Capítulo 20

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Bryan

Mil teorias  se passam na minha mente nesse exato momento. E de uma coisa posso garantir nenhumas delas são boas. Quando mamãe engravidou minha primeira reação foi de negação! Pensem comigo, se eu não tinha a atenção dela antes imagine depois que eu tivesse um irmão tudo ia piorar. E foi o que aconteceu mais não do jeito que eu pensei, por que ao invés dela o mimar, o prestigiar na escola, e lhe a devida atenção esse papel foi totalmente designado a mim.
E por muitos anos eu odiei sua atitude.

Mais no final das contas eu aprendi a gostar da ideia por que no fundo eu sabia que eu não estaria tão sozinho mais. Só que em um dia trágico eu tive uma discussão bem feia com meu pai, e então eu comecei a descontar todas as minhas frustrações no meu irmão.

Alguém que sempre me amou em meio aos meus dias cinzentos e conturbados. Sua especialidade era me arrancar um sorriso bobo com suas descobertas sem sentido. As piores delas eram: Bryan por que eu devo escovar os dentes antes de dormir? Se quando eu acordar terei que escovar eles novamente.

Se nos não ver o ar, então os peixes não ver a água?

Os peixes sentem sede?

Por que tudo junto se escreve separado e separado se escreve tudo junto?

Por que a caixa da pista e quadrada se a pista é redonda?

Se os cegos não enxergam nada, como é que eles sonham?

Se o nome da cor é laranja, por que o limão não se chama de verde.

Eram muitas e outras perguntas, e adivinhem, eu parecia outro idiota tentando achar as respostas pra tudo isso.
Mais apesar de tudo, eu me divertia com meu irmão, por muito tempo tive um amigo e infelizmente deixei de saborear essa sensação por puro egoísmo.

E cá estou eu correndo como nunca, tenho plena certeza que ganharei muitas multas. Só que agora não consigo me importar muito com isso.
Estaciono em frente ao hospital, e coloco a moto de qualquer jeito na calçada.

Passo pela recepção e não faço questão de conversar com ninguém.

Sigo em direção a ala do meu irmão e paro de andar por um momento assim que vejo minha mãe sentada numa das cadeiras posicionadas naquele ambiente.

Com a cabeça apoiada no colo e seu choro estridente o meu coração começa a acelerar e não tenho mais certeza se quero saber como ele está.

—M-Mãe? — A chamei incerto.

Assim que houve minha voz, ela levanta seu olhar na minha direção e se levanta me abraçando forte.

— Filho! Eu nem sei como dizer isso eu estou... Tão...

— Mãe a senhora está me assustando o que aconteceu? -indago nervoso.

— E o Tyler meu filho! Ele acordou e..

— Espera ele acordou, o que estamos esperando? Vamos entrar! Eu tenho tanta coisa pra falar para ele. -A interrompo eufórico a puxando para o quarto, contudo ela me para.

— Espere meu filho! Não podemos entrar lá agora, o Tyler acordou mais...

— Mais o que mãe? O que houve?

— Filho venha, senta-se aqui que lhe explicarei tudo.

Me sento ao seu lado e a olho apreensivo.

— Pelo fato do seu irmão ter ficado dois anos em coma, seu corpo não reagiu bem ao acordar. Então ele começou a dar parada cardíaca! E o pior nem é isso, Se eles conseguirem reanimar o Tyler ele tem grande probabilidade de amostrar alguns sinais diferentes. Você entende Bryan o meu bebê nunca mais será o mesmo. - Ela diz entre lágrimas.

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