em seco, tudo era muito confuso, pois mais cedo Taehyung disse quase a mesma coisa sobre Taeyong. Dava para perceber que eles carregavam uma forte mágoa um do outro e eu queria entender os motivos, mas sabia que Taeyong não iria me falar mais do que aquilo.

— Irmão gêmeo... — foi a primeira coisa que eu consegui dizer. — Isso faz sentido, ele era idêntico a você... mas por que ele não presta?

Taeyong levou as duas mãos até meu rosto e me olhou com seriedade antes de responder.

— Taehyung é um cafajeste, não liga para ninguém e nem pros sentimentos de ninguém. Eu tenho certeza de que ele se interessaria por você... quem não? — Riu nervoso — E caso ele fizesse isso, só estaria interessado em te usar e jogar fora. Ele não presta e sequer esconde isso. Não fale com ele, não deixe ele chegar perto.

Bom, conforme os acontecimentos daquela manhã, tudo isso me parecia totalmente verdade. Taehyung me seguiu sem me conhecer, me beijou sem saber meu nome só por ter se sentido atraído. Em minha concepção, ele realmente não estava nem aí para sentimentos, se as coisas não tivessem ficado claras, a gente teria feito pior do que só se beijar e ele seguiria seu caminho depois.

Se Taeyong estava me dizendo aquelas coisas era porque se importava e eu acreditava nele. Eu estava disposto a não chegar perto de Taehyung outra vez.

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Bom eu resolvi trazer dois capítulos logo de uma vez porque agora só na semana que vem, mas espero que estejam gostando <3 beijinhossss

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