Eles terminavam de passar pela floresta, antiga e parecendo intocada. Kirian vociferava ordens para o exército que já estava cansado da viagem por mar. Ainda bem que não tinham dado de cara com nenhum guarda ou algo do tipo. Um território neutro, sem proteção ou pertencimento a nenhum Grão-Senhor.
Ele não não suportava mais a Rainha de Rask reclamando e reclamando a cada minuto, uma tirana. Foi isso que Kirian pensou desde a primeira vez que a viu, quando ela se encontrou com seu irmão oferecendo essa aliança e mais do que isso aparentemente.
A Rainha Elysia vestia preto, sempre. Segundo ela vestia luto pelo marido que fora assassinado, vestia preto por respeito a memória do falecido Rei o qual ela dizia amar eternamente. Memória que ela não parecia se importar quando montava Arius e era fodida por ele. Tinha sido assim desde que a aliança entre os dois reinos fora formada: os dois desde o primeiro contato, naquela noite ele tinha ouvido os barulhos vindos do quarto do irmão.
Kirian odiava Arius, odiava seu irmão, mas ainda tinha servi-lo, ele era seu Rei afinal e quando ele se juntou a Rainha Elysia, ele sentiu mais nojo ainda de trabalhar para ele, de comandar um exército em seu nome.
Ele odiava o irmão, odiava a memória do pai, se fosse ser sincero odiava Hybern. O reino, salvo algumas pessoas que ainda conseguiam ser boas naquela terra amaldiçoada, o lugar era podre. E ele era podre por ser filho daquele lugar.
Então, Narben foi encontrada. A lendária espada foi encontrada. Foi encontrada e então se recusou a permanecer nas mãos de Arius, se recusou a permanecer na mão da Rainha Elysia. Mas nada mãos dele... a espada parecia tê-lo escolhido.
Seu irmão ficou furioso, como a espada se curvava pra o General, mas não para o Rei. Mas sua fúria então logo se concentrou no fato de que seu General tinha a espada, e que ele a usaria conforme sua vontade.
Sinceramente, Kirian não se sentiu honrado quando a espada se dobrou para ele. Sentiu raiva, pois sabia o que teria que fazer com ela. E não gostava.
Eles terminaram de passar pela floresta, mas quando olharam para um monte que se extendia para além da planície...
— Que merda é essa. — Disse o Rei.
Kirian não tinha palavras. Não quando um exército imenso de Prythian estava acampado ali, esperando, como se soubessem exatamente onde eles estariam.
— Os seus batedores inúteis disseram que eles não estavam se preparando, que o meio estava livre e agora nós deparando com um exército desse tamanho. Onde estão os desgraçados? — Arius disse para a Rainha.
— Vou mandar que sejam chamados. — A Rainha falou.
Quando os dois homens foram chamados, eles pareciam... estranhos... confusos.
— De que inferno de buraco vocês tiraram a informação de que Prythian estava quase ignorarante a nós, e agora encontramos um exército preparado? Expliquem-se. — Ordenou a Rainha.
Eles davam explicações confusas, diferentes, sem pé nem cabeça.
Arius se irritou. Ele tinha o poder de seu pai, fazia feitiços como ninguém, ele quebrou o que quer que estivesse na cabeça dos soldados. Ele grunhiu violentamente quando entendeu.
— O desgraçado do Grão-Senhor da Corte Noturna é daemati. Ele mudou a mente deles para que dessem informações falsas a nos. E esses imbecis se deixaram alterar. Mate-os. — Ele disse a Kirian.
— Para que? Se Rhysand que alterou suas mentes, não foi culpa deles. — Kirian disse.
— Não questione mais minhas ordens. Mate-os, não quero olhar para a cara deles. — Ordenou o Rei.
Kirian não pode fazer nada, a não ser oferecer uma morte rápida aos dois.
— Precisamos de informações deles, e eu só confio em você para fazer isso. — Arius disse para Kirian.
— Como eu vou fazer isso? Mande um de seus espiões. — Kirian perguntou.
— Depois desses batedores de merda que Elysia enviou, você é o único que eu sei que não terá a chance de fazer merda, eu mesmo construi seus escudos mentais e você não vai mentir para mim. Quanto como fazer isso, se transforme em um soldado de alguma Corte e tire as informações que conseguir. — Ordenou o Rei.
— Com qual Corte eu devo me disfarçar? — Kirian perguntou.
— Não me importo, você sabe se virar. — Disse o irmão de Kirian. — Você faz sozinho ou eu tenho que fazer?
— Como você disse, eu me viro. — O General falou.
Kirian então buscou o poder que tinha, que ele odiava, por fazer parte do pai. Seu irmão mais velho e ele, eram filhos de mães diferentes. Se Arius se parecia com o pai, com os cabelos e olhos escuros, mas com a pele pálida, Kirian se aprecia com sua mãe, ou a menos pensava que era, já que não havia a conhecido e ninguém nunca falava sobre ela. Ele tinha a pele negra, olhos amarelados como mel, e cabelos castanho dourados, como ouro envelhecido, poderia até ser considerar um macho bonito, se algo assim realmente importasse para ele.
Ele então buscou o poder feiticeiro, e se tornou um soldado da Corte Estival, com as características daquela Corte, mantendo porém os traços de seu rosto, junto com um escudo para ocultar seu cheiro.
— Tenha pelo menos a inteligência de não buscar informações com pessoas da Estival. — Disse o Rei.
— Não desafie minha inteligência Arius. — Kirian vociferou.
— Para você, é Majestade. Sua ordem é voltar com informações, ou sabe o que vai acontecer. — O Rei disse. — Curve-se.
Kirian se curvou e então atravessou para perto do acampamento.
.....
Enquanto seu irmão dava ordens para o exército, Ilitia observava o exército inimigo, logo mais ao amanhecer eles estariam se enfrentando, mesmo com os protestos de Thalis, Ilitia disse que lutaria. A armadura dourada reluzia em contraste com a capa verde Primaveril.
Ali em uma parte mais isolada ela refletia sobre quantos soldados morreriam. Quantos soldados de seu povo morreria. Ela odiou aquilo, odiou Rask, odiou Hybern, odiou seus governantes.
Enquanto ainda observava aquela planície que logo seria banhada por sangue, ouviu um raspar de botas e uma voz masculina logo em seguida.
— Tudo bem senhorita? — Ele perguntou.
Ao se virar, Ilitia viu um macho, pelas características, parecia ser da Corte Estival, era bonito, os traços de seu rosto eram bem marcantes.
— Tudo sim, é... eu achei que não teria ninguém por aqui. — Ilitia respondeu.
— Se quiser, eu posso sair. — Ele disse.
— Não, não se preocupe pode ficar. — ilitia forneceu um sorriso gentil.
O macho então se aproximou dela. Ficando ao seu lado, mas a uma distância que ela julgou respeitosa.
— Você... é soldado da Corte Estival? — Ela perguntou.
— Sim, sou. Você é de que Corte? — O soldado perguntou.
— Primaveril. Seu nome? — Ilitia perguntou.
Ele pareceu demorar por um momento, o que ela achou estranho.
— Ardan, meu nome é Ardan. — Ele respondeu. — Poderia saber o seu?
— Ilitia. — Ela sorriu.
— Eu tenho a impressão que já escutei seu nome em algum lugar. — Ele disse, parecendo curioso.
— Eu sou irmã do Grão-Senhor da Corte Primaveril, talvez seja por isso. — Ela respondeu.
— Me desculpe princesa, eu... eu não sabia. — Ele disse.
— Não, imagine, não tem problema, não me importo com títulos. — Ela ofereceu.
— Nervosa para amanhã? — Ele perguntou.
— Um pouco. Estou com medo, não vou mentir. Tantas pessoa vão morrer, meu povo vai morrer. — Ela disse com pesar.
— Entendo, mas... vocês não estão confiantes com a vitória?— Ele perguntou.
— E vocês estão? Não dá para saber, não com Narben em jogo, não com os exércitos do inimigo sendo uma pouco maior que os nossos. — Ilitia respondeu.
— E vocês não acharam nada para para parar Narben? Todos os Grão-Senhores juntos, não poderiam derrotar o exército? — Ele questionou.
— Não sei, sobre a espada são apenas algumas especulações de que Rhysand talvez conseguisse parar ela e o General Kirian. E não sabemos o poder da Rainha, do Rei e do seu irmão, que é o General. Podem ser poderosos, os Grão-Senhores vão dar tudo de si, e é disso que tenho medo. — Ilitia disse.
— Teme pela vida de seu irmão? — Ele perguntou.
— Sim. Foi ele quem matou o Rei de Rask, a vingança da rainha é contra Prythian, mas principalmente contra ele, mas eu não hesitaria em levar o golpe mortal em seu lugar. — Ilitia contou.
Um vento passou por eles, bagunçando os cabelos da trança já maltratada dela.
O macho pareceu contemplativo ao olhar para ela.
— Se colocaria da frente do seu irmão? — Ele perguntou.
— Sem pensar duas vezes. Meu irmão fez tudo por mim. Tudo, ele mesmo sendo meu gêmeo, me protegia de tudo, me protegia do meu pai e das loucuras dele. Ele segurava as pontas e... hoje ele é um Grão-Senhor tão bom, tão leal ao nosso povo. Eu tenho muito orgulho dele. Nossa mãe estaria orgulhosa.— Ela contou, nem sabia o porquê estava contando tudo aquilo para um estranho, mas de alguma forma, ele induzia isso nela.
— Isso é bonito. — Ele disse com um sorriso fraco.
— Você... você tem irmãos? — Ela perguntou.
— Tenho um meio-irmão, mas não nos damos muito bem. — Ele disse parecendo triste.
— Sinto muito. Eles está aqui, vai lutar? — Ilitia perguntou.
— Não, ele está... ele está em casa, nós moramos juntos, apesar de praticamente nos odiarmos.— Ardan contou.
— Tem mais gente na família? — Ela, curiosa perguntou.
— Nossas mães morreram a muito tempo, nosso pai morreu na última guerra. — Ele contou.
— Guerra é uma merda. Eu odeio tudo isso que está acontecendo.— Ela disse.
— Eu também. — Ardan respondeu.
......
Depois de combinar com Ilitia de se encontrarem no outro dia, na mesma hora e mesmo lugar, e esperar ela se afastar, ele atravessou de volta para o acampamento de Hybern. Seu irmão e a Rainha o esperavam como duas víboras.
Ele fez uma reverência aos dois, Kirian, já estava em sua aparência normal.
— Espero que tenha algo de útil. Conte tudo o que descobriu. — Arius disse.
— Sim. Descobri que eles sabem que temos Narben, mas aparentemente ainda não sabem como para-la, só algumas especulações de que talvez, o poder de Rhysand fosse suficiente. — Ele revelou.
— Então, temos um alvo a destruir. — A Rainha falou.
— Rhysand é meu, ele morre por minhas mãos. Você se quiser, mata o Grão-Senhor da Primaveril para vingar seu maridinho. — Disse Arius. Um frio percorreu a espinha de Kirian. — Prossiga.
— Eles não estão confiantes, aparentemente temos uma vantagem em números. — Kirian contou.
— Mas eles tem sete Grão-Senhores poderosos. E até onde eu saiba, uma Grã-Senhora com poderes de todos eles. — Disse a Rainha.
— Eles estão com medo por não saber o poder que nós temos. — Contou o General.
— Nós? — Debochou Arius.
— sim, eles estão considerando se eu também tenho poder. — Kirian falou.
— Eles podem ficar tranquilos, você é insignificante para isso. — Arius sorriu.
— É só isso que consegui, voltarei amanhã no mesmo horário para ver se descubro algo a mais. — Kirian falou.
— Ótimo, foi até útil dessa vez Kirian. Sobre a batalha de amanhã, você não vai usar Narben, não até neutralizarmos Rhysand e qualquer eventual problema. Agora vá organizar os exércitos para a batalha. — o Rei Ordenou.
Kirian apenas fez uma reverência e saiu do lugar.
Enquanto caminhava para dar as ordens ele se odiou. Se odiou tanto que seria capaz de se jogar na frente de qualquer espada no dia seguinte apenas para acabar com aquilo. Pelo menos, ele não havia questionado sua fonte de informação e ele muito menos se sentiu compelido em dizer.
Ilitia. O nome ressoou em sua mente. A fêmea era linda, inteligente e gentil. E sequer tinha questionado antes de contar coisas a ele. Devia confiar muito no povo de Prythian. Ele se odiou por trair aquela criatura tão especial e de um coração tão bom e cheio de amor.
Então aquele vento passou por eles, chacoalhando aqueles cabelos loiros, e levando o cheiro dela até ele. Aquele cheiro delicioso de rosas e terra molhada, aquele cheiro que preencheu sua alma vazia e seu coração quebrado.
Então Kirian se odiou ainda mais por trair sua parceira.
Oi povo! Como prometido, a parte dois está entre nós!
Contém aqui o que estão achando sobre a história mores, quero saber se estão gostando do rumo que as coisas estão tomando!
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