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N/A: Essa estória se passa no verão de 2000, dois anos após o fim da guerra. É compatível com o cânone, exceto o Epílogo de Relíquias da Morte e, bem, Fred não morreu na Batalha de Hogwarts. Gosto muito dele para permitir isso.

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prólogo

          Um estalo surdo soou na noite escura e vazia, seguido por respirações rasas e ofegantes. A mulher, que apareceu do nada, olhou rapidamente ao seu redor e soltou um suspiro de alívio ao ver que estava sozinha... bem, quase sozinha. A mulher olhou para a pequena criança trêmula em seus braços, seus olhos assustados e cabelos castanhos claros brilhando ao luar, e o segurou mais perto. Depois de uma pausa de apenas um segundo, ela voltou a correr rápido, mancando enquanto ia, segurando o menino com força contra o peito.

"Mamãe?" o menino guinchou incerto.

"Shh..." sua mãe sussurrou contra o topo de sua cabeça, sua respiração se transformando em névoa no ar frio da noite. A terra ao redor estava escura e silenciosa, exceto pelo som de uma coruja ao longe. O ritmo da mulher não aumentou nem diminuiu quando ela viu uma casa alta e torta aparecer, mas ela estremeceu novamente e suspirou de alívio.

O garotinho se agarrou à mãe, quicando desconfortavelmente em seus braços, e não ousou fazer outro barulho. Embora fosse novo, ele sentiu o medo da mãe e isso o silenciou. Ele olhou para a casa na frente deles e novamente por cima do ombro de sua mãe, onde ela mesma ficava olhando de relance. Ele esperou que eles aparecessem; ela esperava que eles viessem, para segui-los, mas no momento tudo o que se via era um único conjunto de pegadas na neve.

Incapaz de perder tempo se atrapalhando com maçanetas e fechaduras, a mulher apontou a sua varinha para a porta e esta explodiu.

"Mamãe?" o menino chorou de medo.

"Shh... shh... Está tudo bem, amor." a mãe respondeu enquanto passava pela porta de uma cozinha escura. Ela olhou à sua volta, rapidamente observando os arredores. A mesa derrubada, cadeiras viradas e os pratos quebrados partiram-lhe o coração e lhe deram uma sensação desconfortável de vazio, mas ela não podia se permitir pensar nessas coisas naquele momento. Ela tropeçou para frente sobre uma perna da cadeira que prendeu em sua capa, mas conseguiu se endireitar. Ela então soltou um suspiro trêmulo quando colocou o menino no chão à sua frente, agarrou seu lado e encostou-se na parede ao lado da lareira.

"Mamãe, está escuro..." o menino fez beicinho enquanto olhava ao redor da sala vazia. Um vento forte assobiou sobre a chaminé e uma pequena corrente de ar soprou nas cinzas frias em uma espiral. O menino deu mais um passo para perto de sua mãe. "Mamãe, estou com frio... e molhado..."

A mulher acendeu a ponta da varinha e olhou tristemente para seu filho fazendo beicinho. Não havia nada que ela não tivesse feito por ele, mas não havia muito que ela pudesse fazer por ele agora...

"É sangue, mamãe. É sangue..." o garoto percebeu enquanto erguia a mão molhada para a mulher examinar. Ele olhou para si mesmo para ver que sua capa estava coberta pelo sangue também. "Você machucou, mamãe? Você machucou?"

"Mamãe vai ficar bem." respondeu a mulher enquanto tentava o seu melhor para esconder as lágrimas. Ela enrolou a capa com mais força ao lado do corpo para ajudar a diminuir o fluxo de sangue e esconder a ferida da criança aterrorizada. "Não há tempo para isso, no entanto." A mulher deslizou de joelhos para que seus olhos estivessem no nível dos dele. Encarar aqueles olhos causou uma torção em seu estômago. Aqueles olhos... iguais aos do pai.

"Eles estão vindo, não estão?" ele chorou baixinho. Ao ver seu olhar de partir o coração, a mulher não conseguiu mais esconder as próprias lágrimas.

"Sim, amor, mas vai ficar tudo bem. Você não vai ter que se preocupar mais com eles." A mulher enfiou a mão na capa e tirou um pedaço dobrado de pano roxo. Ele observou enquanto sua mãe desdobrava o material para revelar um colar de aparência estranha.

"O que é, mamãe?" ele perguntou quando ela colocou sobre sua cabeça.

"Isso vai te levar a um lugar onde as pessoas assustadoras não podem te pegar." ela respondeu. O menino acenou com a cabeça em compreensão. A mulher olhou para ele com tristeza e tentou ao máximo manter a compostura. "Agora... pegue isto," ela continuou enquanto colocava uma varinha surrada na mão dele. "e não a solte. Você entendeu? Não solte."

O menino acenou com a cabeça novamente, lágrimas se acumulando em seus olhos. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo, mas o terror oculto irradiava de sua mãe o afligia.

"Não tenha medo, Aurey. Você vai ficar bem." Ele viu sua mãe enfiar algumas coisas em seus bolsos e enrolá-lo firmemente em sua capa e cachecol. "Olhe para mim..." Os olhos do menino encontraram os de sua mãe novamente e a mão dela gentilmente segurou seu rosto. "Aurelian, eu te amo."

Algumas lágrimas silenciosas correram pelo rosto da mãe e ela lentamente tirou a mão. Ela fez uma careta quando viu a marca de mão ensanguentada que foi deixada. Sem outra palavra, ela pegou a corrente em volta do pescoço do filho, o adorno pendurado até perto da cintura dele. Ela segurou a peça na palma da mão e olhou para a minúscula ampulheta no centro dos três anéis. Ela segurou o anel externo e começou a girá-lo. A criança observou com admiração e estendeu a mão para tocá-lo.

"Não, não toque nisto." a mãe advertiu levemente, ainda contando os giros na cabeça. Ela ofegou quando ouviu o silêncio quebrado pelo som familiar da aparição. Ela estava sem tempo. "Eu te amo, Aurelian!"

Três figuras encapuzadas irromperam pela porta aberta pela qual haviam entrado. Os olhos do menino se arregalaram de horror.

"AVADA K-"

O menino viu a mão da mãe escorregar do enfeite giratório e ela desaparecer, junto com o mundo ao seu redor.

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Aurelian || DM + HG [trαduçαo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora