IV - Contato Imediato

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Nícolas abriu os olhos e ficou perplexo, vendo um mundo que só imaginou nos livros e filmes de ficção científica. Começou a observar que estava cercado de uma tecnologia extraordinária, com uma quantidade incomensurável de instrumentos cujas funções ele mal podia imaginar. Estava em um ambiente amplo, de formato circular que parecia ser confeccionado de aço espelhado e vidro. Olhou para cima e observou o teto prateado com uma luz azul em seu centro, logo acima de sua cabeça. Painéis holográficos em 3D circundavam a sala, mostrando informações diversas com gráficos virtuais.

Mesmo confuso com tanta informação, o garoto entendeu que se encontrava naquele momento dentro de uma nave espacial. O interior era asséptico com muitos detalhes em branco na ponte de comando. Tocou a superfície polida que envolvia uma espécie de controle central dos equipamentos para sentir se tudo aquilo era real. Respirou profundamente o ar puro e pesquisou se havia algum odor peculiar. O cheiro era de jasmim. Reconheceu o perfume, arregalou os olhos e depois mirou todos os lados para ver se alguém estava por perto, pois ele sabia que aquela fragrância era de Zara.

No entanto, o silêncio absoluto era sua única companhia por ali.

Ainda se sentindo perdido, ele admirava tudo à sua volta; reconheceu a Via-Láctea rotacionando lentamente numa holografia projetada de uma fonte arredondada. A imagem destacava um planeta azul que girava e flutuava no braço de Órion. Ele poderia reconhecer o planeta em qualquer holograma que visse. Era a Terra. "O planeta mais lindo e perfeito do Universo", pensou enquanto analisava a imagem projetada em três dimensões.

Ao lado, também reconheceu a galáxia Andrômeda. Um planeta também se destacava na holografia, como se estivesse sendo monitorado. Ele pôde perceber que ele tinha alguma coisa de especial e ficou curioso sobre seu nome.

"Que planeta será este? Como fui capaz de chegar aqui? Onde está Zara? Será que estou sonhando?"

Muitas perguntas sem respostas eclodiam em sua mente. Acuado e confuso, pegou o celular para tentar ligar para sua mãe ou para Sanches. Mas o aparelho não funcionava e ele percebeu que estava solitário.

Boquiaberto e com medo, restava-lhe admirar a alta tecnologia da nave. Viu que uma das paredes era construída com algo parecido com vidro, parcialmente transparente, o que permitia aos tripulantes observar o exterior. Tudo ali era muito intrigante. Nícolas se aproximou e pôde ver o planeta Terra logo abaixo. Olhando dali do alto, era possível ver a superfície redonda do planeta e como tudo parecia extremamente pequeno.

Pôde ver as águas azuis dos oceanos contornando as superfícies marrons e verdes por todo o globo. Cidades, países, continentes e ilhas num giro ininterrupto, algumas cobertas por nuvens carregadas que liberavam relâmpagos, parecendo faíscas vistos daquela distância. Ele poderia ficar ali observando aquele espetáculo magnífico por horas.

"Nunca imaginei que um dia veria algo tão maravilhoso!"

Voltou a mirar o ambiente que o cercava. As paredes eram revestidas de um material de cor prata espelhado que ele não conseguia identificar, em um tom bem claro, que refletia a luz e a dispersava pelo ambiente. Tais superfícies eram lisas e brilhantes. "Será uma espécie de tecnologia para economia de energia?"

O tamanho daquela sala era outra coisa que intrigava o jovem. Parecia ter mais de cem metros quadrados e ele logo imaginou como deveria ser grande aquela nave. Ele não conseguia ver botões nem alavancas; aparentemente todo o controle se dava por holografias.

Era muita informação, tudo muito surreal até mesmo para uma mente como a dele.

De repente, uma passagem se abriu no meio de uma parede de aço. Uma garota, já conhecida de Nícolas apareceu, vestindo um uniforme na cor branca. Zara caminhou em direção ao garoto e, percebendo que ele estava nervoso, sorriu docemente:

Os Filhos do TempoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora