entre gêmeos e luas | vmin

By namudinha

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O pensamento de ser pai de um casal de gêmeos aos 26 anos nunca passou pela cabeça de Taehyung durante toda a... More

★ apresentação ★
01. entre bicicletas e cristais
02. entre castigos e visitas
03. entre brigas e pingentes
04. entre pôneis e pula-pulas
05. entre passeios e cupcakes
07. entre sorvetes e reencontros
08. entre corredores e varandas
09. entre restaurantes e balas de amendoim
10. entre amores e recomeços

06. entre pés torcidos e mensagens

640 94 313
By namudinha

OI, OI!!!

Voltei no último dia do ano para postar esse capítulo curtinho — inclusive, peço desculpas pela demora, foram duas semanas bem corridas e complicadas para mim. Agradeço pela paciência.

Esse capítulo tem um pouco mais de 4,6k! Vou deixar um recadinho especial para vocês nas notas finais <3

Espero que gostem, boa leitura!

Twitter: @namudinha

.•°★°•.

#CatapimbaBruxinho

SÁBADO, DIA DA FESTA

Park Yeonjun!

O adolescente ajeitou a postura ao ouvir o grito enfurecido do irmão mais velho. Sentado em uma das macas do pronto-socorro, olhou com desespero para o homem ao seu lado, recebendo nada mais do que um aceno de cabeça negativo.

— Eu quero socar o seu rostinho, garoto! — disse Jimin, furioso. As bochechas estavam vermelhas e ele pisava forte no chão — Eu fui bem claro quando disse que você estava proibido de chegar perto da piscina! Qual parte do "comporte-se" você não entendeu?

— Desculpa, hyung… — Yeonjun abaixou a cabeça e apoiou as mãos no próprio colo — Eu só queria gravar um vídeo…

Jimin passou a mão pelo cabelo em um gesto nervoso enquanto andava até o irmão. Estava aborrecido, sim, mas muito preocupado. Era o seu caçula, afinal, e a ligação repentina do seu amigo dizendo que Yeonjun estava no hospital só serviu para deixá-lo nervoso.

Respirou fundo, tentando se acalmar e, com um sorriso mínimo, tocou o ombro do mais novo, que levantou o olhar.

— Você está bem? — questionou, deixando a raiva de lado por alguns instantes para poder dar lugar ao seu papel de irmão preocupado. O outro Park assentiu.

— Ainda está doendo e, acredite se quiser, o inchaço parecia uma bola de tênis! — contou, relaxando ao sentir um carinho gostoso na cabeça — Se o hyung não tivesse me ajudado, talvez eu estivesse pior.

— Não foi nada, criança… — o outro homem na sala disse — Apenas peço que você nunca mais me meta em uma furada dessas. Seu irmão quase me matou pelo celular!

— É claro! — Jimin disse, voltando a ficar indignado — Inclusive, seu pestinha, que ideia foi essa de tentar esconder isso de mim? O hyung não sabe guardar segredo, esqueceu? Você achou mesmo que conseguiria escapar pedindo que ele mentisse?!

— Ei! Eu ainda estou aqui!

— Eu só pedi isso porque não queria levar sermão, mas parece que não posso confiar em mais ninguém.

— Não tenho culpa se você decidiu ligar para mim, 'tá legal? Jimin é meu melhor amigo e, acima de tudo, seu parente. Você acha que conseguiria sair daqui sem a autorização de algum responsável? — Arqueou uma sobrancelha, fazendo Yeonjun encolher os ombros — Foi o que eu pensei.

— Mamãe e papai vão ficar sabendo disso. Não agora, porque sei que eles estão viajando e isso seria um ótimo motivo para voltarem correndo. — Revirou os olhos, ajudando o irmão a descer da maca.

— Me culpe por ser o filho favorito — Yeonjun brincou, rindo quando o semblante de Jimin ficou sério.

— Hyung, me dê um motivo para não dar um tapa nesse garoto.

— Bom, estamos no pronto-socorro, ele está com uma bota ortopédica e você é um adulto — ele respondeu, entregando duas muletas para Yeonjun.

— Foram três motivos. — Os três riram — Tudo bem, vamos embora. Yeon, você vai ficar na minha casa e eu não quero saber de birra. Eu confiei em você para ficar sozinho na casa dos nossos pais, mas nessas circunstâncias eu me recuso. Vamos passar lá para pegar suas coisas e mais tarde eu converso com eles.

— Tudo bem. — Ele concordou, sustentando-se nas muletas — Sinceramente, não sei se vou aguentar duas semanas e meia com esse troço no pé. É desconfortável demais.

— Ninguém mandou tentar dançar no chão molhado! Bem feito, pestinha.

(...)

Jimin teve que assinar alguns papéis e conversar com o médico ortopedista antes de acompanhar Yeonjun até o carro. Já dentro, com o vidro da janela abaixado, passou a conversar com seu amigo.

— Obrigado por trazê-lo, hyung. E por ter me ligado, claro — o professor agradeceu, sorrindo — Espero que isso não tenha te atrapalhado.

— Que nada, Jiminie! Eu estava ocupado, sim, mas essa criança é mais importante do que qualquer outra coisa.

— Para de me chamar assim! — o adolescente reclamou, cruzando os braços.

— Fica quieto, pirralho!

— Fica quieto você, velhote!

— Park Jimin e Park Yeonjun, vocês estão no meio do estacionamento, não comecem outra briga! — advertiu, rindo baixinho ao ver os outros dois fazendo o mesmo bico emburrado.

— Certo, hora de ir. — Passou o cinto pelo peito, travando-o — Obrigado mais uma vez, hyung. Tem certeza que não quer uma carona?

— Tenho, sim. Vou visitar uma pessoa antes de voltar pra casa, não quero complicar vocês. — Jimin assentiu, encaixando a chave na ignição — Ah! Você pode entregar isso ao Yoongi? — pediu, estendendo uma pasta cheia de papéis. Jimin não havia notado, mas ele estava carregando aquilo consigo o tempo todo — Ele esqueceu lá em casa.

— Esqueceu, é? — Semicerrou os olhos com um sorriso de canto — E o que ele estava fazendo lá?

— O de sempre, Jiminie… — respondeu, pigarreando para afastar o constrangimento — Enfim, dê isso a ele. — Jimin riu baixinho e assentiu, estendendo o braço esquerdo para pegar a pasta.

— Onde está a sua pulseira, Jiminie? — seu amigo perguntou ao dar falta do objeto no pulso do outro. Jimin olhou para o local, arfando surpreso.

— Ela estava comigo na festa… — murmurou, tentando lembrar quando a viu pela última vez — Eu não acredito que perdi!

— Você pode ficar com a minha, por enquanto — o mais alto disse, tirando a própria pulseira (também feita de Turmalina Negra, idêntica a de Jimin) do pulso e entregando para o professor — Eu consigo arranjar outra rapidinho.

— Não precisa, hyung. —  Esticou o corpo para guardar a pasta no porta-luvas do carro e, logo depois, voltou a olhar para o amigo — Eu estava um pouco… distraído. Na festa. Devo ter derrubado ou algo do tipo. Não se preocupe, vou ligar para Woori-noona e perguntar sobre.

— Certo, então. Qualquer coisa, me avise. — Jimin assentiu, agradecido pela gentileza.

— Já está ficando tarde e eu ainda preciso ligar pros meus pais. — Ligou o motor do carro após indicar o cinto para Yeonjun — Obrigado mais uma vez, hyung.

— Não foi nada… — Ele sorriu, mostrando as covinhas — Espero que fique melhor logo, Yeon!

— Eu também, hyung. — o adolescente respondeu, erguendo os dois polegares — Valeu pela ajuda!

— Nunca mais me meta em uma furada dessas, criança! — disse uma última vez, acenando para os irmãos Park — Tchau, gente!

— Tchau, Namu-hyung!

— Hyung, cheguei! — Jimin avisou enquanto entrava, tirando os sapatos e jogando as chaves de qualquer jeito no móvel ao lado da porta.

Depois de um dia inteiro de trabalho, finalmente estava em seu tão querido lar.

A casa não era enorme, porém não chegava a ser minúscula. Os quartos eram espaçosos o suficiente, assim como as áreas de convivência — cozinha, sala de estar e lavanderia — e o único banheiro.

Jimin colocou a bolsa que usava no trabalho em cima do sofá e fechou os olhos, aspirando profundamente o ar do ambiente logo em seguida. Fazia isso todos os dias, como uma forma de se livrar de vez das energias ruins, dissipando-as através das técnicas de meditação que conhecia.

Yeonjun havia voltado para casa pela manhã, tendo em vista que os pais já estavam na cidade novamente e poderiam tomar conta do filho. Portanto, Jimin e Yoongi não teriam mais que se preocupar com os cuidados especiais que o adolescente precisava — assim como não ficariam irritados com as exigências desnecessárias do mesmo.

— Jimin-ah! — Park sorriu ao sentir seu corpo sendo abraçado com força, seguido de um beijo estalado em sua bochecha — Bem-vindo de volta!

— Qual é o motivo do carinho repentino, hyungie? — perguntou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso atrevido — Viu seu namoradinho hoje?

— Eu te odeio — o mais velho disse, bufando — Ele não é meu namorado.

— Porque vocês não assumem, bobinho. Tudo é questão de perspectiva! Na minha, vocês namoram.

Desistindo de tentar argumentar com o outro, Yoongi revirou os olhos e deu meia volta, sentando-se no sofá de couro preto de três lugares novamente. Jimin riu baixinho, pegando sua bolsa antes de ir até o próprio quarto.

Tomou um ótimo banho — apesar de ter levado um susto quando, sem querer, quase derrubou sua pedra de Quartzo Transparente, que ficava em uma das prateleiras dentro do box do chuveiro, na parte onde a água não chegava a molhar demais. Passou um hidratante de flor de maçã, finalizando sua rotina pós-trabalho, e vestiu roupas confortáveis, optando por uma calça de moletom e uma camiseta preta — o tamanho era grande, fazendo com que a barra ficasse um pouco acima da metade das coxas.

Ao voltar para a sala, relaxou ainda mais ao sentir o aroma de alecrim no cômodo, logo vendo o incenso queimando no incensário em formato de régua, que estava no mesmo móvel onde havia jogado suas chaves mais cedo, acima de uma tábua de madeira. Além disso, uma pedra de Turmalina Negra — grande o suficiente para cobrir a palma de Jimin — e dois cilindros de cristal, sendo um deles Quartzo Verde enquanto o outro Quarto Azul. Atrás de tudo isso, um vaso branco com três cactos pequenos.


— Eu fiz macarrão com queijo — disse Yoongi — Tem kimchi, também. Quer comer na mesa ou no sofá?

— No sofá. — Yoongi assentiu, indo para a cozinha. Jimin fez o mesmo — Podemos ver aqueles vídeos de patinhos e gatinhos na televisão!

— Fizemos isso ontem, Ji.

— É uma questão de energia positiva durante as refeições, 'tá? Existe alguma coisa que transmite mais positividade do que animais fofos? — rebateu enquanto colocava uma porção de macarrão com queijo em um prato de vidro. Min riu baixinho.

— Fofoca me faz bem, sabia? Podemos fazer isso hoje… Fofocar bastante!

— Min Yoongi! — Fingiu estar repreendendo o mais velho, que gargalhou — Isso é coisa de bruxo, por acaso? Tsc, tsc, tsc… Deusa, não dê ouvidos ao meu amigo, ele não sabe o que diz!

Terminaram de colocar a comida nos pratos e encheram seus copos com água. Sentaram-se no sofá e, com as almofadas em seus colos servindo de apoio para os pratos, começaram a comer.

— E aí… — Yoongi iniciou a conversa. A boca cheia de macarrão — Viu o Taehyung-ssi hoje?

O professor revirou os olhos, sabendo que não teria como desviar daquele assunto. Desistindo antes mesmo de tentar, resolveu responder o amigo de uma vez:

— Vi… — Bufou ao ver o sorriso no rosto do Min — Acho bom você tirar esse sorrisinho daí, hein! É óbvio que eu o veria, hyung, esqueceu que ele é o pai dos gêmeos?

— Claro que não, assim como não esqueci que ele mesmo garantiu que você o veria todos os dias. 'Tô te avisando, esse cara 'tá caidinho… — Deu uma pausa na fala para beber um pouco d'água, logo retomando a série de provocações — Inclusive, como anda o seu coraçãozinho?

— Batendo. — Foi a vez de Yoongi revirar os olhos. Jimin riu — Ah, hyung… Ele é muito bonito, muito mesmo.

— Eu sei, qualquer pessoa que olha para ele nota isso em menos de um minuto, Chim, mas eu não quero saber isso. Hum… O que mais te agrada nele? — questionou, curioso para saber mais.

— A forma como ele demonstra o carinho pelos filhos me deixa encantado, mas talvez eu só pense dessa forma porque tenho certa ligação com os gêmeos. A relação deles é bonita, me faz querer ver de perto — confessou sem notar, arrancando um riso discreto do amigo. O Park era muito óbvio — Ele é atencioso, cuidadoso…

— Atrapalhado… — Yoongi murmurou, recebendo um olhar raivoso do mais novo — Eu o conheci anteontem e já reparei nisso, não venha se fazer de desentendido porque você sabe que é verdade. — Jimin revirou os olhos. De fato, ele não estava mentindo — Aliás…

— Lá vem...

— Você tem uma quedinha por pessoas atrapalhadas, não é? Primeiro aquela Nayeon, que vivia derrubando minhas velas. — Franziu o cenho de forma irritada ao citar a ex namorada de Jimin, lembrando de todas as vezes que precisou comprar objetos novos por causa dela — Depois, o Namjoon, e esse eu nem preciso falar sobre. Agora, o paizinho desastrado dos seus queridos alunos. É algum tipo de padrão ou você realmente sente atração pelo caos?

Jimin riu alto, chegando a colocar a mão na frente da boca a fim de evitar que a comida escapasse dali. A barriga doía e os olhos se encheram de lágrimas.

— A Nayeon é legal, é uma pena que a gente não tenha dado certo — comentou após recuperar o fôlego e limpar o cantinho dos olhos — Falando nela… Fomos convidados para uma festinha. Ela foi promovida no trabalho e quer comemorar.

— Legal, eu topo.

Os dois ficaram em silêncio, finalmente dando a devida atenção ao almoço. Ao terminarem, levantaram-se do sofá e levaram a louça para a pia. Um tempo depois, Yoongi — com suas luvas de limpeza amarelas e um prato cheio de sabão na mão — voltou a falar:

— Posso convidar uma pessoa? Para a festa da Nayeon.

— Não sei — Jimin respondeu enquanto separava duas fatias de torta de limão — Posso falar com ela sobre isso. Quem você quer convidar?

O Min demorou alguns segundos para responder, colocando o prato molhado no escorredor.

— Eu conheci um carinha há algum tempo, daí ficamos… próximos. É, próximos. — Jimin arqueou uma sobrancelha, desconfiado. Yoongi desviou o olhar e retirou as luvas — As festas da sua ex são sempre legais, então pensei que seria legal levá-lo.

— Para de chamar a Nana assim! — o mais novo reclamou, guardando o resto da torta na geladeira novamente — Vou fingir que não sei o que você quis dizer com "próximos", mas vou falar com ela, não se preocupe.

— Obrigado, Chim. — Ambos sorriram, logo pegando suas respectivas tortas.

Saboreando a maravilhosa sobremesa em seu quarto, Jimin passou a pensar em Taehyung.

Pensou em como, de fato, Yoongi estava certo sobre haver um tipo de padrão em seus relacionamentos — não necessariamente ligado ao fato de que, sim, ele sentia certa atração por pessoas desastradas, achava um charme.

Contudo, o que ele sentia quando se tratava de Taehyung?

Como conseguia sentir o coração palpitando, o corpo arrepiando e todos os sintomas de um ataque cardíaco ao pensar nele se o conhecia há uma semana?

Não é como se ele não soubesse o que aquilo significava, claro que não. Jimin já havia experienciado todas essas sensações mais de uma vez, porém nunca dessa forma. Não assim, tão rápido.

Em que ponto deixaria de ser atração?

Vai deixar de ser, em algum momento?

Os inúmeros questionamentos iam e voltavam, sempre deixando mais dúvidas ou trazendo mais intensidade às perguntas.

É recíproco? Será que ele também sentia o dedinho do pé formigando por causa disso?

Será que eu estou pronto para isso de novo?

— Não sei — murmurou para o nada, falando consigo mesmo — Mas eu posso tentar.

Vestidos com seus pijamas com estampa de vaquinha, os gêmeos foram para a cama após mais um dia. Taehyung os ajudou na hora de escovar os dentes e agora estava cobrindo seus corpinhos com os edredons coloridos.

— Papai — Mirae chamou ao receber um beijo na testa.

— Fala, gatinha.

Você brigou com o vovô?

Taehyung não respondeu de imediato, tentando arranjar uma resposta enquanto cobria Minjun, também selando sua testa ao terminar. Virou-se para a filha, que o encarava com aqueles olhos atentos e cílios longos.

— Nós estamos em um momento complicado, Mimi. É coisa de adulto, você não entenderia.

— Eu quero entender.

Uau, ele definitivamente não esperava por essa resposta.

Ainda um pouco impressionado, sentou-se na cama da filha para poder continuar falando sem ter um torcicolo por ficar olhando para baixo por muito tempo.

— Você não precisa se preocupar, filha. Como eu disse, é coisa de adulto. Nós estamos bem, ok? — Acariciou a bochecha da garotinha.

— Não estão, não. — Ela cruzou os braços, emburrada com a teimosia do pai — Você 'tá triste e o vovô também.

— É verdade, papai — Foi a vez de Minjun falar — O vovô nem fala mais com você!

Como eles perceberam?

— É impressão de vocês, gatinhos. — Forçou um sorriso, tentando passar credibilidade — Não é nada muito importante.

Mirae revirou os olhos como via Seokjin fazendo quando Tae era teimoso com algo e ficou de joelhos no colchão. Taehyung estranhou a ação repentina, porém tudo fez sentido quando sentiu os braços da filha ao redor da sua cintura.

— Você é importante, papai. — Minjun concordou com a fala da irmã, logo descendo de sua própria cama e indo até eles para fazer abraçar o pai também.

Tae quis chorar.

Emocionado, apertou os dois naquele abraço carregado de carinho e afeto, mal notando as lágrimas descendo calmamente por suas bochechas.

— Não chola! — Minjun pediu ao ouvir o pai fungando. Sem muito jeito, tentou secar o rosto com a ponta das mangas do próprio pijama.

Mirae abraçou o pescoço de Tae, acariciando o cabelo dele como o mesmo fazia consigo sempre que ficava triste, em uma tentativa de acalmá-lo.

Ficaram daquele jeitinho por alguns minutos. Taehyung não conseguia parar de chorar, fungar e tremer, enquanto os gêmeos faziam de tudo para deixá-lo melhor — fosse limpando suas lágrimas ou o acariciando com as pontas dos dedos, sempre cuidadosos.

Tae estava sensível desde a discussão com o pai, mas evitou pensar naquilo porque era a sua maneira de lidar com as coisas. Saber que os gêmeos haviam notado o clima pesado fez com que ele finalmente notasse o quão longe aquilo estava indo.

Estava afetando eles? Pior! Eles já estavam afetados?

Seus filhos estavam preocupados. Preocupados consigo. Com Dakho. Com a relação.

— Me desculpem.

O sussurro foi tão baixo que, se não estivessem tão próximos, os mais novos não teriam ouvido.

Por quê? — Eles questionaram, confusos.

— Por não ter notado antes.

O quê?

— Que tudo isso poderia afetar vocês. — Suspirou, recuperando-se e secando o próprio rosto sozinho. Os gêmeos olharam um para o outro.

— Papai, o que é "afetar"? — perguntou Mirae — Eu não entendi o que você disse.

— Eu também não… — Minjun murmurou. Taehyung riu pelo nariz, abraçando os dois com força e se jogando contra o colchão.

— Eu quis dizer que amo vocês. — Beijou a bochecha de cada um, sorrindo junto com eles — Eu amo, amo, amo…

A gente também te ama, papai — disseram, juntos.

— Muito?

— Desse tamanho. — Jun abriu os braços, esticando-os o máximo que podia. Mirae concordou, imitando o irmão.

Tae, então, voltou a distribuir selares pelos rostos dos gêmeos. Também fizeram uma batalha de cócegas e uma guerra de travesseiros. Depois de tudo isso, os três acabaram cedendo ao sono, dormindo agarrados na cama de Minjun.

Um sono feliz e quentinho.

(...)

Bastou uma mão batendo — sem querer — em seu rosto para que Taehyung acordasse, cerca de uma hora depois de adormecer no quarto das crianças.

Estava tarde, e ele pôde confirmar isso ao pegar o celular jogado na mesinha de cabeceira e ver que já passava das onze da noite.

Com muito cuidado e lentidão, tirou os corpos dos filhos de cima de seu peito, parando os movimentos sempre que um deles aparentava estar acordando. Quando conseguiu ficar de pé, colocou Mirae na outra cama e a cobriu, fazendo o mesmo com Minjun.

Beijou as bochechas de ambos e sussurrou um "eu amo vocês" antes de fechar as cortinas do quarto, apagar as luzes e deixar a porta entreaberta.

Ainda sonolento, foi para o banheiro a fim de lavar o rosto. Ao terminar, bebeu um pouco de água na cozinha e, logo depois, entrou no próprio quarto.

Sentado na cama de casal, inspirou uma grande quantidade de ar profundamente e soltou dez segundos depois, usando a técnica de respiração para se acalmar de vez, tendo em vista que continuava um pouco agitado desde a conversa com os gêmeos.

Em que momento havia deixado as coisas chegarem àquele ponto? Quando tudo começou a piorar?

Foi no nascimento dos filhos? Antes ou depois? Foi por sua culpa? A morte da sua mãe tinha algo a ver com isso? A falta de Jiwoo?

Uma junção de tudo?

Seu pai não o odiava, sabia disso, então por quê?

Por que continuava fingindo que nada estava acontecendo? Por que insistia em fingir que aquilo não o afetava?

Eram tantas perguntas. Algumas com respostas óbvias enquanto outras eram fruto de uma mente cada vez mais cheia.

Seokjin estava certo, aquela situação estava prestes a transbordar há muito tempo. E Taehyung não queria que isso acontecesse. Nunca quis.

Por isso, decidiu que se resolveria com Dakho assim que possível.

Tinha coragem para isso? Talvez não como gostaria ou precisaria, mas tentaria. Era um adulto, pai de duas crianças e, definitivamente, não estava disposto a criá-los em uma atmosfera pesada de brigas, mágoas e raiva.

Cortaria toda aquela negatividade pela raiz, finalmente.

Sorriu, feliz com sua decisão e completamente motivado. Com isso, abriu o aplicativo de mensagens e procurou o contato de Seokjin para informá-lo sobre tudo que havia acontecido. Sabia que isso deixaria o amigo feliz, afinal era ele mesmo quem sempre o aconselhou a tomar uma atitude.

No entanto, assim que enviou a primeira mensagem, recebeu uma notificação que chamou sua atenção.

NÚMERO DESCONHECIDO

online

> Boa noite, Taehyung-ssi!

> É o professor Park :)

E bastou isso para que os olhos de Taehyung quase saltassem de tão arregalados.

Quê?! — exclamou, ainda surpreso.

Havia se esquecido de salvar o contato de Jimin e se perguntou o porquê de não ter feito isso antes. Por que era tão esquecido?

Eu devo responder? Bobo! É claro que devo, vácuo não é legal — pensou.

Contou até três mentalmente antes de digitar a resposta e enviá-la, não deixando de adicionar o contato antes.

Você adicionou o contato
como "Park Jimin"

Você

Boa noite, Jimin!

Aconteceu alguma coisa?

Park Jimin

> Se tivesse acontecido,
eu teria ligado.

> Prefiro fazer chamadas.

Você

Por que me chamou,
então?

Park Jimin

> Falamos sobre isso
hoje, esqueceu?

Taehyung bateu na própria testa, balançando a cabeça negativamente.

Você

Eu fiquei ocupado
e acabei esquecendo

Desculpa

Park Jimin

> Não tem problema,
bobinho.

> Está tudo bem?

Você

Sim

E com você?

Park Jimin

> Tudo bem, sim :)

> Enfim…

> Ainda quer conversar
sobre os cristais?

> Eu acabei lembrando
disso meio tarde, admito,
mas tenho tempo.

Você

Você me parecia o tipo
de pessoa que dorme
cedo

Park Jimin

> É difícil dormir cedo
morando com meu
melhor amigo.

> Ele insiste em acender
incensos antes de dormir.

> E eu gosto de deixar
a porta do meu quarto aberta.

Você

Justo.

Mas respondendo sua
pergunta…

Podemos deixar essa
conversa para depois?

Não entenda mal,
por favor

Park Jimin

> Tudo bem

> Está tarde mesmo.

> Te vejo amanhã,

então?

Você

Sabe que sim

Park Jimin

> Já estou ansioso ;)

> Ah, obrigado novamente

> Pela pulseira

O Kim olhou para o local onde antes havia deixado a pulseira, lembrando do sorriso enorme de Jimin ao recebê-la de volta.

Você

Não tem de quê

Park Jimin

> Você é fofo.

> Boa noite, Taehyung <3

Você

Boa noite, Jimin

:)

O que acabou de acontecer? — murmurou, pensando em voz alta.

Jogou-se de costas na cama, colocando a mão no rosto enquanto mordia o lábio inferior para tentar conter o sorriso involuntário. As bochechas estavam quentes.

Bobo. Completamente bobo.

Ele não mandou mensagem naquele horário só para aquilo, não é? Havia algo a mais, Taehyung sabia.

— Eu que estou ansioso, Park Jimin — disse para o nada, lembrando-se da resposta do professor.

Ainda sorrindo abertamente — já que sua tentativa de conter a animação foi em vão —, pegou o celular de novo, só então vendo as mensagens de Seokjin.

Jin-hyung

> Você quer me contar

o que, Taehyung?

> Tae?

> "E disse o Senhor:
não deixes seu amigo
curioso" — FDP, versículo 2

> Taehyung, eu tenho a
chave da sua casa

Você

Como conseguiu a chave
da minha casa?

Jin-hyung

> Agora você responde?

> E não te interessa

Você

Estamos falando sobre
a minha casa, hyung

É claro que interessa

Jin-hyung

> Não ligo

> Conta logo

Você

Eu não deveria contar
nada, pq você não tá
merecendo

Mas sou um bom
amigo

Jin-hyung

> E eu te socaria
se não contasse 💖👈

> Desembucha

Você

Atende


Tae colocou o telefone na orelha após iniciar a chamada, pondo-se de pé e indo até a sala para que o som de sua voz não ficasse perto demais do quarto dos filhos já que eles estavam a uma parede de distância.

Você tem noção do horário? — Seokjin disse — Estou há mais de quinze minutos roendo todas as minhas unhas porque você disse que precisava me contar alguma coisa e sumiu. Isso não se faz, Taehyung!

— Desculpa, hyung… — Sentou-se no sofá, apoiando os pés na mesinha de centro — O Jimin me mandou mensagem e eu acabei me distraindo.

Jimin? O professor? — Tae confirmou, murmurando um "uhum" — Agora faz sentido... Não sabia que estavam trocando mensagens.

— Não é bem isso, mas não vem ao caso agora. — Ficou alguns instantes em silêncio, tentando formular o que diria — Mudando completamente de assunto… Tenho uma coisa para te contar.

Eu já sei disso. Fala logo ou eu vou até a sua casa no meio da madrugada — ameaçou, fazendo Taehyung rir — Você parece nervoso. Essa risada foi estranha. Tae, o que aconteceu?

— Eu decidi me acertar com o meu pai. Vou conversar com ele, colocar todos os nossos problemas na mesa e tentar resolver cada um deles — explicou, surpreendendo a si mesmo com o quão calmo soou, mesmo que tenha começado a ficar nervoso novamente.

Você tem certeza?

— Muita, hyung.

Quem te convenceu? Porque eu tento há anos e nunca consegui. — A risada divertida de Jin foi o bastante para acalmar o coração de Tae.

— Eu tive um momento de epifania. Não sei explicar muito bem, apenas saiba que foi por causa das crianças. Farei isso por elas.

Faça por você, também. Se tem alguém que merece um pouquinho de paz, é você, Tae. Por favor.

— Vou tentar. Obrigado, hyung.

Eu te amo.

— Também te amo. — Sorriu, encerrando a chamada logo depois de se despedir, recebendo um "boa sorte" do mais velho.

Estava feliz e confiante. Com medo, também, mas ele preferiu ignorar aquele sentimento ruim.

Bebeu mais um copo de água e checou os gêmeos — verificou se estavam respirando e ajustou os cobertores de ambos — antes de ir ao banheiro. Fez tudo o que precisava e se jogou na cama quando voltou para seu quarto, abraçando um dos travesseiros.

Por estar especialmente cansado por conta de toda a carga emocional do dia, acabou adormecendo mais rápido.

Sonhou com o dia em que Mirae andou pela primeira vez e com o dia que Minjun disse "papai".

No dia seguinte, acordou com o seu toque especial. Foi até o quarto das crianças para arrumar as camas, sabendo que Dakho já teria passado ali para levá-las à escola. Tomou seu sagrado banho matinal e comeu seu café da manhã, logo indo ao quarto para se arrumar antes de ir ao trabalho.

Por mais incrível que possa parecer, estava trinta minutos adiantado. Com isso em mente, decidiu que seria uma boa ideia sair um pouco mais cedo para que não pegasse o trânsito do horário de pico.

Entretanto, assim que pegou as chaves, o interfone tocou, então foi obrigado a ir até a lavanderia para atender.

— Alô?

Bom dia, senhor Kim.

— Bom dia.

Posso liberar a entrada da senhorita Jung Jiwoo?

••••••••••

Foi isso! O último capítulo de 2020!

Eu quero agradecer por cada um de vocês, que têm mostrado muito carinho e amor por egel. É um prazer saber que minha bebê agrada tantas pessoas. Muito, muito, obrigada por cada comentário, feedback, voto e mensagem. Guardo cada um de vocês no meu coração <3

Desejo a cada ser humaninho lendo isso um incrível 2021, muita luz, saúde, paz e felicidade! E que esse próximo ano seja capaz de melhorar as dores que 2020 nos causou.

Feliz ano novo, pessoal!

Um beijo na testa 💖💖💖💖 e até ano que vem, hihihi 🥰

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