A resposta

168 41 31
                                    

Ela olha o relógio várias e várias vezes esperando que as horas passem, mas parece que o ponteiro insiste em permanecer parado; e quando finalmente resolve caminhar, anda à passos de 'lesma'.

─ Nunca vi garota mais ansiosa que você. ─ Pedro diz já entregando uma xícara de chocolate quente a Maria.

─ Os pais de Nath estão naquela sala a horas e até agora nada! ─ Ela toma um gole do leite e quase se engasga, ação essa que provoca um riso curto de seu companheiro. ─ Não têm graça, Pedro. ─ Carol reclama e prossegue - Fizeram todos os exames, não entendo o porquê dessa demora toda.

─ Olha só acho que você está é muito estressada! Logo eles saíram daquela sala.

Carol levanta da pequena cadeira de madeira e começa a andar de um lado a outro do corredor. Suas mãos estão literalmente escorregadias por conta do suor repentino que ela começou a ter.
Ela começa a imaginar como seria poder rir com sua amiga novamente ou então ouvir suas broncas, seu abraço...

"Meu Jesus, me ajude a ter forças e fé por mim e por ela.". Ela clama baixinho soando como um lamento.

Os Senhores Soares, saem finalmente do quarto, acompanhados por dois médicos.

Carol a princípio se mantém parada, não sabe se deve voltar para frente do quarto onde eles se encontram. "Talvez seja menos difícil se eu ficar aqui parada."
Mas, mesmo assim ela se força a sair do lugar e caminha em direção ao quarto.

─ E então? Ela progrediu? ─ Maria Carolina pergunta aos pais.

─ Bom, ─ Começa dizendo Senhor Soares cabisbaixo. ─ ela continua no mesmo estado e eles disseram que é só um milagre ela voltar.

─ Não! Ela vai voltar! Lembra do meu pai, tio? E hoje ele está aí firme e forte. É só uma questão de tempo.

─ Ah minha filha... ─ A mãe de Nath diz. ─ obrigada por sua força.

Elas se abraçam. O momento poderia ter ficado leve daquela forma, mas é quando Carol ouve Doutor Pedro dizer um certo conjunto de palavras que naquele exato momento não eram bem vindas:

─ Mãe, pai?

"Como esses Senhores têm coragem de virem aqui meu Pai? Depois de tudo aquilo? Só espero que não seja coisa ruim.". Maria Carolina pensa.

─ O que os senhores fazem aqui? ─ Diz senhora Soares.

Senhor e Senhora Razz permanecem alheios a pergunta anterior. E se concentram nos pais de Nath, pedindo assim que Carol e Pedro se retirassem para que eles pudessem conversar.
É claro que Carol se opõe, por dentro, mas se retira sem dizer nada mas sabendo que daquela conversa não sairia nada, absolutamente nada de bom.

Carol resolve voltar para casa, já que por conta de toda essa situação Doutor Pedro praticamente fechou a clínica por um tempo para dar um suporte maior a seu irmão mais novo.
Enquanto Doutor Pedro vai atrás de João, Maria Carolina caminha em direção à pensão já pedindo a Deus para não ter que encontrar Leonardo lá.

Situação essa em que ela mesmo sem deixar claro a Diego, ouviu dele mesmo as seguintes palavras:

─ Fique tranquila Senhorita Carol irei ao máximo impedir que Léo venha até essa casa. Sei bem como meu amigo pode ser intrometido e arrogante às vezes.

"Às vezes.". Ela repete mentalmente. "Está mais para um quase sempre.". Ela pensa e ri da própria constatação.

Ao chegar na pensão, Carol lembra que talvez Senhor S tenha respondido sua última carta e iria explicar aquela afirmação absurda de que ele pode transformar alguém.

Maria Carolina então caminha até o canteiro de girassóis e ver exatamente na mesma posição de sempre a tão falada carta. Em seu papel comum amarelado com o S na frente indicando de quem iria ser.

Carol solta um riso de animação misturado com uma felicidade instantânea ao segurar aquela carta.

"Quem é você e o que fez com a Carol que conheço?". Ela pensa e solta um riso bobo. Aquelas conversas absurdas com o Senhor S ainda sim eram algo bom comparando todas as situações chatas que ela teve que passar no último ano.

"Realmente a vida é uma coisa sem sentido. Bom, talvez."

Maria percebe que não pode ficar ali parada, vai saber se alguém, como Senhoria Veronica a veja ali! Aí pronto! Ela não teria mais paz realmente. Ela entra em casa e solta um suspiro de alívio ao não visualizar nenhum ser vivo ali.

Ela vai direto para o quarto. Se permite tomar um banho demorado, escova os cabelos formando os pequenos cachos dourados. Escolhe um vestido simples e depois disso se joga em sua cama: exausta.
Carol estava quase caindo no sono quando lembra da carta não lida de Senhor S.
Então ela se levanta da cama. Abre a bolsa. Retira a carta e a folheia:

Querida Carol,
Posso te chamar assim? Acredito que já somos amigos, não? Por isso seria importante nos tratarmos como tais. Bom, fiquei curioso com sua constatação de que eu não posso te transformar. Mas, é claro que não. Só Cristo transforma, quem seria eu para dizer algo assim? Sou um simples mortal.

Em outro sentido diria que quero ser transformado por Ele ao seu lado, todos os dias.
Mas, respondendo sua pergunta, porque creio que estás ainda mais confusa, compreendo completamente. Bom, respondendo sua pergunta, não fui eu que lhe mandei essa carta dourada. Coisa que achei muito criativa, mas que me deixou preocupado, já que eu estou na espera a mais tempo, se me entende.
Estou ansioso para nosso real encontro que se você concordar será em breve, muito breve.
Boa sorte na sua procura pela pessoa misteriosa da carta dourada.
Abraços,
Seu s.

Carol não sabe se ri ou chora com essa informação. Se não é Senhor S, quem a mandaria uma carta tão enigmática e sem sentido assim?
Como, mas como alguém pode ter esse poder de transformar o outro?

"Será que é alguma pegadinha de alguém? Mas, por quê?"

*E  aí  pessoal, quem vocês  acham que mandaram  essa carta  dourada a Carol? Estranho, não?

Beijinhos e até  o próximo  capítulo  gente  ♡

Dois amores acima do tempo (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora