Capítulo 01: Banhwan

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– Apagou a luz do quarto, mocinha? – A avó disse, sem se virar, enquanto mexia o molho do jantar.

– Droga.

Hyo correu de volta ao quarto. Como viviam em uma casa térrea, não precisava se preocupar com escadas, então em menos de um minuto estava sentada de volta à mesa. Sook serviu os Tteok-bokki em um prato grande no centro da mesa redonda. Assim que ela se virou, Hyo fez menção de pegar.

– Ainda não. – A vó disse, séria, de novo sem se virar. Sook jamais permitiria que Hyo comesse Tteok-bokki sem uma salada especial que a avó havia criado de acompanhamento.

Hyo serviu-se das folhas e dos bolinhos crocantes. O molho estava apimentado para a língua de Hyo, enquanto Sook mal sentia. Enquanto jantavam, Sook contava história do restaurante, dos seus auxiliares – Hyo não conseguia viver sem as fofocas da vida de Hee-Young, a mocinha responsável pelas carnes do restaurante – e dos clientes que vinham agradecer pessoalmente pela deliciosa comida.

– Todos sabemos que a senhora, vó, cozinha muito bem. – Hyo disse, dando de ombros em tom brincalhão para os agradecimentos da avó. – Quero saber de Yoo Joon voltou para esposa.

– Qual delas? – Sook retrucou, abrindo um sorriso discreto, mas logo mostrando os dentes brancos ao ver o rosto estupefato da neta. – Exatamente. Hee-Young descobriu que ele tem outra esposa, e gêmeos, por sinal, vivendo em Yecheon!

– Esta não é a cidade onde ele trabalhava a cada quinze dias?

Hyo lembrava-se que Yoo Joon, marido – agora ex – de Hee-Young, era engenheiro trabalhando para uma empresa baseada em Seoul, onde elas também viviam. Entretanto, ele passava quinze dias de cada mês em Yecheon, no sul do país. Sua avó – e, portanto, a própria Hyo – não tinha detalhes no que exatamente ele trabalhava na cidade, mas nenhuma das duas jamais imaginou que envolvia anatomia feminina.

– Eu queria muito ter visto o barraco que ela armou quando descobriu. – Sook disse, entusiasmada, o que a deixava vinte anos mais nova. – Agora, ele está morando em um motel há algumas quadras de onde trabalha. Hee-Young disse que pensou em queimar todas as roupas que ele deixou para trás, mas pensou bem, e achou melhor doar tudo – ela enfatizou bem a palavra – para caridade. – Hyo riu em voz alta, sem se preocupar se os vizinhos podiam ouvir ou não.

Foi a vez de Hyo de contar coisas que haviam acontecido com as pessoas de sua sala de aula. Contou sobre Daeshim, um menino lindo e maravilhoso, com olhos claros e cabelos loiros – pintados, mas que por alguma razão combinavam perfeitamente com ele – que a tinha chamado para ir a um baile. Hyo, apesar da imensa paixãozinha que sentia por ele, disse que ia pensar – o que, para ela, era código para "vou perguntar para meus guardiões legais" enquanto para o outros era "vou perguntar para meus pais".

– E o que eu ganho deixando você ir nesse tal baile? – Sook perguntou, com um sorriso no rosto; Hyo odiava quando a avó tentava tirar vantagem de suas vontades, mas ao mesmo tempo, achava graça.

– Eu lavo a louça do jantar? – Ela indicou as panelas e pratos sujos que colocava na pia.

– Só? – Seu tom era brincalhão. – Um baile merece pelo menos uma semana de louça lavada. Hyo revirou os olhos, irritada e controlando o riso simultaneamente.

– Fechado.

Antes de começar a lavar, ela separou a louça junta, colocando-as na ordem que colocaria no escorredor, assim, ela teria tudo perfeitamente encaixado ao organizá-las para secar. Começou pelos pratos, três apenas, enfileirando-os em seguida; depois foi para as panelas, o que foi mais fácil do que Hyo tinha imaginado. Sook havia comprado panelas novas, o que significava que a comida não grudava durante o preparo – isto mudaria com o uso. Por fim copos, que ficaram no beiral da janela, com um quarto da boca para fora, e os talheres, que foram colocados de ponta cabeça numa vasilha com furinhos em baixo – para não deixar a água acumular.

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