Estávamos em silêncio. Os únicos sons que nos acompanhavam eram o de nossas passadas e o de água corrente, soando bem distante de nós.
Thomas ia a nossa frente, conduzindo-nos com aparente certeza do caminho que estava seguindo. Nossas lamparinas formavam um círculo de luz a nosso redor, iluminando algumas poucas árvores da qual desviávamos, galhos e folhas acimas de nossas cabeças e musgo sob nossos pés.
Algo estalou em minha mente. Musgo?
Olhei ao redor e notei que havia muito musgo crescendo naquela região. No chão, nas bases das árvores e até mesmo em galhos altos.
"Vocês precisam caminhar sempre onde o sol é capaz de tocar". Lembrei-me da fala sombria daquela senhora.
Parei instantaneamente.
_ Ahn... Gente... - todos cessaram os passos e me encararam. - Musgo só cresce onde há pouca incidência de sol, não é?
_ Pouca ou nenhuma. - respondeu Sofia, com uma ruga se formando entre as sobrancelhas. De todos nós, ela era a que mais entendia de plantas. Estudava isso na sede da Luz.
Minha garganta secou.
_ Caminhar sempre onde há luz... - comentou Laura, empalidecendo. - Foi isso o que aquela senhora nos disse?
_ "Caminhar sempre onde o sol é capaz de tocar". - repeti em tom soturno a fala da qual me recordara há pouco.
Minha nuca formigou. No mesmo instante, xinguei-me mentalmente por não ter trago a adaga que havia guardado no fundo da mochila.
Vinícius e Dendras, que carregavam as lamparinas, começaram a iluminar o espaço ao redor. Todos estávamos tensos.
De repente, um sussurro me fez lembrar de outra parte da fala da senhora: "o mal vem do chão".
Senti a cor sumindo de minha face.
_ Chão... - observei os musgos. - O mal vem do...
BUM!!!
O chão explodiu. Terra voou para todos os lados. Fomos arremessados cada um para uma direção diferente. As lamparinas se apagaram.
_ CORRAM! - gritei. Mas para onde?
Estava tudo muito escuro. O chão tremia sob meus pés. Que diabos estava acontecendo?
De repente, ouvi um grito estridente.
_ Raízes! - exclamou Laura em algum lugar a minha direita. - São as raízes!
Olhei para trás enquanto corria desesperadamente e entendi o que ela queria dizer.
As raízes das arvores estavam saltando para fora do chão com brutalidade, lançando terra para os lados e nos perseguindo em seguida.
De repente, caí. Olhei para o chão e notei que havia tropeçado na perna de Thomas, que, por sua vez, havia sido agarrado pelas raízes furiosas.
Só fui capaz de enxergá-lo porque, em sua mão, uma mini lanterna estava acesa enquanto que, na outra, um canivete aparentemente afiado estava pronto para partir as garras de madeira.
Sem pensar duas vezes, arranquei o objeto afiado de suas mãos e desferi um golpe sobre as raízes.
Elas se partiram. Ajudei-o a se levantar e voltamos a correr.
O que faríamos?
Adrenalina percorria meu corpo. Meus ouvidos zuniam. Que tipo de magia era aquela?

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O Ciclo de Sangue - A Queda do Legado (livro 03)
FantasyNicolas é o segundo, último e inesperado filho de Lucy e Ícaro. Tem dezenove anos, foi criado na sede dos Luminescentes e, desde sempre, treina para ser um guardião. Entretanto, como seu irmão adotivo, Dendras, sempre diz, ele não é apenas um guardi...