Capítulo seis

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Marcus

Desde que vencemos o reality show, as coisas mudaram da água para o vinho e uma nova era começou em minha vida. Só que eu não imaginava que nem tudo mudaria para melhor. O reconhecimento era incrível. Por onde íamos, os shows estavam sempre lotados e o público cantava junto com a gente todas as músicas. Era um prazer inexplicável. Consegui alcançar um objetivo pelo qual tanto lutei, porém a fama, as viagens e a distância, acabaram pondo um fim no meu namoro. O término do relacionamento me deixou arrasado, sem ânimo, abalado. Não conseguia me conformar com Fabiana ter terminado comigo por telefone. Queria vê-la pessoalmente, achava que precisávamos conversar.

Depois de três meses em turnê pelo país, teríamos quinze dias de folga e fomos todos para casa.

Ao chegar ao meu apartamento, decidi ligar para Fabiana, já fazia duas semanas que não nos falávamos.

Alô — ela atendeu, de forma ríspida.

— Sou eu, princesa. Tudo bem com você? — perguntei, receoso, enquanto sentava no sofá.

Tudo e com você? Já está em casa? Terminaram a turnê? — perguntou, não me parecendo muito interessada na conversa.

— Sim, acabei de chegar. Estou exausto, mesmo assim gostaria de te ver. Acho que precisamos conversar pessoalmente, né?!

Marcus...

— Não é possível que não queira me ver. Um amor não acaba assim! Por favor, vamos nos encontrar, precisamos conversar melhor — supliquei, chateado, até um pouco irritado com a situação.

Ok. Tudo bem... Quer que eu vá até aí?

— Claro, venha! — respondi, tentando me acalmar. — Vou tomar um banho e desfazer as malas e estarei te esperando.

Dentro de duas horas chegarei aí. Um beijo.

— Beijo! Eu ainda te amo... — desliguei, pensativo.

Desfiz minhas malas e encomendei um lanche por telefone antes de ir para o banheiro. Algum tempo depois o interfone tocou, era ela. Respirei fundo ao abrir a porta.

— Oi, meu amor, que saudade! — Envolvi-a em meus braços.

— Também tenho sentido muito sua falta... — Desprendeu-se de mim, com lágrimas nos olhos, fitando o chão. O que me fez abraçá-la de novo, afagando o seu cabelo.

— Venha, meu bem, entre. — Segurei-a pela mão. — Sei que não está sendo fácil, mas é o que sempre sonhei para a minha vida, não é mesmo? — disse, assim que sentamos no sofá de mãos dadas.

— Eu sei Marcus... — começou a falar de forma reticente, sem conseguir me encarar. — Eu também sempre desejei isso para você, até fiquei muito feliz com seu sucesso no início, só que com o passar do tempo comecei a ficar incomodada ao perceber como estavam sendo assediados. Nunca pensei que eu fosse tão ciumenta, mas é que a situação toda fugiu do meu controle. Não estou conseguindo lidar com isso.

Ela continuou a chorar e então beijei sua boca. Como ela me correspondeu, louco de saudades e desejo, desabotoei sua camisa e acariciei sua pele com delicadeza.

Nos meses que passei fora, depois de Fabiana ter terminado comigo por telefone, acabei saindo com outras garotas, era difícil resistir a tanto assédio, e eu estava com raiva, tentando a qualquer preço tirá-la da cabeça e do coração. No entanto acabou sendo só sexo vazio, que nada significou para mim.

Excitado, me livrei com pressa da minha roupa. Subi a mão pelas pernas dela devagar, fazendo seu corpo arrepiar, e tirei sua calça. Abri o sutiã como se estivesse fazendo aquilo pela primeira vez, admirando cada detalhe. Quando abocanhei seu seio, ela gemeu e arfou. Ensandecido, suguei o mamilo com luxúria, alternando lambidas e mordidas leves, satisfeito por notá-lo enrijecer e a pele toda arrepiar. Desci os lábios pela barriga chapada, até alcançar seu sexo. Como eu amava fazer aquilo com ela! Quando Fabiana gozou, nem dei tempo para que se recuperasse e a reposicionei no sofá, deitando sobre ela, me enterrando em seu interior úmido e quente. Aumentei a velocidade das investidas até que atingiu o ápice do prazer outra vez, me levando junto.

Terminamos suados e ofegantes. Ainda com o coração descompassado, a apertei contra meu peito.

— Eu te amo — sussurrei.

— Não... — começou a chorar e se desvencilhou de mim, levantando, procurando as roupas pelo chão, me deixando atordoado.

— O que foi, meu bem? — Levantei também, sem entender seu comportamento.

— O que acabamos de fazer não foi certo. — Enxugou o rosto com as mãos e empinou o queixo, me encarando, decidida. — Não quero mais, pra mim acabou. Não consigo namorar à distância e com tantas mulheres se oferecendo a você!

— Calma, meu amor. Nós vamos conseguir! E, quanto às mulheres, não se preocupe, são minhas fãs apenas.

— Não, Marcus! Não insista! Eu gosto muito de você, ainda te amo, mas isso vai passar... Desejo que seja feliz, que tenha todo o sucesso do mundo, só que eu realmente não consigo, me perdoa. — Suas palavras me deixaram sem reação.

Ela se vestiu, pegou a bolsa e saiu, me deixando desolado.

Eu não conseguia acreditar. Ainda a amava. O sexo tinha sido maravilhoso. Tinha a convicção de que namorar um cantor não era a coisa mais fácil do mundo. Contudo, achava que podíamos fazer dar certo.

Entrei no banheiro e tomei uma ducha fria. Arrasado, enviei mil mensagens de texto e outras tantas de voz e tentei ligar várias vezes para Fabiana, que não me atendeu, nem me retornou. Sentindo-me vencido, dormi o resto do dia.

Na manhã seguinte aproveitei que estava de folga para rever minha família. Precisava de colo para conseguir superar a dor que sentia.

***

Depois de uma semana, percebi que não tinha outro jeito senão tocar a vida para frente.

Num certo dia estava à toa em casa, tinha acabado de chegar da academia e tomado banho. Peguei meu notebook e fui olhar minhas redes sociais. Realmente, desde que a banda explodiu, e com todo o destaque que passamos a ter nas mídias sociais, as mulheres pareciam me desejar, e facilitavam qualquer tipo de aproximação. Dei uma olhada em vários perfis quando um pensamento fortuito me surgiu.

Por que não?

Entrei num perfil de uma garota que estava me dando bola, Laura era seu nome. Morava em São Paulo também, era bonita, loira, olhos verdes, pele morena-clara, tinha vinte e seis anos e trabalhava como gerente em uma empresa grande da cidade. Decidi arriscar, estava triste, entediado, queria me divertir um pouco. Mandei uma mensagem "in box" para a moça e continuei a atualizar minhas páginas com fotos da turnê e comentários sobre elas. Na mensagem perguntava se gostaria de me conhecer pessoalmente. Poucos minutos se passaram e Laura respondeu deixando seu número de telefone:

"Claro que sim! E que mulher não gostaria?"

Peguei o celular ainda indeciso se deveria ligar ou não. Resolvi ligar. Combinamos de nos encontrar no meu apartamento. Achei melhor não me expor em ambientes públicos. Laura era ainda mais bonita do que nas fotos, beijava bem, mas sua conversa me deixou aborrecido. Transamos, contudo mais uma vez foi só sexo. Não senti aquela conexão que esperava encontrar em alguém.

Será que estou mesmo pronto para recomeçar, para ter outra pessoa em minha vida? Fiquei pensativo depois que ela foi embora e, devido à angústia, demorei a dormir.


(Gostando da leitura? Deixem seus comentários! Bom final de semana! Beijos, Renata.)

Contra todas as probabilidades (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora