Uma história a contar - parte 2

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Gemeu e escondeu a cabeça entre suas mãos, totalmente perdido em sua tristeza, enquanto as lágrimas caíam.

Sirius aproximou-se do amigo, pondo uma mão sobre seu ombro, enquanto ele também chorava silenciosamente.

— Não é verdade, não é verdade — repetia o castanho enquanto seu corpo tremia pelo choro.

Então sentiu braços menores, quentes e reconfortantes emaranharem-se através dos amigos, unindo-os em um abraço mais apertado. Tonks tinha se apressado para confortá-los em sua dor. Sem perceber, Remus apoiou a cabeça no ombro da mulher, deixando que todos os seus sentimentos fluíssem através de suas lágrimas.

Ela sentia-se verdadeiramente mal. Nunca tinha visto Sirius chorar, nem mesmo quando descobriu tudo, e vê-lo daquele jeito não era belo. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, e seu rosto refletia uma dor infinita, quase como se viam seus olhos depois de Azkaban.

E Remus, ela o tinha visto assim quando seu primo morreu, e partia o seu coração. Não tinha nada que pudesse fazer além de deixar que a abraçassem como se ela fosse sua tábua de salvação. Deixá-los chorar e tirar toda a tristeza era o máximo que podia fazer naquele momento.

Harry estava entre o céu e o inferno. Poder abraçar seus pais, coisa que lhe foi negada a vida toda, era realmente incrível, mas nunca pensou que ia ser dessa forma. Seus pais estavam passando por uma situação horrível: saber da sua morte, era um golpe muito duro, e não sabia como reagir.

Deixou que o abraçassem, que soltassem toda a dor e frustração com seu filho, e também fez isso. Deixou-se levar, tirando de dentro de si toda a tristeza acumulada. Os anos de infância terríveis junto com a família de sua tia, cada abuso, cada soco, cada castigo que teve de sua parte.

E então todos os anos de Hogwarts: os deboches de Snape, os olhares inquietantes nos corredores, os sussurros incômodos, os deboches de Malfoy por não ter uma família, as brigas com Voldemort para salvar a pedra, o basilisco, o afastamento de grande parte do colégio ao pensarem que ele era o herdeiro de Slytherin, a luta constante contra os dementadores, a fuga de Pettigrew, o torneio tribruxo, os ciúmes de Rony, a morte de Cedric na sua frente, o retorno de Voldemort, a sabotagem do Ministério para desacreditá-lo, a estupidez de Fudge, os segredos de Dumbledore, a chegada de Umbridge a Hogwarts, suas repetidas acusações, castigos e injustiças, as visões que teve durante aquele ano, a morte de Sirius, o sexto ano, as horcruxes, a morte de Dumbledore, a queda do Ministério, a caça das horcruxes durante o que seria seu sétimo ano, todas as necessidades e dificuldades que teve que passar, a batalha de Hogwarts.

Ver morrer Fred, Snape, Hermione. Encontrar no Salão Principal os corpos de muitos de seus amigos. Luna, Alicia, Seamus, Dean, ver o pálido e imóvel Remus Lupin, seu único laço com seus pais, a última figura paterna que tinha, o último maroto morto. Remus tinha deixado Tonks sozinha com seu filho, um Teddy que ia crescer, como Harry, sem um pai.

E o que arrancou a metade de seu coração, e apagou uma grande parte de sua vida foi ver Ginny ali. Jazida morta, assassinada por uma maldição imperdoável. Tinha ido, como seus pais, Sirius, Remus e o resto de seus amigos.

Tudo isso foi saindo de Harry a medida que abraçava seus progenitores com soluços afogados enquanto seu corpo estremecia.

Depois de um longo tempo, todos pareceram se acalmar um pouco.

Harry separou-se de Lily e James, olhando para seu padrinho. Sirius afastou-se para abraçar seu melhor amigo, deixando Remus e Tonks, que continuavam abraçados sem perceber. Harry chegou até eles, pondo uma mão no ombro do castanho, fazendo com que se sobressaltasse.

Remus soltou Tonks, ao perceber que ainda a segurava. Era tão agradável tê-la por perto. Ela exibiu um sorriso tranquilizador e apertou sua mão suavemente. O lobisomem virou-se e foi surpreendido pelo abraço de Harry.

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