A professora do meu filho - SaiDahMo (samo,dahmo,saida)

Complicated

Dahyun colocou as diversas sacolas de compras sobre a bancada da cozinha, logo após chegar em casa. Ela primeiro passou no mercado perto do apartamento e comprou alguns mantimentos pro lugar, já que não havia feito as compras do mês ainda. 

A coreana estava exausta, mas extremamente satisfeita. O primeiro dia de aula era sempre o mais agitado, principalmente pela euforia das crianças com a nova turma e professores, o que era totalmente compreensível. A Kim se lembrava bem como também ficava nervosa nos primeiros dias e ela entendia toda aquela agitação por parte dos pequenos, já que se tratava de algo novo para eles. 

Por sorte e ao contrário do que imaginava, os professores mais velhos não falaram nada diretamente para ela, pelo menos não em relação a sua nova cor de cabelo. No máximo, ouviu um ou outro comentário sobre como "deveríamos manter o nível da instituição" ou "coisas como essa podem influenciar negativamente os alunos", o que ela sabia que era bobagem. 

A Kim agora estava jogada no confortável sofá, descansando e se perguntando o que faria para a janta, porém seus pensamentos logo foram interrompidos por uma Chou animada, que passou apressada pela porta. 

– Me ajuda a resolver o que vamos jan- 

– Hoje nós vamos pedir algo! Iremos comemorar! – A taiwanesa a cortou, visivelmente entusiasmada enquanto se jogava em cima da garota, que ainda estava deitada no sofá. 

– Eu consegui o emprego naquele café, no centro! Eles me ligaram agora pouco para avisar que eu começo amanhã mesmo! – Tzuyu contou animada, com um sorriso no rosto. 

A Kim arregalou os olhos em surpresa e apertou fortemente a menina em seus braços, sentindo-se realmente feliz com a novidade. A mais nova estava procurando um emprego há meses, porém o fato de ainda ser considerada estrangeira e inexperiente dificultava bastante ela ser aceita nas seleções de vagas em que era chamada. 

Ao contrário de Dahyun, a Chou não havia finalizado a faculdade. Na verdade, o curso que ela fazia no outro país foi interrompido logo no início, devido ao falecimento de seus pais. A coreana havia conhecido Tzuyu em um hospital ainda na China, onde por coincidência, seu pai e os pais da Chou estavam internados. As duas garotas sempre se esbarravam pelas salas de espera que pareciam tão solitárias e, devido a isso, ambas acabaram se conhecendo melhor. Elas criaram um laço de amizade muito forte, onde uma se apoiava na outra naquele ambiente imprevisível e assustador. 

Infelizmente, os pais da Chou não sobreviveram aos traumas do acidente que haviam sofrido e nessa mesma época, o pai da Kim havia acordado do coma. Dahyun se lembrava bem do alivio imediato que sentiu com a notícia, mas ao mesmo tempo pôde ver a garota que sempre deu apoio a ela, desabar. Tzuyu estava sozinha. 

Mesmo com alguns parentes distantes ainda morando em Taiwan, a garota mais nova não os conhecia e nem mantinha nenhum tipo de contato, e foi naquele momento que a Kim teve uma ideia um pouco arriscada, de trazer a Chou para a Coreia, quando também fosse retornar. 

E cá estavam, 3 anos depois. Tzuyu ainda era jovem, completaria 22 anos aquele ano e sempre que podia, ajudava com os custos e afazeres do lugar. Não que Dahyun não fosse capaz de arcar com as despesas sozinha, mas os gastos externos que a coreana tinha com o apartamento e com seu pai –que preferiu continuar na China– pareciam lhe sugar mais do que o suficiente. 

A coreana achava que o custo de vida na Coreia estava cada vez mais alto e um de seus objetivos para um futuro não muito distante seria justamente comprar um imóvel, pois dessa forma teria um gasto a menos com aluguel. 

– Como foi rever os pestinhas? – A taiwanesa perguntou após alguns segundos ainda agarrada à mais velha, se levantando em seguida para pegar o telefone que estava em cima da mesinha de centro. Tzuyu organizou rapidamente algumas coisas que estavam ali por cima e, antes de se virar para a coreana –que ainda não havia a respondido–, viu a mais velha se levantar em um pulo e pegar uma das diversas revistas que havia acabado de empilhar.