Elektra - Avengers

𝟎.𝟓 𝑰 𝑳𝒊𝒌𝒆 𝑷𝒖𝒛𝒛𝒍𝒆𝒔

-Eu fico bem assim

-Tudo bem...Pra todos os efeitos eu sou Lucca, é um prazer fazer dupla com você! - estendeu a mão

-Regan - aceitei o cumprimento - que preferia ficar sozinha... - murmurei

-Então, Regan que preferia ficar sozinha, de onde você veio? - "droga" pensei "ele ouviu"

-Não me leva a mal, eu só não sou muito de fazer amizade...e eu vim da Filadélfia

-Jersey sucks (Nova Jersey é uma merda)

-É...

Ele me encarou com uma expressão desconfiada, mas divertida. Sem noção, eu diria. Passamos alguns segundos em um silêncio, dessa vez, agradável, até que ele disse:

-Sabe que eu não vou parar de te incomodar né? Eu posso ser bem obstinado quando...

-Eu diria insistente e irritante, e sim, você pode - cortei sua fala

-Eu me sinto motivado...

-Motivado?- ele murmurou um "é" como se fosse a coisa mais óbvia -Pelo que? O que é que você ta querendo, afinal de contas?

-Eu gosto de quebra-cabeças, srta. Wurtzbach, e você parece um dos complicados. - revirei os olhos

-Então é melhor você começar a procurar outro... 

-Nah, ainda vamos ser amigos, você parece legal.

Legal? É sério isso? Eu te dei todas as cortadas desagradáveis possíveis - pensei enquanto encarava, bufando, incrédula, arqueando a sobrancelha.

Antes que eu pudesse rebater, o professor fechou a porta da sala em um estrondo e começou a explicar o que queria para a aula do dia. Uma interface de linha de comando, simples, foi oque resolvemos fazer. Terminei minha parte antes do meio da aula, quando minha dupla tomou o controle da situação comentando algo sobre eu ser muito boa e finalizando o projeto.

Ele era muito bom. Aquela era a ultima aula do dia, então estaríamos liberados para ir embora assim que finalizássemos e fomos a primeira dupla a entregar, recebendo elogios do professor sobre os códigos sofisticados e o tempo de produção. Aparentemente meu parceiro tinha muito mais a oferecer do que eu tinha julgado antes.

Saímos da sala, andando em silêncio até nossos armários, prontos para ir embora. Chegando lá abri o armário pra guardar os materiais e, quando puxei o casaco verde de sempre, um envelope azul caiu no chão. Me abaixei para pegar o envelope pequeno, abrindo e vendo o recado escrito a mão em uma caligrafia bonita.

"Bem vinda, novata! Clube de robótica às quartas e sextas depois das aulas. Laboratório de robótica. Sala 110, prédio B, ala norte"

Fechei o envelope, depois de dobrar o papel e o alojar novamente em seu interior, colocando no bolso da calça em seguida. Guardei de volta o casaco e fechei o armário e saindo por aí à procura da sala. Quando achei já estava pensando em dar meia volta e ir embora. Atravessei as portas de vidro do laboratório e ao observar me agradei muito do local. Era tudo o que eu gostava reunido em uma bagunça de maquinas que sempre pareceria ter sua própria organização pra mim.

A sala era branca, clara e cheia de nerds e ninharia tecnológica. Um oásis no meio daquele deserto/selva mais conhecido como escola. As bancadas recheadas de peças e ferramentas me chamavam muita atenção. Interrompi minha análise da sala quando vi duas pessoas se aproximarem. Um garoto branco de cabelos castanhas e bochechas rosadas vinha em minha direção acompanhado de uma garota asiática baixinha muito fofa e aparentemente a única ali, além de mim.

-Oi, você deve ser a novata, eu sou Peter, vou te entregar suas coisas e mostrar tudo já que o nosso supervisor não veio hoje.

-Ok!

-Aqui, o seu jaleco, pode me chamar de Lily... ou Kim

Ela me entregou o jaleco branco de algodão. Tinha o brasão do clube no ombro e meu nome bordado em azul esverdeado no peito. Minha cor favorita. Apesar de não saberem disso, achei legal.

-Valeu... - eu disse. ela sorriu timidamente e foi se sentar em uma mesa nos fundos

-Você ocupou a ultima vaga do clube então a única bancada livre agora é sua - ele disse enquanto me acompanhava até o fundo da sala - Aqui tem umas gavetas, pra guardar suas coisas, e essa é a chave do seu armário, pra guardar seus projetos se quiser que ninguém mexa e as ferramentas ficam naquela parte - apontou um canto cheio de maquinas e armários

-Wow!..mais uma garota - um garoto gordinho chegou, colocando coisas na mesa à frente da minha. Peter pareceu envergonhado visto que seu rosto acendeu em vermelho

-Ned... ah, essa é a Regan, a garota nova, Wurtzbach, esse é o Ned - o garoto veio apertar minha mão, eufórico, e disse:

-Prazer!

-Igualmente...

-Bom, aqui nós desenvolvemos alguns projetos pra escola, você pode escolher um, em que área prefere?

-Pra mim tanto faz

-Então aqui estão os projetos disponíveis, você pode escolher um e falar com o supervisor na sexta

-Tudo bem...

-Vai ficar bem sozinha?

-Claro!

-Okay, bom primeiro dia então

-Valeu...

Me sentei e comecei a folhear os relatórios e a maioria era besteira inviável. Ideias totalmente mirabolantes em geral. Mas não foi de todo inútil. Acabei riscando grande parte de dois dos relatórios tentando compilar as partes úteis pra uni-los e dar forma a um novo. Quando percebi mais de três horas tinham se passado e a maioria já tinha ido.

-Oi...- Era Lily... Kim, que seja - Eu já terminei por hoje, sou a última que ficou, mas se você quiser posso ficar mais um pouco... pra você não ficar sozinha

-Não, não precisa, eu também já acabei por hoje.

Joguei os relatórios na gaveta junto com o jaleco e as canetas, me levantei e a segui até a saída, em silêncio, um silêncio agradável. Estava chovendo quando chegamos na saída.

-Sabe, eu não quero invadir seu espaço mas se precisar de alguma coisa no clube ou sei lá qualquer coisa eu posso te ajudar, você não parece o tipo que se enturma muito e eu... entendo como é...

-Valeu... - eu não sabia o que dizer, na verdade

-Então até a próxima... - ela se despediu

-Tchau... - falei enquanto a observava correr na chuva e entrar em um carro preto

Depois disso eu peguei o beco. Tomei o caminho usual na linha A do metrô e fiz como sempre. Fui pra casa, tirei o casaco e as botas molhadas, tomei banho e me deitei na cama em plenas cinco da tarde, tentando pensar sobre certas providencias que deveria tomar pra não acabar morrendo de fome ou frio quando o inverno chegasse. A chuva perdurou o resto da tarde e por boa parte da noite. Tive que afastar a cama para o outro lado do quarto aquele dia afim de evitar as goteiras e uma possível morte por afogamento, mas tudo ficou meio bem no final.

Só que aquele não era nem o mínimo do perrengue que eu ainda ia passar.