Prólogo

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Antes

O mundo o qual uma Criatura muito poderosa dominava se encontrava, finalmente, em uma paz absoluta, em que Ele mesmo havia conquistado com todo o seu suor e lágrimas.

Agora, todos viviam em harmonia e longe de guerras, intrigas e, principalmente, do ódio que era por muitas vezes capaz de destruir uma nação inteira. Pois bem, esse mal seria extinto e cortado pela sua raiz enquanto Ele estivesse sentado no Trono.

O Supremo, como se chamava, passou anos e anos observado os seres inferiores, os quais Ele protegera com garras e presas. E como consequência, todas as suas terras se encontravam em paz, onde nenhum mal poderia entrar tão facilmente.

Então, O Supremo se dedicou por séculos em analisar o desenvolvimento em que faziam, sem precisar da ajuda Dele. Por anos observando-os, percebeu que nos corações dos seres inferiores brotava um sentimento que rodeava todo aquele lugar e que com o passar das eras aquilo só estava aumentando muito rapidamente. O amor.

Todas as famílias de seu reino estavam felizes, educando e criando os seus filhos revestidos por uma densa camada de carinho e zelo. Ele também via os fazendeiros cultivando e adubando as suas terras com um certo cuidado especial que um dia Ele quem tivera que fazer e assim os camponeses davam vida aquele lugar, sem precisar Dele.

A verdade era que O Supremo havia se tornado inútil, ao não ter nenhum perigo rondando suas terras para que Ele combatesse. Sem falar que os seres inferiores evoluíam muito rapidamente, não precisando de Sua ajuda para os afazeres que garantiam o sustento deles nos campos, que geravam comida e os abasteciam com o que era necessário.

O Grande Poderoso, pela primeira vez, quis ser como eles. Queria alguém para cuidar, para se preocupar e especificamente para amar e esse sentimento foi crescendo e crescendo em seu peito, até que Ele não tivesse a certeza de mais nada, apenas desse pequeno broto que nascia em sua essência, se solidificando aos poucos em sua carne.

Sim, Ele também queria alguém para chamar de Seus Filhos, fazer uma família rodeada da alegria em que havia construído em todas as suas terras conquistadas. Enquanto todos achavam que Ele tinha tudo, Ele percebia o quanto era vazio por dentro, vivendo por todos esses séculos sozinho.

Se sentindo sufocado com aquela sensação de querer e poder fazer, mas ainda assim não o fazer, por conta dos inúmeros questionamentos que rondavam a sua mente, com a probabilidade daquilo dar errado.

E se não gostarem de mim? — perguntara ele para o seu próprio reflexo no espelho adornado de ouro que mantinha em seu quarto.

Ele balançou a cabeça, descartando a ideia. Eu sou o Supremo, todos gostam de mim, pensou.

Então, Ele parou de dar infinitas voltas em Seu quarto constituído de pedras preciosas, que lhe fora presenteado em datas festivas dos seus queridos seres inferiores, como uma forma de agradecimento aos seus feitios para com eles, então uma certeza tomou conta dele, fazendo-o relaxar e repetir consigo mesmo:

Eu sou o Supremo. Eu posso fazer isso. Eu vou fazer isso.

Sem pensar duas vezes, para que não perdesse a coragem que lhe atingira como uma flecha certeira em seu peito, foi em direção ao Rio Eudora, onde a vida corria livremente por entre suas águas cristalinas e belas, tendo um brilho como de diamantes ao refletir a luz do sol.

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