O jovem cultivador teorizou que o homem falando estava mais para um jovem adulto, assim como ele, por volta de seus 26 anos, mas trazia um ar de inocência em suas palavras.

"Não precisam saber meu nome. Agradeço pelos pensamentos tão honrosos. Porém, também não preciso de benção. Seria uma perda de tempo para os próprios deuses abençoarem alguém como eu. Digo na maior sinceridade". Fai Chen, como um homem desacreditado, achava um desperdício o grande Imperador de Jade, dar bênção a ele, um ser humano que existia sem mais salvação.

Um silêncio mortal permaneceu por alguns segundos, antes que uma terceira voz e dessa vez, igual a primeira, rouca e grossa, dissesse palavras que ousaram criar uma curiosidade em Fai Chen.

"Garoto, você é extremamente pessimista. Esses pensamentos tenebrosos são resultados de sua cegueira? Pois bem, eu e mais colegas de trabalho ouvimos um grupo de belas jovens em um almoço sobre uma possível mulher com o poder de curar os enfermos."

"Hum? É mesmo?"

"Não mentiria para o jovem que salvou minha vida. Sim, é verdade. Depois de ouvir esse mito vindo das mulheres, mais uma vez o acabei escutando em umas de minhas viagens ao encontro do clã Hong. Alguns dizem que essa mulher poderosa está aprisionada no calabouço desse clã, outros dizem que ela é, na verdade, uma deusa, e até mesmo já ouvi pessoas insinuarem que a grande mulher está escondida nos vales do Rio Amarelo. Porém... ", o homem parou de falar, criando ainda mais curiosidade em Fai Chen.

"O que?"

"Todos... os curiosos que foram em direção ao Rio Amarelo, nunca mais voltaram."

Novamente, o silêncio entre o grupo e Fai Chen foi sentido. Mas, logo o jovem cultivador cortou o silêncio, se despedindo dos mais velhos, dizendo que pensaria a respeito das palavras de ajuda dos mesmos.

Fai Chen andava em direção a sua cabana, pensando seriamente sobre tudo que havia escutado. Existiria mesmo uma mulher com o poder de curar os enfermos? E o caso de Fai Chen, seria considerado enfermo? Várias perguntas martelavam a mente do jovem, que se sentia um tanto ansioso e esperançoso pensando nelas. Graças a essa mudança de humor, quase que Fai Chen não escutou um barulho estranho vindo às suas costas. Quase. O jovem se virou rapidamente, tocando a bainha da espada, pronto para atacar quem fosse.

Porém, algo lhe surpreendeu. Seu manto foi pego e puxado por uma mão humana e suspirou, decepcionado.

"Sou cego. Não está percebendo? Não posso ajudar um homem". Ele disse, apontando para a venda em seus olhos.

Fai Chen não sabia como reagir e apenas esperou as próximas ações da pessoa que o agarrava. Logo, escutou lamentos pesados e uma frase, que nunca havia ouvido sair da boca de um homem antes, foi escutada claramente e o pobre coração abandonado, não pode deixar de sentir.

"Eu quero viver."

Fai Chen levantou a venda, olhando um homem derrubado perante a seus pés, com os olhos já fechados e suspirando fraco. O jovem cultivador se sentiu na obrigação de ajudá-lo, por mais que um receio preenchesse sua mente. Por que ele, nessas condições, estava vagando por uma floresta solitário sendo que queria viver? De todo jeito, em segundos, já havia colocado o homem desmaiado e misterioso em suas costas, caminhando o mais rápido ainda para sua cabana.

Ao chegar em seu simples lar, o cultivador deslizou o corpo do outro em sua cama, deixando-o confortável e mais claro para sua visão. Fai Chen olhou atentamente para o jovem, que aparentava ter sua idade ou alguns anos a menos; seus cabelos eram pretos e longos, sua pele era pálida e suas roupas estavam completamente rasgadas, deixando evidente os detalhes vermelhos nas mesmas. O observador soltou um suspiro, percebendo que uma grande parte do corpo do desconhecido estava cheia de arranhões profundos, fazendo-o refletir: Depois de tantos machucados como estes, como sua pele aguentou por tanto tempo?

Já preocupado, pegou uma toalha, enchendo-a a de água e repousando em cada machucado do mesmo, colocando alguns curativos em seguida. A pele do jovem era como uma armadura, que por mais que estivesse cheia de cortes das espadas, continuava indestrutível. De qualquer maneira, o jovem desmaiado não poderia continuar a usar essas roupas sangrentas e sujas que o envolviam, então, antes de Fai Chen colocar suas vendas novamente, deixou um conjunto de roupas pretas por perto, a fim de que o jovem as vestisse quando acordasse, o que também, não demorou muito.

O cultivador, estava prestes a sair da beirada da cama e preparar um chá, quando sentiu a mesma mão que pegou seu manto, pegar seu braço com uma leve força de atenção. Como já estava vendado, não conseguiu analisar a reação do jovem ao vê-lo, mas pelas primeiras palavras, já conseguiu raciocinar muito bem o que ele estava sentindo.

"Quem é você, Cegueta?"

O jovem estava confuso e sendo mal-educado.

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Observações:

- Imperador de Jade: considerado como o "todo poderoso" deus chinês. Em uma das versões sobre a criação da humanidade, diz que o Imperador de Jade, depois de todo o ambiente que o cercava ser criado, se sentiu muito sozinho. Então, foi até o Rio Amarelo, pegando um tanto de barro e moldando diferentes formas. Porém, uma grande chuva começou e o Imperador só conseguiu salvar alguns moldes, deixando os outros para trás. Os que foram pegos por ele, se tornaram os humanos saudáveis, já os que foram deixados para trás, são considerados os enfermos de acordo com a mitologia.

- Rio Amarelo: foi ao longo desse rio, que a civilização chinesa começou.

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- ale yang on -

Primeiro de tudo, eu estou muito feliz com todo o apoio que recebi no primeiro capítulo! Sério, é algo muito gratificante para mim. Eu amei ler cada comentário positivo, incluindo, várias pessoas falando sobre o precioso tesouro da novel, Fai Chen.

Como já mencionei no Twitter, é a minha primeira história depois de muito tempo sem escrever alguma. Então, caso tenham alguma crítica construtiva, por favor, digam! Sobre o lado gramatical, uma amiga minha (Laura) já está me ajudando bastante na revisão, mas de qualquer maneira, também podem falar a respeito. Adoraria ler cada comentário de vocês e o que estão achando do Fai Chen e agora... o que estão esperando do querido, Hu Long. Caso não consigam comentar por aqui, me chamem pelo Twitter!

A minha mensagem para vocês sobre o próximo capítulo é: que comecem os jogos e até sexta-feira!

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