If you like making love at midnight
In the dunes on the cape
Your the lady I’ve looked for
Come with me and escapeAdora estava cansada de sua namorada.
Não que Tara fosse feia, ou que não fodesse bem (apesar do namoro não ser baseado em sexo). Apenas o relacionamento delas que tinha caído na rotina, na mesmice de sempre. Nem as saídas juntas, os jantares, nada as faziam ficar mais unidas. Ficavam presas em seus próprios mundos, já não tinham as longas conversas de quando começaram a namorar. Não haviam mais tantas palavras carinhosas, e o “eu te amo” foi ficando cada vez mais frio.As duas, apesar de tudo, tinham várias coisas em comum. Gostavam de exercícios, e de ir à academia (onde se conheceram), não se importavam muito com aparências e adoravam cães.
Mas as coisas em comum acabavam aí.Tara era muito mais tecnológica do que Adora. Passava muito tempo no videogame ou no celular, qualquer coisa era direto no microondas, e quase tudo era automatizado no apartamento dela. Também curtia festas lotadas e shows de rock dos quais quase saíam surdas quando iam.
Já Adora, bem, ela gostava de levar um ritmo mais lento. Curtia músicas dos anos 60 aos 90 e, sinceramente, não ‘tava nem aí pro seu jeito de vestir (mesmo que fosse arquiteta). Sua vantagem, era que “vintage” e “retrô” estavam em alta, já que preferia muito mais o conforto de um jeans e camiseta larga, do que vestidos apertados e saias. Não trocava seu tênis por sapatos de salto, e também preferia ouvir suas músicas no velho walk men, e não numa caixa de abelhas, vulgo som do carro que nem tinha um toca fitas.
Em resumo, ela amava tudo o que era antigo.
E, bem, em seus vinte e seis anos, conheceu poucas pessoas que compartilhavam do seu gosto. Uma delas, Adora tinha dito adeus há muito tempo, quando ainda tinham uns dezenove ou vinte. E era muito comum se pegar pensando nela, principalmente quando o seu namoro não era exatamente o que procurava. Tara não tinha o que tanto procurava em uma mulher, e, certamente, aquilo não era culpa dela...
E depois de passar uma noite inteira acordada, após uma noite de sexo, enquanto ela dormia, tomou uma decisão importante. E, francamente, ela não estava se preocupando muito que o término delas fosse baseado em um anúncio curioso na página dos classificados no jornal — sim ela ainda lia jornais. —, onde alguém denominada Kitty publicou as seguintes palavras:
“Se você gosta de piña colada, e de coisas antigas. Se não dá bola para o que veste, e prefere ser você mesma. Se gosta de fazer amor de madrugada, e caminhar debaixo da chuva. Então eu sou quem você anda procurando, escreva pra mim, e vamos nos conhecer.”
Adora achou aquilo muito divertido. Só mesmo alguém tão diferente quanto ela publicaria uma coisa assim. Não tinha número, só um endereço de email: Felinapurrrr@gmail.com. Resolveu entrar na brincadeira de identidade falsa, então criou um email apenas pra ter contato com ela: theShirrra@gmail.com, e mesmo sabendo que não era lá uma grande poeta, escreveu uma resposta, que na sua opinião não estava lá tão ruim.
“Sim, eu gosto de piña colada, e amo estilo vintage. Gosto de escutar músicas antigas, e adoro champanhe. Vou te encontrar às três da tarde de amanhã, na cafeteria da Tia Razz. Venha com um gorro vermelho, então saberei quem é você.”
[...]
Adora não perdeu tempo em terminar com Tara, mesmo que isso parecesse bem rude. Pelo menos estava sendo sincera, como há muito tempo não era. E já estava na hora de cada um seguir sua vida. Sua chance de fuga a encontraria na sua cafeteria favorita, logo à tarde.
Então ela esperou ansiosamente que chegasse a hora, e, já na cafeteria, estava ainda mais ansiosa.
E, quando ela chegou, Adora não pôde conter a surpresa. Claro que ela usava, por cima dos cabelos curtos e cacheados de cor castanho-escuro, o gorro vermelho que pediu, além da camiseta branca por dentro de uma calça jeans, e o All Star de cano alto preto.
Ela reconheceu os olhos heterocromáticos. Reconheceu também as sardas pontilhadas por seu rosto travesso, e a tonalidade escura da sua pele sedosa.
E, quando aqueles olhos pousaram nela, e a viram encarando descaradamente com um misto de surpresa e agitação, a ficha dela logo caiu.A boca sinuosa se abriu em um sorrisinho, e ela se aproximou da mesa onde estava.
— Então, é você a Shirrra — sua voz saiu em um misto de sarcasmo e diversão, que lhe era deveras característico. Além do ronronar bobo...
— Catra... — ela murmurou, enquanto a morena se sentava na cadeira da sua frente.
— Faz muito tempo, não é, Adora? — seu sorriso se tornou afável.
— Faz — a loira piscou. — Uns seis anos..., acho.
Não era atoa que Adora se sentia tão aturdida. Porra, Catra Applesauce fora sua namorada na adolescência, e antes foram melhores amigas. Tiveram a primeira vez em tudo, juntas. Primeiro beijo, primeira transa, primeiro amor, primeira namorada. E, sinceramente, ela nunca conseguira tirar a latina da cabeça, mesmo depois de tanto tempo.
Elas tinham um namoro feliz, ativo, regrado à melosidades românticas, música antiga, carinhos e piadas. O único problema era que elas, um dia, começaram a acreditar que não tinham uma na outra o que procuravam em uma parceira. E isso as afastou, até que acabaram terminando, como amigas. Sem escândalos e sem brigas.
Logo em seguida, Catra foi embora pra Roma, estudar arte como era seu sonho desde menina, e nunca mais se viram... até aquela tarde.
E vê-la daquele jeito, bem mais bonita, encorpada, segura de si... aquilo mexia com ela. Ainda mais porque, bem, terminaram uma com a outra no passado por estarem procurando algo. O mais irônico nisso tudo, era que precisaram se afastar e ficar seis anos sem se verem, pra conseguir enxergar o que não viam naquela época.
Aí acabaram se reencontrando por meio de um anúncio de jornal...
— Como você teve a ideia de colocar aquele anúncio? — Adora perguntou, depois de algum tempo de conversa.
— Ah, foi ideia da Scorpia, claro — ela riu. Scorpia era uma velha amiga delas. — Voltei pra Etheria faz quase duas semanas, e ela me desafiou a procurar você. Como eu não fiz isso, ela me obrigou a escrever o anúncio.
Adora piscou.
— Me procurar?
— Olha, Adora, a verdade é que eu nunca esqueci você — Catra mordeu os lábios. — Mas você estava namorando, e eu não ia impor minha presença, sabe? Achei melhor ficar afastada.
— Eu também pensei em você todo esse tempo — a loira riu de leve. — E já que você gosta de piña colada, e de ser autêntica. Que tem adoração pelo vintage, e pelo gosto do champanhe. E ainda gosta de fazer amor de madrugada, e ouvir música antiga. Você sempre foi a garota perfeita pra mim, que tal fugir comigo?
°·..·°¯°·..· ⚔️🌈 ·..·°¯°·.·°
Inspirada nessa música:
Espero que tenham gostado, amo vcs ❤

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ιƒ γου ℓικє ριи̃α ϲοℓα∂α
Fanfiction❝Onde Adora (re)encontra o amor em um anúncio de jornal.❞ [L]GBTQIA+; One-shot;