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VIVIANE

Olhar pra minha irmã na situação em que ela estava foi um baque pra mim. Tentei segurar a onda, afinal, não sou culpada de nada do que acontece com a vida delas.

Thatiana estava outra pessoa, era pele e osso, toda maltratada. Só de olhar, eu sabia que ela estava se vendendo e não a julgo por isso, já que cada um sabe das suas necessidades. Mas, tenho pra mim que se ela não fizesse metade do que fez, ela não precisaria passar por isso.

Daniel fica todo preocupado, porque ele sabe que por trás dessa marra toda, sou pura emoção.

Comemos bem, tomei até uma cervejinha com ele, coisa que não fazíamos há muito tempo e saímos de lá.

Enquanto o Dani ia pagar a conta e comprar um docinho pro Vini, fui na direção do carro. Estava doida pra chegar em casa, então, o que eu pudesse adiantar, adiantaria. Assim que pus a mão na maçaneta do carro, ouvi alguém me chamar.

Thatiana: É Viviane! — riu debochada. — Tá gostando dessa sua vidinha, né?

Eu não respondi, cruzei os braços e fiquei olhando ela se aproximar. O cheiro de álcool chegou primeiro que ela, eu só cocei o nariz e fiquei olhando em direção ao Elias, esperando que os meninos não viessem, o Vini não precisava presenciar isso.

Thatiana: Me responde, sua vadia. Sua vida tá uma maravilha, não é mesmo? E olha aqui pra mim... — abriu os braços. — Olha o que eu me tornei. Olha o que eu tenho que fazer pra sustentar meus filhos, pra ajudar minha mãe em casa. Enquanto você vive no luxo, tem carro, tem moto, tem sua casa. — eu não conseguia responder nada do que ela me dizia. — Sabe aonde a gente mora agora? De favor, numa casa que a igreja conseguiu. Você tá feliz por ter estragado a nossa vida?

Ela começou a chorar e eu fiquei como uma estátua. Vi a hora que o Daniel veio com o Vinícius e mais um colega dele, que se adiantou na mesma hora pra tirá-la de perto de mim, afinal, todo mundo conhece a nossa história aqui no morro.

Wesley: Bora Thatiana, bora. Você não pode chegar perto deles, sabe disso. Quer subir pro desenrolo? Vambora!

Assim que ela saiu, eu mexi a cabeça em sinal de positivo, agradecendo ao Wesley e entrei no carro. Logo o Dani chegou com o Vini, botando-o no banco de trás.

Fomos pra casa em silêncio, já que o Vinicius dormiu na cadeirinha.

Eu não conseguia tirar as palavras dela da cabeça, sua voz ecoava na minha mente e eu tentava, de todas as formas tirar aquilo, mas estava me perturbando de uma maneira muito dolorida.

Bala: Preta? — me chamou ao voltar do quarto do Vinícius. — Quer trocar ideia sobre o que rolou?

Viviane: Você acha que elas estão assim por minha culpa? — uma lágrima escorreu, mas eu sequei na hora.

Bala: Tá maluca, preta? — veio pra cima de mim, me deitando na cama. — Tu tem culpa de nada não, pacero. Elas estão nessa aí porque escolheram, tu não tem que se culpar não, po. Lembra das merda que elas fizeram contigo.

Viviane: Ela me falou tanta coisa, Dani.

Bala: E aí, amigo? Ela fala porque não tem mais nada pra fazer, tá ligado? E não é porque ela falou que é verdade. — me deu alguns selinhos. — Vagabundo, pra tirar o dele da reta, quer sempre um bobo pra culpar, mas nessa ela se fodeu, tu não é bucha pra cair no papo dela. Tira isso da tua mente, mô. Tem o dia da plantação e a hora da colheita, deixa elas cuidar da horta delas, já é?

5O TONS 🔥 - LIVRO 2Where stories live. Discover now