— Oi — Ele disse parando ao meu lado com duas taças em mãos. — Trouxe uma bebida. Achei que fosse gostar.

— Obrigada. — Suspirei pegando a taça.

— Está gostando? Se divertindo? — O homem de cabelos grisalhos puxa uma cadeira e senta. Eu afirmo e bebo um pouco do liquido.
Blair está conversando com Any do outro lado da sala. Vejo como Mase olha para as mulheres de sua vida e me pergunto como esse homem poderia abandonar alguém? Ele não amava a esposa? Por que fingia não ouvi-la?

    Quase todo mundo está dançando na tenda. Acaba uma música e logo começa outra, que reconheço: "Heaven", de Bryan Adams.

— Quer dançar? — Mase pergunta a mim, e eu começo a rir.

— Sério? — Rio de surpresa.

— É sério. Blair está matando a saudades da Any. É apenas uma música. — Concordo e caminho até a pista de dança ao lado do mesmoo que pousa a mão em minha cintura e descanso os braços em torno do seu pescoço.

— Eu gosto dessa música— Mase sorri e sinto suas mãos tocarem de leve minhas costas. Mantendo uma distância considerável.
Nós começamos a nos movimentar devagar. Estou tensa pensando no que Henry irá pensar ao me ver dançando com seu pai.

— Estou feliz que ele tenha vindo. — Ele diz por fim.

— É, sua filha deve ter ficado feliz.

— Ela ficou. Amo ver meus filhos juntos. — Seus olhos vão para o outro lado do salão. — Eu não sei o que Noah te contou, mas não foi verdade.

— Sobre? — Pergunto. Sua testa está enrugada e ele parece tenso.

— A morte da mãe dele. Sobre Blair. Ela não tem culpa. Minha esposa se matou. — Sua voz sai embargada.

— O senhor nunca se preocupou como Henry iria se sentir? Em cuidar de uma mulher que claramente precisava de ajuda? Ele era uma criança. — Dou um passo para trás me afastando de seus braços.

— Eu fiz o que pude...

— Olha, eu sou apenas uma garota que Henry tem ajudado. Não preciso das suas explicações. — Tento conte-lo quando abre a boca para falar.
Olho para o lado e vejo Henry se aproximar. Ele está com um rosto imparcial. Não sei bem como descreve-lo. Mase me da um sorriso triste após encarar o filho. Ele sabe que deve ir.

— O que ele queria? — O homem que me faz sentir estranha de uma forma diferente pergunta tocando meu braço de leve.

— Nada. — Digo.

— Me concede essa dança? — Um sorriso aparecem em seus lábios. Concordei e senti nossos corpos se grudarem e o calor, a familiaridade que não existia exatamente acontecer. Apoiei a cabeça em seu peito.
    Ficamos em silêncio nos primeiros segundos da música quando ele quebrou o silêncio: — Pensando em quê?

— Sei lá! Desde quando você dança em festas de casamento? — perguntei me policiando para não respirar fundo aquele cheiro que eu tanto queria perto de mim.

— Não sou esse idiota que provavelmente você criou na sua cabeça.

— Então realmente não sei o que pensar sobre você. Não sei quem é o cara que está dançando com as mãos na minha cintura. — brinquei e ele riu.

— E o que gostaria de saber? — Henry me puxou para mais perto de si enquanto nos movimentávamos de um lado para o outro.

— É... qual sua cor favorita? — Deixei um longo suspiro sair pelas minhas narinas e relaxei em seus braços.

— Verde? — Ele diz em dúvida. Rio.

— Do que você mais tem medo? — Pergunto. Ele fica em silêncio.

— De não conseguir ajudar você a se encontrar. — Henry admitiu por fim e fiquei em silêncio digerindo aquelas palavras que tinham mais efeitos do que ele pudesse imaginar.

— Obrigada. É muito importante para mim. — Admiti.

— O que acha que vai acontecer quando suas memórias voltarem? — Sinto seu peito subir e descer. Ele descansa a cabeça no topo da minha cabeça.

— Provavelmente recomeçar de onde eu parei.

    De repente ele para. Seus pés travam no chão e toca meu queixo para que eu olhe para ele. Seus olhos estão me comendo viva e da para notar isso.
Quero saber como reagir, mas me sinto tão confusa e o conheço por tão pouco tempo que simplesmente não sei como agir. Seguro seu braço com força e ele olha por cima do meu ombro.

— Quer sair daqui? Não vai ter nada de legal mesmo.

— E para aonde você quer ir?

— Para o bar que te conheci. — Ele diz mas seus olhos estão presos no fundo da tenda. Tento olhar para o que ele esta vendo mas ele pega meu pulso e me puxa para fora.
    Não reclamo, apenas concordo e ando ao seu lado. Mas sinto que algo está estranho. 



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