Capítulo 27

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Ao abrir lentamente os olhos e recobrar parcialmente o seu estado de consciência, Livia sentiu o peso do mundo inteiro cair sobre o seu corpo novamente: sentia-se absurdamente fraca e o que antes via tão nitidamente, estava embaçado.

Levou um certo tempo para se lembrar de onde estava e do que estava acontecendo, os fatos foram voltando devagar à sua mente.

"Eu vim para a igreja, desmaiei, alguém me trouxe para um quarto..."

O frio de antes havia passado, os tremores e a sensação de que não voltaria. Nada além de um cansaço que fazia pensar se um trator seguido de um rinoceronte montado em um elefante não haviam passado por cima dela.

Jane fazia movimentos leves em sua barriga, parecia que também estava um pouco fraca. Livia virou lentamente a cabeça, buscando por alguém que pudesse falar com ela, o quarto estava vazio, exceto por uma pessoa.

Mesmo sem enxergar tão bem, ninguém mais naquela cidade tinha o cabelo longo e violeta da sua amiga. Reparou que ela falava com alguém em seu celular e que estava de costas.

-Eu e as freias ficamos assustadas, ela estava muito fraca, ainda bem que veio para cá e não ficou em casa, não sei se ela conseguiria pedir ajuda...- forçando um pouco a audição, Livia conseguia ouvir o que ela falava- Vai dar tudo certo, não vou sair de perto dela, só... Só segura todo mundo aí, tenho quase certeza de que ela não quer ver mais ninguém.

-Violet...- ela a chamou, mas não foi ouvida da primeira vez- Violet...

A garota virou e abriu um sorriso ao vê-la acordada:

-Eu já te ligo, amor, ela acordou. (...) Também amo você.- ela desligou e sentou-se na cama, apertando a mão dela- Oi, Livia, você acordou... Como está?

-Não sei, me sinto fraca...- ela tentou sentar, mas Violet a impediu gentilmente.

-Fique deitada, você tem que descansar.

-O que foi que aconteceu?

-Você nos deu um baita susto. Quando pediu para ficar sozinha e não falar com ninguém há dois dias, respeitamos ao máximo porque sabemos que a notícia que você recebeu foi muito difícil, mas nunca imaginamos que você adoeceria assim e não nos chamaria, o que passou pela sua cabeça?

-Eu tentei... Quando notei que a Jane estava muito quieta, peguei o celular para chamar você ou a Sofia, mas não consegui enxergar os números, errei várias vezes, então eu saí... Eu não aguentava mais ficar lá, olhando aquela casa, vim para cá e neguei que me levassem ao hospital porque não estou mais sob os cuidados da Carolyn e do Tom, eu realmente não teria como pagar a conta que iria vir, mas pelo menos alguém veria o que estava acontecendo, desculpa...

-Tudo bem, vai ficar tudo bem, só fiquei preocupada...- explicou, alisando a mão dela- O importante é que conseguimos te fazer melhorar.

Livia se mexeu um pouco na cama, estava dolorida e, apesar de reconhecer o local de paredes azuis, não sabia exatamente onde estava e ainda não tinha a resposta sobre o que acontecera fisiologicamente com ela e como havia melhorado.

-Ah, menina, você acordou!- ela também reconheceu a terceira voz que surgiu como sendo a primeira que ouvira na igreja. Era a freira que a havia ajudado primeiramente, ela andava com um pouco de dificuldade, por causa da sua idade avançada, e carregava um sorriso simpático. Ao lado dela, estava a mulher bem vestida que a examinara anteriormente, que tinha o mesmo rosto afinado e olhos castanhos ligeiramente puxados de Violet- Sou a irmã Grace.

-É um prazer conhecer a senhora, obrigada por ter me ajudado.

-Não é nada, é um prazer te ver melhor.

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