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Jiwoo estava emocionada contando como Jimin parecia ter o namorado mais lindo que já havia visto na sua vida. Ela não parava de falar disso desde que havia chegado da casa da família Park e havia visto o tal namorado de Jimin. Dizia que ele também tinha ido a festa de aniversário de Cinna -a mãe de Park- mas a família de Hoseok não o havia visto e muito menos ele. Claro que Hoseok não o iria ver tendo em conta que esteve toda a festa se sentindo incomodado com o olhar de Taehyung. Ugh.

- Ele é lindo, são uma casal perfeito. Só resta algumas matérias para concluírem e já trabalham juntos, não é estupendo?! – dizia sua irmã como uma fã.

- Que bom, ele merece. Jimin é um garoto muito bom, agradável, inteligente e bonito – assentiu sua mãe, as vezes Hoseok se perguntava se eles recordavam das coisas que Jimin havia feito a ele. Apesar de que, bom, com certeza diria “supera logo isso de uma vez por todas”.

- Jimin está tão feliz, e se vê muito melhor agora. Ele está cuidando da pele e de sua alimentação, parece um idol! O amor, sim, te muda.

- Cinna deve estar tão orgulhosa, quem dirá eu tivesse um filho assim – Hoseok não disse nada e se limitou a seguir comendo – Educado, adorável, sociável, inteligente, bom... ah, Cinna ganhou na loteria com Jimin, ele é um filho de verdade.

Ninguém disse mais nada, além de Jiwoo que continuou falando do tal namorado de Jimin. Hoseok já estava acostumado a escutar esse tipo por sua mãe, não havia nada para dizer, mesmo que doesse.

- Hoseok, quando começará a trabalhar? – perguntou seu pai, de repente.

- Trabalhar – sua mãe riu – Esse imprestável só serve para comer e dormir, é um parasita.

- Logo – sussurrou Hoseok tentando engolir o nó em sua garganta, como é que apesar de tantos insultos, durante tantos anos, ainda continuava se sentindo triste quando a escutava?

- É melhor mesmo que seja logo. Estou cansada de ver tua cara – soltou sua mãe e logo depois continuou comendo como se não tivesse tido nada.

Hoseok só baixou a cabeça e continuou comendo seu jantar. Engolindo com dificuldade por causa do nó em sua garganta.



Ao chegar na universidade, percebeu que fazia dias que não via Taehyung. Provavelmente já havia aceitado que Hoseok não era um idiota que acreditaria que alguém gostasse dele. Pelo amor de Deus, por acaso existia alguma pessoa que poderia acreditar que de repente alguém como Taehyung começasse a gostar dele?

Matou aula mais uma vez, já estava acostumado a isso. E quando caminhou até a saída da universidade, viu alguém. Taehyung estava a alguns passos a frente, falando animadamente como um grupo de garotos e garotas. Hoseok parou de andar e o olhou por vários segundos.

Realmente tudo havia sido uma brincadeira? Bom, não é como se ele estivesse surpreso, quem poderia gostar de alguém a quem nem seus pais o queriam? Ao se dar conta de que continuava olhando pro moreno, se virou de imediato, apressando seus passos para sair do edifício, rezando para que ele não se virasse e o visse.

Por sorte, não se virou.

A universidade tinha uma parada de ônibus em frente, mas ela sempre estava cheia de estudantes e para o castanho não lhe agradava estar rodeado de gente de sua idade, o deixava muito nervoso. Nunca entendia porque quando estava rodeado de gente simplesmente queria sair correndo e se esconder ou até chorar. Sua mamãe dizia que estava louco. Talvez tivesse razão.

Em fim, ele só ia até a terceira parada de ônibus, para estar mais longe o possível daqueles jovens de sua idade, e porque haviam mais possibilidades de ir sentado. Apesar de que, também, sendo sincero consigo mesmo, ele ia até aquela parada mais distante para não se encontrar com Jimin.

Hoseok suspirou frustrado na metade do caminho ao notar que se havia solto uma das correias de sua mochila. Se deteve por um momento e começou a prender ela de qualquer jeito.

Bem, voltando a Jimin. A verdade era que Hoseok temia ele, temia todos os colegas que teve no colégio e que, para o pior de sua desgraça, a maioria frequentava a mesma universidade que ele. Essa era uma das razões porquê tampouco o castanho saía para o intervalo e ficava na sala sempre. Outra razão do por nunca sair para o intervalo era porque não tinha amigos, e estar sozinho não era uma opção, sempre recebia olhares estranhos que o assustavam. Porque, apesar de Hoseok apresentar ser sempre sério e que nada lhe poderia fazer dano, na verdade era um medroso de primeira que usava como escudo para aparentar o contrário.

O pior de encontrar com Jimin era porque ele sempre estava com alguém, era alguém muito sociável, amável, divertido e fofo com todos. Exceto com Hoseok, claro. Não sabia bem a razão, mas Jimin o odiava e não precisava ser muito inteligente para saber que foi ele quem espalhou o rumor sobre sua homossexualidade e pôs todos da turma do colégio contra ele. Até hoje, toda vez que se encontravam e o ruivo estava com algum amigo, ele começava a ri histérico quando Hoseok passava ao seu lado, como se rindo dele.

E se havia algo que o castanho mais odiava era ver as pessoas rindo dele. De sua estúpida cara. De seu estúpido corpo. De sua estúpida existência.

Hoseok subiu no ônibus, por fim. Esse maldito meio de transporte passava a cada meia hora e nunca se acostumaria a ele.

O castanho -já sentado- esperou que o ônibus passasse pela parada de sua universidade para comprovar de que não iria subir ninguém conhecido e poder tirar um cochilo até chegar o mais próximo de sua casa (porque claramente, ao faltar um aula, ele devia gastar tempo em algum lugar para não chegar cedo em casa).

Mas ao que parece esse dia não seria fácil, por que quando o ônibus parou na parada da universidade subiu o grupo que ele havia visto conversando com Taehyung e o moreno atrás deles. Hoseok sentiu vontade de morrer ali mesmo, os rapazes estavam subindo um por um, pagando suas passagens, entre risos, como os grupos de amigos normais. Sem pensar, seu corpo reagiu ao ver que Taehyung estava por subir, e se levantou correndo até a porta traseira para tocar o timbre que anunciaria ao motorista que alguém queria descer.

Mas devia ter previsto, o timbre, apesar de soar muito baixo, chamou a atenção de algumas pessoas -as quais estavam sem fones de ouvido- que os olharam como fofoqueiros profissionais. O castanho não os olhou e tentou se esconder colocando sua mão ao lado de seu rosto, tapando seu rosto para o caso de que Taehyung também o olhe. Como se isso não chamasse mais atenção.

A porta traseira se abriu sem inconvenientes e, com suma rapidez, o castanho saiu do ônibus quase correndo, mais uma vez, iria até a parada de ônibus mais distante que conhecia. O bom de tudo é que Taehyung não o procuraria porque estava distraído com seus amigos e porque ao que parece por fim havia parado de fingir. Ainda assim, decidiu caminhar de forma rápida.

- Hoseok!

Bom, talvez houvesse se equivocado com o que havia pensado de Taehyung.

- Hoseok, espera! – o castanho não fez caso ao chamado da conhecida voz grave e começou a correr. Só que agora seu coração começava a bater mais rápido e não tinha certeza se era pela correria ou pelo chamado de Taehyung que há muito já não o incomodava.

Uma mão o agarrou pelo braço, o parando, mas Hoseok não se virou. Sua respiração estava agitada pela correria e o moreno não parecia estar em melhores condições, já que o escutava tentando recobrar a respiração.

- Estava... estava fugindo de mim? – perguntou o moreno com sua voz entrecortada por sua respiração agitada. O castanho se soltou de seu agarre com suma violência para se virar e enfrentá-lo.

- Você realmente se acha tão importante assim, idiota?

Taehyung lhe sorriu amplamente e baixou seu olhar. Hoseok odiou como seu corpo pareceu se estremecer ao ver seu sorriso, havia passado dias que não o via, por Deus, mas isso não significava que seu corpo tivesse esse tipo de reação, dessa forma, porque o moreno continuava sendo um idiota.

- Como você tem passado? Faz muito tempo que não nos vemos – começou a falar como se fossem melhores amigos. O ônibus já havia ido, por acaso havia descido sem seus amigos? – Sai por essas horas também? Que coincidência!

Hoseok o olhou com raiva e sem o responder lhe deu as costas para se afastar dele. Escutou Taehyung coçando a garganta e seus passos começando a se aproximar... ainda não havia parado com isso de o incomodar? Sério isso?

- Vai para casa? Posso te acompanhar-

O castanho parou de andar e o olhou assustado: – Nem pense nisso, fique longe de mim.

- Tudo bem, não te acompanharei até sua casa, mas... não me peça para que fique longe de você – lhe disse e Hoseok se sentiu muito estranho, olhou nos olhos negros de Taehyung tentando encontrar pistas de que estava mentindo, mas não podia ver nada. E seu olhar o incomodou tanto que decidiu voltar a lhe dar as costas e continuar caminhando – Isso é um sim?

Hoseok não respondeu e só apressou seu passo para se sentar em um dos bancos da parada de ônibus. Espero que Taehyung se sentasse ao seu lado, mas se passarão segundos e o moreno não fez nada, então o castanho decidiu levantar seu olhar até ele. Taehyung o olhava e olhava, de pé, apoiado na parede da parada.

Se sentindo intimidado, mas sem querer demonstrar, o castanho deixou de olhar para o moreno e olhou para a rua onde passavam os automóveis. Só que ainda se sentia incômodo e observado, por isso o castanho voltou a olhar para Taehyung encontrando uma vez mais com seu olhar da mesma forma que antes, fixamente, talvez tivesse algo em seu rosto e não havia tirado? Isso o lembrava e muito ao aniversário da mãe de Jimin.

- O que é?

Taehyung lhe sorriu divertido: – O que é o quê?

- Pode parar de olhar para mim como um tarado? – perguntou sem medo e sem mostrar o intimidado que se sentia pelo mais alto.

- ...Não.

Hoseok o fulminou com o olhar e olhou para outro lado, mas logo se paralisou ao sentir Taehyung se sentando ao seu lado. Perto, muito perto. Engoliu saliva e se mexeu, se afastando do moreno, jurando ouvir ele rindo baixinho para depois voltar a se aproximar dele. As pernas do moreno tocavam as suas. Voltou a se afastar, mas ele voltou a se aproximar.

- Se afastar de mim, que merda! – aumentou a voz, o olhando furioso.

Taehyung só riu baixinho e ladeou a cabeça levemente, o olhando com curiosidade, o castanho o odiou. O odiava. Queria afastá-lo com um empurrão. Queria o jogar longe. Queria-

- Te incomoda minha aproximação? – não respondeu e o outro só pareceu sorrir, apesar de não o olhar para confirmar – Você é lindo.

- Para de dizer isso, parece um disco arranhado.

- Bem... você é precioso, Hoseok.

- Continua significando a mesma coisa, é assim que você faz? Você é lamentável.

- Prefere que eu te chame de fofo? – o castanho soltou um barulhinho de queixa e frustação, fazendo o moreno sorrir – Que tal adorável? Bonito? Terno? Encantador? Atrativo? ...Gostoso? – as bochechas de Hoseok arderam logo após ouvir essa palavra e sentiu seu pomo de Adão se mover, se Taehyung continuava o olhando com certeza teria notado aquilo – ...Delicioso? Comível? Partível? Fodível...?

- Cala a boca, isso é asqueroso.

Taehyung riu baixo enquanto Hoseok tinha vontade de bater nele por fazer ele se sentir incômodo. Mas o moreno ficou calado por vários segundos obrigando um curioso castanho a se virar e quase se chocar com seu rosto por causa da proximidade.

- Wow... você cheira tão bem – sussurrou Taehyung, enquanto Hoseok continuava paralisado pelo quão próximo ele estava. Achava que podia chocar seu nariz com o dele se se movesse um pouco mais para frente. Seu coração estava por sair de seu peito pelo rápido que batia, por quê o moreno mentiroso tinha que ser tão atrativo?

- Se voltar a se aproximar de mim dessa forma... vou te denunciar por assédio – Hoseok sussurrou em resposta, sem se afastar. Agora podia notar que sentia sua respiração. Viu Taehyung lambendo seus lábios, um gesto que parecia muito normal para ele, mas que só conseguia deixar o castanho ainda mais nervoso.

- Faz isso... me denuncia – sussurrou Taehyung, poderia se perder facilmente no ruído da rua, mas eles estavam tão perto que o escutou perfeitamente.

- Vou fazer – sussurrou, para depois se paralisar ainda mais ao sentir uma mão ao lado do seu rosto –... s-se afasta, Taehyung.

- Me afasta, Hoseok – sussurrou mais baixo que antes de começar a roçar seu nariz com o seu e fechar os olhos, se aproximando do castanho.

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