「 𝟎𝟓. 」 ❛ 𝐍𝐔𝐌𝐁𝐄𝐑 𝐅𝐈𝐕𝐄

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A CASA DE DIEGO PARECIA MAIS um cubículo, tudo era muito pequeno, mas parecia abrigar bem uma pessoa sozinha. O espaço não era um dos mais limpos do mundo, afinal, estava sob os cuidados de Diego.

Luther estava em pé, seus braços cruzados, enquanto os dois irmãos bêbados dormiam. A cabeça de Número Zero estava posta no peitoral do garoto, sua perna esquerda levantada de uma forma confortável, enquanto Five tinha seu braço descansado nos ombros da menor.

- Engraçado. Se não soubesse que são tão cretinos, diria que parecem quase adoráveis dormindo. - Diego comentou, encarando os dois.

- Não se preocupe. Logo ficaram sóbrios e voltaram ao seu normal. - Luther deu de ombros.

- Não posso esperar tanto. Preciso descobrir qual é a conexão deles com esses lunáticos antes que mais alguém morra.

- Todas as coisas que ele disse antes... O que acha que quis dizer com isso? - Número um olhou para o irmão.

Mas algo os fizeram ficar em total silêncio, passos aproximaram-se do local. Diego preparou-se com uma de suas facas, indo levemente para a porta. Os passos tornaram-se mais pesados e consequentemente mais altos na medida que aquele alguém se aproximava. Número Dois puxou a maçaneta da porta com força, deixando seu braço levantando com sua faca posta.

- Se você jogar mais dessas facas em mim, prestarei queixa! - A pessoa misteriosa logo disse, atraindo a atenção deles. - Uma moça ligou pra você e disse que precisa de ajuda.

- Que moça? - Ele perguntou.

- Não sei. Alguma detetive. Disse que seu nome era Blotch ou algo assim. - Al tentou buscar o nome da mulher em sua mente.

- Patch? - Diego perguntou novamente, e o homem assentiu. - Ela precisa de mim.

- Ela precisa que você a encontre naquele motel, uma espelunca em Calhoun. Disse que encontrou seu irmão.

O homem logo saiu, os deixando para trás. Diego parecia perplexo, mas não demorou para correr porta fora. Luther permanecendo com as duas "crianças" Que ainda dormiam.

Zero naquele tempo em que estava em um sono profundo, sonhou com o dia em que ficara presa com Five no apocalipse.

Seus joelhos estavam no chão, e ela podia afirmar que sentira a textura dos estilhaços em contato com sua pele. Os olhos, molhados com lágrimas que ameaçaram cair por um momento, as mãos tocando aquele resto que um dia fora a mansão Hargreeves... Tudo estava perdido. Ela queria gritar, xingar o irmão pela burrada. Mas obviamente, a garota era culpada também, em um modo de desobedecer o pai para provar que poderia entrar em contato com o mundo a fora, decidiu ir com Five em seu pulo temporal.

Um toque a fez virar a cabeça bruscamente, o garoto estava ao seu lado, uma mão em seu ombro a confortando. Zero nunca achou que falaria isso, mas sentia falta de sua família, queria voltar para sua família.

Em instantes, uma dor insuportável tomou conta de sua cabeça, era uma dor aguda e ruim. Uma voz se fez distante, ecoando por toda sua cabeça. Seus olhos abriram num movimento rápido, seu corpo sentou-se na cama. Ela não estava sozinha, Five e Luther a encaravam.

- Você está bem? - O menor a perguntou, a feição seria deixando seu rosto. - Você está suando, o que aconteceu?

- E-eu... - Ela tentou. - Merda, parecia tão real. Preciso usar o banheiro.

Luther indicou com o braço para a porta ali perto, era uma porta certamente velha e comida pelos cupins. Zero suspirou, levantando-se da cama de Diego.
Ainda perplexa pelo sonho, ela conseguiu chegar no banheiro, onde abriu aquela torneira e jogou o máximo de água em seu rosto que conseguia.
Ela respirou fundo, várias e várias vezes. Era um sonho simples, mas algo que ainda havia traumas em sua mente, tudo parecia confuso.
As vozes de Luther e Five enchiam a pequena casa, mas não eram altas o suficiente para desviar a atenção de Zero de seu reflexo.

- Quando deve acontecer? - Luther perguntou, referindo-se ao apocalipse.

- Não posso te dar a hora exata, mas... - Five começou. - Pelo que pudemos deduzir, temos quatro dias.

- Por que não disse antes?

- Não teria importado.

- Claro que teria. Poderíamos ter nos reunido. - Número Um que estava sentado, olhou relutante para o irmão. - E te ajudado a tentar parar essa coisa.

- Para constar, você já tentou. - Zero disse, saindo do pequeno banheiro, voltando a sentar-se ao lado de Five. - Encontramos todos vocês. Seus corpos. Vocês morreram, horrivelmente. Estavam juntos tentando deter quem quer que quisesse acabar com o mundo.

- Como sabe disso? - Luther perguntou novamente.

Five tirou sua prótese de olho do bolso, ela estava enrolada em um pano marrom, que ajudava a mantê-lo preservado.

- Sua mão morta segurava isto quando te encontramos. - Five o mostrou o olho. - Deve ter arrancando da cabeça dele antes de ser atingido.

- Cabeça de quem?

- Como dissemos, não sabemos. - Zero falou novamente.

- Tem um número de série atrás. - Luther comentou, olhando ao redor da prótese. - Talvez você possa...

- Não, é um beco sem saída. É só mais um pedaço de vidro. - Five revirou os olhos em frustração, pegando a prótese de volta.

Todos se assustaram quando Diego chutou a porta de seu próprio apartamento, ele estava com raiva quando desceu as escadas e ameaçou ir em direção as "crianças".

- Tem ideia do que acabaram de fazer? - Número Dois foi ríspido, sendo segurado pelo maior, impedindo que avançasse. - Não, deixe-me... Tire suas mãos de macaco de mim!

- Agora, quer nos explicar o que está falando? - Luther perguntou.

- Nossos irmãos andam ocupados desde que voltaram. Estavam no meio daquele tiroteio na Griddy's, e depois na Gimble Brothers, após os mascarados atacarem a academia, procurando por eles.

- Nada disso é da sua conta. - Five o respondeu.

- Agora é. Acabaram de matar minha amiga.

- Quem são eles? - Número Um virou-se para encarar os menores.

Em um momento, todos ficaram em silêncio. Zero, não se atreveu a começar a falar, talvez por não querer ser odiada pelo resto da vida.

- Trabalham para meu antigo empregador. - Five começou. - Uma mulher chamada "A Gestora". Ela os enviou para nos deter.

- Então, assim que a amiga de Diego entrou no caminho deles, bem, alvo fácil. - Zero se pronunciou.

- Agora são o meu alvo fácil. - Diego encarou a irmã. - Vou fazer com que paguem.

- Seria um erro, Diego. Mataram pessoas muito mais perigosas que você. - Five tentou o alertar.

- É, vamos ver. - Ele saiu, batendo a porta novamente.

𝐓𝐇𝐄 𝐙𝐄𝐑𝐎; 𝖿𝗂𝗏𝖾 𝗁𝖺𝗋𝗀𝗋𝖾𝖾𝗏𝖾𝗌Onde as histórias ganham vida. Descobre agora