Mai Ding estava criando um barulho estridente do lado de fora do quarto de An Ziyan, e este último foi acordado por isso. Ele tentou cobrir a cabeça e as orelhas, mas não pôde deixar de ouvir como esse menino o odiava e amava. Quando An Ziyan finalmente se levantou para abrir a porta, Mai Ding não estava mais lá.
No dia seguinte, totalmente ciente do que ele tinha feito, Mai Ding decidiu ficar longe de An Ziyan. Ele não sabia o que o possuía para dizer todas aquelas coisas estúpidas em voz alta. Agora o gato está fora da bolsa. Como ele vai enfrentar An Ziyan?
"Ele me odeia, tenho certeza. Ele é hetero, não precisava de outro cara gostando dele." Quanto mais Mai Ding pensava sobre isso, mais ele era dominado por sentimentos de arrependimento.
"Por que eu estava com uma erupção cutânea?" Mais pensamentos bombardearam sua mente e pensamentos suicidas cruzaram sua mente. Mai Ding estava saindo do banheiro quando viu An Ziyan. Ele imediatamente voltou correndo.
Para quem não sabia o que estava fazendo, pode até parecer que ele era um pervertido. E quando An Ziyan passava por sua sala de aula, Mai Ding usava um livro para cobrir seu rosto. Se eles se esbarrassem enquanto subiam as escadas, Mai Ding se afastaria apressadamente, desaparecendo da vista de An Ziyan.
Na verdade, para alguns pareceria que Mai Ding tinha um radar, sempre procurando por An Ziyan. Quando seu alvo era localizado, Mai Ding fugia mais rápido do que os outros. E isso durou vários dias. Mai Ding se afastaria apressadamente, desaparecendo da vista de An Ziyan.
Mai Ding tinha terminado a aula e estava prestes a voltar para seu dormitório quando viu An Ziyan esperando do lado de fora de sua sala de aula perto da grade.
"Por quanto tempo você vai se esconder de mim, Mai Ding?"
Perguntou An Ziyan. Mai Ding queria responder, mas não sabia como. Em vez disso, ele jogou os livros que carregava em An Ziyan e correu na direção oposta. Infelizmente para Mai Ding, suas pernas eram um pouco mais curtas do que as de An Ziyan e, no final, ele foi pego pela pessoa que amava e mais odiava.
"Você é um idiota."
An Ziyan praguejou depois de agarrar Mai Ding.
"Me deixar ir! Senão, vou gritar por socorro." Mai Ding ameaçou, meio lutando.
"Por que diabos você está gritando? Por que você está fugindo? "
"Perdi todo o meu respeito próprio... e não consigo encarar você."
"Por que você não pode me encarar?" An Ziyan o perseguiu.
"Você ainda tem que perguntar? É por causa daquelas palavras que eu disse naquela noite."
"Que palavras?"
An Ziyan decidiu fingir que não ouviu nada, com medo de que, ao confirmar que tinha ouvido a confissão de Mai Ding, esse menino ficasse longe dele para sempre. Mai Ding se acalmou muito mais depois de ouvir isso.
"Quer dizer que não ouviu nada naquela noite?"
"O que? O que você disse?"
Mai Ding deu um suspiro de alívio. Graças a Deus por isso, Mai Ding pensou consigo mesmo. Assim, ele ainda pode ser amigo de An Ziyan. Contanto que An Ziyan não o odiasse, ele desejava a segunda melhor coisa: seu companheirismo e amizade. Ele deu um sorriso repentino e disse: "Por que você não disse isso antes?"
Mai Ding é realmente uma idiota, An Ziyan pensou consigo mesmo. Ele estava falando tão alto naquela noite. Como eu poderia não ter ouvido? Mas ele não queria dizer isso. E foi assim que a amizade de Mai Ding e An Ziyan voltou ao normal como se nada tivesse acontecido. Mas para Mai Ding, embora as coisas realmente tenham voltado a ser como eram no passado, ele ainda não conseguia enfrentar An Ziyan da forma calma de antes. Mai Ding não sabia se devia se alegrar ou ficar chateado pelo fato de agora ser amigo de An Ziyan. Às vezes, ele queria apenas confessar seu amor por An Ziyan uma vez mais.
Que ele me odeie por tudo que me importa, ele pensou. Mas depois de pensar bem, ele não ousou. Ele não iria querer jogar fora o que acabou de reclamar, especialmente quando a amizade que ele tem agora era algo que era tão querido para ele.
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Esta noite era o aniversário de Liming e Liming convidou vários de seus amigos para jantar em um restaurante. Mai Ding estava na lista de convidados, é claro. Foi no jantar que Mai Ding descobriu que a maioria dos amigos de Liming eram meninas. Como é possível que uma pessoa que praticamente se tranca dentro de casa o dia todo possa conhecer tantas garotas? Ele nunca conseguia entender como as garotas pensam ou como veem os homens em geral. Liming tentou apresentar a maioria delas a Mai Ding, mas Mai Ding nunca conseguia se lembrar de todos os seus nomes. Enquanto comiam, uma das garotas levantou o assunto de An Ziyan: "Liming, querido, você acha que uma pessoa como An Ziyan vai gostar de mim? Não acho que sou tão feia."
'Você pode parar de sonhar. A pessoa em quem você está pensando já tem namorada."
E antes que pudesse terminar, Liming se arrependeu do que havia dito, pois podia ver a expressão de Mai Ding: uma que aos poucos estava perdendo sua felicidade. Liming tentou fazer algumas das garotas animar Mai Ding, mas Mai Ding apenas acenou com as mãos para elas dizendo: "É inútil agora. Eu não sou mais hétero."
Além de Liming, ninguém na mesa sabia do que ele estava falando.
"Hoje é meu aniversário, Mai Ding. Venha, vamos brindar a um dia melhor e parar de me mostrar essa cara triste." Ele disse a Mai Ding enquanto enchia os dois copos até a borda.
Mai Ding ergueu o copo como se estivesse propondo um brinde e bebeu tudo. E à medida que a noite avançava, não parecia mais uma celebração, mas sim uma reunião de pessoas que tentavam afogar suas mágoas. Mai Ding estava começando a ficar bêbado, sua visão também estava ficando embaçada. Por alguma estranha razão, até Liming começou a se parecer cada vez mais com An Ziyan.
"Você sabe... como é difícil... ser seu amigo ... ser apenas seu amigo?"
Mai Ding disse a Liming pensando que ele era An Ziyan. Liming, apesar de se sentir desconfortável porque estava preso pelo peso do corpo de Mai Ding, na verdade sentiu pena do pobre rapaz. Ele poderia dizer que a dor era genuína. Liming disse a seus amigos para irem primeiro. Alguns perguntaram se ele precisava de ajuda com Mai Ding, mas ele disse que não era necessário. Ele iria pedir a alguém da família de Mai Ding para buscá-lo. Quando todos foram embora, Mai Ding ainda estava em cima dele e Liming queria empurrá-lo para o lado, mas era inútil.
"Olhe com atenção, seu bêbado de merda. Eu sou Liming, não An Ziyan!" ele tentou argumentar com seu colega de quarto. Mai Ding ergueu a cabeça e olhou para Liming cuidadosamente, aparentemente estudando suas características. E assim que ele terminou, ele estava encostado em seu ombro novamente.
"Pare de mentir para mim, An Ziyan. Liming é tão feio. Como posso não saber a diferença?"
"Você acredita que vou simplesmente jogá-lo na rua agora mesmo e não me importar com o que acontecer com você?"
O sangue de Liming estava fervendo, mas mesmo assim ele pegou o celular e ligou para o amigo que estava no quarto 503.
"Ei, Xiaoyang, você poderia me fazer um favor? Desculpe incomodá-lo, mas você poderia ir para o 501 para passar uma mensagem? Diga a ele que Mai Ding está bêbado. Ele está no Barbecue Fish Restaurant que fica fora do campus, em algum lugar próximo à esquina direita. Obrigado."
Desligando o telefone, ele olhou para Mai Ding e suspirou. De fato, não é fácil para um cara se apaixonar por outro, afinal existem tantos problemas.
Em questão de minutos, An Ziyan apareceu, olhando friamente para Mai Ding que estava naquele ponto, abraçando Liming. Ele franziu a testa, puxou Mai Ding e disse a Liming: "Você pode ir agora. Não é da sua conta daqui em diante."
Quando ouviu isso, Liming sentiu que Mai Ding e An Ziyan tinham uma coisa incomum. Ambos eram igualmente cruéis até certo ponto. Aqui ele estava tentando ser gentil, mas era preciso abusar verbalmente dele, o outro teve que tratá-lo com muita frieza. Liming decidiu não dizer nada e afastou-se apressadamente. Se ficasse mais tempo, não conseguiria voltar para o dormitório antes que fechasse. An Ziyan foi deixado com um Mai Ding que estava cheio de fedor de cerveja. Vê-lo nesse estado o deixou ainda mais furioso. Mai Ding tentou se aproximar de An Ziyan e até tentou cheirá-lo.
"Ei, por que você cheira tão bem de repente?"
E imediatamente ele começou a vomitar. An Ziyan parecia irritado e batia furiosamente nas costas de Mai Ding enquanto o menino vomitava como se não houvesse amanhã. Do jeito que ele estava dando tapinhas nas costas de Mai Ding, não era de se admirar que Mai Ding começasse a sufocar e, de pé mais uma vez, disse: "Você está tentando me matar?"
"Na verdade, estou pensando nisso."
"Por que você está tão zangado comigo?"
Mesmo bêbado, Mai Ding percebeu que o amor de sua vida estava ficando irritado. Por outro lado, sentia-se cada vez pior, estava com uma dor de cabeça lancinante e até a garganta doía.
"Eu me sinto horrivel." ele reclamou.
"Você pediu por isso." Por alguma estranha razão, Mai Ding tinha um talento especial para irritar An Ziyan.
"Você acha que eu queria que isso acontecesse? Se não fosse por um bastardo como você..." Mai Ding gritou, apontando para An Ziyan.
"Vamos. Pare de fazer essa cena." disse ele, puxando Mai Ding junto com ele.
Mas Mai Ding não conseguia nem ficar de pé direito, sem falar em andar. An Ziyan revirou os olhos, sem acreditar no que faria a seguir. Ele carregou Mai Ding nas costas, voltando para o dormitório. Ao longo do caminho, as luzes fracas da rua brilhavam em suas costas e as sombras projetadas no chão ficavam cada vez mais longas enquanto Mai Ding segurava firmemente o menino que amava. Quando chegaram ao portão do campus, ele já estava trancado . E quando An Ziyan se virou, meio que esperando ver Mai Ding dormindo, o que ele viu foi Mai Ding olhando para ele com aqueles olhos redondos. An Ziyan decidiu voltar e seguir para o ponto de ônibus mais próximo.
"Onde estamos indo?"
"Para minha casa." foi a resposta de An Ziyan.
Ele colocou Mai Ding um pouco para cima porque ele estava escorregando. "O que você vai fazer comigo?"
Ele decidiu ignorar Mai Ding. Foi só quando chegaram ao ponto de ônibus que An Ziyan desceu Mai Ding. Mai Ding ainda estava um pouco grogue neste momento. Depois de algum tempo, o último ônibus chegou e An Ziyan teve que arrastar Mai Ding para cima do ônibus. Eles se sentaram na última fileira e como era muito tarde, praticamente ninguém estava a bordo. An Ziyan sentou-se, olhando pela janela como se sua mente estava cheia de pensamentos. De repente, Mai Ding se lembrou de algo e estava remexendo, tentando tirar algo do bolso. Depois de algum tempo, ele finalmente conseguiu recuperar os tíquetes de loteria que estavam lá dentro. Apresentando-os a An Ziyan, ele disse: "Por que sempre sou tão sem sorte An Ziyan? Nunca ganhei na loteria. Será que Deus me notou? Talvez seja por isso que ele não está me abençoando com sorte."
Apesar de estar um pouco bêbado, a loteria ainda estava em sua mente.
"Para que você precisa do dinheiro?"
"Anteriormente, tive vários sonhos. Eu queria viajar para as Maldivas talvez comprar algo para mim. E talvez consiguir um dente de ouro!"
"Você com certeza é excelente nesse aspecto."
"Mas por enquanto, An Ziyan, se eu pudesse ganhar o prêmio principal, trocaria todo o dinheiro que tenho apenas para ter você ao meu lado para sempre."
"Você acha que dinheiro é suficiente para me fazer ficar ao seu lado?"
"Além do dinheiro, não consigo pensar em outra maneira de fazer você ficar ao meu lado. Não tenho mais nada."
E tão repentinamente como começou, ele caiu no sono, descansando a cabeça no ombro de An Ziyan. An Ziyan não pôde deixar de olhar para o menino que agora estava em seu ombro. Lentamente, ele tirou a jaqueta que estava usando e envolveu Mai Ding. A casa de An Ziyan ficava a apenas dez minutos de distância. Seu pai comprou a casa pensando que seria mais conveniente para ele. An Ziyan tentou acordar Mai Ding. Mai Ding se levantou, mas ainda se sentia um pouco tonto. Vendo An Ziyan se levantando, ele também o seguiu. Assim que chegaram à casa, Mai Ding disse educadamente: "Desculpe causar tantos problemas. Ter um amigo como eu pode ser realmente um problema. Você não precisa mais se preocupar comigo. Aquele cochilo que acabei de tirar era o que eu precisava e agora estou me sentindo melhor. Vou encontrar um hotel próximo para passar a noite."
"Você acha que vou deixar você fazer isso?"
"Tudo bem. Mesmo sendo amigos ..."
An Ziyan agarrou seu pulso, não o deixando terminar.
"Pare de se referir a mim como seu' amigo '. Só de ouvir isso faz meu sangue ferver!"
E puxando Mai Ding para si, An Ziyan beijou Mai Ding. Mai Ding imediatamente ficou sóbrio. Seus olhos se dilataram, sem acreditar no que estava acontecendo. Ele não se atreveu a se mover porque não queria empurrar An Ziyan para longe. Se isso fosse um sonho, Mai Ding não queria acordar dele. Ele apenas ficou lá como manequim de madeira não querendo se mover de jeito nenhum por medo de que tudo mudasse se ele o fizesse. An Ziyan não pôde deixar de repreendê-lo: "Você é um maldito morto?"
Para Mai Ding, foi rápido demais e o pegou de surpresa. Sonhos não acontecem, ou acontecem, ele pensou consigo mesmo. Deus finalmente está notando minha presença?