14° Capítulo

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(Eva)

- Eu não aguento mais Ricardo! Eu não queria ter elas, você que me impediu de aborta-las!

Minha mãe gritava pro meu pai enquanto arrumava sua mala... Mamãe vai embora.

- Vanessa, pense bem querida, não faça isso, nós temos duas filhas.

Papai falou com lágrimas nos olhos tentando impedir ela de arrumar as malas. Eu espiava tudo pela frestinha da porta.

- Primeiro não me chame de querida.... Segundo... ELAS SÃO SUAS FILHAS! SUAS!

Mamãe gritava enquanto arrumava a mala.

- Mas Vanessa... Eu te amo.

- E EU TE ODEIO!

Ela cuspiu as palavras na cara dele.

Eu invadi o quarto gritando:

- NÃO, NÃO DEIXE A GENTE.

Ela me olhou com desprezo...

- Tira essa peste da minha frente Ricardo.

Eu acordei assustada, suando e chorando.

O pedido de Daniel ontem acordou os meus demônios do passado, eu não queria mágoa-lo. Eu gosto tanto dele! Eu estava me apaixonando por ele, eu juro!  Mas simplesmente eu não posso fazer isso. Eu não posso, eu vou me magoar, como o meu pai, eu simplesmente não posso deixar isso ir mais longe.

Hoje mesmo vou sair da NATURAL e me afastar dele... Se eu me apaixonar vou me magoar e eu já vive o sofrimento do.meu pai, não quero mais sofrer. Eu não consigo mais sofrer.

Levantei e fiz minha higiene matinal e depois tomei meu café.  Nessas horas minha irmã faz tanta falta e meu pai também... Aaah minha sobrinha, ela sempre sabe me animar. Eu quero tanto o ombro amigo da Mallu aqui comigo. Mas ela está curtindo seu noivo, não sou egoísta ao ponto de atrapalhar seu momento feliz.

                              ***

Eu não consigo sair desse carro, mas minha decisão já foi tomada, eu não posso mas ficar aqui!

Depois de tomar muita coragem sai do carro. Era agora ou nunca!

Entrei na Natural e senti uma pontada no coração, com toda certeza eu vou sentir falta desse lugar, dos meus amados alunos e dos meus colegas de trabalho, esse lugar é tudo que eu sempre sonhei. Um dia esse lugar foi minha chance de recomeçar, agora será uma lembrança, uma lembrança feliz!

Estava chegando na recepção e logo avistei a Nathy. Nossa como vou sentir falta dela e da sua princesinha, eu vou sentir falta de tudo!

- Eva! - Nathy me abraçou. - Ta tudo bem entre você e o Dani?

- Sim. - menti, só preciso acabar com isso logo, quero diminuir a minha dor. - Quero falar com ele, posso entrar? 

- Claro, nem precisa pedir.- Ela respondeu.

Chegar até a porta do seu escritório pareceu uma eternidade e abrir ela pareceu um sacrifício! 

Acho que ele se assustou com minha entrada, talvez surpreso por ser eu. Mas tanto faz, preciso acabar logo com isso.

- Precisamos conversar. - Falamos em uníssono quebrando o silêncio.

(Daniel)

Ela estava ali, bem na minha frente e eu era a porra de um maricas sem fala. Eu precisava fazer alguma coisa, eu só não posso perde-la!

- Pode se sentar. - foi o que consegui dizer naquela tensão palpável.

Ela se sentou e jogou a bomba:

- Por qual motivo você fez aquele pedido?- Ela foi direta e reta.

- Eu te disse todos os motivos ontem Eva. Eu gosto de você, será que não é o suficiente?

Pra mim é mais que suficiente, será que ela não vê que estou apaixonado? que quero olhar para ela todos os dias?

- Não é suficiente Daniel, eu preciso de mais... - Ela passou a mão pelos cabelos e quando voltou o seu olhar para mim seus olhos estavam cheios de lágrimas. - Você me ama Daniel? Me ama de verdade? 

Puta que pariu! O que eu posso dizer nesse momento? Será que eu realmente a amo? Eu estou apaixonado mas acho que não chega a ser amor, ou será que é? Eu sei que eu não consigo mais viver sem ela! Um dia eu disse que amava alguém e logo depois ela me largou para ficar com o meu sócio! Eu não posso simplesmente dizer que a amo assim, eu tenho que ter certeza disso e o mais importante de tudo saber se ela também me ama, que não vai me deixar, que não vai quebrar o meu coração. Porra! Meu coração já é muito fodido eu não posso fode-lo ainda mais!

Ela se levantou abruptamente recolheu sua bolsa e com lágrimas me olhou, e lá no fundo havia tanta dor, eu quero tanto tirar essa dor dela, quero tanto ajuda-la nesse momento, mas eu também preciso de ajuda!

- Adeus Daniel.

Então ela se foi, a coisa mais importante da minha vida saiu por aquela porta sem olhar para trás.

                             ***

Eu não consegui ficar no meu escritório, nem na Natural  e muito menos no meu apartamento, tudo me lembra ela, cada fodido lugar me lembra aquela mulher.

Eu quero tanto beija-la, quero correr até ela, abraça-la e pedir para recomeçar, voltar ao início. Eu queria ser menos fodido e poder estar ao lado dela sem essa merda que me atormenta à anos.

Eu andava pelo parque pensando na minha pequena Eva, quando o meu telefone começou a tocar e por algum motivo, ou até mesmo por esperança pensei que fosse ela.

- Olá baby. - Uma voz feminina soou pelo telefone. Uma voz feminina que eu conheço muito bem! O meu maior pesadelo.

(Eva)

Não se pode amar. Por que dói tanto? Por que não se pode ser feliz sem sofrer?  É tão sem sentido essa dor, por que eu simplesmente não posso deixar de amar? Por que eu não posso esquecer toda a dor que minha mãe deixou em mim? Será que as pessoas não podem ser felizes? Porra! É tão simples!

Eu não posso mais ficar aqui! A Mallu está feliz e irá se casar, eu não posso mas voltar para a Natural por motivos óbvios, e não tenho mas o Daniel. São Paulo não tem mais graça pra mim! Não tenho nenhum motivo para permanecer aqui!

- Papai? - Falei quando o meu pai me atendeu.

- Oi querida, está tudo bem?- Meu pai sempre sabe quando algo está errado. Mesmo assim eu menti:

- Está sim. Papai ainda tem lugar pra mim na sua casa? - Perguntei e já senti as lágrimas começarem a rolar.

- Nossa casa querida, essa casa também é sua, sempre será!

É tão reconfortante ouvir isso do meu pai, eu sei que ele é o único que vai amenizar essa dor, afinal ele já passou por isso.

                              ***

Acordei cedo e minhas malas já estavam prontas, já tinha avisado a Mallu e explicado tudo, ela insistiu que eu ficasse mas depois de entrar em todos os detalhes ela me entendeu.

Já com tudo pronto peguei o meu carro e segui pela estrada indo em direção a cidade maravilhosa. Rio de Janeiro, por um lado eu sinto falta daquele lugar. No caminho só pensei nele e chorei ainda mais, e me fiz mais perguntas sobre o amor, perguntas sem respostas.

Aaah Daniel Clarck te amar dói tanto!

                              ***

Está muito curto mas vou tentar fazer um maior na próxima vez.

Espero que gostem. Deixem seus comentários e seus votos. Isso realmente anima muito!

Beijosss da Missy ;*

Tão Natural (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora