Capítulo 21

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Ainda estava tudo escuro para Sayuri quando as coisas começaram a ficar mais claras. Ela abriu os olhos e viu-se dentro de uma barraca. Ela se sentou lentamente. Logo viu Levi, sentado à sua frente, com os olhos cravados em uma cama ao seu lado. Ela virou a cabeça e viu Kayn deitado ali.

Pelo visto, a sua respiração profunda chamou a atenção de Levi. Ele se levantou e veio ao seu encontro.

— Quanto tempo eu fiquei apagada? — perguntou ela.

— Quase um dia — respondeu Levi. — Asha terminou de curar os feridos. Estão transportando-os para os respectivos territórios. Os últimos seriam você e Kayn. E, antes que pergunte, ele está bem.

Ao respirar profundamente mais uma vez, ela sentiu uma pontada de dor em suas costas. Se deitou novamente.

— Ainda sente muita dor? — perguntou Levi. Sayuri assentiu. — Quer que eu chame Asha para cuidar disso?

— Não. Ela deve estar ocupada cuidando de outros feridos. Vivi com esse tipo de dor durante minha vida toda. Pelo menos não precisamos nos preocupar com nada além de Kayn agora.

Levi assentiu, puxou uma cadeira e sentou ao lado da cama de Sayuri.

— Daremos um jeito, não é? — perguntou Levi. A garganta oscilou e ele engoliu seco. — Sabe, Leviathan me aterrorizou com aquele papo louco de relação de pai e filho.

— Ah, talvez eu soque a cara de Leviathan. — S olhou para o filho e depois para Levi também. — Ele é a sua cara. Fica evidente quando estão perto.

Levi riu baixinho junto de Sayuri. Mesmo depois de tudo o que tinham feito juntos, depois de terem tido um filho junto, ambos continuaram sendo bons amigos. Nunca mais acontecera nada entre os dois. Talvez pelo medo de acontecer novamente.

— Talvez... com o tempo... consigamos resolver isso — disse ela, passando a mão pelo rosto. — Sabe... antes da lâmina nos atingir, ele disse que, nos quinze minutos que conversamos já tinha sido uma boa mãe, a pesar de tudo.

— Acho que, por apenas se preocupar já deve ser melhor do que todas — retrucou Levi. — Pelo menos melhor que a minha.

— Pelo menos podemos tentar. E isso é muito melhor do que não ter chance alguma, não é?

— Sim.

Os onze transportaram o restante de soldados que terminaram de se recuperar e, em seguida, fora a vez de Sayuri e Kayn. Ele ainda permanecia adormecido.

Asha contara a Sayuri que a transformação exigira muito de seu corpo, e a se transformar completamente em um ser puro, exigiria ainda mais de Kayn.

Assim que chegara a Avalon, Sayuri pediu que ele fosse posto em um dos quartos principais ali, onde teriam uma visualização completa dos campos verdes cheios de flores e do nascer do sol. Não fazia muito tempo desde que fugira do Poço, assim que acordasse, precisaria de um pouco de luz.

A segunda coisa que fez após garantir que Kayn estaria estava bem, foi ver se todos de seu exército estavam bem. Não houveram baixas, e, os que morreram, foram tragos de volta à vida por Asha. Aquele era o exato poder que as relíquias de cura proporcionavam.

Aly, pela primeira vez na vida, não pulara nos braços de Sayuri, apenas a abraçara e dissera que era bom saber que estava bem. Depois correra para seus pais saltitante e contente, como a garotinha que sempre foi.

Era muito bom para ela, estar cercada de pessoas que a compreendia. Nada era melhor do que isso. Nada.

Alguns minutos depois, Leviathan chegou em Sayuri e disse:

Em Busca de Liberdade - Crônicas de Sangue e Ódio - Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora