Traumas são dificilmente esquecidos ou superados.
Elizabeth Foster, passou por muitos deles. Entretanto, ela não perdeu sua essência de garota doce, o passado lhe mostrou quanto o mundo pode ser cruel e ser quieta era uma das melhores alternativas...
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Acho que nunca em dois anos eu vi Ben puto como agora, e acho que em toda em minha vida nunca vi uma pessoa ficar tão pálida quanto Beth está agora. Não estou entendendo nada, quando Ryan, o nosso novo running back, falou senti Beth enrijecer a coluna e seus olhos ficaram opacos. Ben saltou de onde estava e se plantou ao lado dela logo se jogou em direção de Ryan, mas Luca entrou em sua frente para impedir.
Não sei o porquê ou qual motivo de sua reação, mas me assusta uma hora ela estava sorrindo e no outro momento seu corpo paralisou. Me levanto da mesa parando à sua frente, coloco as duas mãos em seu rosto chamando sua atenção para mim. Engulo em seco. Seus olhos estão opacos e perdidos, seu tom de pele rosado perdeu a cor e seus lábios trêmulos.
— Beth? — digo acariciando sua pele macia, seus olhos verdes se voltam para os meus, uma camada brilhosa se projeta nos seus olhos, no entanto, ela pisca e some tão rápido igual veio.
— Me tira daqui, por favor... — sua voz geralmente doce e suave sai rouca e dolorida, quase não escuto seu sussurro. — Por favor... — a voz sai como uma lâmina cortante em meus ouvidos.
Sem pensar duas vezes pego a sua mochila e passo o meu braço sobre seus ombros lhe puxando para mais perto, começo a caminhar para fora do refeitório e viro no exato momento em que Luca se levanta e para ao lado de Ben que está com os punhos fechados ao lado do corpo, ele olha para as costas de Beth e eu posso jurar que vi uma lágrima escorrer em seu rosto, mas ele limpa e se vira para Ryan falando alguma coisa.
O primeiro lugar que penso para levá-la é o quartinho da biblioteca em que ela me puxou em um dia. Ela não fala, não olha para lugar nenhum, mal respira...
Entro no quartinho acendendo a luz e trancando a porta. Me viro para Beth que está de costas para mim.
— Beth... — a puxo pelo braço fazendo-a virar para mim.
Meu coração para.
Seus olhos estão cheios d'água, estão perdidos, sem foco, ela não para de mexer em um anel no seu dedo indicador.
— Não posso passar por isso mais uma vez. — ela sussurra abaixando a cabeça.
— O que foi? O que aconteceu? — questiono levantando sua cabeça.
Acho que nunca senti uma dor tão imensa somente pelo o olhar.
Nunca me senti como se todo oxigênio tivesse sido sugado do planeta.
Mas, naquele momento, eu me calo e a puxo para um abraço.
Suas mãos pequenas encostam na lateral de meu tronco e ela enterra seu rosto no meu peito, ouço seu primeiro soluço.
Meu corpo se parte em mil fragmentos pelo som cortante que sai de sua boca, mil pedaços de mim ficam instantaneamente tentados a voltar na porra daquele refeitório e quebrar a cara de Ryan, não sei o que ele fez ou de onde a conhece, mas nunca me senti tão furioso naquele momento.
