Entre Livros e Morangos • Pjm...

By sanggukfairy

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⌈Concluída! ִ ִ ִ⌋ Park Jimin estava a procura de um emprego, algo que pagasse bem e que fosse de meio perío... More

Cast +Avisos [📷]
Trailer 🎞
Playlist𝅘𝅥𝅮
(0) Prologo
(1) As Ultimas Linhas, Jimin❢
(2) Cabelo de sol ❂
(3) Hyung Bonito🗣️
(4) Borboleta na bochecha e tortinhas de morango🦋
( 5 )Docinhos no mercado 🍬🏤
(6) Descobertas e filmes para assitir 📽
( 7 ) Pizzas e romance gay 🍕 👨‍❤‍💋‍👨
( 8 )Ligações 📞
Especial de 40K - JK
( 10 ) Aproximações : Pt1
( 11 ) Aproximações: Pt2
(12) Cativado.
(13) Apelidos e um anel💍
(14) Sentimentos confusos
(15) Aceitando Sentimetos ♡
(16) Confusões quase resolvidas - JK
(17) Viagem e um novo passo 🚙
(18) Confie e sinta ♡
(19) O passado que assusta.
(20) Finalmente livre
Especial de 100K + Ano novo 🎇
(21) Talvez
( 22 ) bobinho apaixonado 💞
(23) Brega, cafona, boiola
(24) Namoradinhos oficialmente namorados 💍👬
(25) Revelações e bitoquinhas íntimas 👨‍❤‍💋‍👨‼️
(26) Uma mãe, varias histórias 👩🏻‍🍼‼️
(27) Novas descobertas e declarações 🤯💌❤️‍🩹
( 28 ) Comemorações e conversas importentes 🥳🎂
(29) Era bom...
( 30 ) Mudanças e "O QUE?!" 🤯
( 31 ) De volta ao passado em um futuro proximo👻
( 32 ) Delegacias e Coisas inesperadas
( 33 ) Situações (in)desejadas 😳😰
( 34 ) Contra o Tempo 🕰
(35) O fim da liberdade ⏳
(36) Promessas e amor íntimo🤞🏻❤️‍🩹
(37) Surpresas e momentos bons🖌💝
( 38 ) Brincadeira no gelo e dia do fim❄🚫
( 39 ) Lembranças a noite de uma tal noite💭🎇
( 40 ) Fadas e Borboletas 🧚‍♂️🦋
( 00 ) - Epílogo: fadas e Aurora boreal 🧚‍♂️🌌
Agradecimentos e avisos! 🧚‍♂️❤️‍🩹
Bonus : Um dia qualquer

(9) Abraços

9.8K 1.1K 2.1K
By sanggukfairy

Oi! 😁

Votem e comentem! Não sejam leitores fantasminhas😞

Capítulo betado por luvjeonnie obrigado, amor!

🧚‍♀️🧚‍♂️🧚‍♀️🧚‍♂️🧚‍♀️🧚‍♂️

J I M I N

Eu estava paralisado. Imóvel.

Possivelmente com uma cara de assustado, porque sim, eu estava muito assustado, mas eu também estava feliz! Era minha mãe ali, fazia mais de três meses que eu não falava com ela. Eu estava explodindo de felicidade! Mas também de preocupação.

Meu pai não a deixava entrar em contato comigo, eu tenho medo de caso ele descubra  que estamos nos falamos, ele tente fazer algo que machuque minha mãe. Era o que me assustava.

Eu odeio ele.

Jimin, meu amor? — Mamãe me chamou mais uma vez, me deixando ainda mais emocionado por finalmente ouvir sua voz. — Está escutando, filho?

— Estou! —Respondi tentando disfarçar minha voz falha. Eu já estava lacrimejando.

O casal ali comigo me encarava com expressões preocupadas. Taehyung e Yoongi sabiam muito bem dos problemas que eu e aquele cara temos. E também sabem como eu desejo tirar minha mãe das mãos dele.

Estár falando como a minha mãe é um dos poucos privilégios que eu ainda tenho.

— É a tia Yeon? —Taehyung perguntou baixinho, respondi acenando com a cabeça. — Wow...

— Mamãe… — Chamei soltando um suspiro. — Que saudades de você.

Oh, meu filho… — A ouvi suspirar, não sei se sorria ou chorava pela sua entonação vocal. —Também sinto muito sua falta.

— 'Tá tudo bem? Você está bem, mamãe?

Estou, meu bem! — Suspirei novamente, ela me chamando assim só me deixa com mais saudades. Carinho fraternal me fazia muita falta. — Morrendo de saudades, mas não vamos falar disso agora! Me conte as novidades! Está precisando de algum dinheiro?

Sorri, minha mãe era uma pessoa tão incrível e animada que até mesmo a pessoa mais chata do mundo, consegue sorrir perto dela. Menos meu pai.

Aquele lá nem um entusiasta profissional consegue deixar de bom humor.

— Não, mamãe! — Respondi, orgulhoso de mim mesmo. — E pode ficar tranquila, já consegui dinheiro suficiente para que você não precise me mandar dinheiro nunca mais.

— Sério que ele chama a senhora Park de "mamãe"? — Ouvi o chatão do Yoongi perguntar para Taehyung. Amenizando um pouco da tensão que estava sentindo. Mas eu nunca irei assumir isso em voz alta.

— Mamãe, Yoongi 'tá implicando comigo de novo. — O denunciei, ouvindo uma risadinha baixa de minha mãe. Coloquei a chamada em viva-voz, esperando que minha mãe falasse algo.

Yoongi é aquele namoradinho de Taehyung, não é?

— Sim, tia Yeon! —Taehyung respondeu quase colando seu rosto no meu. Sorri.

Yoongi, meu anjo, pare de implicância com meu filho. — Sorri convencido.

Não era grande coisa, eu sei. Mas ser tratado assim, pela minha mãe, depois de tanto tempo sem ouvir sua voz, me deixava muito feliz. A forma que eu a chamava não importava, mesmo que o sem graça do Yoongi continuasse a me chamar de " bebezinho da mamãe " sempre que eu encerrava uma ligação.

Eu sou o bebezinho da mamãe mesmo.

— Você 'tá bem mesmo, mamãe? —Perguntei novamente, mudando de assunto.

Estou sim, morrendo de saudades de vocês e com novidades para contar! — Ela respondeu animada, Taehyung se aproximou mais de mim, quase subindo em meu ombro para poder escutar o que minha mãe dizia.

— Jimin hyung também tem muitas novidades para contar! — Meu melhor amigo se intrometeu.

O que ele pensa que está fazendo?

— Tae! — Sussurrei meio desesperado. Eu sei que ele estava falando de Jungkook e meu novo emprego, Diogo, Jung-hee e meu novo... Esquece, eu sei que ele estava falando dos dois.

Novidades? — Mamãe perguntou interessada. — Namorada ou namorado? —Mordi o lábio inferior, olhando para Taehyung, já imaginando a merda que estava passando em sua cabeça agora.

— Quase isso, tia! — Foi o que disse.

O que?! É pior do que eu imaginava.

— O que?! — Me virei para olhar Taehyung, que se jogou no colo do namorado rindo como uma criança que acabou de aprontar algo.— Não é verdade! Eu apenas arranjei um emprego, mamãe! Não to namorando ninguém, Taehyung tá mentindo!

Oh, meu Deus! — Sorri ao ouvir sua animação, sentindo meu coração pular animado novamente. — Meu bebê é um homem responsável agora! Que orgulho Jiminie! É fixo, certo? — Sorri envergonhado, meus olhos começando a arder novamente pelo possível choro. — É em algum lugar legal? O dinheiro dá para pagar sua faculdade, filho?

Se fosse outra pessoa, eu possivelmente reclamaria por haver tantas perguntas. Mas como é minha mãe ali, eu estava transbordando de felicidade.

— É fixo, mamãe! Não é nada passageiro. — Suspirei. — E mesmo sendo monótono, é a coisa mais legal que eu já fiz.

Hum... —Murmurou desconfiada — E o que é?

— Ele cuida de um garoto, tia! É um meio-babá! — Taehyung gritou.

Intrometido mentiroso!

Sério?! —Minha mãe parecia surpresa— Meu amor, isso é incrível!

— O melhor vem agora, tia! — Taehyung voltou a gritar, me deixando ainda mais nervoso. — Eles estão apaixona-

Mas eu o impedi.

Taehyung, seu safado mentiroso!

—Não tem nada de melhor! — Me levantei do sofá, tirando a chamada do viva-voz e olhando feio para Taehyung. — Eu não sou babá, mamãe. Sou atendente em uma livraria aqui perto de casa, e ajudo o neto do meu chefe com algumas tarefas escolares, só isso!

— E anda de mãos dadas com ele, tia Yeon! — Taehyung se intrometeu novamente. Acho que vou surtar.

O que esse panaca ta querendo do dizer? Jungkook é meu amigo!

— Silêncio, Tae! Não diga bobagens. — Revirei os olhos.

Ele deu de ombros e voltou a puxar Yoongi para sentar em seu colo, iniciando um show de baba compartilhada enquanto eu andava até meu quarto, trancando a porta.

Isso foi mais intenso do que eu pensava. Meu coração faltou sair do peito.

Jiminie? —Minha mãe me chamou.

— Oi, mamãe! — Sorri novamente. — Como estão as coisas aí? — Mudei de assunto, não querendo falar mais sobre meu emprego.

Está tudo bem, não se preocupe. — Respondeu, como se não me preocupar fosse uma coisa muito fácil. — Estou tão orgulhosa de você! Trabalhando e fazendo a faculdade que tanto ama, queria tanto te abraçar agora...

— Eu também... —Suspirei, sentindo uma angústia já conhecida. — Mas está tudo bem, quando eu juntar um dinheirinho eu vou para Busan te ver e te tirar daí.

Jiminie... — Ouvi ela suspirar. — Eu estou bem, não se preocupe com isso. Junte seu dinheiro para pagar sua faculdade, meu amor. — Murmurou baixo, neguei com a cabeça, não era uma coisa muito fácil não me preocupar quando o assunto era aquele.

— Mamãe… — Concordei ainda contrariado. — Ele sabe que você está falando comigo? —Hesitante, perguntei.

Seu pai é cabeça dura, meu amor. Se souber que comprei um celular só para falar com você, teria quebrado no mesmo momento.

Meu sangue ferveu de raiva, muita raiva. É inacreditável que exista pessoas como aquele vagabundo. Como pode tratar a esposa como uma prisioneira? Que injustiça!

Isto não estava certo, não era nada certo!

— Mãe...

Não se preocupe, meu amor, apesar de toda essa rigidez, ele mudou!

Mãe... A senhora sabe que...

O que Taehyung iria me contar mesmo? — Me interrompeu. — Você e o menino que cuida estão… ?

Que tipo de sugestão é essa? Que pior, eu não cuido dele!

— Não, mamãe! Não, não! — Respondi. — Eu só ajudo ele nas atividades escolares e o acompanho da escola para casa. Que coincidentemente é no mesmo lugar que eu trabalho. E eu não cuido dele!

Ah, filho! — Ela choramingou, me fazendo rir baixinho. — Não se exalte! Só estou curiosa para saber as novidades da vida amorosa do meu bebê.

Não tenho vida amorosa mamãe, pelo amor da Santa divindade que cuida de mim.

Não fique bravo comigo, ok?

— Não, estou bravo mamãe… é que Taehyung surgiu com essa teoria estúpida de que eu e Jungkook temos algo íntimo, assim, do nada! — Neguei com a cabeça. — Como eu disse, eu trabalho na livraria de um senhorzinho e ajudo o neto dele em coisas pequenas, sabe?

Oh... — Agora sim ela parecia surpresa. — Meu amor, eu nem sei o que dizer! Como ele é? Qual sua idade? Ele tem pai? E…

— Mãe! — A interrompi, dando risada. — O Nome dele é Jeon Jungkook, ele só tem o pai e o avô e também era de Busan! 

Sério? Busan não é pequena, mas se eu fosse alguém sociável com certeza conheceria algum Jeon... —Deu uma pequena pausa — Eu acho que já ouvi falar... Com o que o pai desse pequeno céu trabalha?

Pequeno céu? Quê?

Fiquei com ciúmes.

— Hum... Junghyun é médico anestesista, mamãe. — Respondi sua pergunta, ainda meio curioso sobre o que ela pensava.

Jeon... — Ela repetia o sobrenome. — Eu juro que já ouvi falar em uma família Jeon aqui... — Sussurrou, me impossibilitando de ouvir com clareza o que dizia.

— Mamãe? O que você disse?

Nada, meu bem. Não se preocupe. Me diga, como o garotinho é? Você se dá bem com ele? Quantos aninhos ele tem?

— No começo foi difícil, mas estamos nos aproximando cada dia mais. Estamos nos tornando ótimos amigos! — Sorri, lembrando de hoje mais cedo e nossas mãos juntas. — Ele tem dezoito anos, mamãe. Gosta de desenhar, gosta de qualquer coisa com açúcar e ama tudo que envolva fadas e unicórnios. Pode parecer infantil falando assim, mas é algo mais… mágico.

Que fofinho! — Ela riu alto, neguei com a cabeça, sorrindo também. — Quando puder, quero conhecer esse garoto e encher ele de doces!

—Isso seria uma coisa que ele nunca recusaria. — Não conseguia entender a mim mesmo, eu não conseguia parar de sorrir por nada!

E assim, nosso assunto passou a ser Jungkook. Por uns dez minutos seguidos. Era só sobre Jungkook que minha mãe queria saber, e eu fiquei ainda mais empolgado de contar sobre como nossa amizade estava evoluindo.

Eu e mamãe ficamos conversando por mais um tempo, ela me contou que conseguiu uma vaga como faxineira na escola em que eu estudei, lá em Busan. Eu estava com tantas saudades de contar sobre as coisas que aconteciam comigo, contar sobre meu dia, meus sentimentos e minhas vontades. Eu sentia saudades só de ouvir sua voz.

— Eu comecei a trabalhar há quase quatro meses, mãe, é com certeza o melhor emprego que alguém poderia ter! — Falei, ela soltou uma risada animada e concordou.

— Assim que tudo se resolver, eu quero te ver, meu amor. — Ela começou a dizer, senti meu peito se apertar.

Tinha quase cinco anos que eu não via minha mãe. Nos primeiros meses, eu falava a mim mesmo que iria ter coragem de enfrentar aquele cara e tirá-la das mãos dele, mas eu sequer tinha coragem de ir para Busan depois que saí.

Era doloroso demais ficar inventando coisas para mim mesmo, sou um medroso de merda, isso é um fato. Mas, mesmo que eu não tenha coragem de ir lá sozinho ou com Taehyung, ouvir ela, mesmo que de vez em quando, tampa minimamente o buraco que a sua falta fez em meu peito.

Seu pai está me procurando... —Suspirei, fechando minhas mãos ou ouvir seu sussurro.— Acabou de sair do banho.

— Onde você tá? Mamãe, está mesmo tudo bem?

Está sim! — Afirmou. Mas eu não acreditei. — Estou na dispensa, aproveitei que ele estava no banho e liguei rapidamente para você mas, preciso desligar, ele acabou o banho. Te amo filho, se cuida e cuide muito bem do rapaz especial, ouviu?!

— Sim, mamãe! — Sorri sem perceber, sentindo a ardência conhecida pelo choro que estava por vir. — Não demore para ligar. Eu te amo muito, sinto saudades e…

Ela desligou.

— Vou cuidar dele sim...

Suspirei e deixei meu braço cair ao lado do meu corpo. Estava cansado, sonolento e, agora, curioso. Com saudades da minha mãe e seus abraços. Eu não queria sair da cama, mas precisava tomar um banho e um remédio para dor de cabeça. Amanhã o dia seria... Diferente, um tantinho diferente.

Eu sentia.

— Agrh, credo. — Falei assim que saí do quarto e vi Taehyung e Yoongi deitados no chão da sala, um enfiando a língua na garganta do outro.

Será que eles não sabem a funcionalidade de um sofá?

— Invejoso. — Yoongi provocou, revirei os olhos.

— Deixa ele, Yoonie. — Taehyung manhou, faltei choramingar ali. —Jimin 'tá com teias de aranha na boca faz tempo.

Eu iria retrucar, mas o que falaria? Estou há meses sem beijar ninguém, não é para menos essa provocaçãozinha tosca dele.

A não ser os beijos curtos que Sohui tentava me roubar.

Minha cara se contorceu de nojo só de lembrar. Urg, pra que eu fui comentar isso?

— Não só na boca. — E Yoongi ainda teve a gentileza de dizer.

Desgraçado.

— Parem de falar da minha vida sexual como se eu não estivesse aqui, tá? — Revirei os olhos novamente, caminhando até o banheiro.

— Não. —Yoongi respondeu.

Certo, o melhor que eu tenho que fazer é tomar meu banho, um remédio e ir dormir tranquilamente por uma noite inteira. Finalmente.

Enquanto estava no banho, eu pensava, pensava e pensava sobre tudo que estava acontecendo na minha vida ultimamente e, também tirei um tempinho para pensar no futuro.

Um futuro cheio de incertezas.

[📚🧚🏻‍♂️🍓]

—Está tão animado assim porquê? — Taehyung perguntou quando entrei na cozinha, talvez eu estivesse sorridente demais.

— Não é nada demais. — Dei de ombros, me sentando ao seu lado. Omitindo a parte de passear com Jungkook.

Hoje eu até passei corretivo abaixo dos meus olhos, tentando disfarçar as olheiras que ficaram na minha pele pela noite mal dormida. É, apesar de desejar tanto dormir, pesadelos acontecem.

Mas eu estava feliz, justamente porque tomei coragem para conversar com Sohui e, de quebra, ainda vou passear de bicicleta com Jungkook.

— O que a tia falou ontem? — Perguntou me deixando confuso. — Não faz essa cara de tapado, eu sei que eu e Yoongi estávamos sendo intrometidos ontem, mas eu só queria saber das novidades, poxa...

— Ela não disse nada de tão diferente. — Suspirei — Só que tinha conseguido um emprego na nossa antiga escola, lá em Busan e, que comprou o celular com o salário. Você foi muito inconveniente falando aquelas coisas ontem. Eu só tenho um emprego, Tae!

— E ainda um namoradinho, não é? — Piscou o olho. Revirei os meus.

Sem noção.

— Não sei o que você quer dizer com isso.— Juntei as sobrancelhas e o olhei desconfiado. —Você 'ta insinuando que eu e... Taehyung! Nunca vai acontecer!

— Não cospe p'ra cima porque cai no rosto! — Falou, olhei para ele, tentando entender o que ele quis dizer — É um ditado brasileiro, quer dizer que você não pode falar algo com tanta certeza, já que não sabe do futuro. —Deu de ombros.

— Você só pode 'tá de brincadeira! — Falei alto, tentando manter a calma.

— O que foi? A ideia de namorar o bonitinho que eu nunca vi te assusta? — Provocou.

Seu… Seu idiota!

—Eu e ele não... N-não rola!— Fiz movimentos circulares com meus dedos, indicando o que eu queria dizer. — Somos… S-somos incompatíveis! Ele odeia doce de milho, Taehyung! Não come banana, banana! E eu sou um chato comparado a ele, entende? Eu nunca o vi triste, irritado ou aborrecido. E eu sou… assim! — Apontei para a minha aparência, meus cabelos estavam desarrumados e minhas roupas não… faziam o estilo de Jungkook?

O que eu estou dizendo? Eu nem sei o estilo de Jungkook!

— O que eu quero dizer, é que nós só somos bons amigos, entende? — Suspirei, mordendo o lábio inferior. — E ele é tão… Fofo. Sabe, eu tenho que me aguentar muito para não apertar aquelas bochechas rosadas enquanto ele fala e gagueja! Ou quando ele come sua tortinha favorita e se meleca todo com torta de morango, ou quando ele faz desen-

— Você está se contradizendo! — Taehyung riu alto, me fazendo parar de falar. — Eu só estava te zoando, Hyung! Mas você falando assim, parece que está apaixonado pelo menino.

O que? Eu tive que rir.

— Não estou! — Falei de volta, negando com a cabeça. — Eu quero cuidar de Jungkook, ser um bom amigo para ele, Taehyung. Ele nunca teve um amigo e eu quero ser um bom primeiro amigo. Não quero aparecer que estou... Estou me aproveitando da situação para tentar algo com alguém como ele, sabe?

— Como assim, alguém como ele? Autista? — Me encarou confuso, o olhei indignado.

— Claro que não, bocó! — Soltei um risada meio desesperada, com medo de Taehyung entender errado minhas palavras. — Quero dizer ingênuo, Taehyung. Jungkook é a pessoa mais ingênua que eu já conheci nesse mundo...

— Por isso ele precisa de pessoas confiáveis para estar com ele durante esses momentos de aprendizado sobre como a vida adulta é um saco! — Ele falou e, pela primeira vez no dia, concordei com ele.

— Essa parte chata eu deixo com Yoongi.

— Verdade.

— O que você…

— Nadinha. — Me interrompeu. — Só não esquece de não babar sempre que ver ele.

Taehyung insiste em dizer coisas que não fazem nenhum sentido.

— Taehyung, o que você…

— Ei, não precisa se estressar, Jiminie, eu estava brincando. —Falou me interrompendo novamente, não muito convencido com meus argumentos. — Yoongi vive dizendo que Jungkook não para de falar de você nas consultas...

— Isso não quer dizer nada. — Revirei os olhos, me cansando daquele assunto. — Junghyun diz que quando Jungkook conhece alguém e gosta dela, não para de falar.

— Mas vocês se conhecem há quase quatro meses, não é nada novo. — Continuou a insistir, suspirei. Eu não vou discutir essa ideia doida que Taehyung enfiou na cabeça.

Quando ele coloca algo na cabeça, dificilmente tira. E ainda fica falando disso sempre.

— Eu vou estudar. — Me levantei. — Tenho assuntos importantes para tratar hoje. — Saí da cozinha, pegando minha mochila na sala e me sentando no sofá para calçar meu tênis.

— Que assunto? — Taehyung me seguiu. Curioso.

—Vou falar com Sohui, cansei de tudo isso. Já está insuportável toda aquela aproximação sem graça que ela força entre nós dois. — Mordi meu lábio inferior, pensando nas coisas que eu precisaria falar. — Ela precisa entender que eu não vou namorar com ela.

— Finalmente! — Disse meio aliviado e se sentou ao meu lado. — Se você não fizesse nada, eu faria. Assédio é coisa séria, e isso que ela faz com você, é assédio sim.

Eu não queria acreditar nisso, mas todas coisas que Sohui bem fazendo nos últimos dias, não negam o que Tae diz.

Além do desconforto que sinto e a maneira insuportável que ela fica quando está comigo.

Fomos juntos para Universidade — Como sempre. — e tive que montar um discurso completo na minha cabeça para poder explicar tudo para Sohui e não machucar ela, eu sei que dói ter seus sentimentos negados. Mas eu precisava. Eu nunca a dei esperanças, mesmo quando ela era uma das únicas a me visitar enquanto eu estava num… momento difícil, logo após a minha "saída" da Universidade.

Como eu disse, eu tentei retribuir, mas eu não consegui me apaixonar por ela.

— Oppa! — Ela me chamou, correndo até mim e me abraçando. — Finalmente chegou.

Eu gosto dela, não de uma forma romântica. Só não gosto de todo esse contato que ela quer ter comigo, ela… Força tudo isso, e eu preciso entender ela, ajudar, não posso deixar isso se transformar em uma coisar maior.

— Oi, Sohui. — Sorri pequeno, segurando em seus braços para que ela soltasse meu pescoço.

— Estava esperando você chegar. — Disse olhando para trás, fazendo uma caretinha. Possivelmente Taehyung estava nos olhando com uma cara nada boa.

— Vem, precisamos conversar antes que a palestra comece. — Segurei em seu pulso e puxei com cuidado, andando para uma das salas desocupadas perto da minha.

Por incrível que pareça, eu estava tranquilo, não precisava dizer muito, era só falar a verdade. Certo? Respira fundo, Jimin.

— Aqui, oppa? —Ela perguntou sorrindo, um sorriso diferente.

Oh, não… Que porra ela está pensando agora?

— Sohui, olha…

— Eu sei que você é tímido. — Me interrompeu, enlaçando meu pescoço com seus braços— Não gosta de mostrar seus sentimentos na frente das pessoas. Mas, oppa.... Eu sei o que você quer.

Porcaria.

Ela não sabe de nada!

— Não sabe. — Mordi o lábio inferior,, segurando eu seus braços mais uma vez e me afastando quando vi seu rosto próximo do meu.

— Porque você é assim? — Perguntou com as sobrancelhas franzidas — Fazem meses que nós beijamos, Oppa... E-eu não fui bem?

— Sohui, me escuta. — Passei as mãos pelo cabelo, nervoso. Ela não ficava quieta, distribuindo beijinhos pelo meu pescoço e isso só piorava minha situação, me deixando desconfortável.— Sohui...

Segurei em seu ombro, afastando seu corpo do meu, encarando seu rosto confuso.

— Só um beijinho, Oppa. — Ela choramingou, tocando meu rosto. — Faz tempo que você não me beija.

Suspirei e a soltei, me afastando.

Prefiro bater o dedo mindinho na quina do sofá do que beijar ela mais uma vez.

— O que você acha que nós temos? — Perguntei direto, não querendo mais enrolar isso.

— Somos... Ficantes que não ficam? — Respondeu, me fazendo rir. Foi engraçado, mesmo não sendo um momento muito adequado para rir. 

Eu definitivamente devo parar de rir em momentos sérios.

— Porque está rindo? — Tentou segurar em mim mais uma vez. Segurei em seus ombros novamente, deixando-a quieta.

— Ah, me desculpe! Eu não quis rir. — A soltei, dando passos para trás e me sentando em uma das cadeiras que tinha ali. — Eu fui um covarde por não te dizer antes, mas... Sohui, não dá...

— O que não dá? — Sentou em minha frente, com uma expressão que eu não consegui compreender.

Como estudante de psicologia, eu sei que as expressões iriam dizer mais do que as próprias palavras.

— Me escuta. — Segurei em suas mãos, tentando me manter calmo. — Eu fiquei uma vez com você e, foi maravilhoso. Você foi incrível! —Sorri, vendo ela sorrir meio envergonhada. — Mas eu não… Não te amo, nunca vamos poder ter mais que amizade e isso que você está fazendo, me tocando sempre que bem entende, está me deixando desconfortável!

Seu sorriso desmanchou, ela puxou suas mãos para seu colo e olhou para o lado, mordendo o lábio inferior.

Eu me sentia horrível. Eu tentei, muitas vezes, me apaixonar por Sohui, aceitava sair com ela e fazia coisas que ela quisesse fazer. Isso aconteceu pouco tempo depois do incidente do depósito acontecer. Eu não tinha mais ânimo para sair ou qualquer coisa do tipo.

E, para piorar, acabei percebendo que ela forçava demais toda esse aproximação que nunca deveria existir. Apesar de tudo, do seu apoio enquanto eu passava por um momento difícil, mesmo que ela tenha sido a única da Universidade, além de Taehyung, a me contatar durante os meses que fiquei fora, não consegui sentir sequer um pouquinho de paixão por ela.

— Woojin quebrou seu coração tanto assim? — Voltei a olhar para ela, sentindo uma sensação ruim ao ouvir aquele nome. — Oppa, eu sei que ele fez uma coisa terrível com você. Sei que não foi você que explodiu o depósito, mas-

— Eu não vim falar disso. — A interrompi, negando com a cabeça. — Não toque nesse assunto, por favor!

Esse assunto já não deveria existir. Não entre nós dois. Eu não queria falar disso.

— Desculpe. —Pediu baixinho, suspirando logo em seguida.— Vamos focar só em nós, esquecer o passado, Oppa… — E voltou a se aproximar, me abraçando pelo pescoço, deixando seu rosto bem pertinho do meu. — E falar sobre nosso futuro. Esquece essa conversa, foca em mim e-

— Sohui. —Segurei em seus braços sem força, apenas para para-lá. — Eu não queria ter sido um covarde e não ter te dito isso antes… —Abaixei a cabeça, suspirando mais uma vez. —Mas não existe um futuro em que estamos juntos, não da forma que você quer.

— Você... — Ela se afastou. Engoli a saliva com dificuldade e a encarei. — É por causa daquele garoto? — Perguntou, mudando a expressão rapidamente. Brava.

Juntei as sobrancelhas, nervoso porque não queria ver ela chorando e confuso por não saber o que era "aquele garoto".

Na verdade, eu sabia. Mas não queria aceitar que ela estava tocando naquele assunto. Jungkook não deveria ser incluso nisto e eu nem sei porque ela falou esse absurdo.

— Eu sei suas preferências, Oppa. — Voltou a falar. — Sei que gosta de mulheres e de homens. — Deu uma pequena pausa, levantando o rosto e me encarando — Porque ele e não eu? Eu sou mais bonita, Oppa! Eu-

— Espera um pouco aí. — Ri nervoso, ela já estava alterando sua voz e eu não queria mais um escândalo. — Você 'tá confundindo as coisas. — Neguei, me afastando dela novamente. — Eu tô esclarecendo as coisas entre nós dois, não assumindo um relacionamento com alguém que eu nem sei quem é. — Menti, negando com a cabeça.

— Vai me dizer que você e aquele garoto que anda todo estranho, não tem nada? — Perguntou, apontando o dedo.

Como é que é?

— Não acredito. — Sorri mais uma vez, desacreditado. Negando com a cabeça.

— Até Hyeon sabe que vocês têm alguma coisa! Ele me contou o que aconteceu no mercado e eu só não quis acreditar! — Disse, voltei a olhar para ela quando o nome daquele desgraçado foi colocado no meio da conversa.

— Sohui…

— Você anda me traindo com aquele estranho?! — Se alterou novamente, fechei minhas mãos em punhos.

— Te traindo? A gente nunca teve nada!

— Mas, oppa…

— E você fale para o idiota do seu irmão parar de inventar mentiras por aí! — A interrompi, mais bravo do que eu imaginaria.

A forma que ele tratou Jungkook nunca saiu da minha cabeça, os xingamos e o olhar assustado de Jungkook quando aquele cara apontou o dedo em seu rosto, também não se apagaram e, só de ouvir o nome dele, me vem uma vontade de gritar e socar aquele merdinha. Eu sei, eu sei que isso não resolveria nada e que violência nunca é a forma certa de se "conversar" mas ele me tira do sério sem esforço.

— Não sei o que seu irmão te contou.  —Me aproximei dela novamente, mantendo a calma. — Mas eu deixo claro que não é verdade. E avise a ele que ainda preciso resolver umas coisinhas com ele.

— Oppa... — Me chamou, segurando em meu ombros mais uma vez — Você e aquele garoto estão juntos, não é? Por que não me disse? Nós não estamos juntos oficialmente, mas…

— Mas não era isso que eu queria falar! — A interrompi, voltando a me afastar. Respirei fundo e voltei a olha-la. — Eu não vim falar de Woojin, seu irmão e muito menos "aquele garoto" — Fiz aspas com os dedos, imitando a forma que ela chamava Jungkook. — Eu vim pedir que pare, p-pare de dizer que somos namorados e que vamos ter mais um encontro! — Disse de uma vez, cansado de toda aquela enrolação— E... E-e que pare de me chamar de Oppa, não sou mais velho que você!

Sohui ofegou, eu não sabia mais o que fazer, só queria terminar logo isso e ir embora. Digo, esperar as aulas acabarem e eu ir pegar Jungkook em sua escola.

— Eu sei que deveria ter dito isso antes, me desculpa. Talvez eu não tenha usado as palavras certas para dizer isso mas, Sohui... Eu não me sinto mais confortável com essa sua aproximação, você me abraça e me beija quando bem entende. Faz isso como... Como se fôssemos namorados. —Voltei a abaixar a cabeça, não tendo coragem para encarar seu rosto — Me perdoa se te fiz acreditar que um dia seríamos algo a mais que amigos ou que faríamos coisas como fizemos naquela noite.

Eu esperei que ela dissesse alguma coisa, entendia que ouvir aquilo de alguém que gosta poderia ser ruim, mas eu não me arrependo de finalmente dizer isso para ela.

Eu me sinto aliviado.

— Eu não gosto, não me sinto bem. Então, por favor, para de me tocar sempre que bem entender e insinuar coisas que não irão mais acontecer. — Complementei, suspirando em um alívio que eu não pude segurar aqui dentro.

— E-Eu não entendo… — Foi a primeira coisa que disse depois de um tempo em silêncio — Não entendo… — Ela mordeu o lábio inferior, os olhos brilhando pelas possíveis lágrimas que iriam descer. Suspirei.  — Eu... Eu não sabia que você não gostava, Opp- Jimin.

Sohui estava com a cabeça baixa, então eu a levantei, segurei em seu queixo e a deixei de cabeça erguida. Uma mulher nunca deve abaixar a cabeça para um homem.

Eu estava tentando a entender, ela se apegou muito rápido a mim, nos tocamos intimamente uma vez e eu ainda estava bêbado. Espero que não tenha soado rude e partido seu coração ao meio.

E, sinceramente, eu não entendo como ela pode ter se apaixonado tão rápido por mim. Nós nos conhecemos na época em que eu ainda namorava Woojin e ela ainda era sua amiga.

Apesar de tudo, eu não sinto raiva dela. Quero apenas que me respeite e mantenha nossa amizade saudável.

— Não se preocupe com isso. — Sorri, colocando uma mecha de seu cabelo comprido atrás da orelha. — Você vai achar alguém que te ame da forma que merece, ok? Você vai ser uma ótima veterinária um dia.

—Eu faço engenharia, Jiminie, não medicina veterinária. — Deu uma risada baixa, limpando uma lágrima que correu pela sua bochecha. Eu apenas abri mais os olhos e a encarei surpresa, porra, eu jurava que ela queria ser veterinária.

— Desculpa…

— Mas está tudo bem. — Sohui disse, se distanciando de mim. Ela abriu um sorriso e, por milésimos de segundo, eu esqueci que acabei de lhe dizer que não retribuí seus sentimentos.

—Você 'tá bem? Sério? Não quer me matar e me jogar de um prédio? —Perguntei, porque era isso que eu imaginava que aconteceria.

—Estou envergonhada por forçar algo que não existia, isso sim. — Sorriu, mesmo que estivesse com uma expressão triste. Quis acreditar nisso. —Eu vou demorar um tempo para me acostumar, não te chamar de Oppa e não poder tocar em você… Vai ser difícil. — Confessou. — Mas eu supero.

— Obrigado por entender! —Agradeci, sorrindo para ela, dessa vez, um sorriso verdadeiro.

—Mas... Jimin, posso te pedir só mais uma coisinha? — Se aproximou, me deixando apreensivo. Eu disse que sim, concordando com a cabeça. — Me dê só mais um beijo, só mais um?

— Sohui… — Suspirei, eu imaginava que ela falaria isso. — Desculpa, mas não. Não posso fazer isso com você e nem comigo mesmo.

Eu não conseguiria.

— Ah…  ok! Ok!

Aquilo tinha sido mais fácil do que eu tinha pensado, Sohui não surtou e muito menos me estrangulou dentro daquela sala. Se manteve calma, incrivelmente calma.

Calma demais.

— Jimin, eu ainda…

Sua fala foi cortada pelo som do meu celular tocando, sorri pequeno e me afastei um pouco mais dela, pegando meu telefone e atendendo a ligação de um número desconhecido. Pensei que seria minha mãe me ligando novamente, só que eu já tinha salvado seu contato.

— Alô? — Atendi, esperando ser respondido. A pessoa demorou para falar, mas falou.

H-hyung? — Sua voz soou baixinha, quase num sussurro — É o hyung?

Sorri ao ouvir sua voz.

— Sou eu sim! — Respondi, me sentando em uma das cadeiras da sala. — E você? É o Jungkook? — Brinquei, perguntando baixo. — É o Jungkook que está me ligando?

S-sim! É ele! — Respondeu, parecendo animado.

Suspirei, sua voz era um pouquinho mais diferente por ligação, mas era boa de ouvir de qualquer maneira. Sem que eu notasse, os batimentos ansiosos e nervosos de meu coração, foram substituído por uma maré de pura calmaria.

— Você 'tá na escola?

Aham! — Respondeu, me deixando surpreso.

— Você leva o celular para a escola? O que mais você esconde de mim? — Fiz drama, soltando uma risada baixa quando ele fez alguns barulhos que mal deu para escutar, como se estivesse resmungando — É brincadeira, seu bobo.

Hyung bobo! — Repetiu — Bobinho, b-bobinho.— Mesmo sem vê-lo, eu sabia que ele sorria. Então eu sorri também.

— Desculpa a pergunta, mas porque ligou? — Perguntei calmo. — Você 'tá na sala de aula?

Não, não.— Negou, me fazendo rir. — P-professor deixou vir no banheiro, jungkookie disse que iria fa... Fazer xixi. — Ele falou ainda mais baixinho, como se fosse um segredo. Prendi mais uma risada, colocando a mão na boca.

Ele é impossível.

E-esqueci de ouvir a voz do hyung ontem. — Voltou a falar. — Papai deixou t-trazer o.. O celular e-e quis ouvir a voz do hyung agora, perdão... At-trapalho? — Explicou, me deixando confuso e todo coisado por dentro.

Ele lembrou de ligar para mim depois de já estar na escola, mentiu para o professor e ligou só para ouvir minha voz? Estou tão triste de felicidade — isso faz sentido?

— Não precisa se desculpar. —Sorri de novo. — Foi uma surpresa você me ligar, tô muito feliz! — Confessei, suspirando. — Mas o hyung precisa estudar e você também. — Dessa vez foi ele que suspirou, mesmo que baixinho. — Em menos de cinco horas vamos nos ver, deixa de manha! — Brinquei, ouvindo mais um murmúrio seu.

Está bom, hyung. — Concordou com a voz baixa.

— Boa aula, Jungkook. — Me despedi.

B-boa aula também, hyung!

— Até já, te vejo em cinco horas.

C-cinco horas! — Ele repetiu, como se estivesse me avisando. — Tchau, Jimin hyung!

— Até já! — Sorri mais uma vez, dando fim na ligação.

Suspirei novamente e me virei para Sohui, a vendo com um olhar de tédio e os braços cruzados.

Ué, achei que ela já tinha saído.

— Desculpa era só...

— Aquele garoto. — Me interrompeu. — Então o nome dele é Jungkook? — Perguntou parecendo interessada.

Hum.

— Ah... —Lambi os lábios, os umedecendo. — É o nome dele sim, mas como sabia que era ele?

— Pela forma que você sorriu. —Respondeu direto — Você sorri assim para ele.

— Não sei o que você quer dizer com isso. — Me levantei, ajeitando a mochila em minhas costas. — Preciso ir, obrigado por entender meu lado e nossa conversa.

—Você pegou na mão dele, Opp- Jimin — Arregalei os olhos, finalmente olhando para ela.

Porque ela está falando disso?

— Eu vi, meu irmão viu, minhas amigas viram. — Contou, sorrindo de um jeito estranho. — Nem quando a gente transou você pegou na minha mão. Na dele você pegou e ficou sorrindo.

Ela enlouqueceu?

— É porque quando a gente fodeu, tinha outros lugares que eu queria pegar... — Falei baixinho. Mas ela ouviu e ficou vermelha, negando com a cabeça.

— Não é disso que estou falando. — Negou, balançando a cabeça. — Eu não sei o que você viu nele, mas o jeito que você olha para ele é diferente. — Cruzou os braços, andando até mim.

— Sohui...

—Não estou julgando, até porque não sou ninguém p'ra isso —Sorriu sincera, tocando em meu ombro — Ele é meio estranho, mas é bonitinho. Você tem bom gosto.

Fechei os olhos, me senti estranho ouvindo ela falar isso de Jungkook. Tirando o fato dela estar insinuando algo que não existe. Jungkook não é estranho, eles que não entendem seu jeito de agir. E eu não posso simplesmente ser amigo de alguém?! Que povinho irritante.

— Já que está tudo resolvido. — Forcei um sorriso, me afastando dela e me aproximando da porta — Amigos? — Entendi minha mão. Ela suspirou, segurando minha mão e balançando. Sorrindo.

— Amigos. —Respondeu num sussurro, mas me puxou e deixou um beijo no canto da boca.

— Sohui!

Estou, sincera e definitivamente, com certo receio de que essa conversa não tenha servido de nada.

Porra, se ela combinar fazendo essas merdas, não sei o que fazer a seguir para parar!

— Beijinho de despedida, Jiminie! — E saiu pela porta. Me despedi dela e fui em direção a minha sala, me assustando quando senti mãos em meus olhos. Pelo perfume e pelo tamanho das mãos, eu sabia quem era.

— Não deveria 'ta na aula, Tae? — Perguntei, tirando suas mãos de meus olhos.

— Não tava aguentando de curiosidade! — Respondeu ficando ao meu lado. — Deixa eu ver aqui. — Segurou meu rosto, me analisando de um jeito estranho. — Sem arranhões, nenhum sinal de tapa... — Disse, me analisando. — Só uma mancha de batom no canto da boca —Semicerrou os olhos — Se beijaram!

— Para com isso, Tae! — Me afastei. — Ela não é agressiva, seu doido. — Revirei os olhos, passando as mãos no cabelo — E o beijo… Ela me deu quando estávamos saindo, foi de surpresa. — Passei a mão no local, limpando a mancha que Taehyung tinha visto.

— Safado. — Ficou do meu lado de novo, me acompanhando. Eu ri, negando com a cabeça mesmo que eu tenha dito que foi ela a me beijar de repente.

— Mas, me conta, — Começou a dizer. — O que aconteceu? O que ela disse?

— Você é muito fofoqueiro, não quero que isso vire motivo de conversas aqui. — Falei, rindo baixinho de sua expressão decepcionada.

— Chato.

— Prevenido. É diferente. — Pisquei, cutucando sua costela. Taehyung não se mexeu, só ficou com aquele olhar baixo e um bico na boca, triste. — Tá bom, me convenceu a dizer.

Eu sou idiota, não gosto de ver ninguém pra baixo que já tento animar, mas eu sabia que ele só estava sendo manipulador. Além de um bom botânico, jornalista não confirmado da faculdade, fofoqueiro, Taehyung também é um ótimo ator. Expliquei tudo pra ele, disse que tinha sido fácil e que Sohui foi bem calma e compreensiva. Taehyung prestava atenção e sempre fazia uma cara confusa.

— Tem certeza que ela está sendo verdadeira? — Perguntou quando já estamos próximos a minha sala.

Havia perdido a palestra. Porcaria.

— Ela me pareceu bem verdadeira. — Dei de ombros. — Porque?

— Meu sexto sentido diz que tem algo estranho — Respirou fundo, me deixando tão confuso quanto ele à alguns minutos atrás.

— Deixa de frescura! — Neguei com a cabeça.

— Meu sexto sentido nunca falha! Eu senti algo estranho quando você começou a se envolver com Woojin e-

— Porque todo mundo quer falar desse cara e de Jungkook agora? — Interrompi sua explicação, cansado de tudo aquilo. — Eu acredito em Sohui. Agora vamos estudar porque o futuro não se constrói sozinho. — Me afastei, caminhando até a porta de minha sala.

— Depois não diz que eu não avisei! — Disse, se aproximando de mim e me abraçando — Se cuida maninho, até mais tarde. — Sorri, retribuindo o abraço e o soltando. Agradecendo por sua preocupação e me despedindo.

Minhas aulas passaram mais rápido do que imaginei, estava ansioso por algum motivo desconhecido, bem, nem tão desconhecido.

Era Jungkook.

Eu estava ansioso para vê-lo e isso me deixava confuso, eu via ele todos os dias! Não tinha explicação para essa ansiedade sem sentido. E isso me deixava ansioso pelo simples fato de não saber o porquê de minha ansiedade para vê-lo, era uma sensação desconhecida.

Já no final das aulas, eu estava saindo da Universidade, sorrindo todo idiota olhando para meu celular e vendo mais de cinco ligações perdidas, todas de Jungkook.

— Jimin! — Uma voz masculina me chamou quando estava prestes a sair da faculdade, com Taehyung ao meu lado.

Conheci aquele tom de voz e também a pessoa que estava me chamando.

Seong-Hyeon.

— Ah, cara, o que você quer? — Me virei para Seong-Hyeon, encontrando ele e mais dois amigos ao seu lado.

Tão chato!

— Porque fez minha irmã chorar? — Revirei os olhos, mesmo que estivesse surpreso com aquilo.

— Meu envolvimento com Sohui não diz respeito a você. — Dei de ombros, virando de costas, assim como Taehyung. Voltando a caminhar.

Mas ele segurou em minha mochila, me parando. Ele estava testando minha paciência. Aquilo tinha que parar.

— Me. Solta. — Pedi pausadamente.

— Você vai pedir desculpas para minha irmã e parar de ser esse babaca sem noção, acha que é o quê? — Se aproximou, colando seu peitoral em minha mochila, que ainda era segurada por ele. — Que vai ter mais mulheres como minha irmã atrás de um merdinha como você? Um marginal? Que usa esses trapos como roupa? Você é patético Jimin, você e aquele outro doido do mercado.

Ah... Ele não fez isso.

Naquele momento, meu coração acelerou e senti meu sangue ferver. Taehyung me olhou preocupado, sabendo que aquilo era o suficiente para me tirar do sério.

Eu estava tentando me controlar. Eu juro que estava. Mas ele xingou Jungkook, porque todos querem tocar no nome dele sem ao menos o conhecer?!

Algumas pessoas já pararam tudo o que faziam para observar aquela pequena discussão, causada por ele. Suspirei, não aguentando mais aquela ceninha toda. Cansado de ver ele se sentindo o maioral, o fodão. Me humilhando.

— Eu acho que você tá muito ferrado, cara. — Foi Taehyung quem respondeu, abrindo o sorriso ainda mais quando puxou a bolsa de meu notebook para que ele não fosse danificado.

Rápido, eu segurei na mão de Seong-Hyeon que estava em minha mochila, rodando seu corpo e torcendo seu braço para trás, o prendendo.

— Você pensa que é muito legal fazendo essas coisas, não é? —Falei próximo ao seu ouvido, num sussurro ameaçador, aquilo era ridículo, mas não tive outra escolha. — Eu não sou de briga, na verdade sou um cara calmo. Mas quando um idiota como você pensa que pode passar por cima das pessoas de forma nojenta, não consigo ficar quieto. — Apertei ainda mais seu braço, ouvindo ele gemer baixinho por conta da possível dor — Não devo satisfação a você, quer saber o que aconteceu? Pergunte diretamente para Sohui e fale para ela falar a verdade. E nunca, nunca mais fale dele da forma que falou, não ouse tocar no nome dele quando eu estiver por perto. Nunca mais. — Disse me referindo a Jungkook.

Olhei ao redor, percebendo alguns celulares direcionados em nossa direção. Até Taehyung tava ali, gravando!

— Não sei o que você tem contra mim, mas agora eu tenho muita coisa para não suportar sua presença. —Com uma joelhada na parte de trás de seu joelho, eu o coloquei no chão. Ajoelhado à minha frente, de costas para mim. — O incidente no mercado é uma delas. — Sussurrei, o soltando e sorrindo constrangido para as pessoas a nossa frente. — Pare de idiotice e seja o homem que você está estudando para ser. Acha que alguma escola te contrataria para trabalhar, sabendo que é um babaquinha preconceituoso e cheio más intenções? Muda, cara.

Puxei o ar com força, me virando de costas e saindo de perto daquela pequena multidão. Me sentindo sufocado. Tonto.

— Eu  nunca vou me acostumar com o Jimin patrão! — Taehyung gritou, me acompanhando— Você fica todo coisado, meu deus! Fico arrepiado só com aquele seu olhar de leão, serio, eu tô todo me tremendo!¹ —Sorri, negando com a cabeça, Taehyung era impossível, me deixava animado até em um momento de tensão como aquele.

— Ele me tirou do sério. — Suspirei. — Tenho problemas demais para lidar com o filhinho de papai mimado. — Neguei com a cabeça, pegando minha bolsa.

— Você deixou ele de joelho. Uau!

— Deixa de ser bobo, Tae. — Ri, tentando não ficar nervoso. — Não suporto aquele cara!

— Bobo... — Taehyung riu me deixando confuso — Seus xingamentos já foram melhores.

— É o Jungkook. — Falei mordendo o lábio logo depois. — Ele fica me chamando assim e agora fiquei com essa mania. — Revirei os olhos sem muita vontade.

— Ai, ai! — Ele negou com a cabeça. — Esse Jungkook.

Olhei para ele, tentando entender o que passava na cabeça dele para sorrir de uma maneira tão estranha. E quanto eu iria perguntar, meu celular tocou.

Meu coração acelerou com a possibilidade de ser Jungkook, mas era Hobi-hyung. Parei de andar, Taehyung também.

Jimin! — Sorri quando ouvi seu chamado.

— Oi, hyung! — Taehyung me olhou, interessado.

Acabei de sair do hospital! — Fiquei preocupado quando o ouvi, não sabia que ele estava doente... — Junghyun é mais gentil do que imaginei!

Ah, ele foi falar com Junghyun, que susto!

— E então? O que ele falou? Te contratou? — Perguntei ansioso, Taehyung já estava do meu lado com o ouvido quase grudado em minha mão, tentando ouvir o que eu e Hoseok falávamos.

Prazer, jovem. Sou seu novo colega de trabalho. — Respondeu animado, e eu faltei pular ali na calçada, feliz.

Nossa! Foi tão fácil assim?

Ok, tudo bem que não foi tão fácil, já que com certeza irão ter algumas burocracias e essas coisas.

— Isso! — Meu melhor amigo comemorou o que tinha ouvido, batendo palmas e pulando em círculos, tão animado quanto eu.

—Tô muito feliz, hyung! — Hoseok soltou uma risada ao me ouvir falar — Quando você vai conhecer Jungkook? Hoje?

Taehyung parou com sua comemoração, ficando com uma expressão que eu não decidi no primeiro momento.

Senhor Jeon disse que posso conhecê-lo quando quiser, não sei se consigo fazer isso hoje. — Suspirou, parecendo decepcionado. — Mas vou fazer isso logo, quero saber tudo sobre ele, digo, suas dificuldades e o que pode ajudar a desenrolar seu aprendizado rapidamente, mas de forma segura.

Eu escutava tudo atento a cada coisa que ele falava, Hoseok estava animado e muito interessado para começar a trabalhar. Eu estou tão animado quanto! Jungkook melhorou muito sua interação comigo, a confiança de falar comigo. Quero que ele melhore cada vez mais, sem tirar sua essência.

Quero que ele tenha comigo e com outros “estranhos” a confiança que tem para conversar com seu pai, avô e Yoongi — não que ele tenha tanta intimidade assim com Yoongi, mas é isso. Independente de tudo, sua confiança é algo que eu mais almejo neste momento.

Tanto sua confiança para falar, sorrir, conversar e também, me abraçar.

Quero dizer… Ok, não quero dizer mais nada.

Depois que acabamos a ligação, Taehyung ficou perguntando quando poderia conhecer Jungkook também. Eu disse que sempre que ele tiver um tempinho, pode ir na livraria ver a mim e conhecer Jungkook.

Já está na hora de Jungkook conhecer algum amigo meu, além do chatão do Yoongi — Já que ele  meio que foi "obrigado" a conhecer o Yoongi.

Taehyung foi à floricultura todo animado. E eu fui pegar Jungkook na escola.

— Professor Kim. — Cumprimentei o homem um tantão mais alto que eu, me curvando.

Ele estava do lado de fora da escola, acompanhado pela moça bonita que sempre está com um sorriso no rosto, observando seus alunos indo embora. Mas Jungkook não estava ali.

— Oh, bom dia, Jimin! — Ele sorriu, assim como a moça ao seu lado. — Como está?

— To bem. — Sorri, olhando em volta para ver se Jungkook estava por perto. — Onde Jungkook está?

— Ah... — A moça respondeu, olhando para mim. — Ele foi ao banheiro, hoje ele estava muito agitado, sabe? Queria ir ao banheiro toda hora. E você demorou hoje também. — Riu, me deixando meio nervoso e constrangido.

Mais de cinco ligações perdidas dele, ele indo várias vezes ao banheiro... Meu Deus, Jungkook!

Certo, eu já percebi que vou precisar me desculpar com ele.

— Eu tive um imprevisto enquanto saia da faculdade. — Expliquei tentando não lembrar do ocorrido.

— Não é querendo ser invasivo, mas...— O Professor começou a falar, chamando minha atenção. — Qual sua faculdade mesmo? Jungkook comenta de vez em quando  que você faz suas atividades lá na casa dele, só estou curioso.

— Não tem problema! — Sorri, ficando  animado. — Faço psicologia. — Respondi.

— Que ótimo! — A moça sorriu, olhando de relance para o professor e diminuindo um pouco seu sorriso. — Digo, já que você cuida de Jungkook, é perfeito, sabe?

— Sim, mas eu não…  . — Quando eu iria responder, dizendo que não cuido de Jungkook, meu celular vibrou.

Jungkook, mais uma vez.

— Hum... Licença. — Me afastei um tantinho dos outros dois, atendendo a ligação. — Jungkook!  — Disse animado.

H-hyung! — Ele falou, com um tom de voz repreendedor. — O hyung disse q-que seria... Seriam cinco!

— O quê? — Confuso, perguntei um pouco alto, me arrependendo quando os dois bisbilhoteiros tentavam escutar o que eu falava. — O que você disse? — Perguntei mais baixo.

Ci-cinco horas, o hyung disse! Já faz cinco h-horas e... — Deu uma pausa, me deixando ainda mais confuso — C-cinco horas e vinte  minutos!

Ri, baixinho, tentando controlar a risada alta que queria sair.

Ele é impossível!

— Desculpa. — Pedi, respirando fundo e me concentrando para não rir. — O hyung, digo, eu já tô aqui fora, vem que estou te esperando, sim?

Hum.. — Fingiu pensar. — Não mentindo?

— Não estou mentindo. — Respondi sorrindo, Jungkook murmurou alguma coisa que eu não consegui ouvir, então, ouvi sua movimentação.

Estou s-saindo — Disse parecendo emburradinho. — Não v-vai, hyung, Jungkookie chegando. — Sorri, quase explodindo pela forma que ele referia a se mesmo as vezes.

Eu concordei, encerrando a ligação e voltando para onde estava antes. O Kim e a moça bonita ainda estavam ali, alguns alunos também saiam. Passou pelo menos dois minutos e nada de Jungkook.

— Ele está demorando muito... — A moça falou, olhando pelo portão e suspirando. — Vou lá, talvez ele tenha se perdido.

Eu e o professor concordamos, mas, antes que ela atravessasse o portão, Jungkook apareceu todo sorridente, abraçando sua mochila.

— Demorou, Jungkookie. — Ela falou, ajudando ele a descer o único degrau na porta da escola.

— D-desculpa. — Murmurou em resposta, olhando para mim e sorrindo mais um pouquinho. Fiz o mesmo.

— Vamos? — O chamei, logo ele veio, ficando ao meu lado. — Tchau, tchau! — Me despedi dos outros dois que ficaram, Jungkook abanou sua mão também, se despedindo do professor e da instrutora.

— Hyung... — Me chamou, olhei para ele e esperei que continuasse. — Po-porque... Demorou?

Engraçado ele falar isso, já que não passou sequer meia hora do horário normal que eu venho. Como Jung-hee havia me dito uma vez, Jungkook realmente é bem pontual.

E eu fiquei ainda mais enfurecido com aquele Seong-Filha-Da-Puta por ter me feito atrasar.

— Ah... — Suspirei, lembrando do que aconteceu. — Tive um pequeno imprevisto, mas já está tudo bem. — Parei de andar, lembrando também do que Sohui havia dito.

Não queria passar pela Universidade, Seong-Hyeon ainda poderia estar lá e eu não quero ele com Jungkook, Sohui também sabe da existência dele. Então o melhor é pedir um uber.

Mesmo sem entender, Jungkook ficou parado e calado, esperando para ver o que eu faria. Peguei minha carteira e contei o resto de dinheiro que tinha dentro dela, era o suficiente para pagar o carro.

—Vamos de carro hoje. — Ele sorriu com a ideia, balançando a cabeça e esperando. — Está bem?

— Música. — Ele falou, olhando ao redor.

— Quer ouvir música? —Perguntei já procurando pelo meu fone. Ele fez que sim, balançando a cabeça e esperando.

— O H-hyung sabe… carros que não conheço me d-deixa nervoso. — Ele disse baixinho, senti meu coração acelerar.

— Hum... Seu celular está ligado?

— Err... Sim! — Ele murmurou, tentando abrir a mochila com uma única mão. — Ajuda, hyung! — Coloquei minha mochila nas costas e ajudei ele a abrir a sua, procurando pelo celular.

— Aqui! — Peguei o aparelho, Jungkook me olhou por poucos segundos antes de fechar a mochila — Vou colocar música no seu celular. — Ele sorriu, olhando animado para o celular em minhas mãos e para mim. Peguei meu celular e procurei pela playlist que tinha feito para ele, copiando o link e enviando para o seu contato. Abri o spotify em seu celular e sorri contente ao ver o aplicativo ali.

Surpresa maior foi ver que ele tinha spotify premium. Ele nem usava! Junghyun pagou mesmo sem ele usar?! Meu Deus...

Ele realmente é um pai bem… Afetuoso, eu acho.

— Prontinho. — Entreguei seu celular. — Agora pode ouvir suas músicas sempre que quiser.

— Wow! — Ele disse impressionado, pegando o celular da minha mão, olhando para ele. — Tudinho? — Balancei a cabeça, entregando meu fone para ele e observando o jeito engraçado que ele tentava colocá-lo no celular, o buraquinho era pequeno e um tanto difícil até para mim colocar o negocinho do fone lá.

— Posso? — Perguntei, me referindo a tocar sua mão para ajudá-lo. Eu não queria assustá-lo por tocar em si tão de repente.

— P-pode!

O ajudei, segurando em sua mão e ajudando a guiar o fone até o celular e finalmente plugar nele. Jungkook sorriu em agradecimento, começando a procurar suas músicas favoritas.

— Aqui, hyung. — Me entregou um dos fones. — E-escuta com jungkookie. — Concordei, me assustando com o volume alto da música. Olhei rápido para ele, sua expressão era um pouco sofrida e isso me deixou preocupado. Se em mim tinha doído, nele havia doído muito mais.

— Está tudo bem? — Perguntei preocupado. Ele tirou o fone de seu ouvido e levou a mão até lá, respirou fundo e fez uma caretinha, mas concordou. Mentiu de novo.

— Me dá aqui. — Peguei seu celular, ajustando devidamente o som, colocando o mesmo volume que eu colocava em meu celular — Prontinho! — Mesmo com certo receio, ele pegou o celular da minha mão e encaixou o fone em seu ouvido mais uma vez. Deu play na música e sorriu pequeno, apreciando a melodia de sua música favorita e a voz bonita do cantor.

Ficamos parados por quase dez minutos ali, quando o carro finalmente chegou, vi quando Jungkook mordeu o lábio inferior e respirou fundo. Sorri para ele, dando espaço para ele entrar. O entreguei o outro fone também, já que queria que ele se distraísse.

Cumprimentei o motorista, observando Jungkook desbloquear o próprio celular, entrando no aplicativo que mostrei e trocando de música a cada dois segundos. Parecia uma criança impressionada com uma nova descoberta. Não sei por quanto tempo eu fiquei encarando seu sorriso engraçado, só me dei conta de que havia se passado muito tempo quando o motorista parou em frente à casa de Jungkook.

Pude perceber que música realmente distraía, já que Jungkook não demonstrou o desconforto que costuma ter sempre que entra em carro estranhos.

Isso me deixou muito aliviado, me odiaria ainda mais se ele tivesse algum… Descontrole? Não, essa não é a palavra certa. Crise, isso, ou colapso emocional, não sei, só sei que, se ele ficasse mal por culpa minha, eu pularia de um prédio.

Ok, não seria assim tão extremo, mas eu ficaria muito, muito triste e com certeza iria pedir para Yoongi me dar um soco, o que ele faria sem pedir duas vezes, mas o importante é que eu consegui, mesmo sem saber, deixar Jungkook confortável em um ambiente que ele não gosta.

— Obrigado, bom trabalho! — Agradeci ao senhorzinho, ele sorriu e guardou o dinheiro que já tinha entregado. Ele sorriu mais uma vez e deu partida no carro.

Nós fomos recepcionados pelo seu avô, que nos abraçou e serviu um almoço maravilhoso preparado por Junghyun.

Queria muito levar Jungkook no Yeouido mais tarde, tomar um ar puro na cara já que ele fica tanto tempo em casa. Só saia para escola ou pro hospital, nos dias de sua consulta.

O que me deixa um pouquinho preocupado, já que, além da escola, ele não tinha interação nenhuma com mais ninguém além de mim, seu avô e seu pai — E o chato do Yoongi.

— Hum… Senhor Jeon, eu queria pedir algo ao senhor. — Comecei a dizer, meio envergonhado. Ele me olhou e continuou em silêncio, entendi aquilo como uma deixa para que eu continuasse a falar — E-Eu queria levar Jungkook no parque aqui perto, sabe? Para… para ele sair um pouco desse ambiente fechado e ir para algo mais natural… Ele ama plantas e essas coisas, acho que um parque ambiental seria o ideal para um… Passeio?

— Oh! Eu acho uma ideia maravilhosa! Eu até acompanharia vocês, mas tenho que sair já, já. E bem, como vocês vão sair também, não esqueça de trancar a livraria, Jovem Park!

Era só isso? Simples assim?

Ué, e eu tava todo medroso achando que ele ia me dar um sermão ou coisa do tipo. Senhor Jeon com certeza é uma das pessoas mais gentis que eu conheço!

— Certo! — Sorri, voltando a organizar alguns livros. — Junghyun falou com o senhor sobre o fonoaudiólogo que está contratando para Jungkook?

— Claro que sim, Jimin-ah. E eu fico muito feliz que se importe tanto com meu neto. — Ele se aproximou de mim, sorrindo curto. — Eu sei que fiz a escolha certa quando te contratei, Jovem Park.

Ok, isso sempre me deixa sem jeito.

Ninguém nunca havia me dito algo do tipo, de eu ser a escolha certa.

“Você foi a pior escolha que eu já tive” me disseram uma vez, quando eu era criança. Foi meu pai.

Ok, não posso deixar isso me deixar mal novamente. Conheço pessoas incríveis e preciso aprender a lidar  com elogios.

— Ah, não precisa agradecer por eu fazer o mínimo senhor Jung-hee, Jungkook vai ser um grande homem e eu fico muito feliz em ajudar um pouco no desenvolvimento linguístico dele. — Sorri novamente, sentindo o coração acelerado.

Pouco tempo depois, Jung-hee saiu e me deixou sozinho com Jungkook novamente.

[📚🧚🏻‍♂️🍓]

Já eram três e pouquinho da tarde, eu e Jungkook estávamos em uma das mesas da livraria enquanto ele comia um sanduíche de salada que eu havia feito. Ele me chamou dizendo que sentia fome e que precisava estar muito bem alimentado para o passeio de hoje.

Eu não sentia muita fome durante a tarde, então fiz comida somente para ele. Eu precisava terminar um pequeno seminário para a faculdade, minha cabeça estava doendo um pouco e tudo o que vinha em minha mente agora eram as leituras corporais e como "ler" o corpo das pessoas.

Ok, não era somente isso. Ultimamente eu ando tendo mais pensamentos auto-depreciativos que o normal, o que me deixa minimamente assustado.

— Hyung? — Jungkook me chamou, balancei a cabeça, me desfazendo daqueles pensamentos. — Está bem?

— Tô bem sim! — Sorri tirando seus materiais da mochila azul. — Tem muito dever de casa hoje?

— Sim! — Ele respondeu, pegando seu caderno.

Balancei a cabeça concordando, pegando meu notebook que estava no balcão e colocando sobre a mesa. Tinha muita coisa para fazer.

— O hyung n-não vai... Comer? — Jungkook perguntou de boca cheia, olhei para o lado e encarei a única fatia de sanduíche no seu prato.

Suspirei, tinha um trabalho da faculdade para entregar amanhã e ainda tinha que passear com Jungkook, comeria depois.

—Não, não.— Sorri, me sentando em frente a Jungkook e abrindo o arquivo que já tinha começado a fazer — Vou fazer isso aqui rapidinho e depois ajudo com o seu, ta bom? Vai tentando fazer por enquanto.

Ele ficou em silêncio, mas concordou com a cabeça.

Alguns minutos se passaram, o silêncio comum entre nós dois era confortável como sempre, o som baixo da música que Jungkook havia escolhido tocava enquanto eu escrevia sobre a linguagem de comportamento e Jungkook fazia sobre alguma coisa de Sociologia ou Filosofia, minhas matérias favoritas na minha época de ensino médio.

— N-não consegue! — Jungkook choramingou mais uma vez, olhando para o caderno e cruzando os braços.

— O que foi agora? — Deixei meu notebook de lado na mesinha, me aproximando de si para olhar qual questão ele estava com dificuldade. — Ainda não consegue responder?

— Não... — Ele parecia chateado, encarando o caderno e suspirando incomodado. — É ruim!

— Claro que consegue, Jungkook! Você pode fazer qualquer coisa, oras. — Soprei uma risada e peguei o caderno que estava em sua frente, olhando a questão que ele não conseguia responder. — Em que série você 'tá mesmo?

— Assim! — Me mostrou três dedos. Terceira série... Não, no fundamental é que ele não está.

— Terceiro ano do ensino médio?

—Aham.

— Hum... — Voltei a olhar para a questão, lendo o enunciado com um pouco de dificuldades. A caligrafia de JungKook também não era a das melhores.— Essa é fácil, olha...

Expliquei cada coisa que eu me lembrava da Sociologia que eu havia estudado no terceiro ano. E com isso, Jungkook conseguiu responder a última questão de seu dever de casa.

Eu ainda precisava terminar o meu, mas isso eu faço de noite.

— Preparado para o passeio mais divertido da sua vida? — Perguntei me levantando, Jungkook fez o mesmo e bateu palmas animado. — Então vai trocar de roupa que eu vou organizar tudo aqui.

— T-trocar de novo? — Resmungou contrariado, mas concordou e foi para seu quarto trocar de roupa.

— Veste uma bermuda! — Gritei do andar de baixo, ele murmurou um " Tá bom, hyung! " Me fazendo sorrir.

Andar de bicicleta de calça num calor desses é pedir pra derreter.

Enquanto ele estava lá encima, eu aproveitei e fui pegar sua bicicleta na garagem. Certeza que tinha um bom tempo que eles não usavam a pobrezinha, a coitada tava toda empoeirada e até teia de aranha tinha na cestinha.

Peguei todo o equipamento de segurança e coloquei dentro da cesta, levando a bicicleta para o quintal e limpei tudo, a única coisa que faltava ali eram as joelheiras, de resto, a segurança estava completa. Enquanto eu limpava a bicicleta no pequeno gramado na frente da casa de Jungkook, algumas pessoas passavam e me cumprimentavam. Reconheci poucas delas, já que eram alguns clientes da livraria.

— B-blim-blim! — Jungkook disse caminhando até mim, na verdade, até a bicicleta quase limpa.

— Blim-blim? — Arqueei uma sobrancelha, olhando para ele e depois para bicicleta.

— Aqui! — Ele apontou para o sininho dela. — "Blim-blim!" — Imitou o som, me fazendo rir por isso.

— Esse é o nome dela?

— Aham! — Segurou no guidão da bicicleta, quero dizer, de Blim-blim — Saudades...

— Fofo! — Soltei sem perceber, Jungkook piscou os olhos e me olhou, confuso, desviando o olhar logo depois, como sempre fazia. — O-o nome dela, é fofo. — Ri sem graça. Coçando a nuca.

Os dois são fofos.

Jungkook ficou no quintal enquanto eu trancava a livraria. Quando voltei, ele estava tentando colocar o capacete na cabeça, resmungando quando percebeu que ele estava errado.

— Não precisa por agora. — Ele não me ouviu, pois continuou tentando enfiar aquilo na cabeça. Suspirei, sorri e me aproximei mais, chamando sua atenção com o sininho de blim-blim.

— Não precisa colocar agora. — Sorri mais uma vez, pegando o capacete e o colocando na cesta junto com os outros equipamentos. — Te ajudo a colocar quando a gente chegar lá, tudo bem? — Ele concordou com a cabeça, sorrindo fraco.

— H-hyung! — Chamou baixinho, abaixando a cabeça como se estivesse envergonhado. — Jung-gkook não sabe... Mexer as pernas e...  E não c-consegue fazer so… S-sozinho e…

— Eu já disse que está tudo bem. — o interrompi, assegurando o que tinha lhe dito ontem, segurando em Blim-blim. — Eu não me importo em te empurrar por aí, vai ser divertido.

Ele continuou em silêncio e, então, começamos a andar em direção ao meu parque favorito de Seul.  Principalmente por ser o mais próximo de onde eu moro.

Alguns dos vizinhos de Jungkook olhavam para nós com um olhar estranho, talvez porque eu e ele nunca saímos de casa, ou porque nunca viram nós dois— Mesmo que seja quase a mesma coisa. Mas eu não me importava nenhum pouco com aquilo. Jungkook caminhava olhando para todos os lados, sorrindo pequeno quando viu alguma coisa interessante para ele.

— O-olha, hyung! — Segurou na manga do meu moletom, puxando e chamando minha atenção. — Uma...

Ele não precisou terminar de dizer, olhei na direção que ele apontava e vi uma borboleta bonita, azul, pousada em uma flor de orquídea.

— É linda! — Sorri, voltando a andar. Mas Jungkook continuou parado.

O que aconteceu?

— Jungkook? O que foi? — Voltei para onde ele estava, ainda impressionado com a borboleta.

— Parece a-as de Busan... — Disse, ainda encarando a borboleta bonita. Ele falou com nostalgia, meio melancólico. Ele sentia saudades de Busan, assim como eu também sinto, eu entendi assim que seu sorrisinho bonito se desfez.

— Quer desenhar ela? — Perguntei, apoiando Blim-blim no meu quadril.

— Não t-trouxe lápis...

— Resolvo isso rapidinho! — Tirei meu celular do bolso, posicionando bem e tirando uma foto da borboleta bonita — Olha, agora você pode desenhar ela quando quiser. — Ele olhou para o celular e seu sorriso cresceu mais ainda.

— Obrigado, hyung! — Olhou p'ra borboleta uma última vez antes de voltarmos a andar. — H-yung… pode pedir u-um favor?

— Claro! — Sorri para si, parando novamente para olha-lo.

— Quer segurar minha mão? — Meu coração acelerou com aquela pergunta. Era algo simples, mas ele pedindo para o tocar era algo muito… muito especial.

— Certeza?

— Sim, certeza. — Ele me olhou por breves segundos, estendendo sua mão em minha direção. Eu a peguei novamente. A diferença de tamanho sempre me impressionaria, meu coração acelerado me deixava inquieto.
As pessoas nos olhavam com olhares estranhos, mas pela primeira vez na minha vida, não fiquei incomodado com isso.

Pode parecer algo bobo, mas Jungkook pedir para segurar em sua mão, fez qualquer pensamento ruim que eu tive durante do dia, sumir completamente. Era impressionante a maneira que ele me deixava tão leve.

Não demorou muito para já estarmos no parque, Jungkook se impressionava a cada coisa que via, queria até abraçar as árvores!

— Você vai se machucar se cair daí! — Avisei quando vi ele subir na raiz de uma árvore. — Seu pai mata se você aparecer machucado. — Disse mais baixinho.

Consegui convencer ele a descer daquela raiz — Que não tinha mais que dez centímetros de altura. — e nós sentamos em um banquinho em frente ao lago do Yeouido, ele parecia calmo e relaxado.

— Gostou daqui? — Perguntei, olhando para ele. Ele parecia ainda mais bonito assim.

— Gostou... — Respondeu, calmo, sua voz parecia mais calma que o normal.

Jungkook era um garoto da natureza. Ele e Taehyung se dariam bem.

O olhar impressionado que ele dava as coisas, o brilho característico seu, a maneira que ele sorria fácil, me deu a entender que aqui era o seu lugar de conforto.

Eu fico assim quando estou na livraria.

— S-sabia que as fadas da mi… Mitologia ajuda no cresc-cimento das plantas, hyung? — Ele perguntou de repente, me fazendo sorrir. Era ótimo ouvi-lo falar mais.

— Sério?

— S-sim! E tem v-varias espe… es... — Ele franziu o cenho, prendi uma risadinha.

— Espécies?

— Isso! Várias esp-pécies de fadas, hyung! — Ele olhou para o céu. — As f-fadinhas do vento, da água… do sol, dos a-animais e as da neve! São t-tantas espécies na m-mitologia…

— Você acha que são reais, Jungkook? — Aprofundei a conversa, era tão bom ouvi-lo falar sobre algo que gostava, eu ficaria o dia todo fazendo isso.

— Ah, não sabe hyung. Amo f-fadinhas, mas os cientistas dizem q-que se elas realmente e-existirem, não vai ser como elas são vistas nos… nos livros que leio…

Ele tinha tanto conhecimento que eu ainda não conhecia. Tanta coisa guardada na sua cabecinha e que pareciam ser coisas tão geniais! Eu apenas o ouvia, eu realmente estou interessado em saber sobre como as fadas são para ele.

— E como elas seriam?

— N-não sabe, mas não seriam fofinhas e com a-asinhas bonitas. Na… na mitologia, elas são meio pe...perigosas.

— Perigosas? Elas… Machucam? — Eu estava, sinceramente, um pouquinho assustado. E ele riu.

— Acho que sim, m-mas não sei, elas a-ainda não… Não foram e-encon… E-encontradas.— Respondeu de maneira sincera, com um sorriso frouxo nos lábios. — Mas Jung… Eu gostaria que e-existissem.

Nós conversamos sobre fadas e mitologia dos elementos por quase quarenta minutos, jungkook realmente estava empolgado! Eu amei saber sobre gnomos, fadas, silfos, ninfas, salamandras e outras coisas legais. E eu achando que ele gostava de fadinhas só por que eram fofas.

Ele gosta da mitologia. Qualquer coisa mitológica já é motivo para ter sua atenção.

— Preparado para um passeio de bicicleta pelo parque mais bonito de Seul? — Me levantei, ele me acompanhou e suspirou. — Ah, vamos lá, vai ser legal!

— Hyung…  posso tentar a-andar sozinho?

Quê?!

— Quê?

— J-jungkook quer tentar! O hyung disse que… que posso fazer qualquer coisa. — Isso é chantagem!

Mas eu não neguei seu pedido.

— Quando estiver pronto para tentar sozinho, é só me dizer ok? Se ver que vai cair, vai parando Blim-blim com o freio e coloca os pés com cuidado no chão, tudo bem? — Ele assentiu, sorrindo grande.

Ajudei ele a colocar tudo — faltando apenas a joelheira, já que eu não limpei e nem a trouxe — como eu só seria o cara que vai empurrar, não precisei de nada. Ele se apoiou no meu ombro para poder passar a perna para o outro, segurei no guidão e na garupa, vendo se ele estava seguro para ser empurrado.

— Tudo bem? — Ele fez que sim, balançando a cabeça, colocando os pés no pedal. — E lá vamos nós!¹

Eu já tinha feito muita coisa na vida, mas nada era tão divertido quanto empurrar um garoto de dezoito anos, autista, sorridente e animado com uma bicicleta azul e uma cestinha na frente. Ele dava risada e até tentava mover os pés, era incrível.

— Um pé na frente do outro, como se você tivesse andando. — Olhei para baixo, vendo ele fazer exatamente o que eu disse. Blim-blim tomou mais velocidade com isso.

— H-hyung! — Jungkook olhou para mim, nossos rostos estavam próximos — O-olha! — Olhou para baixo, vendo os próprios pés seguirem o ritmo da bicicleta.

— Isso! Agora firma no guidão, guiando a blim-blim como os personagens fazem nos livros. — Sussurei para si.

Fizemos isso por pelo menos vinte minutos, ele estava tão feliz observando os próprios pés comandarem Blim-blim. Mesmo ficando cansado, eu também estava contente por fazer isso.

— Vamos, Jungkook! Você consegue! — Falei baixo, o empurrando com mais velocidade.

— N-não! — Ele disse sorrindo, parando de pedalar. Parei de empurrar também.

Eu queria que ele conseguisse, sei que ele consegue. Mesmo sendo perigoso, afinal ele poderia se machucar feio se caísse, mas, como ele havia me pedido para tentar fazer algo sozinho, eu queria tanto que ele conseguisse.

— Se não quiser tentar, tudo bem! Vamos vir aqui mais vezes e você pode tentar sempre que quiser. — Me afastei, olhando para ele. — Você é um garoto inteligente e grande! Blim-Blim é pequena, caso sinta que vai cair, faz do jeito que te falei.

— Consegue. — Ele disse confiante, tirando uma mecha de cabelo que estava sobre seu olho. — Vamos, hyung! — Me aproximei novamente, segurando no guidão e na garupinha de Blim-Blim.

— Pronto?

Jungkook respirou fundo, levantou a segunda perna e começamos a andar de bicicleta mais uma vez. Ele estava começando a ganhar velocidade e isso me deixou meio desesperado. Eu já tô cansado, correr e segurar ele será impossível! Isso é uma boa ideia?

— Devagar, Jungkook! —Ri, segurando no freio de mão e diminuindo a velocidade.

— S-s-solta, hyung!

Meu coração pulou no peito ao ouvir aquilo, ele disse com tanta confiança e eu o olhei com medo. Eu sei, eu quem disse para ele confiar em si mesmo, que conseguiria andar de bicicleta sozinho. Mas agora bateu o medo de deixar ele conduzir Blim-blim.

—Jungkook...

—J-jungkook consegue! Co-consegue sim! — Ignorou meu chamado, suspirei.

— Certo, mas lembre-se do que eu disse. — Soltei primeiro o guidão, vendo se ele conseguia segurar sozinho. Sorri vendo que sim, ele guiava a bicicleta sozinho agora. — Não coloca muita força no braço, se sentir que não consegue, me diz, eu corro até você! — Disse, e então, soltei a garupa de Blim-blim e Jungkook se distanciou de mim.

Não sorrir vendo ele fazer aquilo sozinho, foi impossível, ele conseguiu!

Porra, ele tava andando em uma bicicleta sozinho! Cadê os imbecís que disseram que ele não conseguiria fazer nada sozinho?!

— Isso! Isso! Jungkook! — Pulei no mesmo lugar, batendo palmas animado.

Foi como em câmera lenta, em um segundo Jungkook estava todo sorridente pedalando em Blim-blim e no outro.... Ele estava no chão.

Dessa vez eu senti meu interior se desmoronando em milhões de pedacinhos. Jungkook estava caído com a bicicleta ao seu lado, quieto, não fazia barulho algum.

Eu acabei de assassinar o neto do meu chefe!

— Jungkook! — Corri, ele não estava tão longe, até porque não conseguiu fazer aquilo por muito tempo sozinho. — Meu Deus, meu Deus... Porra!

Me ajoelhei ao lado de seu corpo, colocando uma mão a cada lado de sua cabeça, com medo de tocá-lo. Ele estava com os olhos fechados e o rosto completamente sujo de poeira.

— Jungkook, p-por favor, me diz que você 'tá bem — Minhas mãos tremiam no chão, sentindo o cascalho machucar meus dedos. Jungkook estava com os olhos fechados e... Sorrindo?

Jungkook levou o maior tombo e estava sorrindo? Esse moleque ainda vai me matar do coração!

— J-jungkookie conseguiu, conseguiu, hyung! — Disse então, abrindo os olhos e me olhando. — E-Eu consegui!

Como se ele não pudesse me surpreender mais, ele me abraçou. Jungkook me abraçou, forte. Tão forte que eu senti seu coração acelerado contrato o meu. Ele agarrou meu pescoço com os braços sujos de poeira, apertando, me apertando... Abraçando.

Ele me abraçou. Ele estava feliz. Machucado, mas tão animado. E ele me abraçou.

Minha primeira reação foi surtar internamente. A segunda, foi abraçá-lo também, tentando acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Eu nunca tinha gostado tanto de um abraço! Era tão... Diferente. Era um abraço seu, um abraço de Jungkook. Eu realmente consegui abraçá-lo!

Não pedi, não tive iniciativa, não foi eu quem quis. Foi ele, ele me abraçou porque quis, ele me abraçou porque se sentiu confortável!

— Obrigado. — Ele sussurrou, abri os olhos e ofeguei surpreso. Senti vontade de chorar.

— Jungkook… — Falem em um suspiro, afundando meu nariz em seu pescoço e sentindo uma vontade absurda de chorar depois de ter aquilo que eu tanto desejei nos últimos dois meses. — Você conseguiu.

Ele era tão cheiroso. Eu não queria sair daquele momento. Era como se meu cérebro congelasse naquele exato momento!

Sabe quando você chupa o milkshake com tanta força que seu cérebro "congela" e o coração acelera junto? Eu estava sentindo aquilo! Só que mil vezes mais! mil vezes melhor, mais emocionante, mais intenso!

— Vem, levanta. — Me afastei a contragosto de seu abraço, segurando em sua mão e o ajudando a ficar de pé. — Tudo bem? Sente dor? Se machucou? Dói aonde? — Perguntei preocupado.

— Não diz m-muito, hyung… — Ele murmurou, possivelmente tonto não só pela queda que teve, mas também por eu ter lhe enchido de perguntas.

Me afastei um pouco, observando seu corpo e arregalei os olhos quando vi seu joelho direito ralado. A primeira coisa que passou na minha cabeça, foi a cena de Junghyun me demitindo por quase assassinar o seu filho.

— Puta merda. — Bati a mão na testa, sentindo ela gelada. — Meu Deus, seu joelho!

Jungkook abaixou um tantinho a cabeça para olhar seu joelho machucado, juntando as sobrancelhas em confusão.

— Machucou... — Ele olhou mais uma vez, vendo o sangue vermelho sair o machucado. — C-como?

Como?!

Ele só pode estar de brincadeira comigo!

—Dói? 'Ta tudo bem? Consegue andar? — Me aproximei, segurando em seus ombros e encarando seu rosto, ele não tinha nenhuma expressão de dor no rosto, Jungkook estava... Feliz?

— N-não doer! — Balançou a cabeça, negando. —J-jungkook conseguiu, hyung! Conseguiu andar em B-blim-blim so-sozinho! — Me abraçou mais uma vez.

Ele me abraçou. Não foi eu, foi ele.

Eu estava… Porra! Eu estava radiante!

Meu coração vai explodir! Preciso me recompor para conseguir chegar em casa vivo.

Peguei Blim-blim do chão com muita insistência de Jungkook — Ele parecia mais preocupado com a bicicleta do que com seu próprio machucado.

— Senta aqui! — Ajudei ele a sentar no banquinho de antes. — Vou ligar para um amigo meu vim pegar nós dois aqui, não vamos andando, seu joelho pode inflamar. Jungkook assentiu sorridente, tirando o capacete, colocando na cesta de Blim-blim. Suspirei mais uma vez e peguei meu celular. Procurando pelo número de Hoseok.

— Pelo amor de Deus, atende! — Me sentei ao lado de Jungkook, nervoso.

Jimin-ssi?

— Hyung! — Suspirei aliviado. — Onde você tá?

Naquela cafeteria que costumamos ir quando eu estudava aqui, lembra?

Ótimo.  É perto!

Jungkook me abraçou.

Me abraçou duas vezes em um único dia! 

— Lembro sim. — Sorri, olhando para Jungkook e vendo ele observar o sol se pondo. Sorri observando a linda imagem que tinha ao meu lado, digo, o sol na minha frente. — Preciso de uma ajuda, hyung...

Eu lhe dei a localização certinha de onde estávamos, sorrindo feliz quando ele disse que iria pegar nós dois aqui.

É Hoseok, parece que você vai ter que conhecer Jungkook muito antes do que imaginava.

Naquela época, eu não imaginava quantos abraços eu receberia de Jungkook.

🧚🏻‍♂️🚲🧚🏻‍♂️🚲

¹: Acho que todo mundo conhece esse meme, não é? 🤭

²: Pica-Pau, minha fonte de inspiração KKKKKKKK brincadeira.

Perguntinha para vocês : que estão achando de Autistic? E o que mais gostam até o momento?

Bem, é isso, meus amores!

Beijinhos e até a próxima! 🥺

#Fadasnocoracao

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