— O que quer dizer, senhor Noah?
— Fique calma, Charlotte.
— Charlotte? — Ela fez uma breve pausa. Algo lhe veio a mente. — Esse é meu nome. — A mulher se sentia cada vez mais confusa e sua cabeça começou a doer. — Como sabe meu nome sendo que nem eu sabia?
— Eu me lembrei. Acabei me descuidando com "ele" e fomos pegos. — Noah teve cautela e receio ao se referir a esse alguém. — Me escuta. Vamos ficar bem, só fale baixinho e me confie em mim. Pode parecer loucura o que eu vou dizer, mas não estamos no nosso mundo habitual.
— Como assim, mundo? — Ela indaga totalmente confusa.
— Existem três mundos onde a mente humana pode habitar: O mundo real ou físico, o mundo não real e por último, o mundo mental, que é onde estamos no momento.
— Que porcaria de mundo mental é esse? Não me confunda ainda mais! — Por um momento ela se exaltou e logo se repreendeu tapando a própria boca com a mão, na esperança de não ter chamado a atenção de ninguém.
— Não da pra distinguir os três mundos, todos são existências místicas incompreensíveis. Nosso cérebro permanece numa linha tênue de realidade no nosso mundo habitual, mas quando dormimos, passamos para uma espécie de plano astral que chamamos de sonhos. Em meus estudos, descobri que esse é o Mundo Mental, uma realidade onde nosso subconsciente influência diretamente nos eventos que irão ocorrer. — Sua explicação sob pressão foi perfeita, mas Charlotte não se sentiu melhor com isso.
— Espera. Isso é um sonho? Se é assim, porque não acordamos? — Ela diz como se fosse algo simples.
— Se fosse o meu ou o seu sonho, um de nós seria apenas uma projeção do subconsciente do outro. Eu mesmo já teria acordado a essa altura e você não projetaría uma consciência tão complexa quanto a minha. — Seu comentário com ar de superioridade foi ignorado por Charlotte, pois realmente fazia sentido. Ela nunca criaria um sabichão em sua mente. — Isso se trata de um sonho compartilhado.
— Sonho compartilhado? Como assim? Por que estamos sonhando?
— Não somos nós que estamos sonhando e se ainda estamos aqui, é porque o anfitrião ainda não chegou. — O ar se tornava cada vez mais frio, o tempo no relógio continuava a diminuir. Parecia que quando chegasse ao zero, seria o fim. Noah percebeu isso e se apressou. — Precisamos sair daqui.
— Como? Não temos pista alguma, a não ser essas palavras estranhas. — Ela tentou virar seu rosto em direção a marca na parede, mas sentiu a mão do rapaz segurando sua bochecha, impedindo que ela se virasse.
— Não olhe.
— Por que? — Indagou confusa.
— Essa palavra é amaldiçoada. Confie em mim, quanto menos souber sobre, melhor para você. Já te envolvi em problemas demais. — Ele respondeu receoso.
— Tudo bem, Noah. Mas o que faremos?
— Sonhos costumam ser afetados pelo subconsciente do sonhador. Se ele estiver nos ouvindo, podemos usar isso a nosso favor.
— Mas não disse para ficarmos em silêncio?
— Sim. Usar palavras assim é como uma faca de dois gumes. Podemos afetar a realidade como também podemos chamar atenção indesejada.
— Mas não temos outra escolha. — Charlotte conclui rapidamente.
Noah sentiu confiança nela. Eles deram as mãos e ele olhou para a palavra na parede.
— Essa escrita em latim pode ser a senha! — Exclamou o mais alto que pode.
— O que está fazendo? — Ela indagou.

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Occulta Tenebris
Mystery / ThrillerUm grupo de jovens híbridos de humanos com outras espécies, que cresceram juntos em um orfanato, depois de deixarem seu antigo lar, decidem se unir para formar um grupo de investigadores paranormais. Eles passaram a agir sob jurisdição de uma ordem...