5- Sorvete rosa.

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Oh Meu Deus.

Foram essas palavras pronunciadas por Jimin, assim que ele olhou para a sua escrivaninha e percebeu ela escura demais do que normalmente era. A luminária de sorvete era o objeto que estava faltando. A coisinha rosinha e minúscula que iluminava seu quarto nas noites escuras, tinha sido esquecida no terraço da escola um dia antes.

Deitou-se de novo, a espera de conseguir dormir e fingir que nada estava diferente, que conseguiria dormir sem a coisinha brilhante. Rolou pela cama e até cobriu seu rosto com o travesseiro rechonchudo, mas nem chegou perto de dormir.

Tinha que resgatar o sorvete.

Não voltaria a escola por nada, no mesmo dia - especificamente as quatro da manhã - tinha visto a maior chuva de estrelas da sua vida, a mais linda diria, e estava cansado. Mesmo dormindo o dia inteiro, seu corpo tinha partes doridas lhe lembrando do chão duro que passou longas horas sentado. Mas não ia conseguir dormir, de qualquer maneira. Aquela bendita luminária além de iluminar seu quarto, tinha sido um presente de seu avô. Comicamente dado ao platinado na esperança de lhe ajudar na insônia quando pequeno. Por isso não hesitou na ideia de invadir a escola, mesmo achando estranho ao falar isso em voz alta.

A escola não teve aula, logo não teria nem o zelador e muito menos alguém limpando os corredores como de costume. O diretor achou melhor dar o dia de folga para todos assim que recebeu algumas ameaças indiretas - uma delas Jimin tinha quase certeza que fora feita por Junkyu -. A escola não ficava longe, iria entrar e pegar a luminária como um fantasma que nunca esteve ali, assim poderia por ela em seu devido lugar e ter seu sono recuperado.

"Ah, querido leitor, este ser aqui ficou sabendo que pequenas ações - e objetos - podem mudar o futuro drasticamente. Mas quem sou eu para reclamar disto?"

Ser celestial; 10 de setembro de 2019

Jimin descobriu um talento ao sair de casa escondido no meio da noite: conseguia ser incrivelmente silencioso quando queria. Foi fácil pular a janela de seu quarto, tomando todo cuidado para não deixar nenhum ruído estranho escapar no meio da escuridão e ser pego em uma situação constrangedora.

Agasalhado para o frio, caminhou nas ruas até encontrar a ponta de sua escola no final do asfalto. Suspirou e apertou o passo, recapitulando o plano na mente para se manter disperso. Iria entrar pela porta dos fundos, a qual sempre ouvia que ficava aberta para o zelador fumar no intervalo das aulas. Subiria as escadas até o terraço e pegaria a maldita luminária, saindo pelo mesmo lugar que entrou e indo embora como se nada tivesse acontecido.

Acontece que assim como o plano de Jimin, a teoria não estava tão certa em relação a prática.

Os olhos dele brilharam ao verem a porta metálica a sua frente, que dividia o frio da rua do clima sombrio e quente dentro da escola . Com as mãos trêmulas por conta do frio, tudo bem, por nervosismo, agarrou a parte densa da porta e puxou com cuidado para fora afim de abri-la. Fechada.

A porcaria da bendita e trambolha da porta estava fechada, essa que era quase uma chaminé pelas tantas vezes que o zelador fumou ali.

— Não fode que você vai tentar invadir a escola.

Essa foi a voz que Jimin ouviu antes de sentir sua alma sair de seu corpo. E ele teve certeza que não foi exagero. Seu coração parecia pular para fora do peito e ele conseguia ouvir a circulação do seu sangue subir por sua cabeça. Estava ferrado. Não queria olhar para traz, não fazia ideia de que rosto iria encontrar para ter que ensaiar sua melhor cara de choro para amenizar a situação em que foi pego.

Depois do paraíso  • jikook •Onde as histórias ganham vida. Descobre agora