Capítulo 2

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~~ Amanda ~~

Eu paro ofegante em frente à uma lanchonete, não acredito que fugi do Trevor, mas fiquei tão puta com o apelido que interrompi o momento e quando dei por mim do que eu faria novamente, entrei em pânico e saí correndo. Resolvo entrar na lanchonete e encontro uma mesa vazia para sentar e me recuperar, logo uma moça chega para me atender, eu peço um copo de água e logo os meus pensamentos são interrompidos pelo meu celular tocando.
- Alô?! - eu atendo ainda um pouco ofegante.
- Amanda? - a pessoa do outro lado pergunta.
- Sim, quem é?
- É a Jane, querida, você ainda não tem o meu número? - a Sra Jane pergunta e eu olho para a tela do meu celular percebendo que atendi sem sequer ver quem era.
- Desculpe, Sra Jane, eu não olhei o identificador antes de atender, estava distraída - eu respondo me desculpando.
- Estava correndo? Você parece ofegante - ela diz e eu sei que nada escapa dela.
- Pode-se dizer que sim - eu respondo e não é mentira, eu estava correndo mesmo, só não preciso dizer o motivo.
- Ah sim, então é por isso que não chegou ainda - ela diz e eu fico confusa, não cheguei onde?!
Então o entendimento me bate como um soco, eu me esqueci que com o casamento da Kate, eu ficaria cuidando da Sra Jane. Também consegui alguns dias de descanso no hospital devido às muitas horas extras que eu tenho, então o plano era ir para a casa da Sra Jane no dia seguinte ao casamento e lhe fazer companhia até a Kate voltar e as minhas temporárias férias acabarem, claro que a Kate está me pagando para isso, mas é um bônus porque eu adoro a Sra Jane.
- Você se esqueceu, não foi? - ela pergunta quando eu fico muda e perdida em pensamentos.
- As minhas coisas estão prontas na minha casa e eu vou buscá-las para, em seguida, ir para aí - eu respondo sem lhe dizer muita coisa.
- Tudo bem, querida, a festa foi ótima ontem, você precisava se divertir um pouco - ela responde me surpreendendo. - Leve o tempo que precisar, eu acordei muito disposta hoje e vou preparar um almoço para nós duas, o que acha?
- Eu acho uma ideia maravilhosa, obrigada - eu respondo. - Logo mais eu estarei aí com a Sra.
- Te espero, menina - ela me diz e logo desligamos.
Eu suspiro porque queria ir para casa e me embolar na cama chorando como a idiota que sou, mas será melhor fazer companhia para a Sra Jane, pelo menos eu ocupo a minha mente com alguma coisa que não seja o Trevor. Depois de passar em casa e pegar as minhas coisas eu vou para o apartamento da Sra Jane, ela abre a porta com um sorriso depois que eu toco a campainha.
- Entra menina, vamos sentar e comer alguma coisa - ela diz se afastando da porta e indo para a cozinha. Essa mulher definitivamente me inspira, ela enfrentou um câncer e está aqui se fortalecendo e se recuperando rapidamente.
- Dona Jane, eu comi alguma coisa no caminho - eu solto a mentira morrendo de vergonha, para logo depois ser dedurada pelo meu estômago que ronca em seguida.
- Então não comeu direito, seu estômago ainda ronca - ela disse já colocando uma travessa com alguns filés de salmão e salada, após recusar a minha ajuda ela busca uma travessa com um pouco de arroz e traz para a mesa. - Vamos, pode fazer o seu prato e comer! - ela ordena e eu só posso obedecer.
- Obrigada, não precisava se preocupar senh... - não consigo terminar a frase.
- Nem se atreva a me chamar de senhora outra vez! - ela diz. - Me chame de Jane, por favor.
- Mas... - o meu protesto fica suspenso devido ao olhar que ela me lança, resolvo aceitar.
Comemos em silêncio e quando estou quase acabando de comer ela quase me faz engasgar com a pergunta que me faz.
- Como foi com o Trevor? - ela solta e eu me controlo para não engasgar. - Eu vi vocês conversando e, bem, se beijando, pensei que finalmente tivessem se acertado.
- Como assim finalmente? - eu retruco.
- Ele te chama para sair tem um tempo e você recusa tem esse mesmo tempo - ela diz dando de ombros. - Acho que todos concordam que está mais do que na hora de vocês se acertarem.
- Não nos acertamos, senh..., digo, Jane - eu respondo olhando para o meu prato quase vazio. - Estamos bem longe disso, ele não faz o meu tipo - ela ri quando eu digo isso.
- Vamos lá, menina, ele é o tipo de qualquer mulher - ela diz rindo. - Até eu, se fosse mais jovem, jogaria charme para ele.
- Ele é um galinha - eu resmungo.
- Que homem na idade dele e com aquele corpo não seria? - ela retruca.
- Bem, o James e o Gabriel têm quase a mesma idade que ele e não são assim - eu digo.
- Mas eles eram assim antes de encontrarem as mulheres certas, ou seja, até a Beatriz e a Kate aparecerem nas vidas deles e eles perceberem que elas eram o suficiente - ela responde e os meus argumentos acabam.
- Mesmo assim o Trevor e eu não combinamos - ela bufa uma risada.
- Combinam sim, só vocês não perceberam, aliás, só você não percebeu isso, querida - ela diz e se levanta, eu levanto por impulso para ajudá-la a tirar a mesa. - Só tome cuidado para não perceber isso tarde demais - ela diz recolhendo os pratos e os levando para a pia, eu recolho os garfos e sigo atrás dela.
Eu não permito que ela lave a louça e peço que ela vá descansar um pouco, depois que ela sai da cozinha eu começo a lavar a louça pensando no que ela me disse. Eu não quero nada com o Trevor, não posso querer nada com ele, é um galinha e, apesar de saber o meu nome, ainda corre atrás de qualquer boceta disponível. A minha não está disponível para ele, não mais. Comecei a rir sozinha com o pensamento que veio na minha cabeça: "Minha boceta não é 4G para sair roteando pra ele." Cada pensamento besta.
Termino de lavar a louça e vou procurar a Jane, ver se precisa de alguma ajuda, já que ela basicamente exige que eu venha sempre e me deixa sozinha no sofá o dia inteiro enquanto descansa e, quando eu ofereço ajuda em algo ela nega alegando que pode se virar, claro que no mais pesado eu a ajudo, mas os médicos a liberaram para algumas coisas. A ajudo com os remédios e faço companhia, converso com ela e nem vejo o tempo passar, quando dou por mim já é de noite e preciso arrumar algo para comermos. Faço um jantar simples, já que a Jane não me deixou cozinhar e preferiu comer as sobras do almoço para não jogar fora, esquentei o restante da comida e comemos em um silêncio confortável, depois eu lavei a louça novamente e me despedi dela quando foi se deitar.
A Jane me disse para ficar no quarto que era da Kate, já que vou passar esse tempo de folga por aqui cuidando dela, então me encaminho para o quarto com a minha mochila que estava na sala, retiro uma muda de roupa para dormir e vou para o banheiro tomar um banho. Depois de tomar banho e me vestir eu vou para a cama e, só então, pego o meu celular, descubro que tem várias mensagens, algumas de um número que não conheço então começo pelas conhecidas.
[KATE] Oi Mandy, tudo bem? Como estão as coisas por aí?
[KATE] Está tudo bem??
[KATE] Já percebi que não está com o celular, já falei com a minha mãe e ela disse que está tudo bem, só que ocupou todo o seu dia. Obrigada por cuidar dela.
Eu faço questão de responder.
[EU] Eu deixei o celular na bolsa e não vi. Está tudo bem, sua mãe está super bem e se recuperando rapidamente. E não precisa me agradecer, você está me pagando para cuidar dela, estou fazendo a minha obrigação.
Em seguida vem a resposta.
[KATE] Preciso agradecer sim, porque você cuida muito bem dela. E depois preciso conversar com você sobre uma coisa que fiquei sabendo, não fique preocupada porque não é nada sério, só estou muito curiosa.
[EU] Sobre o que?
[KATE] Trevor
[EU] Nada a declarar... vou dormir, boa noite.
Corro o risco de ter sido grossa, mas não quero falar dele. Fico indecisa sobre ver ou não as mensagens do número desconhecido, mas a curiosidade acaba vencendo.
[DESCONHECIDO] Oi Princesa fujona! Tudo bem? Agora que tenho o seu número podemos conversar sempre.
[DESCONHECIDO] Ok, essa foi péssima, mas você poderia ter ficado e conversado comigo depois da noite passada, nunca imaginei que você fosse do tipo que foge.
[DESCONHECIDO] Nem do tipo que ignora as pessoas, que coisa feia senhorita Amanda!!
[DESCONHECIDO] Sério?? Você me usa, foge e depois ignora?? Me sinto usado!! rsrsrsrs
Cara, só tem uma pessoa que pode ter enviado essas mensagens e quando eu percebo os meus dedos já digitaram uma mensagem e foi enviada antes que o meu cérebro registrasse o que aconteceu.
[AMANDA] Como conseguiu o meu número?
[TREVOR] Finalmente a Princesa resolveu responder.
[AMANDA] Responda a pergunta.
[TREVOR] Um amigo me deu o seu número, foi de grande ajuda, mesmo você demorando um século para responder.
[AMANDA] Eu estava trabalhando e não te devo satisfações.
[TREVOR] Me deve uma sim. O motivo pelo qual você saiu correndo depois da noite passada como se estivesse sendo perseguida pelo próprio demônio, alegando ter esquecido o que aconteceu na noite passada.
[AMANDA] Esqueci mesmo, bebi além da conta e estou com amnésia por causa do álcool. Vai dizer que nunca aconteceu isso com você?
[TREVOR] De terem esquecido uma foda comigo? Nunca!
[AMANDA] Não. De você ter um branco por causa do álcool.
[TREVOR] Se eu dissesse que não, estaria mentindo.
[AMANDA] Então você sabe como é, mas o importante é que não vai se repetir.
[TREVOR] A amnésia?
[AMANDA] Também, mas principalmente a foda. Não vou transar com você outra vez.
No momento que digo isso eu sei que é uma mentira, eu bem que quero aquele corpo sarado em cima de mim, aquele calor novamente, ele dentro de mim. Ficou quente aqui de repente, né?!
[TREVOR] Veremos.
Eu ignoro a mensagem e deixo o celular de lado. Eu poderia bloquear o número dele, mas ele poderia arrumar outro número para me mandar mensagens e ele não é nenhum tipo de stalker, pelo menos não parece.
Depois dessa conversa as lembranças da manhã me assombram, me causando problemas para dormir. Levo algumas horas até, finalmente, cair no sono devido ao cansaço.

Paixão em Duas Rodas [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora