Capítulo 24

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Desde que Laura saiu do jardim, há três semanas, havia deixado a sacola com vestido no chão e Mike com o coração na mão. Não havia nem um minuto sequer que ele deixava de pensar nela.  Já tinha aceito a possibilidade de ter perdido a alma para outra mulher, e impressionantemente dessa vez, parecia ser ainda mais doloroso que da outra vez.

Seus progressos no jardim, entretanto, foram incríveis. O trabalho se tornou sua válvula de escape. Se isso tivesse acontecido da outra vez estaria bastante rico.

Uma semana depois daquela conversa, acordou antes do sol raiar, na verdade não conseguiu dormir a noite toda e se deu por vencido mais ou menos pelas quatro da manhã. Estava indo para o jardim iniciar sua jornada de trabalho precoce. Contudo, se viu congelado no meio do caminho de entrada ao perceber que havia um intruso no seu local de trabalho. Laura dormia levemente sobre a relva recém reposta ali. Sua vontade era de pegá-la nos braços e colocá-la em sua cama, mas conformou-se em olhá-la, conformou-se em olhá-la todos os dias a partir daquele. Acordava sempre aquela mesma hora, e a observava enquanto lia, ou via as plantas, ou cantarolava, ou dormia igual naquele primeiro dia.

Nunca permitia que Laura o visse, pois se isso acontecesse não sabia qual seria a reação dela. Certamente não seria boa e com certeza ela tinha motivos. Sabia que a razão para impor aquela distância eram totalmente egoístas da parte dele que, como ela mesma dissera, ela não tinha nada a perder. Mas ele não queria perder seu emprego e muito menos queria deixar de ver Laura.

Sua única tentativa de contato foi através daquela menina fofoqueira, aliás, espiã. Mas como esperado, a tentativa falhou e não podia fazer nada sobre o assunto.

Logo no dia seguinte após a visita Gwen, Laura trabalhava na diretoria com a Madre, fazendo os convites para o baile de formatura anual.

Eram mais ou menos umas 4 da tarde quando a secretária veio dizer que alguém desejava falar com ela, a Madre o mandou entrar e logo com o primeiro passo da pessoa dentro da sala, Laura soube que se tratava de Michael. Concentrou-se três vezes mais na caligrafia dos convites, não podia se dar o luxo de desviar o olhar deles.

- Madre, eu preciso falar com a senhora de um assunto importante. A sós – a voz de Michael era profunda e fazia Laura ficar tensa como uma pedra na cadeira de madeira, fingindo que ele não estava ali. Enquanto ele a olhava como se ela fosse um estorvo na sala.

- Senhor Levine, não seja descortês. Não há nenhum problema de falar sobre qualquer assunto aqui. Tenho certeza que a aluna Linton não irá, falar sobre nada o que escutar aqui, não é assim, querida? – a Madre queria consertar o mundo, ou pelo menos a todos do colégio, e empunhava respeito de uma maneira que Michael já sabia que não teria alternativa a não ser falar.

- Pois bem, queria comunicar a senhora, que daqui a uma semana vou deixar o colégio, meu trabalho já está bem adiantado, e só virá um de meus funcionários para fazer os pormenores. – Michael tentou não olhar para Laura enquanto falava, mas sabia que toda sua atenção estava concentrada em sua visão periférica onde Laura estava escrevendo com seus cabelos caindo pelo rosto.

- Está bem, senhor Levine, creio que não posso impedi-lo está avisando com uma semana de antecedência, como manda o figurino. Mas é uma pena que não possa ficar até a conclusão completa, gostamos muito seu trabalho por aqui.

- Fico feliz em saber, senhora, que bom que meu trabalho não foi em vão.

- De maneira nenhuma senhor! Estamos muito contentes com os resultados, nossa Laura é a principal admiradora desse jardim desde pequena, acho que ela pode confirmar, não é Laura? – disse a Madre praticamente obrigando Laura em concordar, mas na mente de Laura só se repetiam as palavras de Michael dizendo que ia deixar o colégio. E continuava pensando nelas, quando assentiu com muita má vontade e de cabeça baixa.

- Acho que já posso ir, senhora, obrigado pela atenção.

- Espere um pouco, senhor Levine. Acho que a aluna Linton não cumprimentou desde que o senhor chegou. Não é muito educado da parte dela, não concorda?

- Não tem problema, Madre, já estou de saída.

- Claro que tem senhor. Cumprimente-o Laura, e sente-se direito.

Laura sentou se direito imediatamente, mas demorou alguns segundos para sair alguma palavra.

- Olá, senhor – disse Laura ainda com a cabeça baixa, fingindo ainda escrever, mas com a postura perfeita na cadeira.

- Não, Laura – interveio a Madre novamente. – Não foi assim que te ensinaram.

Então Laura levantou a cabeça e olhou-o nos olhos, tal como a regra da etiqueta manda.

- Olá, senhor Levine – sua voz saiu vazia e sem nenhuma emoção, mas Michael pode ver noa falta de brilho do olhar dela o quanto aquilo a estava fazendo mal.

- Até logo, senhorita Linton – disse ele dando um sorriso sem graça e saindo tão rápido quanto pode.
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Mais sofrimento pra combinar com minha summertime sadness. Amanhã tem mais! Espero que mais que esse capítulo curtinho... 

AgridoceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora