IV - Contato Imediato

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— Nick, acalme-se. Eu sei que é muita coisa, mas vou explicar o que puder para você.

Ele tentava não surtar. Entretanto, seu corpo tremia com a possibilidade de que tudo aquilo fosse verdadeiramente real. Os olhos dele dançavam, perdidos pela nave. O garoto não conseguia acreditar que o que Zara havia dito há pouco não era brincadeira. Ela se aproximou dele e o amparou, tocando seus braços.

— Está tudo bem, Nick?

— Assumo que estou um pouco nervoso. Ainda não consigo entender o que está realmente acontecendo...

— Fique tranquilo. Prometo a você que, em breve, vai saber muito mais do que imaginou sobre as estrelas. Tenho certeza de que vai gostar do que ouvirá.

Ela se manteve em silêncio por um momento, como se criasse coragem, antes de falar:

— Estamos aqui em uma missão para encontrar você. Temos um motivo muito especial para isso — Zara começou a dizer. — Ingressei como aluna na universidade em que estuda exatamente com essa função. Foi fácil conseguir uma vaga, pois podemos entrar nos sistemas de informação terrestres e alterá-los sem maiores problemas. Eu ia apenas encontrá-lo e tentar convencê-lo a nos ajudar, mas quando me adaptei a este corpo — disse, erguendo os braços —, tive as mesmas sensações e vontades que vocês, humanos, têm! Foi inevitável sentir algo a mais por você, Nícolas. Por isso, me entreguei sem qualquer inibição e foi maravilhoso. Sei que tem muitas dúvidas sobre nós, Nick, mas conversaremos depois, sem testemunhas, tudo bem? — Ela sussurrou as últimas frases no seu ouvido. — Fique calmo, por favor.

— O quê? Então você não é a garota que conheci, meiga e carinhosa, que sussurrava palavras doces aos meus ouvidos? Quem é você de verdade? Por que me fez ficar apaixonado por você? — Nícolas disse, quase surtando.

Por um instante, parecia que estava delirando. Zara, vendo que o garoto se alterava, tentou acalmá-lo, abraçando-o. A princípio, ele tentou se afastar, mas fragilizado e cheio de dúvidas como se encontrava, aceitou o aconchego do abraço da garota por quem se deixara cativar. Depois ele a empurrou com suas mãos a afastando, enquanto tentava achar respostas para o que acontecia.

— Nick, fique tranquilo. Vou contar tudo e verá que temos um bom motivo...

Ele não conseguia compreender muito bem o que ela estava dizendo, mas não teve muito tempo para refletir, pois três homens se aproximaram por uma porta que ele ainda não havia notado. E apesar das palavras de Zara, que tentava tranquilizá-lo, começou a suar frio e sentir palpitações.

"Se ela disse que utilizou um corpo humano para se aproximar de mim, os caras devem também ser diferentes do que se apresentam" — nervoso, ele pensou em mil possibilidades — "Será que vão sugar a minha mente ou fazer alguma experiência? Será que me levarão a uma viagem ao espaço? Vou acordar, certamente devo estar sonhando! Eu confio na Zara, mas agora sei que não a conheço realmente. E se a confiança não for merecida? E se ela, junto com os três desconhecidos, quiser meu mal? Quem são eles, afinal de contas?"

Não houve muito tempo para seus devaneios. Logo, um deles se aproximou e, pela sua postura, deu a entender que era o responsável pela equipe.

— Saudações! Meu nome é Sivoc, sou o comandante desta nave. Acredito que Zara já lhe explicou de onde nós somos.

O garoto respirou fundo, ficou com os olhos arregalados, esperando o que ia acontecer. Não havia como fugir. Sintonizou seus ouvidos para saber o que aquele ser tinha a dizer.

O comandante tinha uma aparência terrestre. Era asiático e bem alto com olhos castanhos claros, cabelos pretos lisos e sorriso largo. Usava um uniforme azul marinho com um tecido que brilhava quando tocado pela luz. Seu semblante era sério e demonstrava preocupação quando olhava para os outros tripulantes da nave. Um deles se sentou e começou a mexer nas holografias. Zara também estava parada, apenas observando a cena que se desenrolava. O outro homem continuou em pé, atento à conversa.

Os Filhos do TempoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora